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John Locke pdf

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John Locke (1632 –1704) foi um filósofo inglês considerado como precursor e ideólogo 
do liberalismo – “a mais ponderada e perene alma do liberalismo” (HORTA, 2004, p. 
240) e o “pai espiritual do liberalismo moderno” (MONCADA, 1950, p. 203) –, além de 
ser considerado como o principal representante do empirismo britânico e um dos 
principais teóricos do contratualismo (HORTA, 2002 e 2004): teoria segundo a qual a 
sociedade surge a partir de um pacto, um contrato estabelecido entre os homens, que faz 
com que estes abandonem o estado de natureza e se organizem em sociedade. Além disso, 
o livre consentimento dos indivíduos para o estabelecimento da sociedade, o livre 
consentimento da comunidade para a formação do governo, a proteção dos direitos de 
propriedade pelo governo, o controle do executivo pelo legislativo e o controle do 
governo pela sociedade, são, para Locke, os principais fundamentos do estado civil. 
Embora os interesses do filósofo sejam vastos e sobre temas diversos, como 
Epistemologia, Ética, Política, Religião e Educação (BARACHO, 1996), considerando o 
tema central do nosso website vamos nos concentrar principalmente no aspecto político 
de seu pensamento. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Seus dois grandes tratados sobre política constituem dois clássicos no desenvolvimento 
das ideias políticas da modernidade. No Primeiro Tratado sobre o Governo Civil, critica 
a tradição que afirmava o direito divino dos reis, já que, como contratualista, o poder dos 
http://www.portalconscienciapolitica.com.br/economia-politica/liberalismo/
http://www.portalconscienciapolitica.com.br/filosofia-politica/filosofia-moderna/os-contratualistas/
https://www.sabedoriapolitica.com.br/ci%c3%aancia-politica/poder-e-soberania/poder-executivo/
https://www.sabedoriapolitica.com.br/ci%c3%aancia-politica/poder-e-soberania/poder-legislativo/
reis deriva de um pacto e não de uma ordem sobrenatural. O Primeiro tratado é uma 
refutação do Patriarca, obra em que o pastor anglicano Robert Filmer defende o direito 
divino dos reis com base no princípio da autoridade paterna que Adão, supostamente o 
primeiro pai e o primeiro rei, legara à sua descendência. De acordo com essa doutrina, os 
monarcas modernos eram descendentes da linhagem de Adão e herdeiros legítimos da 
autoridade paterna dessa personagem bíblica, a quem Deus outorgara o poder real. 
Locke, como Hobbes, se opõe à tese defendida por Filmer de que o poder absoluto e 
divino dos reis (e, portanto, seu poder político) derivaria do poder paterno. Boa parte do 
esforço de Locke nesse livro é mostrar que a tese do direito divino se desenvolve no 
âmbito das interpretações possíveis dos textos sagrados, isto é, no âmbito de uma exegese 
bíblica, o que torna os argumentos de Filmer irrelevantes, já que ele faz uso, para 
“comprovar” suas teses, de um raciocínio teleológico que carece de base científica 
(KRITSCH, 2010, p. 75). 
 No Segundo Tratado sobre o Governo Civil, expõe sua teoria do Estado liberal e 
da propriedade privada. Além disso, o Segundo tratado é um ensaio sobre a origem, 
extensão e objetivo do governo civil onde Locke sustenta a tese de que nem a tradição 
nem a força, mas apenas o consentimento expresso dos governados é a única fonte do 
poder político legítimo. Eis como se refere ao Segundo tratado Cabral de Moncada, então 
catedrático da universidade de Coimbra: “clássico ensaio, espécie de cartilha do 
liberalismo, universalmente conhecido através de inúmeras traduções em todas as 
línguas” (1950, p. 204, nota de rodapé). 
 Considerado um contratualista tal como o filósofo inglês Thomas Hobbes ou o 
francês Jean-Jacques Rousseau, Locke se distingue de ambos pois a forma como entende 
essa estrutura (estado de natureza, pacto, estado civil) é bem diversa de Hobbes e 
Rousseau. 
