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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E JURÍDICAS - CEJURPS CURSO DE DIREITO ACIDENTE DO TRABALHO E A RESPONSABILIDADE CIVIL DO EMPREGADOR RAFAEL SCHMIDT Itajaí/SC, Novembro de 2009 UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E JURÍDICAS - CEJURPS CURSO DE DIREITO ACIDENTE DO TRABALHO E A RESPONSABILIDADE CIVIL DO EMPREGADOR RAFAEL SCHMIDT Monografia submetida à Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, como requisito parcial à obtenção do grau de Bacharel em Direito. Orientador: Professor Msc. Ricardo Córdova Diniz Itajaí/SC, Novembro de 2009 AGRADECIMENTO Primeiramente a Deus que me concedeu o dom da vida, agraciando-me com este momento tão especial Aos meus pais que sempre me apoiaram e nunca mediram esforços para a minha formação educacional. A minha namorada Priscila que esteve comigo em vários momentos difíceis ao longo desta caminhada, me apoiando e me incentivando. Agradeço, ainda, a todos que de forma direta ou indiretamente contribuíram para que este sonho se concretize. DEDICATÓRIA Dedico este trabalho aos meus pais por todo apoio e dedicação dispensados durante essa trajetória. TERMO DE ISENÇÃO DE RESPONSABILIDADE Declaro, para todos os fins de direito, que assumo total responsabilidade pelo aporte ideológico conferido ao presente trabalho, isentando a Universidade do Vale do Itajaí, a coordenação do Curso de Direito, a Banca Examinadora e o Orientador de toda e qualquer responsabilidade acerca do mesmo. Itajaí/SC, Novembro de 2009 Rafael Schmidt Graduando PÁGINA DE APROVAÇÃO A presente monografia de conclusão do Curso de Direito da Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, elaborada pelo graduando Rafael Schmidt, sob o título Acidente do Trabalho e a Responsabilidade Civil do Empregador, foi submetida em 20.11.2009 à banca examinadora composta pelos seguintes professores: Msc. Rosane Maria Rosa, e aprovada com a nota _____ (____________). Itajaí/SC, Novembro de 2009 Ricardo Córdova Diniz Orientador e Presidente da Banca Antonio A. Lapa Coordenação da Monografia ROL DE ABREVIATURAS E SIGLAS ADCT Ato das Disposições Constitucionais Transitórias CAT Comunicação de Acidente do Trabalho CC Código Civil Brasileiro de 2002 CIPA Comissão Interna de Prevenção de Acidentes CLT Consolidação das Leis do Trabalho CRFB/88 Constituição da republica federativa do Brasil de 1988 EC Emenda Constitucional INSS Instituto Nacional de Seguridade Social NR Normas regulamentadoras OJ Orientação Jurisprudencial OIT Organização Internacional do Trabalho TST Tribunal Superior do Trabalho ROL DE CATEGORIAS Acidente do Trabalho “[...] aquele que ocorrer pelo exercício do trabalho, a serviço da empresa, provocando lesão corporal, perturbação funcional ou doença que cause a morte ou perda ou redução permanente ou temporária da capacidade para o trabalho; isto diz a respeito também à causa que, não sendo única, tenha contribuído para o resultado; pode ocorrer no local de trabalho, a serviço da empresa e nos intervalos ou a caminho.”1 Culpa “A culpa é a falta de diligencia na observância de norma de conduta, isto é, o desprezo, por parte do agente, do esforço necessário para observá-la, com resultado, não objetivando, mas previsível, desde que o agente se detivesse na consideração das conseqüências eventuais da sua atitude”2 Dano “Dano, para efeito de responsabilidade civil, é o prejuízo patrimonial ou moral causado a bem jurídico de determinado sujeito do direito ou de coletividade, por conduta imputável a outrem.”3 Empregador “Empregador define-se como pessoa física, jurídica ou ente despersonificado que contrata a uma pessoa física a prestação de seus serviços, efetuados com pessoalidade, onerosidade, não eventualidade e sob sua subordinação.”4 Nexo de Casualidade “[...] é a relação de causa e efeito entre a conduta do agente provocadora do evento danoso, e o prejuízo causado, devendo o segundo ser decorrência do primeiro.”5 1 CARRION, Valentin. Comentários à consolidação das leis do trabalho. 34 ed. São Paulo: Editora Saraiva, 2009. p.177. 2 DIAS, José de Aguiar. Da responsabilidade civil. 10 ed. 2 v. Rio de Janeiro: Forense, 1995. p. 120. 3 BELMONTE, Alexandre Agra. Curso de responsabilidade trabalhista: danos morais e patrimoniais nas relações de trabalho. p.40. 4 DELGADO, Maurício Godinho. Curso de direito do trabalho. 7. ed.São Paulo: LTr, 2008, p. 391. 5 BELMONTE, Alexandre Agra. Curso de responsabilidade trabalhista: danos morais e patrimoniais nas relações de trabalho. p.36. 8 Responsabilidade Civil “Responsabilidade civil é a relação juridica consistente no dever garantido por Lei, obrigação ou contrato, de reparar, no campo civil, o dano moral ou patrimonial causado por ato proprio do agente ou pessoa, animal, coisa ou atividade sob a sua tutela.”6 6 BELMONTE, Alexandre Agra. Curso de responsabilidade trabalhista: danos morais e patrimoniais nas relações de trabalho. 2 ed. São Paulo: LTr, 2009, p.29. SUMÁRIO RESUMO.......................................................................................... XII INTRODUÇÃO .................................................................................. 13 Capítulo 1 .......................................................................................... 15 O EMPREGADOR ............................................................................. 15 1.1 CONCEITO .................................................................................................... 15 1.2 ESPÉCIES DE EMPREGADOR .................................................................... 17 1.2.1 Empregador rural ...................................................................................... 17 1.2.2 Empregador doméstico ............................................................................ 17 1.2.3 Empresa de trabalho temporário ............................................................. 19 1.2.4 Grupo de empresas ................................................................................... 20 1.2.5 Dono da obra ............................................................................................. 21 1.3 EMPREGADOR POR EQUIPARAÇÃO ......................................................... 22 1.4 PODER DE DIREÇÃO DO EMPREGADOR .................................................. 22 1.4.1 Poder de organização ............................................................................... 23 1.4.2 Poder de controle ...................................................................................... 23 1.4.3 Poder disciplinar ....................................................................................... 24 1.5 SEGURANÇA E MEDICINA NO TRABALHO ............................................... 25 1.5.1 História no âmbito nacional ..................................................................... 25 1.5.2 Denominação ............................................................................................. 26 1.5.3 Conceito ..................................................................................................... 26 1.5.4 Proteção a saúde do empregado sob o enfoque constitucional .......... 26 1.5.5 Medidas preventivas de medicina do trabalho....................................... 27 1.5.6 Convenção n°155 da oit (organização internacional do trabalho) ........ 29 x 1.5.7 COMISSÃO INTERNA DE PREVENÇÃO DE ACIDENTES - CIPA ............................... 30 1.5.8 EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL – EPI ............................................. 31 Capítulo 2 .......................................................................................... 32 ACIDENTE DO TRABALHO ............................................................. 32 2.1 CONCEITO .................................................................................................... 32 2.2 ESPÉCIES LEGAIS DE ACIDENTE DO TRABALHO................................... 35 2.2.1 Acidente-tipo ............................................................................................. 36 2.2.2 Doenças ocupacionais .............................................................................. 37 2.2.2.1 Doenças profissionais .......................................................................................39 2.2.2.2 Doenças do trabalho ..........................................................................................40 2.2.2.3 Doenças provenientes de contaminação acidental .........................................41 2.2.3 ACIDENTE DO TRABALHO POR EQUIPARAÇÃO ................................................... 42 2.3 COMUNICAÇÃO DE ACIDENTE DO TRABALHO - CAT .............................. 45 2.4 ESTABILIDADE NO EMPREGO .................................................................... 46 2.5 BENEFÍCIOS PREVIDENCIÁRIOS ................................................................ 48 2.5.1 AUXÍLIO-DOENÇA ACIDENTÁRIO ....................................................................... 49 2.5.2 AUXÍLIO-ACIDENTE ......................................................................................... 50 2.5.3 APOSENTADORIA POR INVALIDEZ..................................................................... 50 2.5.4 PENSÃO POR MORTE ...................................................................................... 51 CAPÍTULO 3 ......................................................................................... 53 RESPONSABILIDADE CIVIL DO EMPREGADOR .......................... 