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AD2 - Literatura Brasileira III 2020

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AD2 – 2020.1 
 
 
Fundação Centro de Ciências e Educação a Distância do Estado do Rio de Janeiro 
Centro de Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro 
Universidade Federal Fluminense 
Curso de Licenciatura em Letras- UFF / CEDERJ 
 
Disciplina: Literatura Brasileira III 
Coordenadora: Profª Flávia Amparo 
 
 
De acordo com o que você estudou nas Unidades 5, 6, 7 e 8, responda às questões 
abaixo de modo dissertativo. 
Pesquise sobre o tema e responda ao que se pede com suas próprias palavras. Não 
copie respostas ou frases dos seus materiais de estudo nem de sites da internet. 
 
Questão 1 (2,5):João do Rio, em várias crônicas, apresentava sentimentos conflitantes 
em relação às inovações tecnológicas e estruturais inerentes à vida moderna, como é o 
caso de “O dia de um homem em 1920”, extraído do livro Vida vertiginosa (1911) e que 
se encontra na Unidade 6 da plataforma virtual como material de estudo. A partir da 
leitura dessa crônica, explique de que modo o autor materializou no texto essa dupla 
percepção a respeito dos efeitos da modernidade na vida do carioca, retirando alguns 
trechos da crônica para fundamentar sua resposta. 
 
Questão 2 (2,5):A fim de atualizar os programas artísticos brasileiros, os modernistas, 
sobretudo na poesia, alinharam sua escrita às propostas estéticas das vanguardas 
europeias. No que se refere à literatura, as vanguardas defendiam uma linguagem que 
expressasse a velocidade da vida moderna, contando, também, com a utilização de 
elementos do cotidiano que valorizassem o estar na cidade. Discuta como essas duas 
características aparecem no poema “Aperitivo”, de Oswald de Andrade, retirado do 
livro Poesias reunidas. 
 
Texto 1 
 
“Aperitivo” – Oswald de Andrade 
 
A felicidade anda a pé 
Na Praça Antônio Prado 
São 10 horas azuis 
O café vai alto como a manhã de arranha-céus 
Cigarros Tietê 
Automóveis 
A cidade sem mitos 
(ANDRADE, Oswald de. Poesias reunidas. 1. ed. São Paulo: Cia das Letras, 2017. p. 80.) 
 
 
Questão 3 (2,5):Em O Cortiço (1890), Aluísio Azevedo constrói sua narrativa apoiado 
em teorias cientificistas da época, sobretudo o Determinismo, de Hyppolite Taine, que 
buscava entender o comportamento humano como resultado da influência do meio, da 
raça, da natureza e do momento histórico sobre os homens. A partir da leitura do trecho 
destacado abaixo, explique como as impressões de Jerônimo a respeito de Rita Baiana e 
o posterior desfecho do personagem português evidenciam no romance a presença dos 
ideais deterministas adotados por Azevedo. 
 
Texto 2 
 
O Cortiço – Trecho do capítulo VII (Aluísio Azevedo) 
 
E Jerônimo via e escutava, sentindo ir-se-lhe toda a alma pelos olhos 
enamorado. 
Naquela mulata estava o grande mistério, a síntese das impressões que ele 
recebeu chegando aqui: ela era a luz ardente do meio-dia; ela era o calor vermelho das 
sestas da fazenda; era o aroma quente dos trevos e das baunilhas, que o atordoara nas 
matas brasileiras; era a palmeira virginal e esquiva que se não torce a nenhuma outra 
planta; era o veneno e era o açúcar gostoso; era o sapoti mais doce que o mel e era a 
castanha do caju, que abre feridas com o seu azeite de fogo; ela era a cobra verde e 
traiçoeira, a lagarta viscosa, a muriçoca doida, que esvoaçava havia muito tempo em 
torno do corpo dele, assanhando-lhe os desejos, acordando-lhe as fibras embambecidas 
pela saudade da terra, picando-lhe as artérias, para lhe cuspir dentro do sangue uma 
centelha daquele amor setentrional, uma nota daquela música feita de gemidos de 
prazer, uma larva daquela nuvem de cantáridas que zumbiam em torno da Rita Baiana e 
espalhavam-se pelo ar numa fosforescência afrodisíaca. 
 
