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Desastres ambientais Acidente com Césio-137 (Goiânia, 1987)

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Acidente com Césio-137 (Goiânia, 1987)
A história do acidente começou no centro de Goiânia, local onde funcionava o Instituto Goiano de Radioterapia. Dois catadores de lixo entraram na clínica abandonada e se depararam com um enorme aparelho deixado no local. Com o intuito de vender as partes de valor, por conterem aço e chumbo, os homens levaram o equipamento até o ferro-velho de Devair Alves Ferreira na Rua 26-A, no Setor Aeroporto. Ao desmontar o equipamento, Devair encontrou uma cápsula nuclear contendo um pó de cor branca que no escuro tinha um brilho azul. Fascinado pelo material e achando ser algo de valor, ele exibiu a descoberta para familiares, amigos e vizinhos sem saber do perigo que estava em suas mãos. Como o césio é um elemento radioativo, o núcleo do seu átomo sofre desintegrações. A unidade utilizada para medir a radioatividade do material é o Becquerel (Bq), que corresponde a uma desintegração por segundo, ou o Curie (Ci), que equivale a 3,7 x 1010 desintegrações por segundo. Quando o equipamento foi fabricado em 1971 nos Estados Unidos, havia aproximadamente 28 g do cloreto de césio e a atividade radioativa era de 2.000 Ci. Ao encontrá-lo, 16 anos depois, a cápsula ainda continha 19,26 g da substância e apresentava uma atividade de 1.375 Ci ou 50.9 TBq. A quantidade de césio-137 foi suficiente para gerar uma grande contaminação, já que o radioisótopo se espalhou rapidamente por se tratar de um pó fino que adere facilmente aos locais com umidade. Horas depois do primeiro contato com o césio-137, iniciaram-se os sintomas de intoxicação. Pessoas que apresentaram tontura, diarreia e vômito recorreram aos hospitais. Sem ter conhecimento do material radioativo na região, os médicos acreditavam se tratar de uma doença contagiosa. Apenas duas semanas após a exposição, a esposa de Devair foi até à Vigilância Sanitária, levando consigo parte do equipamento que estava no ferro-velho. O acidente radioativo só foi confirmado em 29 de setembro, quando o físico nuclear Walter Ferreira foi chamado ao local e com o uso de detectores indicou os altos níveis de radiação. Imediatamente a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) foi acionada para implementar um plano de emergência. Os efeitos da radiação foram sentidos por moradores que tiveram o contato direto com o material e os que trabalharam para sanar o acidente, como médicos, enfermeiros, bombeiros e policiais, o acidente resultou em quatro vítimas fatais um mês após o contato com a substância. As principais causas foram hemorragia e infecção generalizada. O primeiro óbito foi de Leide das Neves Ferreira, uma menina de 6 anos, que se tornou símbolo da tragédia. Maria Gabriela Ferreira, que ajudou a desvendar o mistério, foi a segunda vítima fatal, assim como Israel Santos e Admilson Souza, funcionários do ferro-velho. Entretanto, estima-se que mais pessoas morreram em decorrência de complicações e muitas ainda carregam as consequências da herança radioativa. Em 1996, foram julgados os responsáveis pelo Instituto Goiano de Radioterapia. A sentença por homicídio culposo (quando não há intenção de matar) foi de três anos e dois meses de prisão, mas a pena foi substituída por prestação de serviços.
A Lei nº 9425 criada em 24 de dezembro de 1996 concedeu pensão especial para as vítimas do maior acidente nuclear no Brasil e no mundo, ocorrido fora de usinas nucleares.
O isótopo de césio-137, por exemplo, age no organismo provocando:
· hemorragias,
· infecções,
· doenças agudas,
· perda de cabelo
· morte (dependendo da quantidade e tempo de exposição).

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