53 3.1 CONCEITO DE RESPONSABILIDADE CIVIL .............................................. 53 3.2 ELEMENTOS CARACTERIZADORES DA RESPONSABILIDADE CIVIL ... 54 3.2.1 AÇÃO OU OMISSÃO ........................................................................................ 54 3.2.2 CULPA .......................................................................................................... 55 3.2.2.1 Distinção entre dolo e culpa .............................................................................57 xi 3.2.3 DANO ............................................................................................................ 58 3.2.3.1 Dano material .....................................................................................................59 3.2.3.1.1 Dano emergente .................................................................................... 60 3.2.3.1.2 Lucro Cessante ..................................................................................... 60 3.2.3.2 Dano moral .........................................................................................................61 3.2.3.2.1 Cumulação com o dano material ........................................................... 63 3.2.3.3 Dano estético .....................................................................................................64 3.2.3.3.1 Cumulação com o dano moral ............................................................... 65 3.2.4 Nexo causal ............................................................................................... 66 3.3 ESPÉCIES DE RESPONSABILIDADE CIVIL ............................................... 67 3.3.1 RESPONSABILIDADE SUBJETIVA ...................................................................... 67 3.3.2 RESPONSABILIDADE OBJETIVA ........................................................................ 68 3.4 TEORIAS SOBRE A NATUREZA DO RISCO ............................................... 70 3.4.1 RISCO-PROVEITO ........................................................................................... 71 3.4.2 RISCO PROFISSIONAL ..................................................................................... 71 3.4.3 RISCO DE AUTORIDADE ................................................................................... 72 3.4.4 RISCO EXCEPCIONAL ...................................................................................... 72 3.4.5 RISCO CRIADO ............................................................................................... 73 3.4.6 RISCO INTEGRAL ............................................................................................ 73 3.5 EXCLUDENTES DE RESPONSABILIDADE CIVIL DO EMPREGADOR ....... 76 3.5.1 FATO EXCLUSIVO DA VÍTIMA ............................................................................ 76 3.5.2 FATO EXCLUSIVO DE TERCEIRO ....................................................................... 75 3.5.3 CASO FORTUITO E FORÇA MAIOR ..................................................................... 75 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................. 76 REFERÊNCIA DAS FONTES CITADAS ........................................... 80 RESUMO Os dados estatísticos desvendam que os acidentes do trabalho, bem como as doenças ocupacionais ocorrem em número alarmante, o que realça que, não obstante consagrados pela Carta Magna os direitos ao meio ambiente equilibrado, à saúde e ao trabalho como vitais à humanidade, o problema reside na sua efetiva aplicação. Nos casos de acidente do trabalho, constata-se a existência de uma culpa concorrente: a previdenciária e aquela do direito comum, quando existente dolo ou culpa grave do empregador, sendo que por muito tempo prevaleceu o entendimento de que seria inadmissível a aplicação da teoria do risco, isto é, a aplicação da teoria da responsabilidade objetiva. Já a cumulação do acidente do trabalho com a indenização comum, a encargo do empregador, foi consagrada pelo artigo 7º, inciso XXVIII, da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Nesse contexto, a falta de diligência, decorrente da culpa, importa na inobservância de um dever preexistente, que é um dever de cuidado, geralmente decorrente da não obediência de uma norma de saúde ou de segurança. No entanto, considerando a gravidade dos danos causados à integridade moral e física do trabalhador em virtude do ambiente de trabalho inadequado que pode, em caso de acidente do trabalho e doenças ocupacionais, levar até a morte do obreiro, acredita-se, assim, que a conscientização dos empregados e empregadores acerca da responsabilidade civil decorrente do acidente do trabalho, com amparo nos artigos 927, parágrafo único, e 931 do Código Civil Brasileiro de 2002, a qual, ressalte-se, não afasta a responsabilização criminal e previdenciária, poderia cooperar com a mudança do quadro atual. Nesse contexto, o tema será direcionado ao estudo da responsabilidade civil no âmbito da empresa e da proteção aos direitos fundamentais do trabalhador. Palavras-Chave: Empregador – Acidente do Trabalho – Responsabilidade Civil – Teoria do Risco INTRODUÇÃO A presente Monografia tem como objeto o estudo do “Acidente do trabalho e a Responsabilidade Civil do empregador”. O seu objetivo é examinar primeiramente a figura do empregador, para, a partir de então, investigar o conceito e aplicação das teorias da responsabilidade civil aos acidentes do trabalho, de modo de que se possa responsabilizar o empregador, que influência de forma culposa ou dolosa ou ainda que exerça atividade de risco, em consonânciacom o que dispõe a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 em seu art. 7°, XXVIII. Para tanto, principia–se, no Capítulo 1, tratando da figura do empregador, seu conceito, suas diferentes espécies, seu poder de direção, e ainda, suas obrigações quanto à saúde e segurança no meio ambiente de trabalho. No Capítulo 2, abordando o acidente do trabalho, trazendo o seu conceito, as suas respectivas espécies, sua evolução histórica frente à legislação acidentária brasileira, bem como os benefícios previdenciários devidos ao empregado e sua possibilidade de cumulação com a indenização civil. No Capítulo 3, tratando do tema central deste trabalho, isto é, a responsabilidade civil do empregador na ocorrência do acidente de trabalho, analisando o seu conceito, abordando seus pressupostos, suas espécies, bem como as hipóteses de exclusão da responsabilidade do empregador. O presente Relatório de Pesquisa se encerra com as Considerações Finais, nas quais são apresentados pontos conclusivos destacados, seguidos da estimulação à continuidade dos estudos e das reflexões sobre o “Acidente do Trabalho e a Responsabilidade Civil do Empregador”. Para a presente monografia foram levantadas as seguintes hipóteses: 14 a) O empregador poderá ser responsabilizado pelos danos causados em decorrência do acidente de trabalho sem a comprovação de culpa. b) Há possibilidade de cumulação da indenização civil com os benefícios previdenciários devidos em conseqüência do acidente de trabalho. Quanto à Metodologia empregada, registra-se que, na Fase de Investigação foi utilizado o Método Indutivo, na Fase de Tratamento de Dados o Método Cartesiano, e, o Relatório dos Resultados expresso na presente Monografia é composto na base lógica Indutiva. Nas diversas fases da Pesquisa, foram acionadas as Técnicas do Referente, da Categoria, do Conceito Operacional e da Pesquisa Bibliográfica. Capítulo 1 O EMPREGADOR 1.1 CONCEITO Para melhor compreensão do tema, primeiramente, faz-se necessário um exame do artigo 2°, caput, da Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, que define a figura do empregador: “Art. 2° - Considera-se empregador a empresa, individual ou coletiva, que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviço.” O primeiro fato que se pode extrair do artigo supracitado é que sua definição deixa patente o fenômeno da despersonalização da figura física ou jurídica do empregador. Com efeito, o empregador deveria ser a pessoa física ou jurídica, tal, aliás, como define DELGADO7: “Empregador define-se como pessoa física, jurídica ou ente despersonificado que contrata a uma pessoa física a prestação de seus serviços, efetuados com pessoalidade, onerosidade, não eventualidade e sob sua subordinação.” Nota-se, ainda, que o dispositivo legal em exame coloca a empresa e o empregador como sinônimos, entende ALMEIDA8, que assim agiu o legislador com o propósito de “assegurar maior estabilidade no emprego, ao vincular o empregado ao complexo produtivo (empresa), desvinculando-o da pessoa jurídica ou física do empresário (que, a rigor deveria ser o empregador)”. Com efeito, se torna irrelevante a figura do titular da empresa, quer como decorrência de falecimento ou alteração na estrutura jurídica da organização, como, aliás, põe em relevo o artigo 10 da CLT: “Art. 10 – Qualquer alteração na estrutura jurídica da empresa não afetará os direitos adquiridos por seus empregados.” 7 DELGADO, Maurício Godinho. Curso de direito do trabalho. p. 391. 8 ALMEIDA, André Luiz Paes de. Direto do trabalho. 7ed. São Paulo: Rideel, 2009, p.37. 