A grande divergência entre os contratualistas é precisamente no tocante às características 
de tal ordem, o que os levaria a distintas posições acerca do Estado Político que, num 
dado momento, os cidadãos acordaram em instituir — do autoritarismo hobbesiano ao 
democratismo rousseauniano (HORTA, 2004, p. 246). 
 Para Locke o “estado de natureza” não é caracterizado necessariamente por um 
“estado de guerra” hobbesiano. E embora Locke concorde quanto a possibilidade de 
existência de um “estado de guerra”, para Locke o estado de guerra se dá quando se usa 
https://www.sabedoriapolitica.com.br/filosofia-politica/filosofia-moderna/os-contratualistas/hobbes/
https://www.sabedoriapolitica.com.br/filosofia-politica/filosofia-moderna/os-contratualistas/hobbes/
https://www.sabedoriapolitica.com.br/filosofia-politica/filosofia-moderna/os-contratualistas/rousseau/
a força contra a pessoa de outrem e não existe um superior comum a quem apelar. A 
ausência de uma autoridade superior, um juiz comum com autoridade, coloca todos os 
homens em um estado de natureza; a força sem o direito sobre a pessoa de outro, onde 
não há superior comum para chamar em socorro provoca um estado de guerra (LOCKE, 
1994). O que caracteriza o “estado de natureza” é, portanto, a vida em comunidade, mas 
sem uma autoridade superior que dite as normas e as regras de como os homens devem 
agir. Por isso não há razão para Locke dizer que o que levou os homens a necessidade de 
criar um acordo, um pacto entre si, foi a necessidade de garantir a sobrevivência da 
espécie e evitar as consequências do estado de natureza. Para Locke o contrato social 
surge de duas características fundamentais: a confiança e o consentimento. A partir do 
momento em que uma determinada comunidade sente a necessidade de administrar as 
relações sociais, centralizando esta administração em uma figura comum, os membros de 
tal comunidade chegam a um consenso (consentimento) delegando poderes a um 
governante que tem por obrigação garantir os direitos individuais já existentes no estado 
natural como a liberdade, além de assegurar segurança jurídica e o direito à propriedade 
privada. Essa relação estado-indivíduo para Locke deve ser baseada em uma relação de 
consentimento e confiança e, uma vez quebrada esta confiança por parte do governante, 
agindo por má-fé ou não garantindo os direitos individuais ou naturais, deve ser destituído 
do poder. 
Assim, o ponto de partida e a verdadeira constituição de qualquer sociedade política não 
é nada mais que o consentimento de um número qualquer de homens livres, cuja maioria 
é capaz de se unir e se incorporar em uma tal sociedade. Esta é a única origem possível 
de todos os governos legais do mundo (LOCKE, 1994, p. 141 apud HORTA, 2004, p. 
250). 
 O estado de natureza, relativamente pacífico, não está isento de inconvenientes, 
como a violação da propriedade (vida, liberdade e bens) que, na falta de lei estabelecida, 
de juiz imparcial e de força coercitiva para impor a execução das sentenças, coloca os 
indivíduos singulares em estado de guerra uns contra os outros. É a necessidade de superar 
esses inconvenientes que, segundo Locke, leva os homens a se unirem e estabelecerem 
livremente entre si o contrato social, que realiza a passagem do estado de natureza para a 
sociedade política ou civil. Seu objetivo precípuo é a preservação da propriedade e a 
proteção da comunidade tanto dos perigos internos quanto das invasões estrangeiras. 
 Eis como deve ser o contrato para Locke: um pacto de consentimento em que os 
homens concordam livremente em formar a sociedade civil para preservar e consolidar 
ainda mais os direitos que possuíam originalmente no estado de natureza com a instituição 
de um governo a fim de proteger os direitos naturais que são: o direito à vida, à liberdade 
e à propriedade. Estes direitos devem ser assegurados pelo Estado e quando isso acontece 
os cidadãos lhe devem obediência, caso contrário eles têm todo o direito de se rebelar, 
como o que aconteceu com a Revolução Inglesa do século XVII que pretendeucoibir os 
abusos do rei instaurando uma monarquia constitucional. O papel do governo restringe-
se a tais garantias. Sua função é “mínima”: proteger a propriedade, defender os cidadãos 
de ataques externos, preservar a ordem pública e garantir que este contrato seja cumprido. 
