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Aula 12 - Apelação

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTRO JUIZ DE DIREITO PRESIDENTE DO TRIBUNAL DO JÚRI ... DA COMARCA DE .../UF
Processo nº
GEORGE, já qualificado nos autos do processo em epígrafe, que lhe move o Ministério Público, por seu procurador abaixo assinado, devidamente habilitado nos referidos autos e que esta subscreve, vem à presença de Vossa Excelência para, inconformado com a sentença condenatória proferida, interpor
RECURSO DE APELAÇÃO 
o que faz tempestivamente, com fundamento no artigo 593, I do Código de Processo Penal.
Requer, assim, que após recebida, com as razões anexas, ouvida a parte contrária, sejam os autos encaminhados ao Egrégio Tribunal de Justiça do Estado do ..., onde deverá ser processado o presente recurso e, ao final, provido.
Nestes termos,
Pede Deferimento.
Local, 16 de Dezembro de 2016.
Advogado
OAB
AO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO ...
RAZÕES DE RECURSO DE APELAÇÃO
Processo nº: 
Apelante: GEORGE
Apelado: Ministério Público
Colenda Turma
Excelentíssimos Julgadores
Embora considerado notável o saber jurídico do julgador do tribunal de júri, impõe-se a reforma da sentença proferida em desfavor do apelante, pelas razões de fato e de direito a seguir expostas. 
DOS FATOS
	O apelante foi denunciado e acusado pelo crime descrito no artigo 121 ⸹ 2º, II do CP, sendo pois homicídio qualificado por motivo fútil, por em tese ter alvejado e cerceado a vida da vítima, Leonidas Malta, em uma briga na saída da boate The Night.
	Após a acusação estapafúrdia do ilustre membro do parquet de que “quem cala consente” em vista do suposto réu ter se mantido em silêncio.
	O apelante fora condenado pelo Conselho de Sentença e o Juiz Presidente, os quais o condenaram a cumprir 15 anos de reclusão em regime inicialmente fechado, embora não exista provas nos autos que comprovassem o sustentado pela acusação.
A decisão condenatória, contudo, merece ser reformada, senão vejamos.
DO DIREITO
Analisando o conteúdo dos autos verifica-se a falha do Ministério público ao não acatar um direito previsto na Constituição o qual garante direito de manter-se calado como disposto no artigo 5º, LXIII da CFRB/88 como consta as folhas..., ao expor o fato provavelmente acaba por influenciar a decisão de maneira favorável à acusação, se valendo de conduta manifestamente defesa.
Assim sendo, o magistrado deveria ter cancelado o julgamento corrigindo a falha do Doutor Promotor, fundamentando-se no artigo 478, caput e inc. II do CPP, contudo, não foi o que se sucedeu, ensejando assim o cabimento deste presente recurso com base no artigo 593 caput e inc. III, alínea a), pois constatou-se flagrante nulidade evidenciada diante dos fatos, ora narrados, que a sessão plenária foi nula de pleno direito.
Intencionando corroborar o entendimento aqui firmado, menciono jurisprudência e doutrina pertinente e adequada ao caso em tela, que seguem:
RECURSO ESPECIAL. HOMICÍDIO. APELAÇÃO. RECORRIDO ADELINO. DECISÃO MANIFESTAMENTE CONTRÁRIA À PROVA DOS AUTOS. AUSÊNCIA DE PROVA JUDICIALIZADA. REVERSÃO. SÚMULA 7/STJ. RECORRIDO JONATAN. NULIDADE.
ART. 478 DO CPP. QUESTIONAMENTO ACERCA DOS ANTECEDENTES NO INTERROGATÓRIO. NULIDADE NÃO VERIFICADA. RECURSO PARCIALMENTE CONHECIDO, E, NESSA EXTENSÃO, PROVIDO.
1. Entendendo o acórdão recorrido ser a decisão dos jurados manifestamente contrária à prova dos autos, por ausência de prova judicializada, a amparar a condenação em relação a um dos recorridos, a reversão das premissas fáticas encontra óbice na Súmula 7/STJ.
2. Embora depoimento prestado na fase inquisitorial seja apto a autorizar a pronúncia, o veredito popular condenatório não pode nele se lastrear exclusivamente, ainda que os jurados decidam por íntima convicção, quando inexista confirmação em plenário ou produção de novas provas.
3. Não deve prevalecer, portanto, o entendimento adotado no voto vencido de que "a circunstância de a imputação decorrer de elemento coligido na fase inquisitorial, tão-somente, não torna a decisão contrária à prova dos autos, pois, diversamente do que o ocorre com o juiz singular, os jurados, decidindo por íntima convicção, podem se valer, de modo exclusivo, da prova coligida nas indagações policiais".
4. Dispõe o art. 478 do CPP que as partes não podem fazer referências, durante os debates em Plenário do Júri, à decisão de pronúncia, às decisões posteriores que julgaram admissível a acusação ou à determinação do uso de algemas como argumento de autoridade que beneficiem ou prejudiquem o acusado, bem como ao silêncio do acusado ou à ausência de interrogatório por falta de requerimento, em seu prejuízo.
5. O art. 187, § 1º, do CPP determina que o acusado seja questionado, em plenário, por ocasião do interrogatório, sobre sua vida pregressa.
6. Impedir o conhecimento pelos jurados de fatos da vida pretérita do acusado constitui limitação indevida ao direito probatório, sendo admitido às partes formular livres razões, tanto para indicar a acusação os maus antecedentes quanto para justificar a defesa elogiável inserção social do agente.
7. Recurso parcialmente conhecido, e nesse extensão, provido para, afastada a nulidade por violação do art. 478, I, do CPP, determinar que o Tribunal de origem prossiga no julgamento do recurso de apelação do recorrido JONATAN.
(REsp 1859706/RS, Rel. Ministro NEFI CORDEIRO, SEXTA TURMA, julgado em 26/05/2020, DJe 02/06/2020)
O interrogatório do réu não é obrigatório. Porém, sob pena de nulidade absoluta, é fundamental garantir-lhe direito de ser interrogado. Diante do caso concreto, não se pode afastar possibilidade de decorrer de estratégia defensiva o não comparecimento do réu para ser interrogado.
De outro bordo, o silêncio é direito constitucional do réu (art. 5º, LXIII – o preso será informado dos seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado). Se é vedado ao juiz considerar o silêncio em desfavor do réu (parágrafo único do art. 186 do CPP: ”o silêncio, que não importará em confissão, não poderá ser interpretado em prejuízo da defesa”), também não poderá ser arguido como fundamento para reforçar a procedência da acusação perante o plenário do Júri. Portanto, o dispositivo em tela – sem similar no CPP anterior – guarda estrita consonância com o artigo 5º, LXIII, CF/88.
OLIVEIRA, Eugênio Pacelli e FISCHER, Douglas. Comentários ao Código de Processo Penal e sua Jurisprudência. 2ª tiragem. Rio de Janeiro – RJ. Editora Lumen Juris, 2010
Dado o parquet sustentar como tese de acusação o direito constitucional de o acusado, nesta apelante, de manter-se em silêncio impõe-se como medida de justiça anulação da sentença proferida em sede de tribunal de júri ante a flagrante a nulidade apontada.
DO PEDIDO
Ante ao exposto, requer o recebimento e provimento deste presente recurso de apelação, porquanto tempestivo e adequado, com a consequente a reforma da sentença proferida contendo a absoluta nulidade presente no artigo 478, II do CPP.
Nestes termos,
pede deferimento.
Local, 28 de Dezembro de 2016.
Advogado
OAB/UF nº...

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