16 Neste mesmo sentido, reza o artigo 448 da CLT: “Art. 448 – A mudança na propriedade ou na estrutura jurídica da empresa não afetará os contratos de trabalho dos respectivos empregados.” Vinculando o empregador à empresa, busca o Direito do Trabalho uma “extrapolação no campo da responsabilidade da pessoa que explora o negocio” 9, visando, como já se acentuou, a continuidade da relação empregatícia. Argumenta DELGADO10 que, para a caracterização do empregador basta a “simples apreensão e identificação dos elementos fático- jurídicos da relação de emprego”, vez que o “tipo legal do empregador estará cumprindo por aquele que se postar no pólo passivo da relação empregatícia formada.” 11. Acerca da relação de emprego, dispõe o artigo 3° da CLT: “Art. 3º - Considera-se empregado toda pessoa física que prestar serviços de natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário.” Leciona BARROS12 que, para a caracterização da relação de emprego é necessário que esteja presente os seguintes elementos: “a) pessoalidade, ou seja um dos sujeitos (o empregado) tem o dever jurídico de prestar os serviços em favor de outrem pessoalmente; b) natureza não-eventual do serviço, isto é, ele deverá ser necessário à atividade normal do empregador; c) remuneração do trabalho a ser executado pelo empregado; d) finalmente, a subordinação, jurídica da prestação de serviços ao empregador.” Neste sentido, estando presentes os elementos caracterizadores da relação empregatícia, independente de quem contratou o empregado, seja ele pessoa física ou jurídica, este será considerado empregador, ante a legislação trabalhista brasileira. 9 ALMEIDA, André Luiz Paes de. Direto do trabalho. p.38. 10 DELGADO, Maurício Godinho. Curso de direito do trabalho. p. 393. 11 DELGADO, Maurício Godinho. Curso de direito do trabalho. p. 393. 12 BARROS, Alice Monteiro de. Curso de direito do trabalho. 2 ed.São Paulo: LTr, 2006, p.204. 17 1.2 ESPÉCIES DE EMPREGADOR 1.2.1 Empregador rural O conceito legal do empregador rural é encontrado no artigo 3° da Lei 5.889/73, vejam: “Art. 3° - Considerar-se empregador rural, para os efeitos desta Lei, a pessoa física ou jurídica, proprietário ou não, que explore atividade agro-econômica, em caráter permanente ou temporário, diretamente ou através de prepostos e com auxilio de empregados.” Pontua MARTINS13 que: “Empregador rural não é apenas a pessoa que está na área rural. O sitio pode estar no âmbito urbano e o empregador ser rural. Logo, o importante é a atividade exercida pelo empregador, atividade agroeconômica, de agricultura ou pecuária.” Inclui, ainda, o autor, na “atividade agro-econômica a exploração industrial em estabelecimento agrário não compreendido no âmbito da CLT.” 14 1.2.2 Empregador doméstico Para MARTINS15, empregador doméstico é: “[...] pessoa ou família que, sem finalidade lucrativa, admite empregado doméstico para lhe prestar serviços de natureza contínua para seu âmbito residencial. Não pode, portanto, o empregador doméstico ser pessoa jurídica nem ter atividade lucrativa.” Com escopo de clarear o entendimento, passa-se à análise dos requisitos característicos do empregado doméstico, requisitos estes, subtraídos no artigo 1°, da Lei 5859/7216, que regula a categoria: 13 MARTINS, Sergio Pinto. Direito do trabalho. 25 ed. São Paulo: Atlas, 2009, p.184. 14 MARTINS, Sergio Pinto. Direito do trabalho. p.185. 15 MARTINS, Sergio Pinto. Direito do trabalho. p.185. 16 Art. 1° - Ao empregado doméstico, assim considerado aquele que presta serviços de natureza contínua e de finalidade não lucrativa à pessoa ou à família no âmbito residencial destas, aplica-se o disposto nesta lei. 18 a) Ausência de lucro: A lei supra-argüida descreve de maneira um pouco obscura que, para a configuração do empregado doméstico, não pode existir atividade lucrativa. Num primeiro momento, dá a entender que o doméstico não poderia receber nenhuma contraprestação pelo serviço prestado. Posiciona-se ALMEIDA17, no sentido que não é o empregado doméstico que não podedesenvolver atividade lucrativa, pois, por óbvio, deve receber sua contraprestação salarial, mais sim seu empregador, este sim não pode desenvolver nenhum tipo de atividade que tenda a obter lucro com a mão-de-obra do trabalhador. b) Prestação de serviços à pessoa ou à família: Neste caso, a Lei deixa claro que “mesmo não tendo o empregador intenção de lucro, em sendo ele uma empresa, jamais poderá utilizar-se dos serviços do empregado doméstico no âmbito empresarial.” 18. c) No âmbito residencial: Discorre ALMEIDA19, sobre a infelicidade do legislador ao atestar que o doméstico tem de prestar serviços no âmbito residencial, pois, se assim fosse, o motorista particular que trabalha apenas para a residência não seria considerado empregado doméstico, como de fato é. Deve-se concluir, portanto, que o empregado não precisa prestar serviços no âmbito residencial e sim para o âmbito residencial. Importante se faz ainda, destacar, que o empregado doméstico não está abrangido pela legislação do acidente do trabalho, legislação esta que será examinada nos próximos capítulos, visto que, para a Previdência Social eles são segurados, “mas não são beneficiários do seguro de acidente do trabalho, ou seja, quando sofrem acidentes ou ficam incapacitados por doença relacionada ao 17 ALMEIDA, André Luiz Paes de. Direto do trabalho. p.57. 18 ALMEIDA, André Luiz Paes de. Direto do trabalho. p.57. 19 ALMEIDA, André Luiz Paes de. Direto do trabalho. p.57. 19 trabalho, recebem benefícios previdenciários, mas não aqueles de natureza acidentária.”20 1.2.3 Empresa de trabalho temporário Ensina MARTINS 21 que, a empresa de trabalho temporário é: “[...] a pessoa física ou jurídica urbana, cuja atividade consiste em colocar à disposição de outras empresas, temporariamente, trabalhadores, devidamente qualificados, por elas remunerados e assistidos (art. 4° da Lei n° 6.019/74). O § 1° do art. 15 da Lei 8.06/90 considera empregador o fornecedor de mão-de-obra para efeitos do FGTS, que é justamente a empresa de trabalho temporário.” O artigo 2° da Lei 6.019/7422 dispõe que o trabalho temporário somente poderá ser utilizado nas seguintes situações: a) Necessidade transitória de substituição de pessoal: Esta necessidade ocorre, por exemplo, no caso da empresa tomadora precisar substituir empregado que saiu de férias ou licença médica. b) Acúmulo extraordinário de serviço: Tal fato ocorre quando a empresa tomadora de serviços é surpreendida com um aumento de produção, necessitando, assim, da contratação de mais empregados por um curto período de tempo. O contrato poderá ser feito, por no máximo 3 meses admitindo um prorrogação pelo Ministério do trabalho. Diferindo-se, porém, do contrato por prazo determinado, vez que, este implica uma relação bilateral e aquele de uma trilateral, assemelhando-se, neste ponto, à terceirização. 20 OLIVEIRA, Sebastião Geraldo de. Indenizações por acidente do trabalho ou doença ocupacional. 5 ed. São Paulo: LTr, 2009. p.401. 21 MARTINS, Sergio Pinto. Direito do trabalho. p.184. 22 Art. 2° - Trabalho temporário é aquele prestado por pessoa física a uma empresa, para atender à necessidade transitória de substituição de seu pessoal regular e permanente ou à acréscimo extraordinário de serviços. 20 1.2.4 Grupo de empresas O Direito do Trabalho verifica o grupo de empresas sob um enfoque diferente do Direito Comercial, no sentido do grupo como empregador. O artigo 2°, § 2° da CLT, traz o conceito de grupo de empresas para efeitos da relação de emprego: “Sempre que uma ou mais empresas, tendo, embora, cada uma delas personalidade jurídica própria, estiverem sob direção, controle ou administração de outra, constituindo grupo industrial, comercial ou de qualquer outra atividade econômica, serão, para os efeitos da relação de emprego, solidariamente responsáveis a empresa principal e cada uma das subordinadas.” Percebe-se, segundo o dispositivo legal acima transcrito, que o grupo econômico pressupõe a existência de pelo menos duas ou mais empresas que estejam sob o comando único. BARROS23, por sua vez, entende que a grupo econômico pode ser de duas formas, a primeira quando as empresas formam uma “organização piramidal, em cujo vértice situa-se uma empresa líder (holding), detendo um poder de comando, direção, vigilância ou controle sobre as demais empresas participantes do grupo, que se tornam lideradas.” A segunda forma não teria a existência da empresa líder e das lideradas, “mas com todas as empresas dispostas horizontalmente, no mesmo plano, exercendo, reciprocamente, controle ou vigilância e participando todas de um empreendimento global.” 24. Nesse sentido há também pronunciamento jurisprudencial, notem: “Grupo econômico. Não somente as empresas que se encontram, subordinadas a uma única outra (holding) são passiveis de formar a figura do grupo econômico, porquanto permite tanto o direito comercial quanto o direito econômico e o direito empresarial a formação do grupo por coordenação, ou seja, na linha horizontal. A solidariedade prevista no art. 2°, § 2°, consolidado, visa a resguardar o efetivo recebimento dos direitos sociais por parte do empregado, dada a natureza alimentar dos mesmos, independentemente de 23 BARROS, Alice Monteiro de. Curso de direito do trabalho. p.362. 24 BARROS, Alice Monteiro de. Curso de direito do trabalho. p.362. 