 É preciso considerar que as visões políticas do filósofo inglês se formaram no 
contexto da Revolução Inglesa se opondo ao regime absolutista. Por isso Locke é 
considerado como filósofo e teórico da “Revolução Gloriosa” de 1688, que instituiu uma 
monarquia constitucional (HORTA, 2004). Locke forneceu a posteriori a justificação 
moral, política e ideológica para a Revolução Gloriosa e para a monarquia parlamentar 
inglesa. Locke influenciou também a revolução norte-americana, onde a declaração de 
independência foi redigida e a guerra de libertação foi travada em termos de direitos 
naturais e de direito de resistência para fundamentar a ruptura com o sistema colonial 
britânico. 
 Em 1688, Guilherme de Orange aportou no país à frente de um exército e, após a 
deposição de Jaime II, recebeu a coroa do Parlamento. “Em defesa da Liberdade, do 
Parlamento e da Religião Protestante” (MELLO, 1999), com este lema gravado em seu 
estandarte Guilherme de Orange desembarcou em solo britânico para depor o rei Jaime II 
e encerrar um longo e tumultuado período da história inglesa. A Revolução Gloriosa 
assinalou o triunfo do liberalismo político sobre o absolutismo e, com a aprovação do Bill 
of Rights em 1689, assegurou a supremacia legal do Parlamento sobre a realeza e instituiu 
na Inglaterra uma monarquia limitada. E John Locke, nas palavras de Jean-Jacques 
Chevalier (1986), tinha uma sede pelo antiabsolutismo: um desejo de eliminar qualquer 
risco de despotismo, arbitrariedade e autoridade com poderes absolutos. 
 Analisando a possibilidade de um “estado de guerra” no contexto das Revoluções 
Inglesas Antônio Silva afirma: 
http://www.portalconscienciapolitica.com.br/economia-politica/liberalismo/
No momento em que o governante deixa de cumprir as funções para as quais fora 
incumbido e passa a usar o poder de forma discricionária, esse se torna um poder ilegítimo 
e, portanto, entra em estado de guerra com os contratantes que o instituíra, sendo legítimo 
derrocá-lo. Portanto, o poder instituído na Inglaterra era legítimo em seu nascedouro, mas 
deixou de sê-lo no momento em que deixou de cumprir as funções para as quais fora 
constituído, portanto, entrara em estado de guerra com o povo inglês, cabendo ao próprio 
povo derrubar tal governo (SILVA, 2011, p. 132). 
 Para John Locke toda vez que o soberano invadisse ou violasse os direitos naturais, 
rompendo com o contrato social, caberia a resistência dos indivíduos que teriam a 
liberdade de entrar em estado de guerra contra o poder instituído a fim de derrubá-lo 
derrocá-lo e instaurar um governo justo em seu lugar. É o que podemos chamar de “direito 
de resistência” ou “direito de rebelião”. 
A tese contratualista lockeana parte do princípio de que o poder e, conseqüentemente, a 
legitimidade desse advém e repousa no consentimento mútuo dos pactuantes, cabendo 
única e exclusivamente a esses decidir sobre quem e como devem governar. Ora, para 
Locke, tanto o governante quanto a forma de governo estariam submetidos ao jugo dos 
membros do pacto, cabendo a esses se insurgirem contra os governantes que deixassem 
de cumprir as funções para as quais fora designado, ou seja, garantir os direitos naturais. 
No momento em que o governante deixa de garantir os direitos naturais, colocando em 
risco a condição de igualdade e liberdade entre os indivíduos, esses retornam ao estado 
de guerra contra o governante, dissolvendo o Estado e proclamando um novo estado de 
natureza do qual poderia nascer um novo contrato político (SILVA, 2011, p. 131). 
