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Rafael Schmidt

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI 
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E JURÍDICAS - CEJURPS 
CURSO DE DIREITO 
 
 
 
 
 
ACIDENTE DO TRABALHO E A RESPONSABILIDADE CIVIL 
DO EMPREGADOR 
 
 
 
RAFAEL SCHMIDT 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Itajaí/SC, Novembro de 2009
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI 
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E JURÍDICAS - CEJURPS 
CURSO DE DIREITO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ACIDENTE DO TRABALHO E A RESPONSABILIDADE CIVIL 
DO EMPREGADOR 
 
 
 
 
 
 
 
RAFAEL SCHMIDT 
 
 
 
 
Monografia submetida à Universidade do 
Vale do Itajaí – UNIVALI, como requisito 
parcial à obtenção do grau de Bacharel 
em Direito. 
 
 
 
 
Orientador: Professor Msc. Ricardo Córdova Diniz 
 
 
 
 
 
 Itajaí/SC, Novembro de 2009
AGRADECIMENTO 
Primeiramente a Deus que me concedeu o dom da 
vida, agraciando-me com este momento tão especial 
Aos meus pais que sempre me apoiaram e nunca 
mediram esforços para a minha formação 
educacional. 
A minha namorada Priscila que esteve comigo em 
vários momentos difíceis ao longo desta caminhada, 
me apoiando e me incentivando. 
Agradeço, ainda, a todos que de forma direta ou 
indiretamente contribuíram para que este sonho se 
concretize. 
DEDICATÓRIA 
Dedico este trabalho aos meus pais por todo apoio e 
dedicação dispensados durante essa trajetória.
TERMO DE ISENÇÃO DE RESPONSABILIDADE 
Declaro, para todos os fins de direito, que assumo total responsabilidade pelo aporte 
ideológico conferido ao presente trabalho, isentando a Universidade do Vale do 
Itajaí, a coordenação do Curso de Direito, a Banca Examinadora e o Orientador de 
toda e qualquer responsabilidade acerca do mesmo. 
 
Itajaí/SC, Novembro de 2009 
 
 
 
 
 
Rafael Schmidt 
Graduando 
 
PÁGINA DE APROVAÇÃO 
A presente monografia de conclusão do Curso de Direito da Universidade do Vale do 
Itajaí – UNIVALI, elaborada pelo graduando Rafael Schmidt, sob o título Acidente do 
Trabalho e a Responsabilidade Civil do Empregador, foi submetida em 20.11.2009 à 
banca examinadora composta pelos seguintes professores: Msc. Rosane Maria 
Rosa, e aprovada com a nota _____ (____________). 
 
Itajaí/SC, Novembro de 2009 
 
 
 
 
 
 
 
Ricardo Córdova Diniz 
Orientador e Presidente da Banca 
 
 
 
 
 
 
 
 
Antonio A. Lapa 
Coordenação da Monografia 
ROL DE ABREVIATURAS E SIGLAS 
ADCT Ato das Disposições Constitucionais Transitórias 
CAT Comunicação de Acidente do Trabalho 
CC Código Civil Brasileiro de 2002 
CIPA Comissão Interna de Prevenção de Acidentes 
CLT Consolidação das Leis do Trabalho 
CRFB/88 Constituição da republica federativa do Brasil de 1988 
EC Emenda Constitucional 
INSS Instituto Nacional de Seguridade Social 
NR Normas regulamentadoras 
OJ Orientação Jurisprudencial 
OIT Organização Internacional do Trabalho 
TST Tribunal Superior do Trabalho 
ROL DE CATEGORIAS 
Acidente do Trabalho 
“[...] aquele que ocorrer pelo exercício do trabalho, a serviço da empresa, 
provocando lesão corporal, perturbação funcional ou doença que cause a morte ou 
perda ou redução permanente ou temporária da capacidade para o trabalho; isto diz 
a respeito também à causa que, não sendo única, tenha contribuído para o 
resultado; pode ocorrer no local de trabalho, a serviço da empresa e nos intervalos 
ou a caminho.”1 
Culpa 
“A culpa é a falta de diligencia na observância de norma de conduta, isto é, o 
desprezo, por parte do agente, do esforço necessário para observá-la, com 
resultado, não objetivando, mas previsível, desde que o agente se detivesse na 
consideração das conseqüências eventuais da sua atitude”2 
Dano 
“Dano, para efeito de responsabilidade civil, é o prejuízo patrimonial ou moral 
causado a bem jurídico de determinado sujeito do direito ou de coletividade, por 
conduta imputável a outrem.”3 
Empregador 
“Empregador define-se como pessoa física, jurídica ou ente despersonificado que 
contrata a uma pessoa física a prestação de seus serviços, efetuados com 
pessoalidade, onerosidade, não eventualidade e sob sua subordinação.”4 
Nexo de Casualidade 
“[...] é a relação de causa e efeito entre a conduta do agente provocadora do evento 
danoso, e o prejuízo causado, devendo o segundo ser decorrência do primeiro.”5 
 
1 CARRION, Valentin. Comentários à consolidação das leis do trabalho. 34 ed. São Paulo: Editora 
Saraiva, 2009. p.177. 
2 DIAS, José de Aguiar. Da responsabilidade civil. 10 ed. 2 v. Rio de Janeiro: Forense, 1995. p. 120. 
3 BELMONTE, Alexandre Agra. Curso de responsabilidade trabalhista: danos morais e 
patrimoniais nas relações de trabalho. p.40. 
4 DELGADO, Maurício Godinho. Curso de direito do trabalho. 7. ed.São Paulo: LTr, 2008, p. 391. 
5 BELMONTE, Alexandre Agra. Curso de responsabilidade trabalhista: danos morais e 
patrimoniais nas relações de trabalho. p.36. 
 8
Responsabilidade Civil 
“Responsabilidade civil é a relação juridica consistente no dever garantido por Lei, 
obrigação ou contrato, de reparar, no campo civil, o dano moral ou patrimonial 
causado por ato proprio do agente ou pessoa, animal, coisa ou atividade sob a sua 
tutela.”6 
 
6 BELMONTE, Alexandre Agra. Curso de responsabilidade trabalhista: danos morais e 
patrimoniais nas relações de trabalho. 2 ed. São Paulo: LTr, 2009, p.29. 
SUMÁRIO 
RESUMO.......................................................................................... XII 
INTRODUÇÃO .................................................................................. 13 
Capítulo 1 .......................................................................................... 15 
O EMPREGADOR ............................................................................. 15 
1.1 CONCEITO .................................................................................................... 15 
1.2 ESPÉCIES DE EMPREGADOR .................................................................... 17 
1.2.1 Empregador rural ...................................................................................... 17 
1.2.2 Empregador doméstico ............................................................................ 17 
1.2.3 Empresa de trabalho temporário ............................................................. 19 
1.2.4 Grupo de empresas ................................................................................... 20 
1.2.5 Dono da obra ............................................................................................. 21 
1.3 EMPREGADOR POR EQUIPARAÇÃO ......................................................... 22 
1.4 PODER DE DIREÇÃO DO EMPREGADOR .................................................. 22 
1.4.1 Poder de organização ............................................................................... 23 
1.4.2 Poder de controle ...................................................................................... 23 
1.4.3 Poder disciplinar ....................................................................................... 24 
1.5 SEGURANÇA E MEDICINA NO TRABALHO ............................................... 25 
1.5.1 História no âmbito nacional ..................................................................... 25 
1.5.2 Denominação ............................................................................................. 26 
1.5.3 Conceito ..................................................................................................... 26 
1.5.4 Proteção a saúde do empregado sob o enfoque constitucional .......... 26 
1.5.5 Medidas preventivas de medicina do trabalho....................................... 27 
1.5.6 Convenção n°155 da oit (organização internacional do trabalho) ........ 29 
 x
1.5.7 COMISSÃO INTERNA DE PREVENÇÃO DE ACIDENTES - CIPA ............................... 30 
1.5.8 EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL – EPI ............................................. 31 
 
Capítulo 2 .......................................................................................... 32 
ACIDENTE DO TRABALHO ............................................................. 32 
2.1 CONCEITO .................................................................................................... 32 
2.2 ESPÉCIES LEGAIS DE ACIDENTE DO TRABALHO................................... 35 
2.2.1 Acidente-tipo ............................................................................................. 36 
2.2.2 Doenças ocupacionais .............................................................................. 37 
2.2.2.1 Doenças profissionais .......................................................................................39 
2.2.2.2 Doenças do trabalho ..........................................................................................40 
2.2.2.3 Doenças provenientes de contaminação acidental .........................................41 
2.2.3 ACIDENTE DO TRABALHO POR EQUIPARAÇÃO ................................................... 42 
2.3 COMUNICAÇÃO DE ACIDENTE DO TRABALHO - CAT .............................. 45 
2.4 ESTABILIDADE NO EMPREGO .................................................................... 46 
2.5 BENEFÍCIOS PREVIDENCIÁRIOS ................................................................ 48 
2.5.1 AUXÍLIO-DOENÇA ACIDENTÁRIO ....................................................................... 49 
2.5.2 AUXÍLIO-ACIDENTE ......................................................................................... 50 
2.5.3 APOSENTADORIA POR INVALIDEZ..................................................................... 50 
2.5.4 PENSÃO POR MORTE ...................................................................................... 51 
CAPÍTULO 3 ......................................................................................... 53 
RESPONSABILIDADE CIVIL DO EMPREGADOR .......................... 53 
3.1 CONCEITO DE RESPONSABILIDADE CIVIL .............................................. 53 
3.2 ELEMENTOS CARACTERIZADORES DA RESPONSABILIDADE CIVIL ... 54 
3.2.1 AÇÃO OU OMISSÃO ........................................................................................ 54 
3.2.2 CULPA .......................................................................................................... 55 
3.2.2.1 Distinção entre dolo e culpa .............................................................................57 
 xi
3.2.3 DANO ............................................................................................................ 58 
3.2.3.1 Dano material .....................................................................................................59 
3.2.3.1.1 Dano emergente .................................................................................... 60 
3.2.3.1.2 Lucro Cessante ..................................................................................... 60 
3.2.3.2 Dano moral .........................................................................................................61 
3.2.3.2.1 Cumulação com o dano material ........................................................... 63 
3.2.3.3 Dano estético .....................................................................................................64 
3.2.3.3.1 Cumulação com o dano moral ............................................................... 65 
 