21 maiores formalidades.” (TRT/SP – 49666200290202001 – RO – Ac. 9ª T. 20030132376 – Relatora: Juíza Jane Granzoto Torres da Silva. DOE 11.4.2003.) Por fim, considerando que o grupo econômico é um empregador único, o empregado que presta serviços a mais de uma empresa do mesmo grupo econômico, durante a mesma jornada, não gera duplo contrato de trabalho, salvo ajuste em sentido contrário, entendimento dado pela Súmula 12925 do Tribunal Superior do Trabalho - TST. 1.2.5 Dono da obra Esclarece MARTINS 26: “O dono de obra não pode ser considerado empregador, pois não assume os riscos da atividade econômica, nem tem intuito de lucro na construção ou reforma de sua residência. O aumento de patrimônio, em razão da construção realizada, não pode ser considerado risco da atividade econômica, nem se enquadra o dono da obra no conceito de empresa. Esta, do ponto de vista econômico, é atividade organizada para a produção ou circulação de bens e serviços para o mercado, com fito de lucro.” Sobre este tema, elucida a OJ 191 da SDI – 1 do TST: “Diante da inexistência de previsão legal, o contrato de empreitada entre o dono da obra e o empreiteiro não enseja responsabilidade solidária ou subsidiaria nas obrigações trabalhistas contraídas pelo empreiteiro, salvo sendo o dono da obra uma empresa construtora ou incorporadora.” Resta claro, portanto, que o dono da obra não pode ser considerado empregador e nem pode ser equipado a este, visto que não exerce na construção civil atividade econômica, não assumindo por conseqüência os seus riscos, tendo como objetivo da obra a sua moradia. 25 Súmula 129 do TST - A prestação de serviços a mais de uma empresa do mesmo grupo econômico, durante a mesma jornada de trabalho, não caracteriza a coexistência de mais de um contrato de trabalho, salvo ajuste em contrário. 26 MARTINS, Sergio Pinto. Direito do trabalho. p.192 -193. 22 Há ressalvas, apenas, quando o dono da obra for uma construtora ou incorporadora, haja vista que têm interesse no lucro da atividade, se responsabilizando, assim, com o risco da mesma. 1.3 EMPREGADOR POR EQUIPARAÇÃO Em conformidade com o artigo 2°, § 1°, da CLT: “Equiparam-se ao empregador, para efeitos exclusivos da relação de emprego, os profissionais liberais, as instituições de beneficência, as associações recreativasou outras instituições sem fins lucrativos, que admitem trabalhadores como empregados.” Salienta MARTINS 27 que: “A utilização da expressão empregador por equiparação se deve à utilização da teoria institucionalista da CLT, que considera o empregador a empresa. Logo, pessoas físicas não seriam empregadores, apenas por equiparação, segundo a Lei. Dessa forma, embora não sejam “empresas” no sentido estrito da palavra o profissional autônomo, as instituições de beneficência, as associações recreativas ou outras instituições sem fins lucrativos, como os sindicatos, se admitirem empregados, serão equiparados a empregador, exclusivamente para efeitos da relação de emprego.” Assim, conquanto não haja atividade empresarial das pessoas ou entidades pela Lei nominadas, são elas equiparadas ao empregador e, por conseguinte, sujeitas à legislação trabalhista. 1.4 PODER DE DIREÇÃO DO EMPREGADOR Todo empregado é um trabalhador subordinado, estando, assim, sob o poder de direção do empregador, poder este que encontra fundamento legal no artigo 2° da CLT. O exercício regular ou irregular desse poder poderá diminuir ou aumentar a ocorrência de acidentes do trabalho. 27 MARTINS, Sergio Pinto. Direito do trabalho. p.193. 23 MARTINS28 entende que o poder de direção não é um poder absoluto, tendo, portanto, limites externos (Constituição, Leis, norma coletiva, contrato) e limites internos (boa-fé objetiva, exercício regular do direito). Ensina ainda o autor, que o poder de direção não compreende apenas o de “organizar suas atividades, como também o de controlar e disciplinar o trabalho, de acordo com os fins do empreendimento.” 29. 1.4.1 Poder de organização É o poder que tem o empregador de organizar seu empreendimento, determinando o numero de funcionários, criando o regulamento da empresa, inclusive com normas de segurança, decidindo sua estrutura jurídica, sendo este poder “decorrente até mesmo do direito de propriedade. Estabelecerá o empregador qual atividade será desenvolvida: agrícola, comercial, industrial, de serviços e etc.”30. 1.4.2 Poder de controle MARTINS31 explana que: “o empregador tem o direito de fiscalizar e controlar as atividades de seus empregados. Os empregados poderão ser revistados ao final do expediente. A revista do empregado é uma forma de salvaguarda do patrimônio da empresa. Não poderá ser a revista feita de maneira abusiva ou vexatória, ou seja, deverá ser moderada.” Acentua-se, ainda, que é vedada a revista que transgredir a intimidade do empregado (artigo 5°, X, da CRFB/88), além que ninguém poderá ser submetido a tratamento desumano ou degradante (artigo 5°, III, CRFB/88). Outras formas de fiscalização que decorrem do poder de controle são: cartão ponto, para controlar os horários dos funcionários, monitoramento das atividades desenvolvidas no computador, fiscalização do correio 28 MARTINS, Sergio Pinto. Direito do trabalho. p.197. 29 MARTINS, Sergio Pinto. Direito do trabalho. p.197. 30 MARTINS, Sergio Pinto. Direito do trabalho. p.198. 31 MARTINS, Sergio Pinto. Direito do trabalho. p.199. 24 eletrônico quando este pertence a empresa, fiscalização do uso dos equipamentos de segurança e etc. 1.4.3 Poder disciplinar MARTINS32 explica que o poder disciplinar é um complemento do poder de direção, ou seja, do poder que o empregador possui de determinar ordens na empresa, ordens estas, se descumpridas, podem gerar ao operário penalidades, “que deve ater-se à disciplina e respeito a seu patrão, por estar sujeito a ordens de serviço, que devem ser cumpridas, salvo se ilegais ou imorais. Logo, o empregador pode estabelecer penalidades a seus empregados.”33. O doutrinador antes aludido esclarece com tradicional clareza que: “O empregado poderá ser advertido (verbalmente ou por escrito) e suspenso. Não poderá ser multado, salvo o atleta profissional de futebol (art. 15 da Lei n° 6.354/76). [...] A advertência muitas vezes é feita verbalmente. Caso o empregado reitere o cometimento de uma falta, aí será advertido por escrito. Na próxima falta, deveria ser suspenso. O empregado não poderá, porem, ser suspenso por mais de 30 dias, o que importará a rescisão injusta do contrato de trabalho (art. 474 da CLT).”34 O empregador deve exigir, ainda, o cumprimento das regras de segurança do trabalho, inclusive estabelecendo penalidades, caso estas não forem respeitadas, vez que, essenciais para a inocorrência de acidentes do trabalho. Ressalta-se, ainda, que o objetivo da punição deva ser pedagógico, a fim de mostrar ao empregado o erro cometido e que o mesmo não deverá ser repetido. Em razão desses poderes, o empregador adquire uma série de responsabilidades, inclusive no âmbito da segurança e medicina do trabalho. 32 MARTINS, Sergio Pinto. Direito do trabalho. p.200. 33 MARTINS, Sergio Pinto. Direito do trabalho. p.200. 34 MARTINS, Sergio Pinto. Direito do trabalho. p.200. 25 1.5 SEGURANÇA E MEDICINA NO TRABALHO 1.5.1 História no âmbito nacional Nas palavras de MARTINS35, analisar-se-á, inicialmente, o histórico das leis de segurança e medicina do trabalho. A constituição de 1934 trazia como direito do trabalhador, a assistência médica e sanitária (art. 121, §1°, h). Tratava a Constituição de 1937, que a legislação trabalhista deveria observar: assistência medica e higiênica a ser dada ao trabalhador (art. 137, I). Assegurava a Constituição de 1946 em seu art. 157, inciso VIII, o direito a higiene e segurança do trabalho aos trabalhadores. A Lei 5.161, de 1966, “criou a Fundação Centro Nacional de Segurança, Higiene e Medicina do Trabalho” 36. Reconheceu a “Constituição de 1967, também, o direito dos trabalhadores à higiene e segurança no trabalho (art.158, IX). A EC n° 1, de 1969, repetiu a mesma disposição (art. 165, IX)” 37. A Lei 6.514, de 22-12-77, deu nova redação aos artigos 154 e 201 da CLT, passando a tratar da segurança e medicina do trabalho e não mais de higiene e segurança do trabalho. A Portaria n° 3.214, de 08-06-78, declarou as atividades insalubres e perigosas. Por fim, a Constituição de 1988 modificou as orientações dadas pelas normas constitucionais anteriores, preconizando em seu artigo 7°, inciso XXII, que os trabalhadores têm direito à redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança. 35 MARTINS, Sergio Pinto. Direito do trabalho. p.629. 36 MARTINS, Sergio Pinto. Direito do trabalho. p.629. 37 MARTINS, Sergio Pinto. Direito do trabalho. p.629. 26 1.5.2 Denominação O nome que se dava anteriormente a matéria em exame era higiene e segurança do trabalho, pois era assim que a CLT apontava. Porem com a edição da Lei 6.514, de 22-12-77, passou-se a utilizar a denominação segurança e medicina do trabalho. MARTINS38 entende que o uso da palavra higiene dava enfoque apenas a saúde do trabalhador, enquanto a palavra medicina é mais abrangente, evidenciando não só o aspecto da saúde, como também a cura das doenças e sua prevenção no trabalho. 1.5.3 Conceito O ilustre doutrinador MARTINS39, com sua habitual clareza, define: “A segurança e medicina do trabalho são o segmento do Direito do Trabalho incumbido de oferecer condições de proteção à saúde do trabalhador no local do trabalho, e de sua recuperação quando não estiver em condições de prestar serviços ao empregador.” 1.5.4 Proteção a saúde do empregado sob o enfoque constitucional A constituição em vários dispositivos relaciona o tema em exame, seja diretamente ou indiretamente. Notem: “Art. 7º - São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: [...] XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho,por meio de normas de saúde, higiene e segurança; XXIII – adicional de remuneração para as atividades penosas, insalubres ou perigosas, na forma da Lei; [...] XXVIII – seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, 38 MARTINS, Sergio Pinto. Direito do trabalho. p.631. 