Buscar

projeto pim3 (2)

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 16 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 16 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 16 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

2
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP
ABIGAIL DE ANDRADE: “UM CANTO DO MEU ATELIÊ”
PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR III – PIM III
Vilhena/RO 2020
ANÁLIA OLIVEIRA CORDEIRO – RA:2054356
BRUNO QUEIROZ DOS SANTOS – RA: 2010714
PAULO SERGIO CONTE – RA: 2010712
ROSANI MARIA LORENZZI – RA: 2010710
FAIÇAL IBRAHIM AKKARI FILHO – RA:2010661
Abigail de Andrade: “Um canto do meu ateliê”
Projeto Integrado Multidisciplinar III – PIM III, apresentado como um dos pré-requisitos para aprovação do bimestre vigente, no Curso Superior de Tecnologia em Design de Interiores.
Orientadora: Patrícia Scarabelli.
VILHENA/RO – 2020
RESUMO
O Projeto Integrado Multidisciplinar PIM III foi desenvolvido com base na obra: “Um Canto no Meu Ateliê”, de Abigail de Andrade. É uma análise reflexiva sobre a vida e obra de uma mulher pintora no contexto do século XIX, e o que a autora pretendia apresentar para os seus contemporâneos e deixar como informação para os artistas futuros através da disposição de elementos, cores e luzes na obra estudada.
Palavras-Chave: Abigail de Andrade, mulher, ateliê.
ABSTRACT
The Integrated Multidisciplinary Project PIM III was developed based on the work: “Um Canto no Meu Ateliê”, by Abigail de Andrade. Il is a reflective analysis of the life and work of a woman painter in the contexto of the 19th century, and what the author intended to presente to her contemporaries and leave as information for future artists through the arrangement of elements, colors and lights in the work studied.
Keywords: Abigail de Andrade, woman, studio
ÍNDICE DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 “Auto Retrato” Abigail de Andrade................... ...................... 9
Figura “Um Canto no Meu Ateliê” – Abigail de Andrade......................... 13
Figura 3 Decomposição da Obra - Alunos do PIM III .......................... 15
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO	7
HISTÓRIA DA ARTE	8
2.1 Uma breve contextualização histórica da arte no brasil no século XIX	8
2.2 Abigail de Andrade	9
PERCEPÇÃO VISUAL: TEORIA E PSICOLOGIA DAS CORES	12
3.1 Elementos usados na obra	12
CONCLUSÃO	15
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA	16
INTRODUÇÃO
A pesquisa foi desenvolvida com o intuito de apresentar uma fração da vida e obra de Abigail de Andrade. Uma artista brasileira que viveu durante o século XIX, que mesmo tendo passado tanto tempo esquecida na história da arte brasileira, é uma das artistas mais talentosas do país. Isso torna-se visível quando olhamos a destreza de suas mãos ao reproduzir com tamanha fidelidade o feito da luz, o corpo humano, e a crítica zelosa e elegante contra o modo recorrente de representação da mulher no cenário artístico. No período em que viveu, os críticos e as instituições educacionais eram quem controlavam o cenário e indicavam as regras que deveriam ser seguidas para se tornar artista. Nesse sentido, Ana Lisa Tota (2000, p. 52) nos esclarece que “os cânones artísticos são o produto da atividade classificatória das instituições artísticas atuantes num dado contexto social e a formação do gosto, isto é, da estrutura de legitimação dos cânones artísticos e estéticos, é de natureza institucional”.
Através do método exploratório, também buscou-se abordar alguns pontos da obra “Um Canto no Meu Ateliê”, fundamentando as informações no estudo de teses publicadas por pesquisadores da história da arte brasileira, e realizando análise das cores, disposições de objetos no ambiente e a forma que estão expostos, com auxílio do software Paint 3D para a decomposição da obra. Sendo possível, dessa forma, dar uma nova visão com relação a elementos específicos da obra, onde é possível ver qual a atmosfera vivida pela autora e a mensagem que ela pretendia passar quando apresentou a pintura.