 E Kritsch (2010, p. 83) assim se expressa sobre o “direito de rebelião”: “O autor 
discute o direito de rebelião em face de todas as possibilidades de violação do pacto. Em 
qualquer dos casos, a rebelião só se justifica pela preservação dos objetivos que levam os 
homens a viver em sociedade”. 
 Além disso, um estado de guerra imposto ao povo pelo governo configura a 
dissolução do estado civil e o retorno ao estado de natureza, caracterizado pela 
inexistência de um juiz e onde os impasses só podem ser decididos pela força. Para evitar 
este estado, Locke defende o “direito de resistência”: Locke reconhece a doutrina da 
legitimidade da resistência contra o exercício ilegal do poder, reconhecendo ao povo, 
quando este não tem outro recurso ou a quem apelar para sua proteção, o direito de 
recorrer a força para a deposição do governo rebelde. O direito do povo à resistência é 
legítimo tanto para defender-se da opressão de um governo tirânico como para libertar-se 
do domínio de uma nação estrangeira. 
 Os Dois tratados de Locke, escritos provavelmente em 1679-80, só foram 
publicados na Inglaterra em 1690, após o triunfo da Revolução Gloriosa. John Locke, 
como opositor dos Stuart, se encontrava refugiado na Holanda e retornou à Inglaterra 
somente após o triunfo da Revolução Gloriosa. O século XVII foi marcado pelo 
antagonismo entre a Coroa e o Parlamento, controlados, respectivamente, pela dinastia 
Stuart, defensora do absolutismo, contra a burguesia ascendente, partidária do 
liberalismo. Segundo Jean-Jacques Chevalier, John Locke retornou à Inglaterra no 
mesmo navio que a nova Mary, esposa de Guilherme de Orange: “A princesa Mary [...] 
tem por passageiro em seu navio, o Izabella, um cavalheiro afável, médico e filósofo, 
chamado John Locke — que as circunstâncias levaram a desempenhar um papel ativo 
como conselheiro político” (1983, p. 29 apud HORTA, 2004, p. 243). 
 
O direito a propriedade 
 Como vimos mais acima no estado de natureza existe a possibilidade de violação 
da propriedade (vida, liberdade e bens) por falta de uma lei estabelecida e de um juiz 
imparcial, o que pode ou não acarretar um estado de guerra uns contra os outros. Um 
pacto social é estabelecido então, a partir da necessidade de superar esses inconvenientes 
levando os homens a se unirem e estabelecerem livremente entre si um contrato social, 
que realiza a passagem do estado de natureza para a sociedade política ou civil. Um dos 
principais objetivos do contrato é, por conseguinte, a preservação e garantia do direito a 
propriedade. 
 Para Locke, a propriedade já existe no estado de natureza e, sendo uma instituição 
anterior à sociedade, é um direito natural do indivíduo que não pode ser violado pelo 
Estado. Além disso, o direito à propriedade é um direito que deve ser assegurado pelo 
governo instituído através do contrato social. 
 O homem era naturalmente livre e proprietário de sua pessoa e de seu trabalho. 
Como a terra fora dada por Deus em comum a todos os homens, ao incorporar seu trabalho 
à matéria bruta que se encontrava em estado natural o homem tornava-a sua propriedade 
privada, estabelecendo sobre ela um direito próprio do qual estavam excluídos todos os 
outros homens. O trabalho era, pois, na concepção de Locke, o fundamento originário da 
propriedade: “o trabalho é responsável pela maior parte do valor das coisas de que 
desfrutamos neste mundo” (LOCKE, 1994, p. 107 apud HORTA, 2004, p. 245). E ao 
situar o trabalho humano como algo que dá valor às coisas, Locke revela seu interesse 
em economia a partir da ideia do “princípio do valor do trabalho” que será tematizado 
nos séculos seguintes (WOLKMER, 2003). Já Luiz Pinto (2007, p. 56) destaca a 
influência do protestantismo na visão do trabalho em John Locke: 
Mantendo a influência do protestantismo em suas concepções, Locke coloca como 
elemento para a posse da propriedade – e direito sobre a mesma – o trabalho. Embora ele 
não demonstre concretamente como uns detêm aposse e outros não, a justificativa para o 
fenômeno dar-se-ia pelo fato de que uns trabalharam para possuir a propriedade e outros 
não. 