39 MARTINS, Sergio Pinto. Direito do trabalho. p.631. 27 sem excluir a indenização a que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa;” MACHADO40 pondera que: “[...] a eliminação do risco já está contida implicitamente na norma e, portanto, não comporta restrição em norma infraconstitucional. Mas quando não for possível a eliminação do risco devido às limitações fáticas, deve-se reafirmar o direito do trabalhador a não suportar o risco supostamente inerente ao trabalho, na maioria das vezes artificialmente produzida por máquinas barulhentas, ambientes insalubres e organizações do trabalho opressivas. [...] o direito do trabalho, garantido em norma de direito fundamental, vinculativa do legislador e o Judiciário, a prestar serviços em ambiente de trabalho em condições que preservem a sua saúde (física e mental) e garantam a sua segurança física” Resta manifesto, portanto, a preocupação da Lei maior com relação à proteção da saúde do trabalhador, prevendo como direitos dele, a redução dos riscos inerentes a atividade exercida, adicional em sua remuneração quando exercer atividades penosas, insalubres ou perigosas e, por fim, seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador. 1.5.5 Medidas preventivas de medicina do trabalho Vejam o que disciplina o artigo 168 da CLT e seus parágrafos: “Art. 168 – Será obrigatório exame medico, por conta do empregador, nas condições estabelecidas neste artigo e nas instruções complementares a serem expedidas pelo Ministério do Trabalho: I – na admissão; II – na demissão; III – periodicamente. § 1° O Ministério do Trabalho baixara instruções relativas aos casos em que serão exigíveis exames: Por ocasião da demissão; Complementares. 40 MACHADO, Sidnei. O Direito à proteção ao meio ambiente do trabalho no brasil. São Paulo: Ltr, 2001, p.86/87. 28 § 2° Outros exames complementares poderão ser exigidos, a critério medico, para apuração da capacidade ou aptidão física e mental do empregado para a função que deva exercer. § 3° O Ministério do trabalho estabelecerá, de acordo com o risco da atividade e o tempo de exposição, a periodicidade dos exames médicos. § 4° O empregador manterá, no estabelecimento, o material necessário à prestação de primeiros socorros médicos, de acordo com o risco da atividade. § 5° O resultado dos exames médicos, inclusive o exame complementar, será comunicado ao trabalhador, observados os preceitos da ética médica.” Aclara o saudoso mestre CARRION41: “O exame médico obrigatório, quando da admissão, ou anual (assim como os especiais mencionados, em menor tempo), não podia ser praticado pelos médicos das empresas ou outros facultativos; só os da Previdência Social (INAMPS) ou dos Sindicatos dos empregados; é o que determinava a L. 6.514/77, art. 3°, §2°, em apêndice; a NR 7 (Port. 17/79) permitia atestado particular, onde inexistissem os médicos indicados acima. A nova redação do art. 168 da CLT, restabelecendo a expressão “exame médico por conta do empregador”, revoga aquela restrição, não obstante as subordine a instruções ministeriais. A exigência de abreugrafia foi suprimida. Exames demissionais, até a data da homologação da rescisão, conforme o grau de risco e o numero de dias transcorridos desde o ultimo exame medico ocupacional (NR 7).” O exame médico é uma das medidas preventivas da medicina do trabalho e será obrigatório, porém, sempre por conta do empregador. Acentua-se, ainda, que o exame admissional deverá ser realizado antes que o trabalhador assuma suas atividades. Importante advertir que “os registros da avaliação clínica e dos exames complementares deverão ser mantidos por período mínimo de 20 anos após o desligamento do trabalhador.”42. 41 CARRION, Valentin. Comentários à consolidação das leis do trabalho. p.178-179. 42 MARTINS, Sergio Pinto. Direito do trabalho. p.633. 29 Segundo a legislação acima citada, constata-se, ainda, que todo o estabelecimento deverá possuir equipamento para a prestação de primeiros socorros, considerando-se as características da atividade exercida. “O material deverá ser guardado em local adequado e aos cuidados de pessoa treinada para esse fim.”43. 1.5.6 Convenção n°155 da OIT (Organização Internacional do Trabalho) A atividade profissional, sob qualquer das suas espécies, seja no trabalho rural ou urbano , seja na atividade pecuária ou agrícola, nas fábricas ou nas construções, está sempre sujeita a riscos, expondo o trabalhador a problemas de saúde ou acidentes. Por isso, a preocupação com a saúde e com a integridade física tem merecido da OIT especial atenção, como deixa claro a Convenção n° 155 aprovada em 1981, na 67° reunião da sua Conferencia Internacional, que em seu artigo 4° dispõe: “Todo Membro deverá, em consulta às organizações mais representativas de empregadores e de trabalhadores, e levando em conta as condições e a prática nacionais, formular, por em prática e reexaminar periodicamente uma política nacional coerente em matéria de segurança e saúde dos trabalhadores e o meio ambiente de trabalho. Essa política terá como objetivo prevenir os acidentes e os danos à saúde que forem conseqüência do trabalho, tenham relação com a atividade de trabalho, ou se apresentarem durante o trabalho, reduzindo ao mínimo, na medida que for razoável e possível, as causas dos riscos inerentes ao meio ambiente de trabalho.” A partir da definição do conteúdo do direito à saúde, a Convenção citada abandonou a idéia genérica de ser o “completo bem-estar” para afirmá-lo como “[...] não só a ausência de afecções e de doenças, mas também os elementos físicos e mentais que afetam a saúde e estão diretamente relacionados com a segurança e a higiene do trabalho” 44. A convenção aqui comentada fora elevada à categoria de norma constitucional pela Constituição Federal de 1988, a Segurança e Higiene do 43 MARTINS, Sergio Pinto. Direito do trabalho. p.633. 44 SUSSEKIND, Arnaldo. Convenções da OIT. São Paulo: LTr, 1998, p.393. 30 Trabalho é objeto do seu artigo 7°, XXII, XXIII, XXVIII, que, respectivamente estabelecem adicionais aos empregados que executam atividades penosas, insalubres ou perigosas, institui seguro obrigatório contra acidentes do trabalho, a cargo do empregador, e indenização, na ocorrência de dolo ou culpa deste. 1.5.7 Comissão interna de prevenção de acidentes - CIPA O artigo 163 da CLT trata da obrigatoriedade da constituição de Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – CIPA, vejam: “Art. 163 – Será obrigatória a constituição de Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA), de conformidade com instruções expedidas pelo Ministério do Trabalho, nos estabelecimentos ou locais de obra nelas especificadas.” Disciplina MARTINS45: “Tem a CIPA por objetivo observar e relatar as condições de risco nos ambientes de trabalho e solicitar as medidas para reduzir até eliminar os riscos existentes e/ou neutralizá-los, discutindo os acidentes ocorridos e solicitando medidas que o previnam, assim como orientando os trabalhadores quanto a sua prevenção.” A Lei 6.514, de 22-12-1977, tornou obrigatória a instalação da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes em empresas públicas e privadas com mais de cinqüenta empregados. A CIPA “é um órgão na empresa de formação paritária, isto é, na sua composição, obrigatoriamente deverão existir metade de representantes da empresa e outra metade de representantes eleitos pelosempregados” 46 através do escrutínio secreto, independentemente de serem sindicalizados. O mandato dos membros eleitos é de um ano, sendo permitida uma reeleição. O membro da CIPA eleito goza de estabilidade no emprego, inclusive o seu suplente, do registro da candidatura até um ano após o final do mandado, é o que preconiza o artigo 10, inciso II, alínea “a” do ADCT da nossa Constituição Federal. 45 MARTINS, Sergio Pinto. Direito do trabalho. p.635. 46 PROSCURCIN, Pedro. Compêndio de direito do trabalho. São Paulo: LTr, 2007, p.277. 31 1.5.8 Equipamentos de proteção individual – EPI Dispõe o artigo 166 da CLT: “Art. 166 – A empresa é obrigada a fornecer aos empregados, gratuitamente, equipamento de proteção individual adequado ao risco e em perfeito estado de conservação e funcionamento, sempre que as medidas de ordem geral não ofereçam completa proteção contra os riscos de acidentes e danos à saúde dos empregados.” Os empregadores são obrigados a fornecer gratuitamente os equipamentos individuais a seus empregados, tais como protetores auriculares, luvas, máscaras, calçados, capacetes, óculos, vestimentas e etc. É importante frisar que não basta a mera entrega do equipamento protetor para diminuir ou até mesmo eliminar o adicional, sendo indispensável à supervisão de seu uso por parte do empregador ou preposto, conforme prescreve a Súmula 289 do TST: “O simples fornecimento do aparelho de proteção pelo empregador não o exime do pagamento do adicional de insalubridade. Cabe-lhe tomar as medidas que conduzam à diminuição ou eliminação da nocividade, entre as quais as relativas ao uso efetivo do equipamento pelo empregado.” MARTINS47 acrescenta que: “[...] o empregador deverá adquirir o tipo adequado à atividades do empregador; treinar o trabalhador para o seu uso; substituí-lo quando danificado ou extraviado; e tornar obrigatório seu uso.” Frisa-se, ainda, que se os equipamentos de proteção eliminarem os agentes nocivos à saúde do empregado, o adicional até então pago será indevido a partir da devida comprovação, é o que dispõe a Súmula 80 do TST. Destaca-se, outrossim, que o fornecimento de EPIs e a correta utilização deles são essenciais para a diminuição dos acidentes do trabalho. 