HISTÓRIA DA ARTE
2.1 Uma breve contextualização histórica da arte no brasil no século XIX
No período em que viveu Abigail de Andrade, o Brasil ainda era colônia de Portugal, e a arte brasileira desenvolveu-se principalmente relacionada à religião. Não havia interesse de Portugal no desenvolvimento educacional da colônia, que era tida apenas como colônia agrária. Foi assim durante 300 anos, até a chegada da Família Real e toda sua corte. Que contava agora com cerca de 15 mil habitantes e agora era Reino Unido e sofria uma série de ações civilizatórias e adequação para o pensamento Iluminista, que dominou a Europa no século XVIII, e defendia o uso da razão como meio principal de aplicar as regras e outras questões sociais, empregando maior liberdade econômica e política.
 O soberano, ao chegar na colônia, implantou reformas para adaptar a cidade as necessidades dos nobres que vieram com suas famílias. Sendo criadas a primeiras fábricas, fundadas instituições como banco do brasil, bibliotecas, o museu real, a criação da Academia Imperial de Belas Artes e o Liceu de Artes e Ofícios.
Os professores de arte que foram trazidos da França para ensinar na academia e no liceu, inseriram com rigor a estética neoclássica na arte brasileira. O neoclassicismo era uma empreitada contra os exageros do rococó em culto à razão, ordem, clareza e pureza do iluminismo. Cuja principal característica é o uso da razão sobre a fé, para entender e solucionar os principais problemas da sociedade. Essa missão artística francesa chegou em 1816, na data da fundação da Academia Imperial das Belas Artes, que após a independência do Brasil passou a chamar-se Academia Nacional de Belas Artes. Que era mantida pelo Estado, e a criação artística estava condicionada a direcionamento oficial, tendo que seguir regras oficiais. A academia iniciou no país o ensino nos moldes formais. Dessa maneira, o ensino passa a ser teórico, ampliando assim os horizontes das artes visuais no Brasil. Esse sistema acadêmico oferece um ensino apoiado nos preceitos básicos do neoclassicismo, que é a arte como representação do belo ideal, valorização dos sistemas nobres, importância do desenho como estruturação básica, a preferência por algumas técnicas e materiais.
Na produção artística do Brasil, era priorizada a habilidade dos artistas para fazer as pincelas parecerem cada mais imperceptíveis, alcançando realismo nas cenas que retratavam momentos históricos, bíblicos, natureza morta, paisagens, e a perfeição dos corpos.
Enquanto isso, o impressionismo vinha emergindo na França em uma época que o academicismo cobrava perfeição e ditava regras. Fazendo com que artistas mais jovens buscassem novas maneiras de criar sem ter a pressão da perfeição guiando as pinceladas, apenas a própria percepção do comportamento dos pigmentos misturando-se diretamente na tela com a ajuda do pincel.
Por se firmar em valores tão conservadores, as academias, que no Brasil era representado pela Academia Imperial de Belas Artes, restringiam o acesso de mulheres a formação profissional. E por conta disso, a crítica considera sempre que as mulheres eram “amadoras”, nunca profissionais. Para as mulheres era relegado os papéis sociais da esfera doméstica, e quando tinham acesso a estudos, estes sempre eram limitados a artes que pudessem ter uma finalidade artesanal, abrangendo bordados, pinturas em cerâmicas; sendo tratados sempre como arte secundária ou hobby.
2.2 Abigail de Andrade
Figura 1“Auto Retrato” Abigail de Andrade
Nascida em 1864, na cidade de Vassouras, interior do Rio de Janeiro e falecida em 1890, aos 26 anos, em Paris, França. Produziu suas obras no final do século XIX, em um período que História da Arte Brasileira era intimamente modulada pelo Academicismo.
