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ACORDÃO RESENHA CRITICA

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Superior Tribunal de Justiça
AgInt no AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº 1.283.998 - RS (2018/0096527-0)
 
RELATOR : MINISTRO RAUL ARAÚJO
AGRAVANTE : GORETI CRISTOFOLI NARDI 
ADVOGADO : MARCELO BENEDETTI DA MOTTA - RS066607 
AGRAVADO : ISIS CAMPOS MARTINS 
ADVOGADO : MARIA ISABEL DO AMARAL MOTTA - RS027922 
AGRAVADO : JOSE MAURICIO MARTINS 
ADVOGADO : SEM REPRESENTAÇÃO NOS AUTOS - SE000000M
RELATÓRIO
O EXMO. SR. MINISTRO RAUL ARAÚJO (Relator): 
Trata-se de agravo interno interposto por GORETI CRISTOFOLI NARDI contra 
decisão (fls. 175-179) que conheceu do agravo para não conhecer do recurso especial, sob o 
fundamento de que a pretensão de modificação do entendimento trazido pela eg. Corte de Apelação 
estaria obstada pelas Súmulas 7 e 83/STJ.
Nas razões do presente agravo interno, GORETI CRISTOFOLI NARDI afirma que 
o recurso especial não esbarra nos óbices aplicados, em síntese, sob o argumento de que: a) 
"considerando que nos termos do recente julgamento havido nesta Corte Superior foi 
firmado o entendimento de que as medidas coercitivas postuladas pela ora agravante, ao 
menos com relação a suspensão da CNH, não trazem quaisquer ameaça ou risco aos direitos 
e garantias da pessoa do devedor, tem-se por afastado o alegado óbice na Súmula n° 
83/STJ" (fl. 186); e b) "não se está diante da necessidade de reanálise do conjunto fático 
probatório dos autos por este Colendo Superior Tribunal de Justiça, e, sim, da correta 
aplicação do direito à fatos incontroversos, quais sejam, inexitosidade da demanda executiva 
em saldar o débito dos devedores frente a agravante ao longo de diversos anos, conforme 
reconhecido pelo Tribunal de origem" (fl. 189).
Ao final, requer a reconsideração da decisão agravada ou, se mantida, seja o 
presente recurso levado a julgamento perante a eg. Quarta Turma.
Sem impugnação do agravo interno (vide certidão à fl. 196).
É o relatório.
 
Documento: 88176123 - RELATÓRIO E VOTO - Site certificado Página 1 de 5
 
 
Superior Tribunal de Justiça
AgInt no AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº 1.283.998 - RS (2018/0096527-0)
 
RELATOR : MINISTRO RAUL ARAÚJO
AGRAVANTE : GORETI CRISTOFOLI NARDI 
ADVOGADO : MARCELO BENEDETTI DA MOTTA - RS066607 
AGRAVADO : ISIS CAMPOS MARTINS 
ADVOGADO : MARIA ISABEL DO AMARAL MOTTA - RS027922 
AGRAVADO : JOSE MAURICIO MARTINS 
ADVOGADO : SEM REPRESENTAÇÃO NOS AUTOS - SE000000M
VOTO
O EXMO. SR. MINISTRO RAUL ARAÚJO (Relator): 
O presente recurso não merece prosperar, uma vez que a agravante não apresentou 
argumentação jurídica necessária a motivar a modificação do entendimento externado na decisão 
ora vergastada, da qual se extrai o seguinte excerto:
"Nas razões recursais, sustenta a recorrente vulneração ao art. 139, IV 
do CPC/2015, em síntese, ao argumento de que, diante do indeferimento 
das medidas constritivas requeridas, em face das peculiaridades do caso 
concreto, negou-se a vigência do precitado dispositivo legal.
 Por sua vez, o eg. TJ-RS asseverou que as medidas requeridas pela 
recorrente para assegurar a execução apresentam-se como extremamente 
gravosas aos executados e, portanto, desproporcionais. É o que se 
depreende da leitura do seguinte excerto do v. aresto impugnado (fls. 
100-102):
 'Ainda que o disposto no art. 805 do CPC/2015 
estabeleça que a execução seja feita no interesse do exequente e 
não do executado, assim como o art. 139, IV, do CPC/2015 
assegure ao juiz medidas necessárias para o cumprimento de 
ordem judicial, a satisfação do crédito deva ser buscada pelo 
meio menos gravoso aos executados, pautada na equidade, 
proporcionalidade e boa-fé processual.
 (...)
 Saliento que não desconsidero o fato de a agravante 
estar tentando buscando seu crédito junto aos agravados por 
vários anos, todavia, conforme o supramencionado, entendo que 
as medidas pretendidas pela agravante caracterizam-se como 
extremamente gravosas aos executados, devendo ser mantida 
hígida a decisão ora agravada, até mesmo pelo fato de ter sido 
deferida medida de 'inclusão dos nomes dos executados nos 
cadastros de proteção ao crédito' (SPC e SERASA), conforme fl. 
262 do processo de origem'.
 Com efeito, constata-se que o entendimento do v. acórdão estadual 
coaduna-se com a jurisprudência iterativa deste Superior Tribunal de 
Justiça, a qual prevê que, na execução, para a satisfação do crédito, 
deve-se buscar a execução mediante providências mais eficazes e menos 
Documento: 88176123 - RELATÓRIO E VOTO - Site certificado Página 2 de 5
 
