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Lei de Recuperação de Empresas e Falência _ Bruno Oliveira Castro & Cristiano Imhof

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TJPR. Art. 109 da Lei n. 11.101/2005.
Necessidade ou não de aposição do lacre no
estabelecimento falido
Data: 22/11/2012
Ao assim dispor, a lei deixou ao prudente arbítrio do Juízo à verificação da necessidade ou não de aposição do lacre no
estabelecimento do falido, "sempre que houver risco para a execução da etapa de arrecadação ou para a preservação
dos bens da massa falida ou dos interesses dos credores"; vale dizer, sempre que for constatada, no curso do processo,
ameaça ou justo temor de que o falido venha a se desfazer dos bens da massa com o intuito de lesionar os credores. Ao
Magistrado incumbirá a análise de tais condições frente a cada situação concreta. Entendendo o mesmo, como
necessária a lacração do(s) estabelecimento(s) do falido, determinará o cumprimento da providência pela mesma
sentença que decretar a falência, na forma do artigo 99, inciso XI da legislação específica: "Art. 99. A sentença que
decretar a falência do devedor, dentre outras determinações: .......... XI - pronunciar-se-á a respeito da continuação
provisória das atividades do falido com o administrador judicial ou da lacração dos estabelecimentos, observado o
disposto no art. 109 desta Lei".
Íntegra do acórdão:
Acórdão: Agravo de Instrumento n. 375.155-7, de Curitiba.
Relator: Des. Lauri Caetano da Silva.
Data da decisão: 07.03.2007.
AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 375.155-7, DA 4ª VARA DA FAZENDA PÚBLICA, FALÊNCIAS E CONCORDATAS DO
FORO CENTRAL DE CURITIBA.
AGRAVANTE: CALL FARMA COMÉRCIO DE
MEDICAMENTOS LTDA - ME
AGRAVADA: DISTRIBUIDORA DE MEDICAMENTOS
SANTA CRUZ LTDA
RELATOR: DES. LAURI CAETANO DA SILVA
EMENTA: FALÊNCIA. DECISÃO QUE, A PAR DE DECRETAR A FALÊNCIA DA EMPRESA, DETERMINOU A
LACRAÇÃO DE TODOS OS ESTABELECIMENTOS DA FALIDA (ART. 99, XI DA LEI 11.101/2005). POSSIBILIDADE.
PROVIDÊNCIA DE NATUREZA EMINENTEMENTE CAUTELAR, QUE ENCONTRA PREVISÃO LEGAL SEMPRE QUE
HOUVER RISCO PARA A EXECUÇÃO DA ARRECADAÇÃO E PARA PRESERVAÇÃO DOS INTERESSES DA MASSA
OU DOS CREDORES. ARTIGO 109 DA LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA. RECURSO DESPROVIDO. De acordo com o
artigo 109 da Lei 11.101, de 9.2.05, "sempre que houver risco para a execução da etapa de arrecadação ou para a
preservação dos bens da massa falida ou dos interesses dos credores", poderá o Juízo, pela mesma sentença que
decretar a falência, determinar a lacração dos estabelecimentos do falido. Tal providência, de natureza eminentemente
cautelar, visa assegurar a efetividade da arrecadação, enquanto não for elaborado o inventário dos bens, protegendo o
interesse dos credores.
Vistos, relatados e discutidos estes autos de Agravo de Instrumento nº 375.155-7, da 4ª Vara Da Fazenda Pública,
Falências e Concordatas, em que é agravante Call Farma Comércio de Medicamentos Ltda - ME e agravada
Distribuidora de Medicamentos Santa Cruz Ltda.
ACORDAM os Desembargadores integrantes da 17ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná, por
unanimidade de votos, em negar provimento ao agravo.
I - RELATÓRIO
1. Trata-se de agravo de instrumento - com pedido de efeito suspensivo - regularmente interposto por Callfarma
Comércio de Medicamentos Ltda-ME contra a decisão proferida pelo Juízo da 4ª Vara da Fazenda Pública, Falências e
Concordatas às f. 1173/1179 (f. 57/63-TJ) dos autos nº 46.760 de Pedido de Falência da empresa R.R. Farma Comércio
de Medicamentos e Perfumaria Ltda, promovida por Distribuidora de Medicamentos Santa Cruz Ltda, na parte em que
determinou a lacração de todos os estabelecimentos da falida por Oficial de Justiça.