A artista estudou no Liceu de Artes e Ofícios, porém, o Liceu não era um lugar que formava artistas, mas sim uma escola que formava para trivialidades como prendas do lar, chapelaria, e priorizava a formação de mulheres pobres para que pudessem contribuir com o sustento da família. Não visava, necessariamente, democratizar o acesso à educação. Haja vista que demorou 25 anos para aceitarem mulheres como estudantes.
A Academia Imperial deArtes ainda não aceitava mulheres, e o Liceu de Artes e Ofícios não tinha uma grade que contemplasse a formação nas chamadas “artes superiores”. Dessa forma, a artista procurou por um ateliê particular para ter aulas de anatomia, já que essa falta de conhecimento atrapalhava a sua retratação de corpos nos retratos. Tendo feito aulas particulares com um fotografo e um cartunista muito conceituados na época.
O realismo social passou a ser o foco das pinturas da artista, assim como a retratação de natureza morta, autorretratos, cenas do campo, das periferias e do cotidiano do povo. Dando as costas para a pintura histórica e preferindo valorizar a riqueza do dia a dia, que já simbolizava uma aproximação com a pintura moderna.
E foi em 1884, que, mesmo considerada amadora, Abigail de Andrade ganhou medalha de ouro na exposição de Belas Artes com o quadro “Um canto do meu ateliê”. Sendo a primeira vez que um júri especializado conferia reconhecimento a uma mulher. Na ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras diz:
É a primeira mulher a conquistar uma medalha de ouro de 1º grau na 26ª Exposição Geral de Belas Artes, da Academia Imperial de Belas Artes - Aiba, em 1884, a mesma que revela os artistas Almeida Júnior, Rodolfo Amoedo e Belmiro de Almeida. Expõe na Casa Vicitas e na Casa Costrejean, no Rio de Janeiro, em 1886. O crítico Gonzaga Duque faz-lhe um comentário elogioso no livro A Arte Brasileira, publicado em 1888, em que defende que ela seja enviada para o exterior para aperfeiçoar seus estudos.
Mesmo tendo ganho a medalha de ouro, Abigail continuava sendo um caso isolado, no que se refere à presença feminina nas artes brasileiras. Sendo o oposto do que ocorria na França e na Inglaterra. Onde o movimento feminista despontava e os manifestos por direito à educação que não fosse “diferenciado”, tomaram conta dos episódios sociais. Nesses países haviam escolas que aceitavam matrículas de mulheres para o ensino das artes, porém, as classes eram separadas por gênero e as aulas de anatomia continuavam sendo limitadas, afinal, as escolas não podiam expor as mulheres a corpos nus e arriscar manchar a moral das famílias abastardas que enviavam suas “meninas” para estudar, e que pagavam o dobro por seus estudos nas instituições.
Em 1888, por questões morais da época em que vivia, Abigail foi obrigada a ir embora para Paris. Lá pôde se dedicar um pouco mais às artes, mas não teve a possibilidade de estudar mais e se aperfeiçoar nas escolas que aceitavam mulheres, pois após dois anos de sua chegada, veio a falecer de tuberculose. Deixando, assim, 2 filhos. A primeira era uma menina e o segundo, um menino, que nasceu pouco antes do seu falecimento e veio a morrer da mesma enfermidade de acometera a Abigail.
 O Brasil se tornou República no mesmo ano da morte da artista. E em 1893, a Academia Imperial de Belas Artes foi rebatizada como Academia Nacional de Belas Artes e passou a aceitar mulheres. Mas sem democratização total de acesso para ambos os gêneros. Afinal, o acesso se dava por provas rigorosas e as mulheres não tiveram acesso a um ensino secundário que pudesse garantir boas notas, pois os conteúdos científicos não faziam parte do currículo direcionado à elas. Direito esse que foi sendo conquistado de forma paulatina.