3.2.4 Nexo causal ............................................................................................... 66 
 
3.3 ESPÉCIES DE RESPONSABILIDADE CIVIL ............................................... 67 
3.3.1 RESPONSABILIDADE SUBJETIVA ...................................................................... 67 
3.3.2 RESPONSABILIDADE OBJETIVA ........................................................................ 68 
3.4 TEORIAS SOBRE A NATUREZA DO RISCO ............................................... 70 
3.4.1 RISCO-PROVEITO ........................................................................................... 71 
3.4.2 RISCO PROFISSIONAL ..................................................................................... 71 
3.4.3 RISCO DE AUTORIDADE ................................................................................... 72 
3.4.4 RISCO EXCEPCIONAL ...................................................................................... 72 
3.4.5 RISCO CRIADO ............................................................................................... 73 
3.4.6 RISCO INTEGRAL ............................................................................................ 73 
3.5 EXCLUDENTES DE RESPONSABILIDADE CIVIL DO EMPREGADOR ....... 76 
3.5.1 FATO EXCLUSIVO DA VÍTIMA ............................................................................ 76 
3.5.2 FATO EXCLUSIVO DE TERCEIRO ....................................................................... 75 
3.5.3 CASO FORTUITO E FORÇA MAIOR ..................................................................... 75 
CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................. 76 
REFERÊNCIA DAS FONTES CITADAS ........................................... 80 
 
RESUMO 
Os dados estatísticos desvendam que os acidentes do 
trabalho, bem como as doenças ocupacionais ocorrem em número alarmante, o que 
realça que, não obstante consagrados pela Carta Magna os direitos ao meio 
ambiente equilibrado, à saúde e ao trabalho como vitais à humanidade, o problema 
reside na sua efetiva aplicação. Nos casos de acidente do trabalho, constata-se a 
existência de uma culpa concorrente: a previdenciária e aquela do direito comum, 
quando existente dolo ou culpa grave do empregador, sendo que por muito tempo 
prevaleceu o entendimento de que seria inadmissível a aplicação da teoria do risco, 
isto é, a aplicação da teoria da responsabilidade objetiva. Já a cumulação do 
acidente do trabalho com a indenização comum, a encargo do empregador, foi 
consagrada pelo artigo 7º, inciso XXVIII, da Constituição da República Federativa do 
Brasil de 1988. Nesse contexto, a falta de diligência, decorrente da culpa, importa na 
inobservância de um dever preexistente, que é um dever de cuidado, geralmente 
decorrente da não obediência de uma norma de saúde ou de segurança. No 
entanto, considerando a gravidade dos danos causados à integridade moral e física 
do trabalhador em virtude do ambiente de trabalho inadequado que pode, em caso 
de acidente do trabalho e doenças ocupacionais, levar até a morte do obreiro, 
acredita-se, assim, que a conscientização dos empregados e empregadores acerca 
da responsabilidade civil decorrente do acidente do trabalho, com amparo nos 
artigos 927, parágrafo único, e 931 do Código Civil Brasileiro de 2002, a qual, 
ressalte-se, não afasta a responsabilização criminal e previdenciária, poderia 
cooperar com a mudança do quadro atual. Nesse contexto, o tema será direcionado 
ao estudo da responsabilidade civil no âmbito da empresa e da proteção aos direitos 
fundamentais do trabalhador. 
Palavras-Chave: Empregador – Acidente do Trabalho – 
Responsabilidade Civil – Teoria do Risco 
 
 
INTRODUÇÃO 
A presente Monografia tem como objeto o estudo do “Acidente 
do trabalho e a Responsabilidade Civil do empregador”. 
O seu objetivo é examinar primeiramente a figura do 
empregador, para, a partir de então, investigar o conceito e aplicação das teorias da 
responsabilidade civil aos acidentes do trabalho, de modo de que se possa 
responsabilizar o empregador, que influência de forma culposa ou dolosa ou ainda 
que exerça atividade de risco, em consonânciacom o que dispõe a Constituição da 
República Federativa do Brasil de 1988 em seu art. 7°, XXVIII. 
Para tanto, principia–se, no Capítulo 1, tratando da figura do 
empregador, seu conceito, suas diferentes espécies, seu poder de direção, e ainda, 
suas obrigações quanto à saúde e segurança no meio ambiente de trabalho. 
No Capítulo 2, abordando o acidente do trabalho, trazendo o 
seu conceito, as suas respectivas espécies, sua evolução histórica frente à 
legislação acidentária brasileira, bem como os benefícios previdenciários devidos ao 
empregado e sua possibilidade de cumulação com a indenização civil. 
No Capítulo 3, tratando do tema central deste trabalho, isto é, a 
responsabilidade civil do empregador na ocorrência do acidente de trabalho, 
analisando o seu conceito, abordando seus pressupostos, suas espécies, bem como 
as hipóteses de exclusão da responsabilidade do empregador. 
O presente Relatório de Pesquisa se encerra com as 
Considerações Finais, nas quais são apresentados pontos conclusivos destacados, 
seguidos da estimulação à continuidade dos estudos e das reflexões sobre o 
“Acidente do Trabalho e a Responsabilidade Civil do Empregador”. 
Para a presente monografia foram levantadas as seguintes 
hipóteses: 
 14
a) O empregador poderá ser responsabilizado pelos danos 
causados em decorrência do acidente de trabalho sem a comprovação de culpa. 
b) Há possibilidade de cumulação da indenização civil com os 
benefícios previdenciários devidos em conseqüência do acidente de trabalho. 
Quanto à Metodologia empregada, registra-se que, na Fase de 
Investigação foi utilizado o Método Indutivo, na Fase de Tratamento de Dados o 
Método Cartesiano, e, o Relatório dos Resultados expresso na presente Monografia 
é composto na base lógica Indutiva. 
Nas diversas fases da Pesquisa, foram acionadas as Técnicas 
do Referente, da Categoria, do Conceito Operacional e da Pesquisa Bibliográfica.
Capítulo 1 
O EMPREGADOR 
1.1 CONCEITO 
Para melhor compreensão do tema, primeiramente, faz-se 
necessário um exame do artigo 2°, caput, da Consolidação das Leis do Trabalho – 
CLT, que define a figura do empregador: 
“Art. 2° - Considera-se empregador a empresa, individual ou coletiva, 
que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria 
e dirige a prestação pessoal de serviço.” 
O primeiro fato que se pode extrair do artigo supracitado é que 
sua definição deixa patente o fenômeno da despersonalização da figura física ou 
jurídica do empregador. Com efeito, o empregador deveria ser a pessoa física ou 
jurídica, tal, aliás, como define DELGADO7: 
“Empregador define-se como pessoa física, jurídica ou ente 
despersonificado que contrata a uma pessoa física a prestação de 
seus serviços, efetuados com pessoalidade, onerosidade, não 
eventualidade e sob sua subordinação.” 
Nota-se, ainda, que o dispositivo legal em exame coloca a 
empresa e o empregador como sinônimos, entende ALMEIDA8, que assim agiu o 
legislador com o propósito de “assegurar maior estabilidade no emprego, ao vincular 
o empregado ao complexo produtivo (empresa), desvinculando-o da pessoa jurídica 
ou física do empresário (que, a rigor deveria ser o empregador)”. Com efeito, se 
torna irrelevante a figura do titular da empresa, quer como decorrência de 
falecimento ou alteração na estrutura jurídica da organização, como, aliás, põe em 
relevo o artigo 10 da CLT: 
“Art. 10 – Qualquer alteração na estrutura jurídica da empresa não 
afetará os direitos adquiridos por seus empregados.” 
 
7 DELGADO, Maurício Godinho. Curso de direito do trabalho. p. 391. 
8 ALMEIDA, André Luiz Paes de. Direto do trabalho. 7ed. São Paulo: Rideel, 2009, p.37. 
 16
Neste mesmo sentido, reza o artigo 448 da CLT: 
“Art. 448 – A mudança na propriedade ou na estrutura jurídica da 
empresa não afetará os contratos de trabalho dos respectivos 
empregados.” 
Vinculando o empregador à empresa, busca o Direito do 
Trabalho uma “extrapolação no campo da responsabilidade da pessoa que explora o 
negocio” 9, visando, como já se acentuou, a continuidade da relação empregatícia. 
Argumenta DELGADO10 que, para a caracterização do 
empregador basta a “simples apreensão e identificação dos elementos fático-
jurídicos da relação de emprego”, vez que o “tipo legal do empregador estará 
cumprindo por aquele que se postar no pólo passivo da relação empregatícia 
formada.” 11. 
Acerca da relação de emprego, dispõe o artigo 3° da CLT: 
“Art. 3º - Considera-se empregado toda pessoa física que prestar 
serviços de natureza não eventual a empregador, sob a dependência 
deste e mediante salário.” 
Leciona BARROS12 que, para a caracterização da relação de 
emprego é necessário que esteja presente os seguintes elementos: 
“a) pessoalidade, ou seja um dos sujeitos (o empregado) tem o dever 
jurídico de prestar os serviços em favor de outrem pessoalmente; b) 
natureza não-eventual do serviço, isto é, ele deverá ser necessário à 
atividade normal do empregador; c) remuneração do trabalho a ser 
executado pelo empregado; d) finalmente, a subordinação, jurídica 
da prestação de serviços ao empregador.” 
Neste sentido, estando presentes os elementos 
caracterizadores da relação empregatícia, independente de quem contratou o 
empregado, seja ele pessoa física ou jurídica, este será considerado empregador, 
ante a legislação trabalhista brasileira. 
 
