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Aluna: Letícia Martins Matrícula: 201901265749 Análise do filme – A tabacaria O Filme “A tabacaria” conta a história do jovem Franz, menino de dezessete anos que morava com sua mãe no interior. Ele foi enviado por ela para ser aprendiz em uma loja de cigarros – a tabacaria – de um velho amigo de sua mãe, Otto – veterano de guerra que levava a vida com sua loja. O filme retrata a época em que a Áustria se rendia ao nazismo, mostrando nitidamente essa rendição na cena em que o açougueiro mancha a fachada da loja de Otto com sangue de galinha, onde o próprio Otto relata sobre o nazismo escancarado que a Áustria se encontra. Franz estava vagarosamente se habituando com clientes que frequentavam diariamente a loja; assim, conheceu Sigmund Freud – que era conhecido mundialmente por “consertar a mente das pessoas por dentro”. Numa conversa com Franz, Freud relata que seus pacientes deitam em seu sofá e começam a falar, e se tiverem sorte, o mesmo sai curado. Nesse trecho, podemos ver a relação direta com a psicanálise, mostrando uma representação diferente do psicanalista, fugindo do clichê que vemos em diversos filmes. O jovem, que ficou abalado por ter um amor à primeira vista onde não foi correspondido, decide ir atrás de Freud pedindo conselhos, assim dando início a uma grande amizade. Na relação desenvolvida entre Freud e Franz, existem diversos diálogos em espaço público, outro aspecto que desmistifica o uso formal do divã. No filme, podemos ver diversos aspectos relacionados à teoria da psicanálise. De início, já vemos a questão do Complexo de Édipo, teoria na qual aparece o vínculo do filho com a mãe, ficando nítido na cena onde o jovem sai de casa, mesmo contra sua vontade, e vai em busca da vida adulta se afastando da mãe. De início, ele ficou descontente com a ideia de separar-se de sua mãe, mas conforme passava o tempo, ele via prazer com essa repentina mudança. Outra questão aparente no filme é a relação dos sonhos. Franz tinha recorrentes sonhos inexplicáveis, que foram mencionados algumas vezes entre suas conversas com Freud. O filme retrata um momento bem interessante em questão aos sonhos, onde Franz escrevia seus sonhos e os colava na vidraça da tabacaria, se manifestando em meio a tamanha repressão. Nessa atitude de manifestação, podemos ver o simbolismo expressando uma linguagem simbólica de desejos e afetos reprimidos. Freud acreditava que os sonhos eram a via mais importante de acesso ao inconsciente. Assim como os lapsos e os esquecimentos, os sonhos são a realização de desejos reprimidos e recalcados no nosso inconsciente. O sentido dos sonhos não é alcançável de imediato, nem ao sonhador nem ao intérprete, pois é uma forma mascarada de realizar desejos, incidindo sobre ele uma censura, onde o efeito é a deformação onírica – processo no qual o sonho que recordamos após acordar é submetido a uma deformação, com intuito de recalcar um desejo, sentimento ou pensamento que não condiz com o que é moralmente aceito, e causa repúdio, sendo o recalcamento um mecanismo de defesa contra uma ameaça que pode causar sofrimento psíquico. Os sonhos são descritos em dois registros: O primeiro seria o conteúdo manifesto do sonho, que seria o conteúdo lembrado e contado pelo sonhador; e o segundo é o pensamento onírico latente, que consiste no oculto e inconsciente, a qual se pretende alcançar através da interpretação. Na relação estabelecida entre Freud e Franz, é notória a questão da transferência. O jovem vê a possibilidade de projetar seus sentimentos passados em Freud. Assim, ele tem a oportunidade de resolver conflitos recalcados, mesmo que seja inconscientemente. Outro fato visível no filme é a relação de pulsão de vida, onde após os acontecimentos perdurantes na sociedade e a morte de seu mestre Otto pelos nazistas, o rapaz manifesta-se mostrando sua insatisfação – pendurando as calças de seu mestre entre as bandeiras -; tal manifesto levou-o a uma punição, mas apesar disso, mostrou uma forte linguagem simbólica. A história do filme se passa um pouco antes da família de Freud se exilar em Londres, fugindo da perseguição dos nazistas. Nesse contexto o retrato mostrado do ambiente da Áustria nazista mostrou que os psicanalistas foram “rejeitados” em todos regimes totalitários, sendo isso um motivo de vangloriamento, pois nenhuma outra área conseguiu tamanha façanha.
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