 A defesa do trabalho como fundamento originário da propriedade que pode ser 
interpretada por muitos como uma defesa do capitalismo e de um liberalismo sem limites 
deve ser vista com ressalvas, pois o filósofo fala claramente no Segundo tratado como o 
homem deve utilizar o seu trabalho sem retirar com isso vantagens para sua existência, 
evitando todo e qualquer desperdício pois “Tudo o que excede a este limite é mais que a 
sua parte e pertence aos outros. Deus não criou nada para que os homens desperdiçassem 
ou destruíssem” (LOCKE, 1994, p. 100 apud HORTA, 2004, p. 246) e a regra de 
propriedade estabelecida por Locke afirma que “[...] cada homem deve ter tanto quanto 
pode utilizar [...]” (id., ibidem, p. 246) e foi a instituição do dinheiro que, a partir de um 
acordo tático entre os homens, estabeleceu um valor para que o homem introduzisse 
posses maiores e o direito a elas. 
 Foi o aparecimento do dinheiro que alterou a situação entre propriedade e trabalho. 
Com o dinheiro surgiu o comércio e também uma nova forma de aquisição da 
propriedade, que, além do trabalho, poderia ser adquirida pela compra. O uso da moeda 
levou, finalmente, à concentração da riqueza e à distribuição desigual dos bens entre os 
homens. Esse foi, para Locke, grosso modo, o processo que determinou a passagem da 
propriedade limitada, baseada no trabalho, à propriedade ilimitada, fundada na 
acumulação possibilitada pelo advento do dinheiro. 
 
http://www.portalconscienciapolitica.com.br/economia-politica/
http://www.portalconscienciapolitica.com.br/economia-politica/capitalismo/
http://www.portalconscienciapolitica.com.br/economia-politica/liberalismo/
Economia Política 
 O debate em torno do direito à propriedade, do valor do trabalho, do comércio, do 
dinheiro, da moeda e do valor da moeda (ouro e prata) colocam John Locke como um dos 
precursores da Economia Política, no sentido de que as formulações levadas à cabo pelo 
filósofo inglês confere um caráter particular à relação entre política e economia, embora 
seja necessário salientar que a Economia enquanto ciência ainda não existia. 
Em matéria de economia, em um campo do saber que avançava à luz do desenvolvimento 
comercial e manufature-o, Locke fez também algumas incursões. Assessorando a Coroa 
Inglesa como Secretário do Councü for Trade and Plantations, Locke veio tomar contato 
com as principais questões econômicas que caracterizavam os debates em sua época. 
Versando sobre temas de imediato interesse prático, a atenção de Locke concentrou-se, 
principalmente, nas questões concernentes ao comércio internacional, à desvalorização 
da moeda e à fixação de um limite para a taxa de juros (GUIMARÃES, 1995, p. 155-
156). 
 Se nós levarmos em consideração que o surgimento da Economia enquanto ciência 
está de alguma forma ligado aos princípios do liberalismo, então temos pelo menos uma 
forte razão para incluir John Locke neste debate, embora Locke não advogue que o 
princípio da liberdade individual seja aplicado à economia, como o fez claramente Adam 
Smith. Mas o liberalismo foi um dos responsáveis para que as questões econômicas 
pudessem de alguma forma estar relacionadas com a política, dando origem à economia 
política clássica. E como afirma Luiz Pinto: “O individualismo característico do 
liberalismo econômico encontra suas raízes no protestantismo calvinista, o que Locke 
aplicou a sua teoria política” (2007, p. 48). 
 
 
 
 
http://www.portalconscienciapolitica.com.br/economia-politica/
http://www.portalconscienciapolitica.com.br/filosofia-politica/filosofia-moderna/economia-classica/
http://www.portalconscienciapolitica.com.br/filosofia-politica/filosofia-moderna/economia-classica/
 
 
Disponível em: SLIDEPLAYER, slide 5 (Acessado em 02/11/2015) 
 
Referências Bibliográficas 
BARACHO, José Alfredo de Oliveira. As raízes da epistemologia e do pensamento 
democrático em John Locke. Revista Brasileira de Estudos Políticos, Belo Horizonte, n. 
