Buscar

Guia da Disciplina (1) interprete libras

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 41 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 41 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 41 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Intérprete de Libras em salas de EB 
Esp. Michelle Oliveira Marques 
GUIA DA 
DISCIPLINA 
 2020 
 
 
1 Intérprete de Libras em salas de EB 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
1. REVISÃO GERAL E NOVAS DEFINIÇÕES 
 
Diferença entre Surdez e Pessoa com Deficiência Auditiva 
 
Para iniciarmos essa disciplina precisaremos antes de tudo fazer uma pequena 
revisão no que já foi visto na disciplina de Libras1, também ministrada por mim. Será apenas 
uma revisão geral, pois o detalhamento do que será discutido já está no material didático 
de Libras. 
 
Quando pensamos em pessoa com déficit auditivo precisamos saber definir 
claramente as diferenças entre pessoa com surdez e com deficiência auditiva. Muito se vê 
na literatura essas informações descritas como uma coisa só ou definindo como definições 
distintas, mas que pedagogicamente falando são iguais. Desta última descrição eu devo 
discordar. Há sim, uma corrente filosófica muito forte em que se diz que a pessoa que tem 
qualquer tipo de déficit auditivo pode ser chamada de surda desde que ela se identifique 
com a Libras e com a Cultura Surda. Ou seja, para essa corrente o pensamento é de que 
desde de que se haja uma compatibilidade no pensamento da corrente da Cultura Surda e 
da escolha de fazer uso da Libras você pode e deve se autointitular como uma pessoa 
surda. Acredito ser um pensamento válido e precisamos respeitar essa escolha. No entanto, 
para fins educativos farei a classificação dos diferentes tipos de déficit auditivo em dois: 
pessoas com deficiência auditiva e pessoas com surdez. Usaremos a classificação 
biológica destas perdas e a sua caracterização, respeitando a opção individual e filosófica 
de cada um em se intitular da maneira que mais se sinta confortável. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1 L ibras: L íngua de s ina is bras i le i ra 
 
 
2 Intérprete de Libras em salas de EB 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
 
Fonte: Imagem do Google 
 
Essa é uma orelha e ela é dividida em 3 partes. Para que o som seja captado e 
decodificado no cérebro, sem alterações, ele precisa passar por todo esse sistema sem 
que haja nenhum problema. Essa “máquina” tem que estar em perfeito funcionamento. 
Qualquer mínima alteração causará uma interferência no reconhecimento deste som 
recebido. Seja pelo volume, intensidade ou entendimento do que está sendo ouvido. 
 
 
 
 
 
O SOM 
 
 
 
 
 
Compreender essas possíveis perdas e falhas na audição nos ajuda a identificar a 
diferença entre uma pessoa com deficiência auditiva e uma com surdez. A perda auditiva 
seria, em termos gerais, como tudo aquilo que sai dos padrões considerados normais de 
audição. Ela pode variar desde uma dificuldade de reconhecer alguns sons, quanto a uma 
ausência total do reconhecimento sonoro. Para se compreender os graus da classificação 
auditiva é preciso se falar, brevemente, sobre ao audiometria e o audiograma. 
 
Audiometria 
 
A Audiometria é, basicamente, uma avaliação que determina se a pessoa escuta, 
com qual qualidade sonora e em que quais intensidades. A Audiometria pode ser feita de 
bebês a adultos. Sendo realizado por um fonoaudiólogo. Em bebês o teste é feito com um 
aparelho específico e em crianças e adultos em uma cabine acusticamente tratada, para 
que se evite a interferência de sons e ruídos, para que se obtenha um resultado mais 
preciso. 
 
O Audiograma, nada mais é do que o gráfico com as coordenadas nas quais são 
registradas as frequências (Hz) e as intensidades (dB) das indicações sonoras mínimas 
Orelha 
interna 
Orelha 
Média 
Orelha 
Externa 
Capta e 
Conduz 
Vibra e 
Desloca 
Processa e 
Decodifica 
 
 
3 Intérprete de Libras em salas de EB 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
que determinam que a pessoa avaliada está tendo estas percepções de som. Com este 
gráfico é possível se observar os dados destes limiares. 
 
 
Fonte: Imagem do Google 
O audiograma acima, que vocês já conhecem, é apenas um modelo ilustrado, não é 
real. O interessante de se observar nessa ilustração é onde estão os sons da fala, ou seja, 
em qual frequência e intensidade determinada letra é compreendida. Qual é a faixa em que 
nós conseguimos ouvir os sons da fala. Eles estão em posições diferentes e precisam de 
intensidades diferentes. Imagine que fazer o som /B/ é diferente de se fazer o som /S/. Não 
é uma linha reta. Por isso, temos tantas variações de perdas auditivas. Cada caso se torna 
único, cada criança tem a sua necessidade. 
 