9 ALMEIDA, André Luiz Paes de. Direto do trabalho. p.38. 
10 DELGADO, Maurício Godinho. Curso de direito do trabalho. p. 393. 
11 DELGADO, Maurício Godinho. Curso de direito do trabalho. p. 393. 
12 BARROS, Alice Monteiro de. Curso de direito do trabalho. 2 ed.São Paulo: LTr, 2006, p.204. 
 17
1.2 ESPÉCIES DE EMPREGADOR 
1.2.1 Empregador rural 
O conceito legal do empregador rural é encontrado no artigo 3° 
da Lei 5.889/73, vejam: 
“Art. 3° - Considerar-se empregador rural, para os efeitos desta Lei, 
a pessoa física ou jurídica, proprietário ou não, que explore atividade 
agro-econômica, em caráter permanente ou temporário, diretamente 
ou através de prepostos e com auxilio de empregados.” 
Pontua MARTINS13 que: 
“Empregador rural não é apenas a pessoa que está na área rural. O 
sitio pode estar no âmbito urbano e o empregador ser rural. Logo, o 
importante é a atividade exercida pelo empregador, atividade 
agroeconômica, de agricultura ou pecuária.” 
Inclui, ainda, o autor, na “atividade agro-econômica a 
exploração industrial em estabelecimento agrário não compreendido no âmbito da 
CLT.” 14 
1.2.2 Empregador doméstico 
Para MARTINS15, empregador doméstico é: 
“[...] pessoa ou família que, sem finalidade lucrativa, admite 
empregado doméstico para lhe prestar serviços de natureza contínua 
para seu âmbito residencial. Não pode, portanto, o empregador 
doméstico ser pessoa jurídica nem ter atividade lucrativa.” 
Com escopo de clarear o entendimento, passa-se à análise dos 
requisitos característicos do empregado doméstico, requisitos estes, subtraídos no 
artigo 1°, da Lei 5859/7216, que regula a categoria: 
 
 
13 MARTINS, Sergio Pinto. Direito do trabalho. 25 ed. São Paulo: Atlas, 2009, p.184. 
14 MARTINS, Sergio Pinto. Direito do trabalho. p.185. 
15 MARTINS, Sergio Pinto. Direito do trabalho. p.185. 
16 Art. 1° - Ao empregado doméstico, assim considerado aquele que presta serviços de natureza 
contínua e de finalidade não lucrativa à pessoa ou à família no âmbito residencial destas, aplica-se o 
disposto nesta lei. 
 18
a) Ausência de lucro: 
A lei supra-argüida descreve de maneira um pouco obscura 
que, para a configuração do empregado doméstico, não pode existir atividade 
lucrativa. Num primeiro momento, dá a entender que o doméstico não poderia 
receber nenhuma contraprestação pelo serviço prestado. 
Posiciona-se ALMEIDA17, no sentido que não é o empregado 
doméstico que não podedesenvolver atividade lucrativa, pois, por óbvio, deve 
receber sua contraprestação salarial, mais sim seu empregador, este sim não pode 
desenvolver nenhum tipo de atividade que tenda a obter lucro com a mão-de-obra 
do trabalhador. 
b) Prestação de serviços à pessoa ou à família: 
Neste caso, a Lei deixa claro que “mesmo não tendo o 
empregador intenção de lucro, em sendo ele uma empresa, jamais poderá utilizar-se 
dos serviços do empregado doméstico no âmbito empresarial.” 18. 
c) No âmbito residencial: 
Discorre ALMEIDA19, sobre a infelicidade do legislador ao 
atestar que o doméstico tem de prestar serviços no âmbito residencial, pois, se 
assim fosse, o motorista particular que trabalha apenas para a residência não seria 
considerado empregado doméstico, como de fato é. 
Deve-se concluir, portanto, que o empregado não precisa 
prestar serviços no âmbito residencial e sim para o âmbito residencial. 
Importante se faz ainda, destacar, que o empregado doméstico 
não está abrangido pela legislação do acidente do trabalho, legislação esta que será 
examinada nos próximos capítulos, visto que, para a Previdência Social eles são 
segurados, “mas não são beneficiários do seguro de acidente do trabalho, ou seja, 
quando sofrem acidentes ou ficam incapacitados por doença relacionada ao 
 
17 ALMEIDA, André Luiz Paes de. Direto do trabalho. p.57. 
18 ALMEIDA, André Luiz Paes de. Direto do trabalho. p.57. 
19 ALMEIDA, André Luiz Paes de. Direto do trabalho. p.57. 
 19
trabalho, recebem benefícios previdenciários, mas não aqueles de natureza 
acidentária.”20 
1.2.3 Empresa de trabalho temporário 
Ensina MARTINS 21 que, a empresa de trabalho temporário é: 
“[...] a pessoa física ou jurídica urbana, cuja atividade consiste em 
colocar à disposição de outras empresas, temporariamente, 
trabalhadores, devidamente qualificados, por elas remunerados e 
assistidos (art. 4° da Lei n° 6.019/74). O § 1° do art. 15 da Lei 
8.06/90 considera empregador o fornecedor de mão-de-obra para 
efeitos do FGTS, que é justamente a empresa de trabalho 
temporário.” 
O artigo 2° da Lei 6.019/7422 dispõe que o trabalho temporário 
somente poderá ser utilizado nas seguintes situações: 
a) Necessidade transitória de substituição de pessoal: 
Esta necessidade ocorre, por exemplo, no caso da empresa 
tomadora precisar substituir empregado que saiu de férias ou licença médica. 
b) Acúmulo extraordinário de serviço: 
Tal fato ocorre quando a empresa tomadora de serviços é 
surpreendida com um aumento de produção, necessitando, assim, da contratação 
de mais empregados por um curto período de tempo. 
O contrato poderá ser feito, por no máximo 3 meses admitindo 
um prorrogação pelo Ministério do trabalho. Diferindo-se, porém, do contrato por 
prazo determinado, vez que, este implica uma relação bilateral e aquele de uma 
trilateral, assemelhando-se, neste ponto, à terceirização. 
 
20 OLIVEIRA, Sebastião Geraldo de. Indenizações por acidente do trabalho ou doença 
ocupacional. 5 ed. São Paulo: LTr, 2009. p.401. 
21 MARTINS, Sergio Pinto. Direito do trabalho. p.184. 
22 Art. 2° - Trabalho temporário é aquele prestado por pessoa física a uma empresa, para atender à 
necessidade transitória de substituição de seu pessoal regular e permanente ou à acréscimo 
extraordinário de serviços. 
 20
1.2.4 Grupo de empresas 
O Direito do Trabalho verifica o grupo de empresas sob um 
enfoque diferente do Direito Comercial, no sentido do grupo como empregador. 
O artigo 2°, § 2° da CLT, traz o conceito de grupo de empresas 
para efeitos da relação de emprego: 
“Sempre que uma ou mais empresas, tendo, embora, cada uma 
delas personalidade jurídica própria, estiverem sob direção, controle 
ou administração de outra, constituindo grupo industrial, comercial ou 
de qualquer outra atividade econômica, serão, para os efeitos da 
relação de emprego, solidariamente responsáveis a empresa 
principal e cada uma das subordinadas.” 
Percebe-se, segundo o dispositivo legal acima transcrito, que o 
grupo econômico pressupõe a existência de pelo menos duas ou mais empresas 
que estejam sob o comando único. 
BARROS23, por sua vez, entende que a grupo econômico pode 
ser de duas formas, a primeira quando as empresas formam uma “organização 
piramidal, em cujo vértice situa-se uma empresa líder (holding), detendo um poder 
de comando, direção, vigilância ou controle sobre as demais empresas participantes 
do grupo, que se tornam lideradas.” A segunda forma não teria a existência da 
empresa líder e das lideradas, “mas com todas as empresas dispostas 
horizontalmente, no mesmo plano, exercendo, reciprocamente, controle ou vigilância 
e participando todas de um empreendimento global.” 24. 
Nesse sentido há também pronunciamento jurisprudencial, 
notem: 
“Grupo econômico. Não somente as empresas que se encontram, 
subordinadas a uma única outra (holding) são passiveis de formar a 
figura do grupo econômico, porquanto permite tanto o direito 
comercial quanto o direito econômico e o direito empresarial a 
formação do grupo por coordenação, ou seja, na linha horizontal. A 
solidariedade prevista no art. 2°, § 2°, consolidado, visa a resguardar 
o efetivo recebimento dos direitos sociais por parte do empregado, 
dada a natureza alimentar dos mesmos, independentemente de 
 
23 BARROS, Alice Monteiro de. Curso de direito do trabalho. p.362. 
24 BARROS, Alice Monteiro de. Curso de direito do trabalho. p.362. 
 21
maiores formalidades.” (TRT/SP – 49666200290202001 – RO – Ac. 
9ª T. 20030132376 – Relatora: Juíza Jane Granzoto Torres da Silva. 
DOE 11.4.2003.) 
Por fim, considerando que o grupo econômico é um 
empregador único, o empregado que presta serviços a mais de uma empresa do 
mesmo grupo econômico, durante a mesma jornada, não gera duplo contrato de 
trabalho, salvo ajuste em sentido contrário, entendimento dado pela Súmula 12925 
do Tribunal Superior do Trabalho - TST. 
1.2.5 Dono da obra 
Esclarece MARTINS 26: 
“O dono de obra não pode ser considerado empregador, pois não 
assume os riscos da atividade econômica, nem tem intuito de lucro 
na construção ou reforma de sua residência. O aumento de 
patrimônio, em razão da construção realizada, não pode ser 
considerado risco da atividade econômica, nem se enquadra o dono 
da obra no conceito de empresa. Esta, do ponto de vista econômico, 
é atividade organizada para a produção ou circulação de bens e 
serviços para o mercado, com fito de lucro.” 
Sobre este tema, elucida a OJ 191 da SDI – 1 do TST: 
“Diante da inexistência de previsão legal, o contrato de empreitada 
entre o dono da obra e o empreiteiro não enseja responsabilidade 
solidária ou subsidiaria nas obrigações trabalhistas contraídas pelo 
empreiteiro, salvo sendo o dono da obra uma empresa construtora 
ou incorporadora.” 
Resta claro, portanto, que o dono da obra não pode ser 
considerado empregador e nem pode ser equipado a este, visto que não exerce na 
construção civil atividade econômica, não assumindo por conseqüência os seus 
riscos, tendo como objetivo da obra a sua moradia. 
 