82, p. 7-13, jan. 1996. 
CHEVALLIER, Jean-Jacques. As Grandes Obras Políticas: de Maquiavel a nossos dias. 
Trad. Lydia Cristina. 5. ed. Rio de Janeiro: Agir, 1986. 
 ____. História do Pensamento Político; T. 2, o declínio do Estado-Nação monárquico. 
Trad. Álvaro Cabral. Rio de Janeiro: Zahar, 1983. 
GUIMARÃES, Alexandre Queiroz. John Locke e o surgimento da Economia 
Política. Ensaios FEE, Porto Alegre, vol. 16, n. 1, p. 155-168, 1995. Acessado em 
03/11/2015. 
http://slideplayer.com.br/slide/63475/
http://biblat.unam.mx/pt/revista/revista-brasileira-de-estudos-politicos/articulo/as-raizes-da-epistemologia-e-do-pensamento-democratico-em-john-locke
http://biblat.unam.mx/pt/revista/revista-brasileira-de-estudos-politicos/articulo/as-raizes-da-epistemologia-e-do-pensamento-democratico-em-john-locke
http://revistas.fee.tche.br/index.php/ensaios/article/view/1749
http://revistas.fee.tche.br/index.php/ensaios/article/view/1749
HORTA, José Luiz Borges. Horizontes jusfilosóficos do Estado de Direito. Tese 
(Doutorado em Filosofia do Direito). Belo Horizonte: Faculdade de Direito da UFMG, 
2002. 
 ____. Uma breve introdução à filosofia do estado de John Locke. Revista Brasileira de 
Estudos Políticos, Belo Horizonte, n. 90, p. 239–260, jul./dez., 2004. 
KRITSCH, Raquel. Liberdade, propriedade, Estado e governo: elementos da teoria 
política de John Locke no Segundo Tratado sobre o Governo. Revista Espaço Acadêmico, 
ano X, n. 115, p. 73-85, dez. 2010. Acessado em 02/11/2015. 
LOCKE, John. Segundo Tratado sobre o Governo Civil; Ensaio sobre a origem, os limites 
e os fins verdadeiros do governo civil. Introd. J.W. Gough. Trad. Magda Lopes e Marisa 
Lobo da Costa. Petrópolis: Vozes, 1994. (Coleção clássicos do pensamento político, 14). 
MELLO, Leonel Itaussú A. John Locke e o individualismo liberal. In: WEFFORT, 
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MONCADA, L. Cabral de. Filosofia do Direito e do Estado; V. I, parte histórica. São 
Paulo: Saraiva, 1950. 
PINTO, Luiz Antônio Gomes. Aspectos da filosofia política de John Locke e a sua 
aplicação na contemporaneidade. SINAIS, Revista Eletrônica, Vitória, n.02, v.1, pp.47-
65, out. 2007. Acessado em 03/11/2015. 
SILVA, Marcelo Lira. Os fundamentos do liberalismo clássico. A relação entre estado, 
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WOLKMER, Antônio Carlos (org.). Introdução à História do Pensamento Político. Rio 
de Janeiro: Renovar, 2003. 
 
 
 
 
http://www.lexml.gov.br/urn/urn:lex:br:rede.virtual.bibliotecas:artigo.revista:2004;1000771934
http://www.periodicos.uem.br/ojs/index.php/EspacoAcademico/article/view/11871
http://www.periodicos.uem.br/ojs/index.php/EspacoAcademico/article/view/11871
http://www.periodicos.ufes.br/sinais/article/viewFile/2845/2311
http://www.periodicos.ufes.br/sinais/article/viewFile/2845/2311
http://www2.marilia.unesp.br/revistas/index.php/aurora/article/download/1710/1445
http://www2.marilia.unesp.br/revistas/index.php/aurora/article/download/1710/1445

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