47 MARTINS, Sergio Pinto. Direito do trabalho. p.634 Capítulo 2 ACIDENTE DO TRABALHO 2.1 CONCEITO O conceito de acidente do trabalho em sentido estrito, também chamado de acidente-tipo, teve diversas redações para cada uma das sete leis acidentarias brasileiras. Para efeitos comparativos e com o objetivo de melhorar a compreensão de sua abrangência atual, vale analisar sua evolução: NORMA LEGAL CONCEITO DE ACIDENTE DO TRABALHO Decreto Legislativo n° 3.724 de 15/01/19 Art.1° - Consideram-se acidentes no trabalho, para os fins da presente Lei: a) o produzido por uma causa súbita, violenta, externa e involuntária no exercício do trabalho, determinando lesões corporais ou perturbações funcionais, que constituam a causa única da morte ou perda total ou parcial, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho. Decreto n° 24.637 de 10/07/34 Art.1° - Considera-se acidente do trabalho, para os fins da presente Lei, toda lesão corporal, perturbação funcional, ou doença produzida pelo exercício do trabalho ou em conseqüência dele, que determine a morte, ou a suspensão ou limitação, permanente ou temporária, total ou parcial, da capacidade para o trabalho. Lei n° 7.036 de 10/11/44 Art.1° - Considera-se acidente de trabalho, para os fins da presente Lei, todo aquele que se verifique pelo exercício do trabalho, provocando, direta ou indiretamente, lesão corporal, perturbação funcional, ou doença, que determine a morte, a perda total ou parcial, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho. Decreto-lei n° 293 de 28/02/67 Art.1° - Para fins do presente Decreto-lei, considera-se acidente de trabalho todo aquele que provocar lesão corporal ou perturbação funcional no exercício do trabalho, a serviço do empregador, resultante de causa externa súbita, imprevista ou fortuita, determinando a morte do empregado ou sua incapacidade para o trabalho, total ou parcial, permanente ou temporária. 33 NORMA LEGAL CONCEITO DE ACIDENTE DO TRABALHO Lei n° 5.316 de 14/09/67 Art.2° - Acidente do trabalho será aquele que ocorrer pelo exercício do trabalho, a serviço da empresa, provocando lesão corporal, perturbação funcional ou doença que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho. Lei n° 6.367 de 19/10/76 Art.2° - Acidente do trabalho é aquele que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa, provocando lesão corporal u perturbação funcional que cause a morte, ou perda, ou redução permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho. Lei n°8.213 de 24/07/91 (norma que se encontra em vigor) Art.19 – Acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa ou pelo exercício do trabalho dos segurados referidos no inciso VII do art. 11 desta Lei, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho. Percebe-se facilmente que o conceito de acidente de trabalho sofreu vários aperfeiçoamentos, com base nisso sugere-se o conceito trazido pelo ilustre doutrinador CARRION48: “[...] aquele que ocorrer pelo exercício do trabalho, a serviço da empresa, provocando lesão corporal, perturbação funcional ou doença que cause a morte ou perda ou redução permanente ou temporária da capacidade para o trabalho; isto diz a respeito também à causa que, não sendo única, tenha contribuído para o resultado; pode ocorrer no local de trabalho, a serviço da empresa e nos intervalos ou a caminho.” Nas palavras de PROSCURCIN49, acidente do trabalho é: “[...] o que ocorre no trabalho a serviço da empresa ou de atividade útil, que provoca lesão corporal ou perturbação funcional, morte ou a perda ou redução permanente ou temporária da capacidade de trabalho. Trata-se de evento previsível, mas inesperado e súbito.” CAIRO JUNIOR50 afirmar que: “Engana-se, entretanto, quem pensa ser o acidente do trabalho, como a própria expressão sugere, um evento decorrente do acaso. 48 CARRION, Valentin. Comentários à consolidação das leis do trabalho. p.177. 49 PROSCURCIN, Pedro. Compêndio de direito do trabalho. p.292. 50 CAIRO JÚNIOR, José. O acidente do trabalho e a responsabilidade civil do empregador. 4 ed. São Paulo: LTr, 2008. p.45. 34 Se assim fosse, não haveria qualquer possibilidade de adoção de medidas preventivas. Na realidade, o acidente laboral não passa de um acontecimento determinado, previsível, in abstracto, e que, na maioria das vezes, se pode preveni-lo, pois suas causas são perfeitamente identificáveis dentro do meio ambiente de trabalho, podendo ser neutralizadas ou eliminadas.” Constata-se, portanto, que é “da essência do conceito de acidente do trabalho que haja lesão corporal ou perturbação funcional. Quando ocorre um evento sem que haja lesão ou perturbação física ou mental do trabalhador, não haverá, tecnicamente, acidente do trabalho.”51. Tanto é que a Lei 8.213 de 24/07/91 em seu artigo 20, §1°, alínea “c”, menciona de maneira expressa que não será considerada doença do trabalho aquela que não causar incapacidade laborativa. CAIRO JUNIOR52 ensina que “quando o acidente não produz dano em algum trabalhador, ou seja, quando não há vítimas, prefere-se utilizar a expressão “incidente” para referir-se a esse fenômeno”. Contudo, há de se relevar que nem sempre a “perturbação funcional é percebida de imediato, podendo haver manifestação tardia com real demonstração do nexo etiológico com o acidente ocorrido.”53.O artigo 19 do mesmo diploma legal é expresso quanto à exigência de que o acidente decorra do exercício do trabalho a serviço da empresa. “Em outras palavras, é necessário que entre a atividade do empregado e o acidente haja uma relação de causa e efeito, também chamada de nexo etimológico ou nexo causal.”54. Daí pode-se tirar a locução correta do termo, ou seja, acidente do trabalho e não acidente no trabalho. É também necessário para completar o conceito de acidente do trabalho, que o evento cause a morte, ou a perda ou a redução, permanente ou 51 OLIVEIRA, Sebastião Geraldo de. Indenização por acidente do trabalho ou doença ocupacional. p.44. 52 CAIRO JÚNIOR, José. O acidente do trabalho e a responsabilidade civil do empregador. p.45. 53 OLIVEIRA, Sebastião Geraldo de. indenização por acidente do trabalho ou doença ocupacional. p.44. 54 OLIVEIRA, Sebastião Geraldo de. indenização por acidente do trabalho ou doença ocupacional. p.44. 35 temporária, da capacidade para o trabalho. Segundo OLIVEIRA55, esta incapacidade temporária pode não ser o afastamento efetivo do trabalho, podendo ser apenas o tempo para realizar um pequeno curativo ou o despendido para a visita no hospital. 2.2 ESPÉCIES LEGAIS DE ACIDENTE DO TRABALHO O Brasil acompanhou, embora em passos mais lentos, a evolução da legislação de proteção acidentaria no mundo, motivada, sobretudo, pela “forte resistência da classe empresarial que a vê como um fator de redução de lucros.” 56. Como já vimos, atualmente a questão acidentária é regida pela Lei 8.213 de 24/07/91, que trata-se de uma Lei previdenciária, e por este motivo é alvo de diversas criticas, entre elas a do autor COSTA57, que em outras palavras, lamenta o fato do Brasil não dispor de uma Lei especifica para acidente do trabalho, restando suas regras disseminadas nos benefícios da Previdência Social, trazendo, assim, dificuldade em sua aplicação, como também mudança do alvo da proteção, que deveria observar primeiramente a saúde do trabalhador acidentado e o ressarcimento justo. Verifica-se, também, que o legislador não conseguiu estabelecer um conceito de acidente do trabalho, que envolvesse todas as hipóteses de atividades que possam gerar incapacidade laborativa, definindo apenas um conceito em sentido estrito, que define uma de suas espécies, também chamada de acidente-tipo ou acidente típico. BRANDÃO58, em análise ao texto legal classifica o infortúnio laboral em espécies distintas: “a) acidente-tipo; b) doenças ocupacionais, que compreendem: 55 OLIVEIRA, Sebastião Geraldo de. Indenização por acidente do trabalho ou doença ocupacional. p.44. 56 BRANDÃO, Cláudio. Acidente do trabalho e responsabilidade civil do empregador. 2 ed. São Paulo: LTr, 2006. p.119. 57 COSTA, Hertz. J. Acidentes do trabalho na atualidade. Porto Alegre: Síntese, 2003. p.64 58 BRANDÃO, Cláudio. Acidente do trabalho e responsabilidade civil do empregador. 2 ed. São Paulo: LTr, 2006. p.119/120. 36 - doenças profissionais; - doenças do trabalho; - doenças provenientes da contaminação acidental; c) acidentes por equiparação, ocorridos no ambiente e no horário de trabalho: - doenças provocadas por concausas; - lesões provocadas por terceiros; - danos provocados por agressão injusta, sabotagem ou terrorismo; - ofensas físicas intencionais, por causa ligada ao trabalho; - acidentes causados por culpa de terceiro; - lesões provenientes de pessoa privada do uso da razão; - acidentes provocados por força maior; d) acidentes por equiparação, ocorridos fora do ambiente e do horário de trabalho: - na execução de ordem ou na realização de serviço sob autoridade do empregador; - na prestação de serviço para evitar prejuízo ou proporcionar proveito; - em viagem de serviço; - acidente no percurso; - nos períodos de refeição e descanso; - nos períodos em que estiver satisfazendo as necessidades biológicas.” Nos tópicos seguintes analisar-se-á as possibilidades de enquadramento do evento danoso nas hipóteses consideradas, tecnicamente, acidente do trabalho, conforme o previsto no artigo 19 e 21 da Lei 8.213/91. 