25 Súmula 129 do TST - A prestação de serviços a mais de uma empresa do mesmo grupo 
econômico, durante a mesma jornada de trabalho, não caracteriza a coexistência de mais de um 
contrato de trabalho, salvo ajuste em contrário. 
26 MARTINS, Sergio Pinto. Direito do trabalho. p.192 -193. 
 22
Há ressalvas, apenas, quando o dono da obra for uma 
construtora ou incorporadora, haja vista que têm interesse no lucro da atividade, se 
responsabilizando, assim, com o risco da mesma. 
1.3 EMPREGADOR POR EQUIPARAÇÃO 
Em conformidade com o artigo 2°, § 1°, da CLT: 
“Equiparam-se ao empregador, para efeitos exclusivos da relação de 
emprego, os profissionais liberais, as instituições de beneficência, as 
associações recreativasou outras instituições sem fins lucrativos, 
que admitem trabalhadores como empregados.” 
Salienta MARTINS 27 que: 
“A utilização da expressão empregador por equiparação se deve à 
utilização da teoria institucionalista da CLT, que considera o 
empregador a empresa. Logo, pessoas físicas não seriam 
empregadores, apenas por equiparação, segundo a Lei. 
Dessa forma, embora não sejam “empresas” no sentido estrito da 
palavra o profissional autônomo, as instituições de beneficência, as 
associações recreativas ou outras instituições sem fins lucrativos, 
como os sindicatos, se admitirem empregados, serão equiparados a 
empregador, exclusivamente para efeitos da relação de emprego.” 
Assim, conquanto não haja atividade empresarial das pessoas 
ou entidades pela Lei nominadas, são elas equiparadas ao empregador e, por 
conseguinte, sujeitas à legislação trabalhista. 
1.4 PODER DE DIREÇÃO DO EMPREGADOR 
Todo empregado é um trabalhador subordinado, estando, 
assim, sob o poder de direção do empregador, poder este que encontra fundamento 
legal no artigo 2° da CLT. 
O exercício regular ou irregular desse poder poderá diminuir ou 
aumentar a ocorrência de acidentes do trabalho. 
 
27 MARTINS, Sergio Pinto. Direito do trabalho. p.193. 
 23
MARTINS28 entende que o poder de direção não é um poder 
absoluto, tendo, portanto, limites externos (Constituição, Leis, norma coletiva, 
contrato) e limites internos (boa-fé objetiva, exercício regular do direito). 
Ensina ainda o autor, que o poder de direção não compreende 
apenas o de “organizar suas atividades, como também o de controlar e disciplinar o 
trabalho, de acordo com os fins do empreendimento.” 29. 
1.4.1 Poder de organização 
É o poder que tem o empregador de organizar seu 
empreendimento, determinando o numero de funcionários, criando o regulamento da 
empresa, inclusive com normas de segurança, decidindo sua estrutura jurídica, 
sendo este poder “decorrente até mesmo do direito de propriedade. Estabelecerá o 
empregador qual atividade será desenvolvida: agrícola, comercial, industrial, de 
serviços e etc.”30. 
1.4.2 Poder de controle 
MARTINS31 explana que: 
“o empregador tem o direito de fiscalizar e controlar as atividades de 
seus empregados. Os empregados poderão ser revistados ao final 
do expediente. A revista do empregado é uma forma de salvaguarda 
do patrimônio da empresa. Não poderá ser a revista feita de maneira 
abusiva ou vexatória, ou seja, deverá ser moderada.” 
Acentua-se, ainda, que é vedada a revista que transgredir a 
intimidade do empregado (artigo 5°, X, da CRFB/88), além que ninguém poderá ser 
submetido a tratamento desumano ou degradante (artigo 5°, III, CRFB/88). 
Outras formas de fiscalização que decorrem do poder de 
controle são: cartão ponto, para controlar os horários dos funcionários, 
monitoramento das atividades desenvolvidas no computador, fiscalização do correio 
 
28 MARTINS, Sergio Pinto. Direito do trabalho. p.197. 
29 MARTINS, Sergio Pinto. Direito do trabalho. p.197. 
30 MARTINS, Sergio Pinto. Direito do trabalho. p.198. 
31 MARTINS, Sergio Pinto. Direito do trabalho. p.199. 
 24
eletrônico quando este pertence a empresa, fiscalização do uso dos equipamentos 
de segurança e etc. 
1.4.3 Poder disciplinar 
MARTINS32 explica que o poder disciplinar é um complemento 
do poder de direção, ou seja, do poder que o empregador possui de determinar 
ordens na empresa, ordens estas, se descumpridas, podem gerar ao operário 
penalidades, “que deve ater-se à disciplina e respeito a seu patrão, por estar sujeito 
a ordens de serviço, que devem ser cumpridas, salvo se ilegais ou imorais. Logo, o 
empregador pode estabelecer penalidades a seus empregados.”33. 
O doutrinador antes aludido esclarece com tradicional clareza 
que: 
“O empregado poderá ser advertido (verbalmente ou por escrito) e 
suspenso. Não poderá ser multado, salvo o atleta profissional de 
futebol (art. 15 da Lei n° 6.354/76). [...] A advertência muitas vezes é 
feita verbalmente. Caso o empregado reitere o cometimento de uma 
falta, aí será advertido por escrito. Na próxima falta, deveria ser 
suspenso. O empregado não poderá, porem, ser suspenso por mais 
de 30 dias, o que importará a rescisão injusta do contrato de trabalho 
(art. 474 da CLT).”34 
O empregador deve exigir, ainda, o cumprimento das regras de 
segurança do trabalho, inclusive estabelecendo penalidades, caso estas não forem 
respeitadas, vez que, essenciais para a inocorrência de acidentes do trabalho. 
Ressalta-se, ainda, que o objetivo da punição deva ser 
pedagógico, a fim de mostrar ao empregado o erro cometido e que o mesmo não 
deverá ser repetido. 
Em razão desses poderes, o empregador adquire uma série de 
responsabilidades, inclusive no âmbito da segurança e medicina do trabalho. 
 
32 MARTINS, Sergio Pinto. Direito do trabalho. p.200. 
33 MARTINS, Sergio Pinto. Direito do trabalho. p.200. 
34 MARTINS, Sergio Pinto. Direito do trabalho. p.200. 
 25
1.5 SEGURANÇA E MEDICINA NO TRABALHO 
1.5.1 História no âmbito nacional 
Nas palavras de MARTINS35, analisar-se-á, inicialmente, o 
histórico das leis de segurança e medicina do trabalho. 
A constituição de 1934 trazia como direito do trabalhador, a 
assistência médica e sanitária (art. 121, §1°, h). 
Tratava a Constituição de 1937, que a legislação trabalhista 
deveria observar: assistência medica e higiênica a ser dada ao trabalhador (art. 137, 
I). 
Assegurava a Constituição de 1946 em seu art. 157, inciso VIII, 
o direito a higiene e segurança do trabalho aos trabalhadores. 
A Lei 5.161, de 1966, “criou a Fundação Centro Nacional de 
Segurança, Higiene e Medicina do Trabalho” 36. 
Reconheceu a “Constituição de 1967, também, o direito dos 
trabalhadores à higiene e segurança no trabalho (art.158, IX). A EC n° 1, de 1969, 
repetiu a mesma disposição (art. 165, IX)” 37. 
A Lei 6.514, de 22-12-77, deu nova redação aos artigos 154 e 
201 da CLT, passando a tratar da segurança e medicina do trabalho e não mais de 
higiene e segurança do trabalho. 
A Portaria n° 3.214, de 08-06-78, declarou as atividades 
insalubres e perigosas. 
Por fim, a Constituição de 1988 modificou as orientações dadas 
pelas normas constitucionais anteriores, preconizando em seu artigo 7°, inciso XXII, 
que os trabalhadores têm direito à redução dos riscos inerentes ao trabalho, por 
meio de normas de saúde, higiene e segurança. 
 
35 MARTINS, Sergio Pinto. Direito do trabalho. p.629. 
36 MARTINS, Sergio Pinto. Direito do trabalho. p.629. 
37 MARTINS, Sergio Pinto. Direito do trabalho. p.629. 
 26
1.5.2 Denominação 
O nome que se dava anteriormente a matéria em exame era 
higiene e segurança do trabalho, pois era assim que a CLT apontava. Porem com a 
edição da Lei 6.514, de 22-12-77, passou-se a utilizar a denominação segurança e 
medicina do trabalho. 
MARTINS38 entende que o uso da palavra higiene dava 
enfoque apenas a saúde do trabalhador, enquanto a palavra medicina é mais 
abrangente, evidenciando não só o aspecto da saúde, como também a cura das 
doenças e sua prevenção no trabalho. 
1.5.3 Conceito 
O ilustre doutrinador MARTINS39, com sua habitual clareza, 
define: 
“A segurança e medicina do trabalho são o segmento do Direito do 
Trabalho incumbido de oferecer condições de proteção à saúde do 
trabalhador no local do trabalho, e de sua recuperação quando não 
estiver em condições de prestar serviços ao empregador.” 
1.5.4 Proteção a saúde do empregado sob o enfoque constitucional 
A constituição em vários dispositivos relaciona o tema em 
exame, seja diretamente ou indiretamente. Notem: 
“Art. 7º - São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de 
outros que visem à melhoria de sua condição social: 
[...] 
XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho,por meio de normas 
de saúde, higiene e segurança; 
XXIII – adicional de remuneração para as atividades penosas, 
insalubres ou perigosas, na forma da Lei; 
[...] 
XXVIII – seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, 
 
38 MARTINS, Sergio Pinto. Direito do trabalho. p.631. 
39 MARTINS, Sergio Pinto. Direito do trabalho. p.631. 
 27
sem excluir a indenização a que este está obrigado, quando incorrer 
em dolo ou culpa;” 
MACHADO40 pondera que: 
“[...] a eliminação do risco já está contida implicitamente na norma e, 
portanto, não comporta restrição em norma infraconstitucional. Mas 
quando não for possível a eliminação do risco devido às limitações 
fáticas, deve-se reafirmar o direito do trabalhador a não suportar o 
risco supostamente inerente ao trabalho, na maioria das vezes 
artificialmente produzida por máquinas barulhentas, ambientes 
insalubres e organizações do trabalho opressivas. [...] o direito do 
trabalho, garantido em norma de direito fundamental, vinculativa do 
legislador e o Judiciário, a prestar serviços em ambiente de trabalho 
em condições que preservem a sua saúde (física e mental) e 
garantam a sua segurança física” 
Resta manifesto, portanto, a preocupação da Lei maior com 
relação à proteção da saúde do trabalhador, prevendo como direitos dele, a redução 
dos riscos inerentes a atividade exercida, adicional em sua remuneração quando 
exercer atividades penosas, insalubres ou perigosas e, por fim, seguro contra 
acidentes de trabalho, a cargo do empregador. 
1.5.5 Medidas preventivas de medicina do trabalho 
Vejam o que disciplina o artigo 168 da CLT e seus parágrafos: 
“Art. 168 – Será obrigatório exame medico, por conta do 
empregador, nas condições estabelecidas neste artigo e nas 
instruções complementares a serem expedidas pelo Ministério do 
Trabalho: 
I – na admissão; 
II – na demissão; 
III – periodicamente. 
§ 1° O Ministério do Trabalho baixara instruções relativas aos casos 
em que serão exigíveis exames: 
Por ocasião da demissão; 
Complementares. 
 
