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FACULDADE PIAGET CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS NATHAN LUIS ALVES DE JESUS INDUSTRIA AMERICANA Suzano 2020 INDUSTRIA AMERICANA O documentário Indústria Americana tem muito a nos ensinar pela narrativa de mulheres negras, que ocupam boa parte dos postos de trabalho precários. O filme registra a chegada dos chineses em uma fábrica de vidro nos Estados Unidos (EUA). Após o fechamento da fábrica nos Estados Unidos, entra em seu lugar à multinacional chinesa Fuyao, que por sua vez implanta outra cultura organizacional e de condições de trabalho. Trabalhadores chineses e estadunidenses dividem o mesmo ambiente de trabalho, deslocando e afirmando as diferenças existentes. Habituados a extensas jornadas de trabalho com apenas duas folgas ao mês, os chineses caracterizam os estadunidenses como trabalhadores preguiçosos. Funcionários que trabalhavam na fábrica anterior são recontratados pela multinacional, porém com salários três vezes menor e com piores condições de trabalho. Na China, o giro de câmera pela fábrica incomoda, porque denuncia a falta de equipamentos de proteção individual e coletiva. Todos trabalham com manipulação de vidro, e não há regulação interna para proteção da saúde e da segurança do trabalhador. Fica aparente que a direção do filme quer marcar o choque entre duas culturas, mas é bom lembrar que se o modelo trabalhista chinês é um dos piores do mundo para o trabalhador, o americano também é, pois não garantem as formas coletivas de reivindicação. É de suma importância ressaltar que a reforma trabalhista implementada no Brasil é importada dos Estados Unidos, país que tem péssimas condições de trabalho, onde boa parte das pessoas realiza o trabalho intermitente (pagamento por horas trabalhadas permitindo mais de um emprego). Os Estados Unidos definitivamente não é um bom exemplo de regulação do trabalho. O chamado "sonho americano", que é a base ideológica do capitalismo atual, exige muitos empregos, muitas horas de trabalho, sem acesso à saúde e educação pública e com muita restrição ao direito de livre organização sindical. No documentário, uma mulher negra que defende a implementação do sindicato é perseguida, a empresa designa para desempenhar uma função sozinha que deveria ser exercida por duas pessoas. Os trabalhadores da fábrica, por exemplo, enfrentam perseguições, demissões e assédios para não organizarem um sindicato dentro da empresa. https://www.brasildefato.com.br/2020/02/09/produzido-pelo-casal-obama-industria-americana-leva-oscar-de-melhor-documentario https://www.brasildefato.com.br/2020/02/09/produzido-pelo-casal-obama-industria-americana-leva-oscar-de-melhor-documentario A prática antissindical faz parte da legislação trabalhista estadunidense que privilegia a negociação individual, fazendo com que haja dificuldade na negociação coletiva. Inclusive, consultorias são contratadas a peso de ouro para impedirem a implementação de sindicatos nas empresas dos EUA. Nesse ponto, o filme documentário deixa a desejar, pois não mostra a realidade estadunidense em relação à regulação do trabalho e organização sindical e, inclusive, sobe o tom no nacionalismo. O final também mostra o impacto da Indústria 4.0 que gerará um desemprego estrutural em todo o mundo, mas sem problematizar o aprofundamento da desregulação do trabalho.