2. Inconformada, aduz a agravante que:
a) celebrou contrato de locação dos imóveis sito na Avenida Manoel Ribas, 1282, 1268 e 1294, todos do mesmo
proprietário Supermercados Mercês. Referido contrato de locação seguiu-se à rescisão de contrato de locação anterior
com a empresa R.R. Farma Comércio de Medicamentos e Perfumaria Ltda, a qual teve sua falência decretada pelo Juízo
da 4ª Vara da Fazenda Pública de Curitiba - autos 46760;
b) em decorrência dessa decisão, no dia 14.09.06, por volta das 17:30h., foi procedida a lacração do estabelecimento da
agravante, com a afixação da sentença declaratória de falência da R.R. Farma Comércio de Medicamentos e Perfumaria
Ltda na sua porta, o que causou indizível constrangimento para os seus 30 funcionários e cerca de 50 clientes que se
encontravam no local;
c) não há vínculo de qualquer natureza entre a empresa cuja falência foi decretada - RR Farma Ltda - e a ora agravante,
que celebrou contrato de locação com o proprietário do imóvel, após rescisão do anterior contrato de locação por ele
mantido com a RR Farma Ltda;
d) até mesmo o objeto social da agravante é diverso do objeto social da empresa da RR Farma Ltda, cuja sede, a
propósito, é na Rua Augusto Stresser, 1230 - Bairro Hugo Lange, e não na Av. Manoel Ribas, 1282, sede da agravante;
e) a lacração do estabelecimento da agravante foi um ato de extrema gravidade, comprometendo a saúde financeira de
uma empresa que não tem dívida de qualquer natureza e que vem atendendo a um público de 1500 pessoas por dia,
com significativo faturamento: R$ 553.000,00 em julho e R$ 412.000,00 em agosto. Tal acarretará, como conseqüência
imediata, a inadimplência da agravante com seus fornecedores, funcionários, fiscos, senhorio, além de outras
repercussões negativas que são fáceis de imaginar;
f) estão presentes, pois, na espécie, o fumus boni iuris, representado pelo direito da agravante ao regular exercício da
sua atividade comercial e a ausência de vínculo com a falida; e o periculum in mora, representado pelas conseqüências
gravíssimas decorrentes do abrupto fechamento do estabelecimento, somando prejuízo imediato de mais de R$
1.000.000,00.
3. Através da decisão de f. 74/77, este Relator indeferiu o efeito suspensivo postulado.
4. Entendendo que a participação do Ministério Público no processo falimentar se restringe às hipóteses previstas no art.
8; 9; 22, § 4º; 30; 99, XIII; 132; 142; 143; 104, VI; 154 e 187 da Lei 11.101/05, o ilustre Representante da Procuradoria
Geral de Justiça deixou de emitir seu parecer no caso em desate.
5. Pelo Ofício de f. 106, a MM. Juíza a quo anunciou a impossibilidade de prestar informações no momento, tendo que
vista que os autos originários se encontram no Ministério Público.
II - VOTO
6. Cuida-se de agravo de instrumento interposto frente à decisão judicial que, a par de decretar a falência da empresa
RR Farma Comércio de Medicamentos e Perfumaria Ltda, determinou a lacração de todos os seus estabelecimentos por
Oficial de Justiça.
O recurso foi interposto por uma terceira empresa, Callfarma Comércio de Medicamentos ME, a qual estaria exercendo o
seu comércio no estabelecimento sito à "Av. Manoel Ribas, números 1282, 1268, 1270 e 1294, Curitiba/Pr" - outrora
ocupado pela falida -, por força de contrato de locação regularmente firmado com o proprietário do imóvel. Alega a
agravante que firmou o contrato de locação em questão após o distrato do contrato locatício mantido entre o proprietário
do bem e a falida, com a qual, a propósito, não mantém qualquer vínculo. Afirma que a decisão agravada está
impedindo-na de exercer a sua atividade comercial, causando-lhe prejuízos financeiros de grande monta, afora outras
conseqüências igualmente gravíssimas. Diante do que, pleiteia a revogação do despacho agravado, quanto à lacração
do seu estabelecimento.