40 MACHADO, Sidnei. O Direito à proteção ao meio ambiente do trabalho no brasil. São Paulo: 
Ltr, 2001, p.86/87. 
 28
§ 2° Outros exames complementares poderão ser exigidos, a critério 
medico, para apuração da capacidade ou aptidão física e mental do 
empregado para a função que deva exercer. 
§ 3° O Ministério do trabalho estabelecerá, de acordo com o risco da 
atividade e o tempo de exposição, a periodicidade dos exames 
médicos. 
§ 4° O empregador manterá, no estabelecimento, o material 
necessário à prestação de primeiros socorros médicos, de acordo 
com o risco da atividade. 
§ 5° O resultado dos exames médicos, inclusive o exame 
complementar, será comunicado ao trabalhador, observados os 
preceitos da ética médica.” 
Aclara o saudoso mestre CARRION41: 
“O exame médico obrigatório, quando da admissão, ou anual (assim 
como os especiais mencionados, em menor tempo), não podia ser 
praticado pelos médicos das empresas ou outros facultativos; só os 
da Previdência Social (INAMPS) ou dos Sindicatos dos empregados; 
é o que determinava a L. 6.514/77, art. 3°, §2°, em apêndice; a NR 7 
(Port. 17/79) permitia atestado particular, onde inexistissem os 
médicos indicados acima. A nova redação do art. 168 da CLT, 
restabelecendo a expressão “exame médico por conta do 
empregador”, revoga aquela restrição, não obstante as subordine a 
instruções ministeriais. A exigência de abreugrafia foi suprimida. 
Exames demissionais, até a data da homologação da rescisão, 
conforme o grau de risco e o numero de dias transcorridos desde o 
ultimo exame medico ocupacional (NR 7).” 
O exame médico é uma das medidas preventivas da medicina 
do trabalho e será obrigatório, porém, sempre por conta do empregador. 
Acentua-se, ainda, que o exame admissional deverá ser 
realizado antes que o trabalhador assuma suas atividades. 
Importante advertir que “os registros da avaliação clínica e dos 
exames complementares deverão ser mantidos por período mínimo de 20 anos após 
o desligamento do trabalhador.”42. 
 
41 CARRION, Valentin. Comentários à consolidação das leis do trabalho. p.178-179. 
42 MARTINS, Sergio Pinto. Direito do trabalho. p.633. 
 29
Segundo a legislação acima citada, constata-se, ainda, que 
todo o estabelecimento deverá possuir equipamento para a prestação de primeiros 
socorros, considerando-se as características da atividade exercida. “O material 
deverá ser guardado em local adequado e aos cuidados de pessoa treinada para 
esse fim.”43. 
1.5.6 Convenção n°155 da OIT (Organização Internacional do Trabalho) 
A atividade profissional, sob qualquer das suas espécies, seja 
no trabalho rural ou urbano , seja na atividade pecuária ou agrícola, nas fábricas ou 
nas construções, está sempre sujeita a riscos, expondo o trabalhador a problemas 
de saúde ou acidentes. 
Por isso, a preocupação com a saúde e com a integridade 
física tem merecido da OIT especial atenção, como deixa claro a Convenção n° 155 
aprovada em 1981, na 67° reunião da sua Conferencia Internacional, que em seu 
artigo 4° dispõe: 
“Todo Membro deverá, em consulta às organizações mais 
representativas de empregadores e de trabalhadores, e levando em 
conta as condições e a prática nacionais, formular, por em prática e 
reexaminar periodicamente uma política nacional coerente em 
matéria de segurança e saúde dos trabalhadores e o meio ambiente 
de trabalho. Essa política terá como objetivo prevenir os acidentes e 
os danos à saúde que forem conseqüência do trabalho, tenham 
relação com a atividade de trabalho, ou se apresentarem durante o 
trabalho, reduzindo ao mínimo, na medida que for razoável e 
possível, as causas dos riscos inerentes ao meio ambiente de 
trabalho.” 
A partir da definição do conteúdo do direito à saúde, a 
Convenção citada abandonou a idéia genérica de ser o “completo bem-estar” para 
afirmá-lo como “[...] não só a ausência de afecções e de doenças, mas também os 
elementos físicos e mentais que afetam a saúde e estão diretamente relacionados 
com a segurança e a higiene do trabalho” 44. 
A convenção aqui comentada fora elevada à categoria de 
norma constitucional pela Constituição Federal de 1988, a Segurança e Higiene do 
 
43 MARTINS, Sergio Pinto. Direito do trabalho. p.633. 
44 SUSSEKIND, Arnaldo. Convenções da OIT. São Paulo: LTr, 1998, p.393. 
 30
Trabalho é objeto do seu artigo 7°, XXII, XXIII, XXVIII, que, respectivamente 
estabelecem adicionais aos empregados que executam atividades penosas, 
insalubres ou perigosas, institui seguro obrigatório contra acidentes do trabalho, a 
cargo do empregador, e indenização, na ocorrência de dolo ou culpa deste. 
1.5.7 Comissão interna de prevenção de acidentes - CIPA 
O artigo 163 da CLT trata da obrigatoriedade da constituição de 
Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – CIPA, vejam: 
“Art. 163 – Será obrigatória a constituição de Comissão Interna de 
Prevenção de Acidentes (CIPA), de conformidade com instruções 
expedidas pelo Ministério do Trabalho, nos estabelecimentos ou 
locais de obra nelas especificadas.” 
Disciplina MARTINS45: 
“Tem a CIPA por objetivo observar e relatar as condições de risco 
nos ambientes de trabalho e solicitar as medidas para reduzir até 
eliminar os riscos existentes e/ou neutralizá-los, discutindo os 
acidentes ocorridos e solicitando medidas que o previnam, assim 
como orientando os trabalhadores quanto a sua prevenção.” 
A Lei 6.514, de 22-12-1977, tornou obrigatória a instalação da 
Comissão Interna de Prevenção de Acidentes em empresas públicas e privadas com 
mais de cinqüenta empregados. 
A CIPA “é um órgão na empresa de formação paritária, isto é, 
na sua composição, obrigatoriamente deverão existir metade de representantes da 
empresa e outra metade de representantes eleitos pelosempregados” 46 através do 
escrutínio secreto, independentemente de serem sindicalizados. O mandato dos 
membros eleitos é de um ano, sendo permitida uma reeleição. 
O membro da CIPA eleito goza de estabilidade no emprego, 
inclusive o seu suplente, do registro da candidatura até um ano após o final do 
mandado, é o que preconiza o artigo 10, inciso II, alínea “a” do ADCT da nossa 
Constituição Federal. 
 
45 MARTINS, Sergio Pinto. Direito do trabalho. p.635. 
46 PROSCURCIN, Pedro. Compêndio de direito do trabalho. São Paulo: LTr, 2007, p.277. 
 31
1.5.8 Equipamentos de proteção individual – EPI 
Dispõe o artigo 166 da CLT: 
“Art. 166 – A empresa é obrigada a fornecer aos empregados, 
gratuitamente, equipamento de proteção individual adequado ao 
risco e em perfeito estado de conservação e funcionamento, sempre 
que as medidas de ordem geral não ofereçam completa proteção 
contra os riscos de acidentes e danos à saúde dos empregados.” 
Os empregadores são obrigados a fornecer gratuitamente os 
equipamentos individuais a seus empregados, tais como protetores auriculares, 
luvas, máscaras, calçados, capacetes, óculos, vestimentas e etc. 
É importante frisar que não basta a mera entrega do 
equipamento protetor para diminuir ou até mesmo eliminar o adicional, sendo 
indispensável à supervisão de seu uso por parte do empregador ou preposto, 
conforme prescreve a Súmula 289 do TST: 
“O simples fornecimento do aparelho de proteção pelo empregador 
não o exime do pagamento do adicional de insalubridade. Cabe-lhe 
tomar as medidas que conduzam à diminuição ou eliminação da 
nocividade, entre as quais as relativas ao uso efetivo do equipamento 
pelo empregado.” 
MARTINS47 acrescenta que: 
“[...] o empregador deverá adquirir o tipo adequado à atividades do 
empregador; treinar o trabalhador para o seu uso; substituí-lo 
quando danificado ou extraviado; e tornar obrigatório seu uso.” 
Frisa-se, ainda, que se os equipamentos de proteção 
eliminarem os agentes nocivos à saúde do empregado, o adicional até então pago 
será indevido a partir da devida comprovação, é o que dispõe a Súmula 80 do TST. 
Destaca-se, outrossim, que o fornecimento de EPIs e a correta 
utilização deles são essenciais para a diminuição dos acidentes do trabalho. 
 