2.2.1 Acidente-tipo Acidente-tipo, também chamado de acidente típico, macrotrauma, acidente modelo ou acidente em sentido estrito, conforme já visto no inicio deste capitulo, é conceituado pelo artigo 19 da 8.213/91, nos seguintes termos: 37 “Art. 19 - Acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa ou pelo exercício do trabalho dos segurados referidos no inciso VII do art. 11 desta Lei, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho.” Com base em seu conceito legal, se pode identificar os seguintes itens necessários para a sua caracterização: a) evento danoso; b) decorrente do exercício do trabalho a serviço da empresa; c) que provoca lesão corporal ou perturbação funcional; d) que causa a morte ou a perda ou a redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho. Discorre OLIVEIRA59 que, geralmente o fato gerador do acidente-tipo, mostra-se como evento súbito, referindo-se a rapidez do acontecimento, inesperado, externo ao trabalhador (que não diz respeito à constituição orgânica da vítima) e fortuito no sentido de que não foi provocado pela vítima. Por fim, segundo o entendimento de BRANDÃO60, pode-se concluir que acidente-tipo é um evento, em regra, súbito, acontecido durante a realização do trabalho por conta alheia, que acarreta danos físicos ou psíquicos à pessoa do trabalhador, capazes de gerar a morte ou perda, temporária ou permanente, de sua capacidade laboral. 2.2.2 Doenças ocupacionais As doenças ocupacionais são consideradas como acidente do trabalho desde a primeira Lei acidentária brasileira. O Decreto Legislativo n° 59 OLIVEIRA, Sebastião Geraldo de. Indenização por acidente do trabalho ou doença ocupacional. p.43. 60 BRANDÃO, Cláudio. Acidente do trabalho e responsabilidade civil do empregador. p.123. 38 3.724/19, em seu artigo 1° mencionava a “moléstia contraída exclusivamente pelo exercício do trabalho”. Com o passar do tempo, “a legislação incorporou as doenças atípicas, que passaram a ser denominadas “doenças do trabalho”, desde a quarta lei acidentária de 1967.”61. Atualmente é a Lei 8.213/91, em seu artigo 20, que regula as doenças ocupacionais: “Art. 20 - consideram-se acidente do trabalho, nos termos do artigo anterior, as seguintes entidades mórbidas: I – doença profissional, assim entendida a produzida ou desencadeada pelo exercício do trabalho peculiar a determinada atividade e constante da respectiva relação elaborada pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social; II – doença do trabalho, assim entendida a adquirida ou desencadeada em função de condições especiais em que o trabalho é realizado e com ele se relacione diretamente, constante da relação mencionada no inciso.” Importante se faz esclarecer a diferenciação das peculiaridades entre acidente do trabalho e doenças ocupacionais, para tanto, cita-se o professor BRANDÃO62: “a) O acidente é caracterizado, em regra, pelo subitaneidade e violência, ao passo que a doença decorre de um processo que tem certa duração, embora se desencadeie num momento certo, gerando a impossibilidade do exercício das atividades pelo empregado; b) No acidente a causa é externa, quanto a doença, em geral, apresenta-se internamente, num processo silencioso peculiar às moléstias orgânicas do homem; c) O acidente pode ser provocado, intencionalmente, ao passo que a doença não, ainda que seja possível a simulação pelo empregado; d) No acidente a causa e o efeito, em geral, são simultâneos, enquanto na doençao mediatismo é a sua característica.” 61 OLIVEIRA, Sebastião Geraldo de. Indenização por acidente do trabalho ou doença ocupacional. p.45. 62 BRANDÃO, Cláudio. Acidente do trabalho e responsabilidade civil do empregador. p.157. 39 Em exame ao texto legal antes transcrito, constata-se que as doenças ocupacionais são subdivididas em doenças profissionais e doenças do trabalho. As doenças do trabalho, por sua vez, têm sua etiologia no trabalho desenvolvido em atividades específicas, já as profissionais, que também são denominadas tecnopatias ou doenças profissionais típicas, são peculiares a determinada profissão. 2.2.2.1 Doenças profissionais As doenças profissionais também são conhecidas como “ergopatias, tecnopatias, idiopatias, doenças profissionais típicas, doenças profissionais verdadeiras”. 63 OLIVEIRA64 leciona que doença profissional: “é aquela peculiar a determinada atividade ou profissão, também chamada de doença profissional típica, tecnopatia ou ergopatia. O exercício de determinada profissão pode produzir ou desencadear certas patologias, sendo que, nessa hipótese, o nexo causal da doença com a atividade é presumido.” THEODORO JÚNIOR65 assinala que “são conseqüências naturais de certas profissões desenvolvidas em condições insalubres, e que são adredemente relacionadas pelo próprio legislador”. Destaca DINIZ66 ser uma “deficiência sofrida pelo operário, em razão de sua profissão, que obriga a estar em contato com substâncias que debilitam o seu organismo ou exercer a sua tarefa, que envolve fato insalubre.” São, em regra, “causadas por agentes físicos, químicos ou biológicos peculiares a determinadas funções e caracterizadas, como tais, na Lei. Doenças que persistem, ainda que sejam adotadas medidas preventivas.”67. 63 BRANDÃO, Cláudio. Acidente do trabalho e responsabilidade civil do empregador. p.157. 64 OLIVEIRA, Sebastião Geraldo de. Indenização por acidente do trabalho ou doença ocupacional. p.46. 65 THEODORO JUNIOR, Humberto. Acidente do trabalho e responsabilidade civil comum. São Paulo: Saraiva, 1987. p.6. 66 DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro: responsabilidade civil. 20 ed. São Paulo: Saraiva, 2006. p 433. 67 BRANDÃO, Cláudio. Acidente do trabalho e responsabilidade civil do empregador. p.158. 40 RUSSOMANO68 enfatiza que para serem caracterizadas, as doenças profissionais, exigem a presença de algumas características patogênicas, tais como: “a) aparecimento dos sintomas de forma idêntica em vários trabalhadores que se dedicam à mesma profissão, no mesmo estabelecimento ou em estabelecimentos distintos; b) ficar evidenciado que a doença tem como causa a atividade desenvolvida pelo trabalhador na empresa, seja pelas condições de serviço (subsolo, por exemplo), seja pelos métodos (levantamento de peso pela força muscular), seja pelos materiais utilizados (tóxicos).” Exemplos clássicos de doenças profissionais são a Perda Auditiva Induzida por Ruído (PAIR), que acomete as telefonistas, e a Lesão por Esforço Repetitivo (LER), batizada recentemente por Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT), que pode se manifestar nos digitadores, as afecções devidas às radiações ionizantes, para os trabalhadores que executam tarefas sob a ação dos raios X. 2.2.2.2 Doenças do trabalho Doenças do trabalho também são denominadas de mesopatias, moléstias profissionais atípicas, doenças indiretamente profissionais, doenças das condições de trabalho, enfermidades profissionais indiretas, enfermidades profissionais impropriamente ditas como tais ou doenças de meio. THEODORO JUNIOR69 conceitua como “doenças comuns, que, no entanto, numa determinada hipótese, foram, excepcionalmente, geradas pelas condições momentâneas do trabalho.”. Ressalta OLIVEIRA70: “Por outro lado, a doença do trabalho, também chamada mesopatia ou doença profissional atípica, apesar de igualmente ter origem na atividade do trabalhador, não esta vinculada necessariamente a esta ou aquela profissão. Seu aparecimento decorre da forma em que o 68 RUSSOMANO, Mozart Victor. Comentários à lei de acidentes do trabalho. 3 ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1970, v. I. p. 26/27. 69 THEODORO JUNIOR, Humberto. Acidente do trabalho e responsabilidade civil comum. p.7. 70 OLIVEIRA, Sebastião Geraldo de. Indenizações por acidente do trabalho ou doença ocupacional. p. 46. 41 trabalho é prestado ou das condições especificas do ambiente do trabalho. O grupo atual da LER/DORT é um exemplo das doenças do trabalho, já que podem ser adquiridas ou desencadeadas em qualquer atividade, sem vinculação direta a determinada profissão.” Nas palavras de RUSSOMANO71 são doenças cujo aparecimento e progresso resultam em circunstâncias que rodeiam a prestação de serviços, exemplificando com o serviço executado num pântano que pode ocasionar doenças especiais, como o impaludismo, sem que seja doença profissional. MARTINEZ72 trata, com maestria, a sutileza da diferenciação entre doença do profissional e doença do trabalho, pontificando que a primeira “se encontra intimamente ligada à profissão do obreiro, acompanhando-o, inclusive, até em outras empresas”, enquanto a segunda: “Deriva das condições do exercício, do ambiente do trabalho, dos instrumentos adotados, sendo própria, sobretudo, das empresas que exploram a mesma atividade econômica e não necessariamente conceituadas como fazendo parte do obreiro.” A diferenciação entre essas espécies de doenças ocupacionais é de extrema importância, principalmente no que diz respeito ao ônus da prova da causalidade. Na doença profissional, conforme já visto, o nexo causal é presumido, diferentemente das doenças do trabalho, que não têm o nexo etiológico presumido, “exigindo comprovação de que a patologia desenvolveu-se em razão das condições especiais em que o trabalho foi realizado”73, ou seja, cabe ao trabalhador demonstrar que adquiriu ou desenvolveu a doença por conta do serviço que prestava. 