Pois bem!
Não vislumbro, após detida análise da controvérsia, qualquer motivo ou fundamento hábil a autorizar a reforma da
decisão agravada que determinou a lacração de todos os estabelecimentos da falida.
Anoto, a propósito, que tal providência - de natureza eminentemente cautelar - encontra expressa previsão na lei
falimentar, a fim de assegurar a efetividade da arrecadação, enquanto não for elaborado o inventário dos bens. Preceitua
o artigo 109 da Lei 11.101, de 9.2.05:
"Art. 109. O estabelecimento será lacrado sempre que houver risco para a execução da etapa de arrecadação ou para a
preservação dos bens da massa falida ou dos interesses dos credores".
Ao assim dispor, alei deixou ao prudente arbítrio do Juízo à verificação da necessidade ou não de aposição do lacre no
estabelecimento do falido, "sempre que houver risco para a execução da etapa de arrecadação ou para a preservação
dos bens da massa falida ou dos interesses dos credores"; vale dizer, sempre que for constatada, no curso do processo,
ameaça ou justo temor de que o falido venha a se desfazer dos bens da massa com o intuito de lesionar os credores. Ao
Magistrado incumbirá a análise de tais condições frente a cada situação concreta. Entendendo o mesmo, como
necessária a lacração do(s) estabelecimento(s) do falido, determinará o cumprimento da providência pela mesma
sentença que decretar a falência, na forma do artigo 99, inciso XI da legislação específica:
"Art. 99. A sentença que decretar a falência do devedor, dentre outras determinações:
..........
XI - pronunciar-se-á a respeito da continuação provisória das atividades do falido com o administrador judicial ou da
lacração dos estabelecimentos, observado o disposto no art. 109 desta Lei".
No particular, ao decretar a falência da empresa RR Farma Comércio de Medicamentos e Perfumaria Ltda, houve por
bem a Magistrada processante em determinar a lacração dos seus estabelecimentos, buscando com isso assegurar a
efetividade na arrecadação dos bens pertencentes à massa. Considerando, a uma, que tal decisão compete
prioristicamente ao juiz da causa, que tem melhores condições de sopesar a necessidade e vantagens da medida; e, a
duas, que foi demonstrado nos autos de agravo de instrumento nº 368.357-0 - do qual fui relator - que todos os pontos de
venda, estoques e equipamentos pertencentes à falida foram colocados à venda, o que acarretará dano irreparável ou de
difícil reparação à massa e aos credores; entendo deva ser mantida, em todos os seus termos, a decisão agravada.
Cumpre observar, relativamente ao presente inconformismo, que a decisão em questão limitou-se a determinar a
lacração dos estabelecimentos da falida, conforme a orientação da lei específica. Se, porventura, no cumprimento da
ordem, o Oficial de Justiça procedeu a lacração de estabelecimento pertencente a terceiros que não à falida - como
alegado pela agravante - tal circunstância constitui fato "EXTRA-SENTENÇA", que não pode ser alcançado por esta via
recursal escorreita.
Assim, entendendo a agravante ter obrado o Juízo com abuso de poder ou, achando-se a mesma lesada no seu direito
líquido e certo, deve aforar a medida judicial adequada perante o Juízo de primeiro grau, não servindo o presente recurso
ao desiderato por ela pretendido.
Ante o exposto, voto pelo desprovimento do presente agravo de instrumento.
III- DECISÃO
ACORDAM os Desembargadores integrantes da 17ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná, por
unanimidade de votos, em negar provimento ao agravo.
O julgamento foi presidido pelo Desembargador FERNANDO VIDAL DE OLIVEIRA, sem voto, e dele participaram os
Desembargadores RENATO NAVES BARCELLOS e VICENTE MISURELLI.
Curitiba, 07 de março de 2007.
DES. LAURI CAETANO DA SILVA
Relator
AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 375.155-7 8.