47 MARTINS, Sergio Pinto. Direito do trabalho. p.634 
Capítulo 2 
ACIDENTE DO TRABALHO 
2.1 CONCEITO 
O conceito de acidente do trabalho em sentido estrito, também 
chamado de acidente-tipo, teve diversas redações para cada uma das sete leis 
acidentarias brasileiras. Para efeitos comparativos e com o objetivo de melhorar a 
compreensão de sua abrangência atual, vale analisar sua evolução: 
NORMA LEGAL CONCEITO DE ACIDENTE DO TRABALHO 
Decreto 
Legislativo n° 
3.724 de 
15/01/19 
Art.1° - Consideram-se acidentes no trabalho, para os fins da 
presente Lei: a) o produzido por uma causa súbita, violenta, 
externa e involuntária no exercício do trabalho, determinando 
lesões corporais ou perturbações funcionais, que constituam a 
causa única da morte ou perda total ou parcial, permanente ou 
temporária, da capacidade para o trabalho. 
Decreto n° 
24.637 de 
10/07/34 
Art.1° - Considera-se acidente do trabalho, para os fins da 
presente Lei, toda lesão corporal, perturbação funcional, ou 
doença produzida pelo exercício do trabalho ou em conseqüência 
dele, que determine a morte, ou a suspensão ou limitação, 
permanente ou temporária, total ou parcial, da capacidade para o 
trabalho. 
Lei n° 7.036 de 
10/11/44 
Art.1° - Considera-se acidente de trabalho, para os fins da 
presente Lei, todo aquele que se verifique pelo exercício do 
trabalho, provocando, direta ou indiretamente, lesão corporal, 
perturbação funcional, ou doença, que determine a morte, a perda 
total ou parcial, permanente ou temporária, da capacidade para o 
trabalho. 
Decreto-lei n° 
293 de 28/02/67 
Art.1° - Para fins do presente Decreto-lei, considera-se acidente 
de trabalho todo aquele que provocar lesão corporal ou 
perturbação funcional no exercício do trabalho, a serviço do 
empregador, resultante de causa externa súbita, imprevista ou 
fortuita, determinando a morte do empregado ou sua incapacidade 
para o trabalho, total ou parcial, permanente ou temporária. 
 
 
 33
NORMA LEGAL CONCEITO DE ACIDENTE DO TRABALHO 
Lei n° 5.316 de 
14/09/67 
Art.2° - Acidente do trabalho será aquele que ocorrer pelo 
exercício do trabalho, a serviço da empresa, provocando lesão 
corporal, perturbação funcional ou doença que cause a morte ou a 
perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para 
o trabalho. 
Lei n° 6.367 de 
19/10/76 
Art.2° - Acidente do trabalho é aquele que ocorre pelo exercício do 
trabalho a serviço da empresa, provocando lesão corporal u 
perturbação funcional que cause a morte, ou perda, ou redução 
permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho. 
Lei n°8.213 de 
24/07/91 (norma 
que se encontra 
em vigor) 
Art.19 – Acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do 
trabalho a serviço da empresa ou pelo exercício do trabalho dos 
segurados referidos no inciso VII do art. 11 desta Lei, provocando 
lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a 
perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para 
o trabalho. 
 
Percebe-se facilmente que o conceito de acidente de trabalho 
sofreu vários aperfeiçoamentos, com base nisso sugere-se o conceito trazido pelo 
ilustre doutrinador CARRION48: 
“[...] aquele que ocorrer pelo exercício do trabalho, a serviço da 
empresa, provocando lesão corporal, perturbação funcional ou 
doença que cause a morte ou perda ou redução permanente ou 
temporária da capacidade para o trabalho; isto diz a respeito também 
à causa que, não sendo única, tenha contribuído para o resultado; 
pode ocorrer no local de trabalho, a serviço da empresa e nos 
intervalos ou a caminho.” 
Nas palavras de PROSCURCIN49, acidente do trabalho é: 
“[...] o que ocorre no trabalho a serviço da empresa ou de atividade 
útil, que provoca lesão corporal ou perturbação funcional, morte ou a 
perda ou redução permanente ou temporária da capacidade de 
trabalho. Trata-se de evento previsível, mas inesperado e súbito.” 
CAIRO JUNIOR50 afirmar que: 
“Engana-se, entretanto, quem pensa ser o acidente do trabalho, 
como a própria expressão sugere, um evento decorrente do acaso. 
 
48 CARRION, Valentin. Comentários à consolidação das leis do trabalho. p.177. 
49 PROSCURCIN, Pedro. Compêndio de direito do trabalho. p.292. 
50 CAIRO JÚNIOR, José. O acidente do trabalho e a responsabilidade civil do empregador. 4 ed. 
São Paulo: LTr, 2008. p.45. 
 34
Se assim fosse, não haveria qualquer possibilidade de adoção de 
medidas preventivas. 
Na realidade, o acidente laboral não passa de um acontecimento 
determinado, previsível, in abstracto, e que, na maioria das vezes, se 
pode preveni-lo, pois suas causas são perfeitamente identificáveis 
dentro do meio ambiente de trabalho, podendo ser neutralizadas ou 
eliminadas.” 
Constata-se, portanto, que é “da essência do conceito de 
acidente do trabalho que haja lesão corporal ou perturbação funcional. Quando 
ocorre um evento sem que haja lesão ou perturbação física ou mental do 
trabalhador, não haverá, tecnicamente, acidente do trabalho.”51. 
Tanto é que a Lei 8.213 de 24/07/91 em seu artigo 20, §1°, 
alínea “c”, menciona de maneira expressa que não será considerada doença do 
trabalho aquela que não causar incapacidade laborativa. CAIRO JUNIOR52 ensina 
que “quando o acidente não produz dano em algum trabalhador, ou seja, quando 
não há vítimas, prefere-se utilizar a expressão “incidente” para referir-se a esse 
fenômeno”. 
Contudo, há de se relevar que nem sempre a “perturbação 
funcional é percebida de imediato, podendo haver manifestação tardia com real 
demonstração do nexo etiológico com o acidente ocorrido.”53.O artigo 19 do mesmo diploma legal é expresso quanto à 
exigência de que o acidente decorra do exercício do trabalho a serviço da empresa. 
“Em outras palavras, é necessário que entre a atividade do empregado e o acidente 
haja uma relação de causa e efeito, também chamada de nexo etimológico ou nexo 
causal.”54. Daí pode-se tirar a locução correta do termo, ou seja, acidente do 
trabalho e não acidente no trabalho. 
É também necessário para completar o conceito de acidente do 
trabalho, que o evento cause a morte, ou a perda ou a redução, permanente ou 
 
51 OLIVEIRA, Sebastião Geraldo de. Indenização por acidente do trabalho ou doença 
ocupacional. p.44. 
52 CAIRO JÚNIOR, José. O acidente do trabalho e a responsabilidade civil do empregador. p.45. 
53 OLIVEIRA, Sebastião Geraldo de. indenização por acidente do trabalho ou doença 
ocupacional. p.44. 
54 OLIVEIRA, Sebastião Geraldo de. indenização por acidente do trabalho ou doença 
ocupacional. p.44. 
 35
temporária, da capacidade para o trabalho. Segundo OLIVEIRA55, esta incapacidade 
temporária pode não ser o afastamento efetivo do trabalho, podendo ser apenas o 
tempo para realizar um pequeno curativo ou o despendido para a visita no hospital. 
2.2 ESPÉCIES LEGAIS DE ACIDENTE DO TRABALHO 
O Brasil acompanhou, embora em passos mais lentos, a 
evolução da legislação de proteção acidentaria no mundo, motivada, sobretudo, pela 
“forte resistência da classe empresarial que a vê como um fator de redução de 
lucros.” 56. 
Como já vimos, atualmente a questão acidentária é regida pela 
Lei 8.213 de 24/07/91, que trata-se de uma Lei previdenciária, e por este motivo é 
alvo de diversas criticas, entre elas a do autor COSTA57, que em outras palavras, 
lamenta o fato do Brasil não dispor de uma Lei especifica para acidente do trabalho, 
restando suas regras disseminadas nos benefícios da Previdência Social, trazendo, 
assim, dificuldade em sua aplicação, como também mudança do alvo da proteção, 
que deveria observar primeiramente a saúde do trabalhador acidentado e o 
ressarcimento justo. 
Verifica-se, também, que o legislador não conseguiu 
estabelecer um conceito de acidente do trabalho, que envolvesse todas as hipóteses 
de atividades que possam gerar incapacidade laborativa, definindo apenas um 
conceito em sentido estrito, que define uma de suas espécies, também chamada de 
acidente-tipo ou acidente típico. 
BRANDÃO58, em análise ao texto legal classifica o infortúnio 
laboral em espécies distintas: 
“a) acidente-tipo; 
b) doenças ocupacionais, que compreendem: 
 
55 OLIVEIRA, Sebastião Geraldo de. Indenização por acidente do trabalho ou doença 
ocupacional. p.44. 
56 BRANDÃO, Cláudio. Acidente do trabalho e responsabilidade civil do empregador. 2 ed. São 
Paulo: LTr, 2006. p.119. 
57 COSTA, Hertz. J. Acidentes do trabalho na atualidade. Porto Alegre: Síntese, 2003. p.64 
58 BRANDÃO, Cláudio. Acidente do trabalho e responsabilidade civil do empregador. 2 ed. São 
Paulo: LTr, 2006. p.119/120. 
 36
- doenças profissionais; 
- doenças do trabalho; 
- doenças provenientes da contaminação acidental; 
c) acidentes por equiparação, ocorridos no ambiente e no horário de 
trabalho: 
- doenças provocadas por concausas; 
- lesões provocadas por terceiros; 
- danos provocados por agressão injusta, sabotagem ou terrorismo; 
- ofensas físicas intencionais, por causa ligada ao trabalho; 
- acidentes causados por culpa de terceiro; 
- lesões provenientes de pessoa privada do uso da razão; 
- acidentes provocados por força maior; 
d) acidentes por equiparação, ocorridos fora do ambiente e do 
horário de trabalho: 
- na execução de ordem ou na realização de serviço sob autoridade 
do empregador; 
- na prestação de serviço para evitar prejuízo ou proporcionar 
proveito; 
- em viagem de serviço; 
- acidente no percurso; 
- nos períodos de refeição e descanso; 
- nos períodos em que estiver satisfazendo as necessidades 
biológicas.” 
Nos tópicos seguintes analisar-se-á as possibilidades de 
enquadramento do evento danoso nas hipóteses consideradas, tecnicamente, 
acidente do trabalho, conforme o previsto no artigo 19 e 21 da Lei 8.213/91. 
2.2.1 Acidente-tipo 
Acidente-tipo, também chamado de acidente típico, 
macrotrauma, acidente modelo ou acidente em sentido estrito, conforme já visto no 
inicio deste capitulo, é conceituado pelo artigo 19 da 8.213/91, nos seguintes termos: 
 37
“Art. 19 - Acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do 
trabalho a serviço da empresa ou pelo exercício do trabalho dos 
segurados referidos no inciso VII do art. 11 desta Lei, provocando 
lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a 
perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o 
trabalho.” 
Com base em seu conceito legal, se pode identificar os 
seguintes itens necessários para a sua caracterização: 
a) evento danoso; 
b) decorrente do exercício do trabalho a serviço da empresa; 
c) que provoca lesão corporal ou perturbação funcional; 
d) que causa a morte ou a perda ou a redução, permanente ou 
temporária, da capacidade para o trabalho. 
Discorre OLIVEIRA59 que, geralmente o fato gerador do 
acidente-tipo, mostra-se como evento súbito, referindo-se a rapidez do 
acontecimento, inesperado, externo ao trabalhador (que não diz respeito à 
constituição orgânica da vítima) e fortuito no sentido de que não foi provocado pela 
vítima. 
Por fim, segundo o entendimento de BRANDÃO60, pode-se 
concluir que acidente-tipo é um evento, em regra, súbito, acontecido durante a 
realização do trabalho por conta alheia, que acarreta danos físicos ou psíquicos à 
pessoa do trabalhador, capazes de gerar a morte ou perda, temporária ou 
permanente, de sua capacidade laboral. 
2.2.2 Doenças ocupacionais 
As doenças ocupacionais são consideradas como acidente do 
trabalho desde a primeira Lei acidentária brasileira. O Decreto Legislativo n° 
 