 
Superior Tribunal de Justiça
gravosas ao executado" (fl. 176).
Nessa senda, é irretocável a aplicação da Súmula 83/STJ, no ponto, uma vez que é 
assente a cognição jurisprudencial deste Sodalício no sentido de que as medidas de satisfação do 
crédito perseguido em execução não podem extrapolar os liames de proporcionalidade e 
razoabilidade, de modo que contra o executado devem ser adotadas as providências menos gravosas 
e mais eficazes, como no caso dos autos. Sobre o tema, além dos precedentes homenageados no 
decisum vergastado, também se colhe o seguinte julgado:
"RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. EXECUÇÃO DE 
TÍTULO EXTRAJUDICIAL. MEDIDAS COERCITIVAS ATÍPICAS. 
CPC/2015. INTERPRETAÇÃO CONSENTÂNEA COM O ORDENAMENTO 
CONSTITUCIONAL. SUBSIDIARIEDADE, NECESSIDADE, 
ADEQUAÇÃO E PROPORCIONALIDADE. RETENÇÃO DE 
PASSAPORTE. COAÇÃO ILEGAL. CONCESSÃO DA ORDEM. 
SUSPENSÃO DA CNH. NÃO CONHECIMENTO. 
1. O habeas corpus é instrumento de previsão constitucional vocacionado 
à tutela da liberdade de locomoção, de utilização excepcional, orientado 
para o enfrentamento das hipóteses em que se vislumbra manifesta 
ilegalidade ou abuso nas decisões judiciais.
2. Nos termos da jurisprudência do STJ, o acautelamento de passaporte é 
medida que limita a liberdade de locomoção, que pode, no caso concreto, 
significar constrangimento ilegal e arbitrário, sendo o habeas corpus via 
processual adequada para essa análise.
3. O CPC de 2015, em homenagem ao princípio do resultado na 
execução, inovou o ordenamento jurídico com a previsão, em seu art.
139, IV, de medidas executivas atípicas, tendentes à satisfação da 
obrigação exequenda, inclusive as de pagar quantia certa.
4. As modernas regras de processo, no entanto, ainda respaldadas pela 
busca da efetividade jurisdicional, em nenhuma circunstância, poderão 
se distanciar dos ditames constitucionais, apenas sendo possível a 
implementação de comandos não discricionários ou que restrinjam 
direitos individuais de forma razoável.
5. Assim, no caso concreto, após esgotados todos os meios típicos de 
satisfação da dívida, para assegurar o cumprimento de ordem judicial, 
deve o magistrado eleger medida que seja necessária, lógica e 
proporcional. Não sendo adequada e necessária, ainda que sob o escudo 
da busca pela efetivação das decisões judiciais, será contrária à ordem 
jurídica.
6. Nesse sentido, para que o julgador se utilize de meios executivos 
atípicos, a decisão deve ser fundamentada e sujeita ao contraditório, 
demonstrando-se a excepcionalidade da medida adotada em razão da 
ineficácia dos meios executivos típicos, sob pena de configurar-se como 
sanção processual.
7. A adoção de medidas de incursão na esfera de direitos do executado, 
notadamente direitos fundamentais, carecerá de legitimidade e 
Documento: 88176123 - RELATÓRIO E VOTO - Site certificado Página 3 de 5
 
