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Justiça Restaurativa

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BREVE RESUMO:
AZEVEDO, André Gomma de. O Componente de Mediação Vítima – Ofensor na
Justiça Restaurativa: Uma breve apresentação de uma Inovação Epistemológica na
Autocomposição Penal. Justiça Restaurativa.
A estrutura processual possui uma tendência de buscar meios e métodos de solução de
conflito a fim de se conquistar um melhor convívio, harmonia e pacificação social. No que se
diz respeito conflitos relacionados à área penal, muitos estudiosos veem a necessidade de se
realizar uma reforma no ordenamento jurídico, abandonando uma estrutura formalista para
promover um “acesso à justiça”. Diante dessa necessidade de alterar o sistema de solução de
conflito, surge a “Justiça Restaurativa” onde, “as partes envolvidas em determinado crime
[e.g. vítima e ofensor] conjuntamente decidem a melhor forma de lidar com os
desdobramentos da ofensa e suas implicações futuras”. 
A Justiça Restaurativa busca mostrar, com base nos direitos humanos, a necessidade
que possui a vítima diante do ofensor, e os impactos que determinadas ações provocam na
comunidade no qual convivem. Diferentemente dos julgamentos convencionais, a estrutura da
Justiça Restaurativa se apresenta de um jeito informal, permitindo que as partes envolvidas no
conflito sejam mais “protagonistas” para apresentar uma melhor solução ao processo. 
São processos que pertence à Justiça Restaurativa: mediação vítima – ofensor (Victim
Offender Mediation), conferência (Conferencing), círculos de pacificação (Peacemaking
circles), círculos decisórios (sentencing circles), restituição (restitution).
Busca-se uma transformação no sistema penal, um modo que permite uma melhor
ressocialização, melhor solução dos conflitos penais e um melhor mecanismo retributivo,,
fatores esses essenciais para a harmonia social. Com a inclusão das partes na solução do
conflito, o Estado acompanha o processo para “assegurar” a adequada resolução. 
É interessante destacar os importantes avanços que trouxeram para a solução do
conflito contribuições significativas. 
“No campo da psicologia cognitiva uma série de projetos voltados à
compreensão do modo por intermédio do qual as partes percebem a realidade
quando encontram-se em conflito. No campo da matemática aplicada,
desenvolveram-se estudos em aplicação de algoritmos para a resolução de disputas.
No campo da economia, passaram-se a aplicar conceitos como Teoria dos Jogos e
Equilíbrio de Nash que, quando aplicados à resolução de disputas, sugerem
possibilidades para que partes consigam alcançar acordos sem que haja
necessariamente a submissão a interesses de outrem ou a concessão mútua”
Todo este conjunto de procedimentos que integram o sistema processual é
chamado de sistema pluriprocessual, possibilitando a escolha do procedimento mais
adequado para cada caso concreto tendo em vista suas peculiaridades, dando ao conflito uma
solução mais adequada (princípio da aplicabilidade).
A busca por meios alternativos na solução de conflitos decorre de alguns fatores como
a falha do Estado de exercer uma função de pacificação dos conflitos, bem como a sobrecarga
de processos e elevados custos dos mesmos, além de todo o formalismo processual. 
“A implementação no nosso ordenamento jurídico-processual de
mecanismos paraprocessuais ou metaprocessuais que efetivamente complementem o
sistema instrumental visando ao melhor atingimento de seus escopos fundamentais
ou, até mesmo, que atinjam metas não pretendidas originalmente no processo
judicial”. 
Nesse contexto, pode-se entender que a Justiça Restaurativa é uma “porta” que
possibilita uma melhor reparação e segurança à vítima e também permite ao ofensor que ele
compreenda os efeitos que seus atos provocam na sociedade, o conscientizando das atitudes
que eventualmente foram tomadas, bem como proporciona à sociedade um entendimento
acerca dos delitos e busca promover “bem-estar” e “prevenir” a incidência desses crimes.
Assim, a Justiça Restaurativa é um complemento ao ordenamento jurídico penal já existente.
CONCEITO
Justiça Restaurativa: “movimento por intermédio do qual busca-se estimular a
utilização de processos nos quais a vítima e o ofensor e, quando adequado, quaisquer outros
indivíduos ou membros da comunidade afetadas pelo crime, participem ativa e conjuntamente
na resolução de questões originárias do crime, em regra com o auxílio de um facilitador”. Há
correntes que a definem pelo seus valores, princípios e resultados. 
“Pode ser conceituada como a proposição metodológica por intermédio da
qual se busca, por adequadas intervenções técnicas, a reparação moral e material do
dano, por meio de comunicações efetivas entre vítimas, ofensores e representantes
da comunidade voltadas a estimular: I) a adequada responsabilização por atos
lesivos; II) a assistência material e moral de vítimas; III) a inclusão de ofensores na
comunidade; IV) o empoderamento das partes; V) a solidariedade; VI) o respeito
mútuo entre vítima e ofensor; VII) a humanização das relações processuais em lides
penais; e VIII) a manutenção ou restauração das relações sociais subjacentes
eventualmente preexistentes ao conflito”. 
Existem diversos processos na Justiça Restaurativa e um deles é a mediação
vítima – ofensor que proporciona às vítimas, de crimes mais brandos, reencontrar seus
ofensores, em um ambiente seguro, com o intuito de assistir e compensar a vítima. Este tipo
de procedimento é acompanhado por um mediador e há um diálogo entre vítima e ofensor,
onde a vítima irá explanar o que o ato do ofensor lhe afetou, e juntos irão traçar um plano de
restituição sendo o ofensor responsável por reparar o dano gerado. 
A princípio, esse tipo de processo é permitido em casos de crimes de menor potencial
ofensivo, mas a uma tendência de se ampliar a utilização desse meio em crimes de médio e
alto potencial ofensivo. 
Alguns fatores são essenciais para a aplicação da mediação vítima – ofensor:
a) gravidade do ato infracional ou crime;
b) individuação da vítima;
c) assunção ou indícios de assunção de responsabilidade pelo ato por parte do autor do
fato;
d) primariedade ou histórico de reincidência do ofensor, sanidade mental da vítima e
do ofensor.
Preparação: 
É realizado contato telefônico com as partes para agendamento do primeiro encontro
individual, nesse telefonema é explicado o que vem a ser a mediação e explicações são dadas
acerca de seus benefícios. Em seguida, há uma sessão individual onde será discutido aos
aspectos fundamentais da mediação, neste é analisado a perspectiva de cada indivíduo com
relação ao crime que foi cometido e é explicado o processo de mediação à ambas as partes
envolvidas, mostrando as vantagens e desvantagens do processo. O mediador irá analisar o
posicionamento das partes e verificar se estão aptos a participar do processo de mediação.

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