59 OLIVEIRA, Sebastião Geraldo de. Indenização por acidente do trabalho ou doença 
ocupacional. p.43. 
60 BRANDÃO, Cláudio. Acidente do trabalho e responsabilidade civil do empregador. p.123. 
 38
3.724/19, em seu artigo 1° mencionava a “moléstia contraída exclusivamente pelo 
exercício do trabalho”. Com o passar do tempo, “a legislação incorporou as doenças 
atípicas, que passaram a ser denominadas “doenças do trabalho”, desde a quarta lei 
acidentária de 1967.”61. 
Atualmente é a Lei 8.213/91, em seu artigo 20, que regula as 
doenças ocupacionais: 
“Art. 20 - consideram-se acidente do trabalho, nos termos do artigo 
anterior, as seguintes entidades mórbidas: 
I – doença profissional, assim entendida a produzida ou 
desencadeada pelo exercício do trabalho peculiar a determinada 
atividade e constante da respectiva relação elaborada pelo Ministério 
do Trabalho e da Previdência Social; 
II – doença do trabalho, assim entendida a adquirida ou 
desencadeada em função de condições especiais em que o trabalho 
é realizado e com ele se relacione diretamente, constante da relação 
mencionada no inciso.” 
Importante se faz esclarecer a diferenciação das peculiaridades 
entre acidente do trabalho e doenças ocupacionais, para tanto, cita-se o professor 
BRANDÃO62: 
“a) O acidente é caracterizado, em regra, pelo subitaneidade e 
violência, ao passo que a doença decorre de um processo que tem 
certa duração, embora se desencadeie num momento certo, gerando 
a impossibilidade do exercício das atividades pelo empregado; 
b) No acidente a causa é externa, quanto a doença, em geral, 
apresenta-se internamente, num processo silencioso peculiar às 
moléstias orgânicas do homem; 
c) O acidente pode ser provocado, intencionalmente, ao passo 
que a doença não, ainda que seja possível a simulação pelo 
empregado; 
d) No acidente a causa e o efeito, em geral, são simultâneos, 
enquanto na doençao mediatismo é a sua característica.” 
 
61 OLIVEIRA, Sebastião Geraldo de. Indenização por acidente do trabalho ou doença 
ocupacional. p.45. 
62 BRANDÃO, Cláudio. Acidente do trabalho e responsabilidade civil do empregador. p.157. 
 39
Em exame ao texto legal antes transcrito, constata-se que as 
doenças ocupacionais são subdivididas em doenças profissionais e doenças do 
trabalho. As doenças do trabalho, por sua vez, têm sua etiologia no trabalho 
desenvolvido em atividades específicas, já as profissionais, que também são 
denominadas tecnopatias ou doenças profissionais típicas, são peculiares a 
determinada profissão. 
2.2.2.1 Doenças profissionais 
As doenças profissionais também são conhecidas como 
“ergopatias, tecnopatias, idiopatias, doenças profissionais típicas, doenças 
profissionais verdadeiras”. 63 
OLIVEIRA64 leciona que doença profissional: 
“é aquela peculiar a determinada atividade ou profissão, também 
chamada de doença profissional típica, tecnopatia ou ergopatia. O 
exercício de determinada profissão pode produzir ou desencadear 
certas patologias, sendo que, nessa hipótese, o nexo causal da 
doença com a atividade é presumido.” 
THEODORO JÚNIOR65 assinala que “são conseqüências 
naturais de certas profissões desenvolvidas em condições insalubres, e que são 
adredemente relacionadas pelo próprio legislador”. 
Destaca DINIZ66 ser uma “deficiência sofrida pelo operário, em 
razão de sua profissão, que obriga a estar em contato com substâncias que 
debilitam o seu organismo ou exercer a sua tarefa, que envolve fato insalubre.” 
São, em regra, “causadas por agentes físicos, químicos ou 
biológicos peculiares a determinadas funções e caracterizadas, como tais, na Lei. 
Doenças que persistem, ainda que sejam adotadas medidas preventivas.”67. 
 
63 BRANDÃO, Cláudio. Acidente do trabalho e responsabilidade civil do empregador. p.157. 
64 OLIVEIRA, Sebastião Geraldo de. Indenização por acidente do trabalho ou doença 
ocupacional. p.46. 
65 THEODORO JUNIOR, Humberto. Acidente do trabalho e responsabilidade civil comum. São 
Paulo: Saraiva, 1987. p.6. 
66 DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro: responsabilidade civil. 20 ed. São Paulo: 
Saraiva, 2006. p 433. 
67 BRANDÃO, Cláudio. Acidente do trabalho e responsabilidade civil do empregador. p.158. 
 40
RUSSOMANO68 enfatiza que para serem caracterizadas, as 
doenças profissionais, exigem a presença de algumas características patogênicas, 
tais como: 
“a) aparecimento dos sintomas de forma idêntica em vários 
trabalhadores que se dedicam à mesma profissão, no mesmo 
estabelecimento ou em estabelecimentos distintos; 
b) ficar evidenciado que a doença tem como causa a atividade 
desenvolvida pelo trabalhador na empresa, seja pelas condições de 
serviço (subsolo, por exemplo), seja pelos métodos (levantamento de 
peso pela força muscular), seja pelos materiais utilizados (tóxicos).” 
Exemplos clássicos de doenças profissionais são a Perda 
Auditiva Induzida por Ruído (PAIR), que acomete as telefonistas, e a Lesão por 
Esforço Repetitivo (LER), batizada recentemente por Distúrbios Osteomusculares 
Relacionados ao Trabalho (DORT), que pode se manifestar nos digitadores, as 
afecções devidas às radiações ionizantes, para os trabalhadores que executam 
tarefas sob a ação dos raios X. 
2.2.2.2 Doenças do trabalho 
Doenças do trabalho também são denominadas de 
mesopatias, moléstias profissionais atípicas, doenças indiretamente profissionais, 
doenças das condições de trabalho, enfermidades profissionais indiretas, 
enfermidades profissionais impropriamente ditas como tais ou doenças de meio. 
 THEODORO JUNIOR69 conceitua como “doenças comuns, 
que, no entanto, numa determinada hipótese, foram, excepcionalmente, geradas 
pelas condições momentâneas do trabalho.”. 
Ressalta OLIVEIRA70: 
“Por outro lado, a doença do trabalho, também chamada mesopatia 
ou doença profissional atípica, apesar de igualmente ter origem na 
atividade do trabalhador, não esta vinculada necessariamente a esta 
ou aquela profissão. Seu aparecimento decorre da forma em que o 
 
68 RUSSOMANO, Mozart Victor. Comentários à lei de acidentes do trabalho. 3 ed. São Paulo: 
Revista dos Tribunais, 1970, v. I. p. 26/27. 
69 THEODORO JUNIOR, Humberto. Acidente do trabalho e responsabilidade civil comum. p.7. 
70 OLIVEIRA, Sebastião Geraldo de. Indenizações por acidente do trabalho ou doença 
ocupacional. p. 46. 
 41
trabalho é prestado ou das condições especificas do ambiente do 
trabalho. O grupo atual da LER/DORT é um exemplo das doenças do 
trabalho, já que podem ser adquiridas ou desencadeadas em 
qualquer atividade, sem vinculação direta a determinada profissão.” 
Nas palavras de RUSSOMANO71 são doenças cujo 
aparecimento e progresso resultam em circunstâncias que rodeiam a prestação de 
serviços, exemplificando com o serviço executado num pântano que pode ocasionar 
doenças especiais, como o impaludismo, sem que seja doença profissional. 
MARTINEZ72 trata, com maestria, a sutileza da diferenciação 
entre doença do profissional e doença do trabalho, pontificando que a primeira “se 
encontra intimamente ligada à profissão do obreiro, acompanhando-o, inclusive, até 
em outras empresas”, enquanto a segunda: 
“Deriva das condições do exercício, do ambiente do trabalho, dos 
instrumentos adotados, sendo própria, sobretudo, das empresas que 
exploram a mesma atividade econômica e não necessariamente 
conceituadas como fazendo parte do obreiro.” 
A diferenciação entre essas espécies de doenças ocupacionais 
é de extrema importância, principalmente no que diz respeito ao ônus da prova da 
causalidade. 
Na doença profissional, conforme já visto, o nexo causal é 
presumido, diferentemente das doenças do trabalho, que não têm o nexo etiológico 
presumido, “exigindo comprovação de que a patologia desenvolveu-se em razão das 
condições especiais em que o trabalho foi realizado”73, ou seja, cabe ao trabalhador 
demonstrar que adquiriu ou desenvolveu a doença por conta do serviço que 
prestava. 
2.2.2.3 Doenças provenientes de contaminação acidental 
O legislador atento a hipótese de o trabalhador adquirir, 
acidentalmente, infecção ou doença durante a execução de sua atividade, estendeu 
 
