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industria americana

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O documentário retrata a chegada da gigante fábrica chinesa de vidros automotivos, Fuyao, nos Estados Unidos. Mostra o dia a dia dos trabalhadores americanos e chineses da nova planta, em uma cidade devastada pelo desemprego, que foi ocasionado pelo fechamento de uma unidade fabril da empresa General Motors dez anos antes.
Produzido pelo ex-presidente americano, Barack Obama e pela ex-primeira-dama, Michelle Obama, “Indústria Americana” ganhou projeções globais. Segundo os produtores, o filme tem como objetivo de abrir caminho para discussões importantes sobre o futuro do trabalho e os desafios atuais vividos nas organizações.
Fuyao é a maior fabricante de vidro automotivos da China e a segunda maior do mundo. Abriu a maior unidade fabril de vidros automotivos do mundo em Ohio nos Estados Unidos, onde investiu aproximadamente 1 bilhão de dólares, gerando em torno de dois mil novos postos de trabalho.
Chao Dewang é o fundador e presidente global. Seu posicionamento é claro: ser a maior empresa de vidros automotivos do mundo.
Ao longo do tempo os gestores americanos entregam resultados inferiores aos desejados pelos chineses e vários conflitos passam a acontecer.
Utilizaremos das dificuldades enfrentadas pelos gestores americanos para sinalizar o que eles poderiam ter feito para engajar as pessoas, melhorando resultados, mesmo em um contexto desafiador.
Acostumados a extensas jornadas de trabalho, com apenas duas folgas ao mês, os chineses caracterizam os estadunidenses como "preguiçosos". Uma mulher negra chora diante dos gritos e das ordens de chefes chineses. As mesmas pessoas que trabalhavam na fábrica anterior são recontratadas pela multinacional, mas com salários três vezes menores e com piores condições de trabalho.
Na China, o giro de câmera pela fábrica incomoda, porque denuncia a falta de equipamentos de proteção individual e coletiva. Todos trabalham com manipulação de vidro, e não há regulação interna para proteção da saúde e da segurança do trabalhador. Fica aparente que a direção do filme quer marcar o choque entre duas culturas, mas é bom lembrar que se o modelo trabalhista chinês é um dos piores do mundo para o trabalhador, o americano também é, pois não garantem as formas coletivas de reivindicação.
O final também mostra o impacto da Indústria 4.0 que gerará um desemprego estrutural em todo o mundo, mas sem problematizar o aprofundamento da desregulação do trabalho. A intenção dos Obama me parece óbvia: a disputa de hegemonia entre China e EUA no mundo, criando uma falsa armadilha de disputa entre os trabalhadores dos dois países, mas a precarização imposta pelo capitalismo é global. 
A nova faceta do capitalismo estimula a precarização do trabalho, sem garantias, sem regulamentação e sem reivindicação coletiva, caracterizando o trabalho na sua face crua e desigual. E às mulheres negras recairá a maior precarização possível.
No Brasil não será diferente com a acelerada implementação da reforma trabalhista e o impacto da Indústria 4.0. Hoje, o discurso do governo federal é de que a reforma irá aumentar o número de empregos, mas o que aumentou foi a informalidade e a precarização.  Não há ilusão de que na atual fase do capitalismo de que todos e todas nós seremos ainda mais precarizados e explorados.

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