Por ter morrido muito jovem, com apenas 26 anos, Abigail de Andrade não teve muito tempo para ser notada pelos estudiosos de arte. Tendo produzido poucos quadros, que pertencem a colecionadores particulares, não é de surpreender que tenha caído no esquecimento. Além do que, a arte brasileira do século XIX foi pouco pesquisada, marcada pela diferenciação entre os gêneros e o academicismo.
PERCEPÇÃO VISUAL: TEORIA E PSICOLOGIA DAS CORES
Figura 2“Um Canto no Meu Ateliê” – Abigail de Andrade
3.1 Elementos usados na obra
“Um Canto no Meu Ateliê” é a peça mais emblemática dentro das poucas que foram produzidas por Abigail. Essa peça de 1884, ficou exposta por 100 dias na Academia Imperial de Belas Arte, junto com outra peça denominada “O Cesto de Compras” de natureza morta. Ambas as peças ganharam medalha de ouro na exposição daquele ano. Vale ressaltar que foi a primeira medalha concedida a uma mulher.
Analisando a escolha das duas obras para a exposição, talvez possamos fazer uma análise da mensagem que a autora tentava passar para os frequentadores do local.
Temos sempre que ter em mente que as mulheres não tinha acesso à educação profissional em artes, então, na produção de pintura, delas era esperado apenas que desenhassem no máximo uma natureza morta. Pois bem, Abigail apresentou uma natureza morta impressionante, e este outro pequeno quadro. E ambos receberam medalha de ouro, mesmo sendo pintados por uma “amadora”.
Em “Um Canto no Meu Ateliê”, a autora condensou tudo o que ela queria dizer sobre sim. Mostrou que ela, como mulher, não figuraria na sua arte como as mulheres costumam ser retratadas. Nessa ela se apresenta como profissional, dentro do seu próprio ateliê. Ao mesmo tempo que ela é o centro da pintura, o EU que aparece, é o EU artista, pintando um retrato com posição soberana, confiante e organizada diante de seu cavalete.
O ambiente no ateliê é como se fosse, além de retratação de um ambiente de trabalho, a demonstração de que ela estudava os corpos humanos, esculturas e artistas clássicos. É como se ela estivesse dizendo que apesar de não poder estudar tais matérias, ela era perfeitamente capaz de desenhar a anatomia humana, os anjos rafaelescos, retratos de famílias e claro, a natureza morta. Ali, naquele seu canto, ela se apresentava como artista profissional. Mesmo que os críticos da época e a Academia não aceitassem isso de uma mulher.
Nessa tela premiada, Abigail se apresenta como sujeito, e o seu ateliê como ambiente de trabalho e estudo mental.
3.2 Decomposição
Figura 3Decomposição da Obra - Alunos do PIM III
Na decomposição iremos dividir os efeitos analisados usando uma cor e uma forma para identificá-los. A linha Amarela identifica a linha onde a luz direcionando o olhar do expectador para o elemento centralizado, que está identificado com um retângulo amarelo. Os círculos vermelhos percorrem o ritmo, que é como o ambiente vem sendo descoberto e as imagens vem aparecendo. As linhas retas verdes mostram o resultado do uso da profundidade na obra; e no círculo azul é possível ver um exemplo de uso da sombra para mostrar profundidade.
1. Linhas curvas amarelas: Linha/Luz
2. Retângulo roxo: Elemento centralizado
3. Círculos vermelhos: ritmo
4. Linhas retas verdes: forma/profundidade
5. Círculo azul: tom
É possível perceber a escolha de cores quentes para representar o interior do ateliê. Que estão presentes nas paredes bordô, nas texturas amadeiradas e sombreados pretos. Essa escolha promove a percepção de um ambiente aconchegante e ajuda a dar o contraste com a luz que foca nos elementos que a artista pretende que sejam vistos primeiro.