71 RUSSOMANO, Mozart Victor. Comentários à lei de acidentes do trabalho. p. 30. 
72 MARTINEZ, Wladimir Novaes. Comentários à lei da previdencia social. São Paulo: LTr, 1992. V. 
2. p. 99. 
73 OLIVEIRA, Sebastião Geraldo de. Indenizações por acidente do trabalho ou doença 
ocupacional. p. 47. 
 42
o conceito de acidente do trabalho para também alcançar as enfermidades oriundas 
de contaminação ocasional. 
Esta hipótese esta prevista no artigo 21, inciso III da Lei de 
Benefícios da Previdência Social (Lei 8.213/91): 
“Art. 21 - Equiparam-se também ao acidente do trabalho, para 
efeitos desta Lei: 
[...] 
III – a doença proveniente de contaminação acidental do empregado 
no exercício de sua atividade.” 
Completa BRANDÃO74: 
“É a situação de contagio, infecção ou doença adquirida pelo 
empregado de forma imprevista, casual, fortuita durante a execução 
de suas tarefas, no local e em horário de trabalho ou outra 
circunstancia amparada pelo legislador, que amplia o conceito de 
infortúnio (trajeto, durante as refeições, nos intervalos, dentre 
outros).” 
É o caso, por exemplo, dos profissionais que atuam 
diretamente com pacientes portadores de vírus, como os médicos, enfermeiras, 
dentistas, biólogos, que podem vir a se contaminar no manuseio de sangue, fezes, 
urina, sêmen contaminados ou lidando com pessoas doentes, como os cabeleireiros, 
barbeiros, esteticistas e manicures. 
2.2.3 Acidente do trabalho por equiparação 
Alem das lesões típicas produzidas durante o exercício de suas 
atividades e das enfermidades que possuemno trabalho a sua causa direta ou 
indireta, o legislador estendeu o conceito de infortúnio laboral concebendo o que ele 
denomina de “acidente por equiparação”, previstos no artigo 21 da citada Lei de 
Benefícios da Previdência Social: 
“Art. 21 - Equiparam-se também ao acidente do trabalho, para 
efeitos desta Lei: 
 
74 BRANDÃO, Cláudio. Acidente do trabalho e responsabilidade civil do empregador. p.164. 
 43
I - o acidente ligado ao trabalho que, embora não tenha sido a causa 
única, haja contribuído diretamente para a morte do segurado, para 
redução ou perda da sua capacidade para o trabalho, ou produzido 
lesão que exija atenção médica para a sua recuperação; 
II - o acidente sofrido pelo segurado no local e no horário do trabalho, 
em conseqüência de: 
a) ato de agressão, sabotagem ou terrorismo praticado por terceiro 
ou companheiro de trabalho; 
b) ofensa física intencional, inclusive de terceiro, por motivo de 
disputa relacionada ao trabalho; 
c) ato de imprudência, de negligência ou de imperícia de terceiro ou 
de companheiro de trabalho; 
d) ato de pessoa privada do uso da razão; 
e) desabamento, inundação, incêndio e outros casos fortuitos ou 
decorrentes de força maior; 
III - a doença proveniente de contaminação acidental do empregado 
no exercício de sua atividade; 
IV - o acidente sofrido pelo segurado ainda que fora do local e 
horário de trabalho: 
a) na execução de ordem ou na realização de serviço sob a 
autoridade da empresa; 
b) na prestação espontânea de qualquer serviço à empresa para lhe 
evitar prejuízo ou proporcionar proveito; 
c) em viagem a serviço da empresa, inclusive para estudo quando 
financiada por esta dentro de seus planos para melhor capacitação 
da mão-de-obra, independentemente do meio de locomoção 
utilizado, inclusive veículo de propriedade do segurado; 
d) no percurso da residência para o local de trabalho ou deste para 
aquela, qualquer que seja o meio de locomoção, inclusive veículo de 
propriedade do segurado. 
§ 1º Nos períodos destinados a refeição ou descanso, ou por ocasião 
da satisfação de outras necessidades fisiológicas, no local do 
trabalho ou durante este, o empregado é considerado no exercício do 
trabalho. 
 44
§ 2º Não é considerada agravação ou complicação de acidente do 
trabalho a lesão que, resultante de acidente de outra origem, se 
associe ou se superponha às conseqüências do anterior.” 
Conssoante descrevem os autores MONTEIRO e 
BERTAGNI75: 
 “Quando o empregado estiver à disposição do empregador, 
independentemente do local e dia, em horário de trabalho e no 
ambiente da empresa, mesmo sem estar efetivamente trabalhando 
(períodos destinados às refeições e a outras necessidades 
fisiológicas), verificando-se o acidente, este assume a natureza de 
acidente do trabalho.” 
Importante se faz destacar a previsão do inciso I do artigo 
supracitado, que trata das concausas ou causas concorrentes ao acidente do 
trabalho. 
Ensina CAVALIERI FILHO 76que: 
“[...] a concausa é outra causa que, juntando-se à principal, concorre 
para o resultado. Ela não inicia e nem interrompe o processo causal, 
apenas o reforça, tal como um rio menor que deságua em outro 
maior, aumentando-lhe o caudal” 
Completa OLIVEIRA77 afirmando que para o acidente do 
trabalho em sentido amplo, podem contribuir causas ligadas à atividade laboral com 
outras extralaborais, sem qualquer vinculo com a função exercida pelo obreiro. 
“Além disso, mesmo o acidente já ocorrido pode ser agravado por outra causa, como 
por exemplo, um erro cirúrgico no atendimento hospitalar ou a superveniência de 
uma infecção por tétano, depois de um pequeno ferimento [...]”. 
No entanto, ressalta ainda o autor: 
“[...] que a aceitação normativa da etiologia multicausal não dispensa 
a existência de uma causa eficiente, decorrente da atividade laboral, 
que “haja contribuído diretamente” para o acidente do trabalho ou 
 
75 MONTEIRO, Antônio Lopes; BERTAGNI, Roberto Fleury de Souza. Acidentes do trabalho e 
doenças ocupacionais. 5 ed. São Paulo: Saraiva, 2009. p.21. 
76 CAVALIERI FILHO, Sérgio. Programa de responsabilidade civil. 8 ed. São Paulo: Atlas, 2008. 
p.58. 
77 OLIVEIRA, Sebastião Geraldo de. Indenizações por acidente do trabalho ou doença 
ocupacional. p. 51. 
 45
situação equiparável ou, em outras palavras, a concausa não 
dispensa a presença da causa de origem ocupacional.”78 
Em que pese o reconhecimento das concausas, faz-se 
necessário aferir se o trabalho realmente atuou como fator contributivo do acidente 
ou doença ocupacional, “se atuou como fator desencadeante ou agravante de 
doenças preexistentes ou, ainda, se provocou a precocidade de doenças comuns, 
mesmo daquelas de cunho degenerativo ou inerente ao grupo etário” 79. 
Desta forma “as concausas podem ocorre por fatores 
preexistentes, supervenientes ou concomitantes com aquela causa que 
desencadeou o acidente ou a doença ocupacional.” 80. 
2.3 COMUNICAÇÃO DE ACIDENTE DO TRABALHO - CAT 
O primeiro passo para o reconhecimento de qualquer direito ao 
trabalhador que sofreu acidente do trabalho ou fato a ele equiparado é a 
comunicação da ocorrência a Previdência Social. 
Esta comunicação esta prevista do artigo 22, da Lei 8.213/91, 
vejam: 
“Art. 22 – A empresa deverá comunicar o acidente do trabalho à 
Previdência Social até o 1° (primeiro) dia útil seguinte ao da 
ocorrência e, em caso de morte, de imediato, à autoridade 
competente, sob pena de multa variável entre o limite mínimo e o 
limite máximo do salário-de-contribuição, sucessivamente aumentada 
nas reincidências, aplicada e cobrada pela Previdência Social.” 
CAIRO JUNIOR 81conceitua: 
“A CAT nada mais é do que a instrumentalização da obrigação do 
empregador de comunicar as autoridades da Previdência Social que 
um de seus trabalhadores é portador de doença ocupacional ou que 
tenha sofrido um acidente do trabalho.” 
 
78 OLIVEIRA, Sebastião Geraldo de. Indenizações por acidente do trabalho ou doença 
ocupacional. p.51/52. 
79 OLIVEIRA, Sebastião Geraldo de. Indenizações por acidente do trabalho ou doença 
ocupacional. p.52. 
80 OLIVEIRA, Sebastião Geraldo de. Indenizações por acidente do trabalho ou doença 
ocupacional. p.52. 
81 CAIRO JÚNIOR, José. O acidente do trabalho e a responsabilidade civil do empregador. 
p.151. 
 46
Com o escopo de “facilitar a concessão rápida dos benefícios 
e, ainda, diante do caráter social do seguro acidentário, a norma legal atribui ao 
empregador a obrigação de expedir a comunicação do acidente”82, sendo 
dispensada a iniciativa do requerimento pelo vítima. 
Vale enfatizar que “a CAT deverá ser preenchida em todos os 
casos em que ocorrer acidente ou doença ocupacional, mesmo que não haja 
afastamento do trabalho ou incapacidade”83 
Discorre OLIVEIRA84 que se o acidente resultar em óbito, além 
da comunicação ao INSS até o primeiro dia útil subseqüente, a empresa deverá 
comunicar a ocorrência de imediato à autoridade policial, haja vista, que é preciso se 
investigar, no inquérito próprio, se há delito a ser punido na esfera penal. 
Também podem assumir a qualidade emitente da CAT o 
sindicato, o médico assistente, o segurado ou seus dependentes ou autoridade 
publica, dispensando-se, nestes casos, a observância do prazo citado acima. Essa 
substituição poderá ocorrer nos casos em que o acidente laboral seja detectado 
tardiamente, quando o trabalhador já estiver desempregado, o que é comum ocorrer 
nos casos de doenças ocupacionais. 
2.4 ESTABILIDADE NO EMPREGO 
O empregado, quando sofre acidente de trabalho ou adquire 
alguma doença ocupacional, é afastado das suas funções. Os primeiros 15 dias de 
afastamento são pagos pelo empregador. A partir do 15° dia, o empregado ingressa 
no INSS, passando a receber sua remuneração da própria Previdência Social. 
O empregado só adquire a estabilidade

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