2.2.2.3 Doenças provenientes de contaminação acidental O legislador atento a hipótese de o trabalhador adquirir, acidentalmente, infecção ou doença durante a execução de sua atividade, estendeu 71 RUSSOMANO, Mozart Victor. Comentários à lei de acidentes do trabalho. p. 30. 72 MARTINEZ, Wladimir Novaes. Comentários à lei da previdencia social. São Paulo: LTr, 1992. V. 2. p. 99. 73 OLIVEIRA, Sebastião Geraldo de. Indenizações por acidente do trabalho ou doença ocupacional. p. 47. 42 o conceito de acidente do trabalho para também alcançar as enfermidades oriundas de contaminação ocasional. Esta hipótese esta prevista no artigo 21, inciso III da Lei de Benefícios da Previdência Social (Lei 8.213/91): “Art. 21 - Equiparam-se também ao acidente do trabalho, para efeitos desta Lei: [...] III – a doença proveniente de contaminação acidental do empregado no exercício de sua atividade.” Completa BRANDÃO74: “É a situação de contagio, infecção ou doença adquirida pelo empregado de forma imprevista, casual, fortuita durante a execução de suas tarefas, no local e em horário de trabalho ou outra circunstancia amparada pelo legislador, que amplia o conceito de infortúnio (trajeto, durante as refeições, nos intervalos, dentre outros).” É o caso, por exemplo, dos profissionais que atuam diretamente com pacientes portadores de vírus, como os médicos, enfermeiras, dentistas, biólogos, que podem vir a se contaminar no manuseio de sangue, fezes, urina, sêmen contaminados ou lidando com pessoas doentes, como os cabeleireiros, barbeiros, esteticistas e manicures. 2.2.3 Acidente do trabalho por equiparação Alem das lesões típicas produzidas durante o exercício de suas atividades e das enfermidades que possuemno trabalho a sua causa direta ou indireta, o legislador estendeu o conceito de infortúnio laboral concebendo o que ele denomina de “acidente por equiparação”, previstos no artigo 21 da citada Lei de Benefícios da Previdência Social: “Art. 21 - Equiparam-se também ao acidente do trabalho, para efeitos desta Lei: 74 BRANDÃO, Cláudio. Acidente do trabalho e responsabilidade civil do empregador. p.164. 43 I - o acidente ligado ao trabalho que, embora não tenha sido a causa única, haja contribuído diretamente para a morte do segurado, para redução ou perda da sua capacidade para o trabalho, ou produzido lesão que exija atenção médica para a sua recuperação; II - o acidente sofrido pelo segurado no local e no horário do trabalho, em conseqüência de: a) ato de agressão, sabotagem ou terrorismo praticado por terceiro ou companheiro de trabalho; b) ofensa física intencional, inclusive de terceiro, por motivo de disputa relacionada ao trabalho; c) ato de imprudência, de negligência ou de imperícia de terceiro ou de companheiro de trabalho; d) ato de pessoa privada do uso da razão; e) desabamento, inundação, incêndio e outros casos fortuitos ou decorrentes de força maior; III - a doença proveniente de contaminação acidental do empregado no exercício de sua atividade; IV - o acidente sofrido pelo segurado ainda que fora do local e horário de trabalho: a) na execução de ordem ou na realização de serviço sob a autoridade da empresa; b) na prestação espontânea de qualquer serviço à empresa para lhe evitar prejuízo ou proporcionar proveito; c) em viagem a serviço da empresa, inclusive para estudo quando financiada por esta dentro de seus planos para melhor capacitação da mão-de-obra, independentemente do meio de locomoção utilizado, inclusive veículo de propriedade do segurado; d) no percurso da residência para o local de trabalho ou deste para aquela, qualquer que seja o meio de locomoção, inclusive veículo de propriedade do segurado. § 1º Nos períodos destinados a refeição ou descanso, ou por ocasião da satisfação de outras necessidades fisiológicas, no local do trabalho ou durante este, o empregado é considerado no exercício do trabalho. 44 § 2º Não é considerada agravação ou complicação de acidente do trabalho a lesão que, resultante de acidente de outra origem, se associe ou se superponha às conseqüências do anterior.” Conssoante descrevem os autores MONTEIRO e BERTAGNI75: “Quando o empregado estiver à disposição do empregador, independentemente do local e dia, em horário de trabalho e no ambiente da empresa, mesmo sem estar efetivamente trabalhando (períodos destinados às refeições e a outras necessidades fisiológicas), verificando-se o acidente, este assume a natureza de acidente do trabalho.” Importante se faz destacar a previsão do inciso I do artigo supracitado, que trata das concausas ou causas concorrentes ao acidente do trabalho. Ensina CAVALIERI FILHO 76que: “[...] a concausa é outra causa que, juntando-se à principal, concorre para o resultado. Ela não inicia e nem interrompe o processo causal, apenas o reforça, tal como um rio menor que deságua em outro maior, aumentando-lhe o caudal” Completa OLIVEIRA77 afirmando que para o acidente do trabalho em sentido amplo, podem contribuir causas ligadas à atividade laboral com outras extralaborais, sem qualquer vinculo com a função exercida pelo obreiro. “Além disso, mesmo o acidente já ocorrido pode ser agravado por outra causa, como por exemplo, um erro cirúrgico no atendimento hospitalar ou a superveniência de uma infecção por tétano, depois de um pequeno ferimento [...]”. No entanto, ressalta ainda o autor: “[...] que a aceitação normativa da etiologia multicausal não dispensa a existência de uma causa eficiente, decorrente da atividade laboral, que “haja contribuído diretamente” para o acidente do trabalho ou 75 MONTEIRO, Antônio Lopes; BERTAGNI, Roberto Fleury de Souza. Acidentes do trabalho e doenças ocupacionais. 5 ed. São Paulo: Saraiva, 2009. p.21. 76 CAVALIERI FILHO, Sérgio. Programa de responsabilidade civil. 8 ed. São Paulo: Atlas, 2008. p.58. 77 OLIVEIRA, Sebastião Geraldo de. Indenizações por acidente do trabalho ou doença ocupacional. p. 51. 45 situação equiparável ou, em outras palavras, a concausa não dispensa a presença da causa de origem ocupacional.”78 Em que pese o reconhecimento das concausas, faz-se necessário aferir se o trabalho realmente atuou como fator contributivo do acidente ou doença ocupacional, “se atuou como fator desencadeante ou agravante de doenças preexistentes ou, ainda, se provocou a precocidade de doenças comuns, mesmo daquelas de cunho degenerativo ou inerente ao grupo etário” 79. Desta forma “as concausas podem ocorre por fatores preexistentes, supervenientes ou concomitantes com aquela causa que desencadeou o acidente ou a doença ocupacional.” 80. 2.3 COMUNICAÇÃO DE ACIDENTE DO TRABALHO - CAT O primeiro passo para o reconhecimento de qualquer direito ao trabalhador que sofreu acidente do trabalho ou fato a ele equiparado é a comunicação da ocorrência a Previdência Social. Esta comunicação esta prevista do artigo 22, da Lei 8.213/91, vejam: “Art. 22 – A empresa deverá comunicar o acidente do trabalho à Previdência Social até o 1° (primeiro) dia útil seguinte ao da ocorrência e, em caso de morte, de imediato, à autoridade competente, sob pena de multa variável entre o limite mínimo e o limite máximo do salário-de-contribuição, sucessivamente aumentada nas reincidências, aplicada e cobrada pela Previdência Social.” CAIRO JUNIOR 81conceitua: “A CAT nada mais é do que a instrumentalização da obrigação do empregador de comunicar as autoridades da Previdência Social que um de seus trabalhadores é portador de doença ocupacional ou que tenha sofrido um acidente do trabalho.” 78 OLIVEIRA, Sebastião Geraldo de. Indenizações por acidente do trabalho ou doença ocupacional. p.51/52. 79 OLIVEIRA, Sebastião Geraldo de. Indenizações por acidente do trabalho ou doença ocupacional. p.52. 80 OLIVEIRA, Sebastião Geraldo de. Indenizações por acidente do trabalho ou doença ocupacional. p.52. 81 CAIRO JÚNIOR, José. O acidente do trabalho e a responsabilidade civil do empregador. p.151. 46 Com o escopo de “facilitar a concessão rápida dos benefícios e, ainda, diante do caráter social do seguro acidentário, a norma legal atribui ao empregador a obrigação de expedir a comunicação do acidente”82, sendo dispensada a iniciativa do requerimento pelo vítima. Vale enfatizar que “a CAT deverá ser preenchida em todos os casos em que ocorrer acidente ou doença ocupacional, mesmo que não haja afastamento do trabalho ou incapacidade”83 Discorre OLIVEIRA84 que se o acidente resultar em óbito, além da comunicação ao INSS até o primeiro dia útil subseqüente, a empresa deverá comunicar a ocorrência de imediato à autoridade policial, haja vista, que é preciso se investigar, no inquérito próprio, se há delito a ser punido na esfera penal. Também podem assumir a qualidade emitente da CAT o sindicato, o médico assistente, o segurado ou seus dependentes ou autoridade publica, dispensando-se, nestes casos, a observância do prazo citado acima. Essa substituição poderá ocorrer nos casos em que o acidente laboral seja detectado tardiamente, quando o trabalhador já estiver desempregado, o que é comum ocorrer nos casos de doenças ocupacionais. 2.4 ESTABILIDADE NO EMPREGO O empregado, quando sofre acidente de trabalho ou adquire alguma doença ocupacional, é afastado das suas funções. Os primeiros 15 dias de afastamento são pagos pelo empregador. A partir do 15° dia, o empregado ingressa no INSS, passando a receber sua remuneração da própria Previdência Social. O empregado só adquire a estabilidade
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