O caminho visual é feito através da iluminação que entra pela janela. Essa linha faz com que a artista seja vista primeiro, como protagonista. Dando ritmo quando nos compele a seguir para a direita, no sentido vertical com a diminuição em dégradé, observando os outros elementos do ambiente, que vão aumentando em número de acordo com a altura que vão ganhando no ambiente, nos fazendo perceber que a artista estuda outras artes e artistas. Podemos ver, assim, os quadros rafaelitas, estátuas humanas e retratos desenhados e evidenciados com o sombreamento que enfatiza as formas e profundidade evidenciando sua destreza em retratar obras clássicas.
CONCLUSÃO
Após estudar a arte e o contexto histórico vivido por Abigail de Andrade no século XIX, fica evidente que não tem como dissociar a arte e a artista. No sentido de que sua obra é muito mais do que um trabalho de uma profissional, mesmo havendo grande necessidade da artista em estar sempre à procura de demonstrar isso, sua arte é puro processo de sublimação. Onde a artista defendia o próprio direito de se expressar através da pintura,e de mostrar quem ela era de verdade. Já que, inevitavelmente o julgamento a priori sempre se referiria ao fato de ser mulher, e todas as comparações que o estigma do gênero carregava e ainda carrega socialmente.
No livro, “O Segundo Sexo”, Simone de Beauvoir diz que: (1980, p. 9, v. 2) “Ninguém nasce mulher: torna-se mulher”. E essa é uma frase que pode ajudar a entender a mensagem passada por Abigail na obra “Um Canto no Meu Ateliê”. Que todo o estereótipo que é vestido em tudo o que se é produzido por mulheres, é colocado ali pela própria sociedade. Pois a mulher só é colocada em segundo plano por um discurso que é algo que faz parte da subjetividade coletiva, pois quando o olhar sobre a pessoa mulher é aproximado e rompem-se as barreiras do julgamento da condição feminina, é possível enxergar a pessoa artista. Sempre dizemos arte e artista e não homem artista ou arte de homens (POLLOCK, 2007). É como se no mundo das artes, quem nasce mulher não pude ser apenas uma artista, mas sua imagem tem sempre que estar atrelada a alguma condição que a coloque sempre na condição de mulher. Como por exemplo, a musa, a amante, a irmã, a mãe, esposa, aluna, entre outros.
Decompor a obra “Um Canto no Meu Ateliê”, e ver como a artista se expressa através de uma “metapintura” que se explica nela mesma; e o impacto que ela pode causar em um telespectador mais sensível, faz pensar que o contato com a arte meche com nosso inconsciente e causa reflexão sobre condições impostas por tradições que não faz mais sentido algum sustentar. Esse é um aspecto importante para todo tipo de profissional que trabalha com artes e design aplicar em seus projetos. 
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
ABIGAIL de Andrade. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2020. Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa22147/abigail-de-andrade>. Acesso em: 01 de set. 2020. Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7
BEAUVOIR, Simone. O Segundo Sexo. V. 2. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1980. 502 p.
OLIVEIRA, Cláudia de. Cultura, história e gênero: a pintora Abigail de Andrade e a geracão artística carioca de 1880. 19&20, Rio de Janeiro, v. VI, n. 3, jul./set. 2011. Disponível em: <http://www.dezenovevinte.net/artistas/co_abigail.htm>.
 POLLOCK, Griselda. Visión, voz y poder: historias feministas del arte y marxismo. In. REIMAN, Karen Cordero; SÁENZ, Inda (orgs.). Crítica Feminista en la teoría e Historia del arte. México: Universidad Iberoamericana, 2007.
SIMIONI, Ana Paula Cavalcanti; MICELI, Sérgio. Profissão artista: pintoras e escultoras brasileiras entre 1884 e 1922. 2004.Universidade de São Paulo, São Paulo, 2004.
TOTA, Anna Lisa. A sociologia da arte: do museu tradicional à arte multimidia. Lisboa: Estampa, 2000.
VALE, Vanda Arantes do Pintura Brasileira do século XIX - Museu Mariano Procópio. Juiz de Fora: Clio Edições Eletrônicas, 2001, 105 p.

Continue navegando