 
Superior Tribunal de Justiça
configurar-se-á coação reprovável, sempre que vazia de respaldo 
constitucional ou previsão legal e à medida em que não se justificar em 
defesa de outro direito fundamental.
8. A liberdade de locomoção é a primeira de todas as liberdades, sendo 
condição de quase todas as demais. Consiste em poder o indivíduo 
deslocar-se de um lugar para outro, ou permanecer cá ou lá, segundo lhe 
convenha ou bem lhe pareça, compreendendo todas as possíveis 
manifestações da liberdade de ir e vir.
9. Revela-se ilegal e arbitrária a medida coercitiva de suspensão do 
passaporte proferida no bojo de execução portítulo extrajudicial 
(duplicata de prestação de serviço), por restringir direito fundamental de 
ir e vir de forma desproporcional e não razoável. Não tendo sido 
demonstrado o esgotamento dos meios tradicionais de satisfação, a 
medida não se comprova necessária.
10. O reconhecimento da ilegalidade da medida consistente na apreensão 
do passaporte do paciente, na hipótese em apreço, não tem qualquer 
pretensão em afirmar a impossibilidade dessa providência coercitiva em 
outros casos e de maneira genérica. A medida poderá eventualmente ser 
utilizada, desde que obedecido o contraditório e fundamentada e 
adequada a decisão, verificada também a proporcionalidade da 
providência.
11. A jurisprudência desta Corte Superior é no sentido de que a 
suspensão da Carteira Nacional de Habilitação não configura ameaça 
ao direito de ir e vir do titular, sendo, assim, inadequada a utilização do 
habeas corpus, impedindo seu conhecimento. É fato que a retenção desse 
documento tem potencial para causar embaraços consideráveis a 
qualquer pessoa e, a alguns determinados grupos, ainda de forma mais 
drástica, caso de profissionais, que tem na condução de veículos, a fonte 
de sustento. É fato também que, se detectada esta condição particular, no 
entanto, a possibilidade de impugnação da decisão é certa, todavia por 
via diversa do habeas corpus, porque sua razão não será a coação ilegal 
ou arbitrária ao direito de locomoção, mas inadequação de outra 
natureza.
12. Recurso ordinário parcialmente conhecido."
(RHC 97.876/SP, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA 
TURMA, julgado em 05/06/2018, DJe de 09/08/2018)
Quanto à incidência da Súmula 7/STJ sobre a discussão relativa ao cabimento das 
medidas constritivas pleiteadas para satisfação do crédito objurgado, nessa parte, também mantida a 
decisão singular. Nessa seara, será necessário perquirir a aplicação do princípio da menor 
onerosidade da execução em face das circunstâncias do caso concreto, providência esta que exigiria 
o reexame do suporte fático-probatório dos autos, o que é vedado a teor da Súmula 7/STJ. A 
propósito:
"AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL. PROCESSUAL CIVIL E 
CIVIL. ALEGADA VIOLAÇÃO AO ART. 535 DO CPC/73. NÃO 
Documento: 88176123 - RELATÓRIO E VOTO - Site certificado Página 4 de 5
 
 
Superior Tribunal de Justiça
OCORRÊNCIA. EXECUÇÃO DE TÍTULO EXTRAJUDICIAL. 
CONVERSÃO AUTOMÁTICA DE ARRESTO EM PENHORA. 
FUNDAMENTO AUTÔNOMO NÃO ATACADO. SÚMULA 283/STF. 
APONTADA VIOLAÇÃO AO ART. 1.487, § 1º, DO CC/2002. AUSÊNCIA 
DE COMANDO NORMATIVO CAPAZ DE INFIRMAR OS 
FUNDAMENTOS DO ARESTO RECORRIDO. DEFICIÊNCIA DE 
FUNDAMENTAÇÃO. SÚMULA 284/STF. CONTRATO DE CONFISSÃO 
DE DÍVIDA. EXEQUIBILIDADE. SÚMULA 300/STJ. CONSTITUIÇÃO 
EM MORA. DESNECESSIDADE DE INTERPELAÇÃO PRÉVIA. 
ALEGADA OFENSA AO PRINCÍPIO DA MENOR ONEROSIDADE NA 
EXECUÇÃO (ART. 620 DO CPC/1973). REEXAME DE MATÉRIA 
FÁTICO-PROBATÓRIA. SÚMULA 7/STJ. NEGATIVA DE PROVIMENTO 
AO RECURSO.
(...)
6. A inversão do que foi decidido pelo Tribunal de origem, no que 
respeita à apreciação da apontada ofensa ao princípio da menor 
onerosidade da execução (art. 620 do CPC/1973), tal como propugnada 
nas razões do apelo especial, demandaria, necessariamente, o exame do 
acervo fático-probatório dos autos, providência que encontra óbice na 
Súmula 7 do Superior Tribunal de Justiça.
7. Agravo interno a que se nega provimento."
(AgInt no REsp 1.042.724/SP, de minha relatoria, QUARTA TURMA, 
julgado em 12/09/2017, DJe de 02/10/2017 - grifou-se)
No caso em exame, o Tribunal de origem, analisando o acervo fático-probatório dos 
autos, concluiu que os pedidos formulados pelo exequente, de suspensão de passaporte, de 
suspensão da CNH e de cancelamento dos cartões de crédito e débito, seriam excessivamente 
gravosos aos executados e desproporcionais à obrigação de pagamento do débito, mormente 
considerando que, no caso, o Juízo a quo já deferira medida adequada a compelir os devedores ao 
adimplemento, determinando inclusão de seus nomes nos cadastros de proteção ao crédito. A 
revisão de tal entendimento, na via estreita do recurso especial, sobretudo para perquirir a adequada 
aplicação do princípio da menor onerosidade no caso concreto, encontra óbice na Súmula 7 do STJ.
Nesse cenário, não tendo a parte agravante trazido argumentos capazes de infirmar 
os fundamentos da decisão ora agravada, entende-se que esta há de ser mantida.
Ante o exposto, nego provimento ao agravo interno.
É como voto.
Documento: 88176123 - RELATÓRIO E VOTO - Site certificado Página 5 de 5