Questão 4 (2,5): Acesse a Unidade 5, na Plataforma virtual, e assista ao vídeo da 
entrevista de Silviano Santiago sobre o escritor Machado de Assis. Além disso, leia 
abaixo o conto “Um apólogo”, da autoria do escritor. 
A partir do que leu e assistiu, discuta sobre: 
a)A atualidade da linguagem machadiana; 
b)A capacidade de Machado transpor para uma narrativa simples como “Um apólogo” 
questões universais do homem que são relevantes para que possamos refletir sobre a 
relação do “eu” com o outro, o egoísmo e as disputas sociais presentes na história da 
humanidade. Tente relacionar os dois objetos – linha e agulha – com os papéis sociais 
de personagens humanos que aparecem no conto. 
Fundamente sua análise com passagens da fala do crítico Silviano Santiago na 
entrevista e explicando como o contoabaixo comprova as afirmações do entrevistado 
sobre a obra machadiana. 
 
Texto 3: Um Apólogo (Machado de Assis) 
 
ERA UMA VEZ uma agulha, que disse a um novelo de linha: 
— Por que está você com esse ar, toda cheia de si, toda enrolada, para fingir que vale 
alguma coisa neste mundo? 
— Deixe-me, senhora. 
— Que a deixe? Que a deixe, por quê? Porque lhe digo que está com um ar 
insuportável? Repito que sim, e falarei sempre que me der na cabeça. 
— Que cabeça, senhora? A senhora não é alfinete, é agulha. Agulha não tem cabeça. 
Que lhe importa o meu ar? Cada qual tem o ar que Deus lhe deu. Importe-se com a sua 
vida e deixe a dos outros. 
— Mas você é orgulhosa. 
 — Decerto que sou. 
— Mas por quê? 
 — É boa! Porque coso. Então os vestidos e enfeites de nossa ama, quem é que os 
cose, senão eu? 
— Você? Esta agora é melhor. Você é que os cose? Você ignora que quem os cose 
sou eu, e muito eu? 
— Você fura o pano, nada mais; eu é que coso, prendo um pedaço ao outro, dou 
feição aos babados... 
— Sim, mas que vale isso? Eu é que furo o pano, vou adiante, puxando por você, que 
vem atrás, obedecendo ao que eu faço e mando... 
— Também os batedores vão adiante do imperador. 
— Você é imperador? 
— Não digo isso. Mas a verdade é que você faz um papel subalterno, indo adiante; 
vai só mostrando o caminho, vai fazendo o trabalho obscuro e ínfimo. Eu é que prendo, 
ligo, ajunto... 
Estavam nisto, quando a costureira chegou à casa da baronesa. Não sei se disse que 
isto se passava em casa de uma baronesa, que tinha a modista ao pé de si, para não 
andar atrás dela. Chegou a costureira, pegou do pano, pegou da agulha, pegou da linha, 
enfiou a linha na agulha, e entrou a coser. Uma e outra iam andando orgulhosas, pelo 
pano adiante, que era a melhor das sedas, entre os dedos da costureira, ágeis como os 
galgos de Diana —para dar a isto uma cor poética. 
E dizia a agulha: 
— Então, senhora linha, ainda teima no que dizia há pouco? Não repara que esta 
distinta costureira só se importa comigo; eu é que vou aqui entre os dedos dela, 
unidinha a eles, furando abaixo e acima. 
A linha não respondia nada; ia andando. Buraco aberto pela agulha era logo enchido 
por ela, silenciosa e ativa como quem sabe o que faz, e não está para ouvir palavras 
loucas. A agulha vendo que ela não lhe dava resposta, calou-se também, e foi andando. 
E era tudo silêncio na saleta de costura; não se ouvia mais que o plic-plicplic-plic da 
agulha no pano. 
 Caindo o sol, a costureira dobrou a costura, para o dia seguinte; continuou ainda 
nesse e no outro, até que no quarto acabou a obra, e ficou esperando o baile. 
Veio a noite do baile, e a baronesa vestiu-se. A costureira, que a ajudou a vestir-se, 
levava a agulha espetada no corpinho, para dar algum ponto necessário. E quando 
compunha o vestido da bela dama, e puxava a um lado ou outro, arregaçava daqui ou 
dali, alisando, abotoando, acolchetando, a linha, para mofar da agulha, perguntou-lhe: 
— Ora agora, diga-me quem é que vai ao baile, no corpo da baronesa, fazendo parte 
do vestido e da elegância? Quem é que vai dançar com ministros e diplomatas, enquanto 
você volta para a caixinha da costureira, antes de ir para o balaio das mucamas? Vamos, 
diga lá. 
Parece que a agulha não disse nada; mas um alfinete, de cabeça grande e não menor 
experiência, murmurou à pobre agulha: 
— Anda, aprende, tola. Cansas-te em abrir caminho para ela e ela é que vai gozar da 
vida, enquanto aí ficasna caixinha de costura. Faze como eu, que não abro caminho 
para ninguém. Onde me espetam, fico. Contei esta história a um professor de 
melancolia, que me disse, abanando a cabeça: 
— Também eu tenho servido de agulha a muita linha ordinária!

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