Limiares Auditivos 
 
Representado no quadro abaixo, estão os dados de identificação das faixas 
auditivas, a classificação e as médias dos limiares. Este quadro é de suma importância para 
que possamos definir a pessoa deficiente auditivo e a pessoa com surdez. Abaixo do 
quadro faremos a descrição das características de cada uma delas. 
 
 
 
 
 
4 Intérprete de Libras em salas de EB 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
IDENTIFICAÇÃO CLASSIFICAÇÃO MÉDIAS LIMIARES 
Ouvinte Audição Normal 0 a 25 dB 
Pessoa com Déficit Auditivo 
Perda Leve 26 a 40 dB 
Perda Moderada 41 a 70 dB 
Surdo ou Pessoa com 
Surdez 
Perda Severa 71 a 90 dB 
Perda Profunda A partir de 91 dB 
 
Características 
 
Audição Normal: identifica os sons normalmente, não apresentando qualquer 
alteração. 
Deficiência Auditiva: de 0 a 25 dB, 
- Perda Leve: de 26 a 40 dB, voz fraca e distante não é ouvida, a pessoa pode ser 
considerada “desatenta”, pode apresentar dificuldade na leitura ou na escrita, a aquisição 
da linguagem e o início da alfabetização pode ser considerada lenta. Às vezes, passa-se 
desapercebida, por ser muito sutil. Por vezes, quem identifica essas nuances é o professor 
nos primeiros anos escolares. 
- Perda Moderada: de 41 a 70 dB, percebe os sons da voz, mas é preciso mais 
intensidade (volume). Os sons se confundem quando está em um ambiente com mais ruído. 
Pode apresentar um atraso de fala, na linguagem e na discriminação de certos fonemas. 
 
Surdez 
- Perda Severa: de 71 a 90 dB, mais facilidade em reconhecer os sons/ ruídos graves. 
Reconhece a voz mais grave (grossa). Precisa de pistas visuais para “ouvir” melhor, ou 
seja, se a pessoa com perda severa não tiver visão do rosto de quem está falando poderá 
ter muita dificuldade ou chegar a não reconhecer com clareza o que está sendo dito. A 
pessoa com perda severa irá precisar de algumas adequações e auxílios para fazer o 
melhor uso da sua audição. 
 
- Perda Profunda: acima de 90 dB. Não é capaz de reconhecer a voz humana, tem 
mais facilidade com as pistas visuais. Terá muita dificuldade de se comunicar oralmente. 
Precisa de adequações específicas para um melhor aprendizado. 
 
 
5 Intérprete de Libras em salas de EB 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Identificar as características acima é de suma importância, mas ainda será necessário 
o nosso senso de observação e um conhecimento um pouco mais aprofundado a respeito 
do tema. Dissemos anteriormente que o reconhecimento dos sons não é linear e que a 
estrutura da orelha é subdividida em 3 partes, cada uma com uma função. Sendo assim, a 
perda auditiva também não acontece de maneira linear. Uma mesma pessoa pode ter 
combinações de perdas auditivas diferentes para cada ouvido, vendo-se que eles não 
funcionam juntos, como os olhos. Um ouvido complementa o outro, como por exemplo 
localizar de onde vem o som. Uma orelha é capaz de perceber que o som está mais próximo 
daquele lado do que do outro. 
 
 Pensando desta maneira, uma mesma pessoa pode ter uma perda leve em um ouvido 
e ter uma perda profunda em outro. É aí que começa a confusão! Precisamos sempre 
considerar a audição com mais perda, para qualificar como surdo ou com deficiência 
auditiva. 
Como saber fazer essa identificação? A criança, se já diagnosticada, irá apresentar 
na escolauma audiometria e no final desta folha (setas azuis) terá escrito o diagnóstico. 
Como no exemplo abaixo: 
 
 
 
Fonte: https://slideplayer.com.br/slide/326738/ 
 
Olhar esse laudo em um primeiro momento pode causar um certo estranhamento. 
Inicialmente, foque apenas em dois pontos principais. Esses serão primordiais para receber 
o seu aluno com déficit auditivo e ainda obter alguma informação do que está por vir. No 
https://slideplayer.com.br/slide/326738/
 
 
6 Intérprete de Libras em salas de EB 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
local dessas setas azuis estará escrito a perda auditiva da criança, ou seja, o diagnóstico. 
Você encontrará a nomenclatura OE e OD, para orelha esquerda e orelha direita. E após a 
nomenclatura a perda, que pode ser de várias combinações. Exemplo: OE- perda leve 
moderada e OD- perda severa profunda. Lembre-se sempre que as perdas não são 
lineares, podem ter muitas variações. Já nas setas vermelhas você encontra as marcações 
de onde o fonoaudiólogo conseguiu identificar que a criança começou a responder aos 
estímulos auditivos. Ou seja, vai estar marcada na posição que a criança respondeu ao 
estímulo de som. Olhando para essas marcas e olhando para o audiograma ilustrado, você 
poderá identificar qual a percepção do som desta criança, tanto quanto identifica-lo na sua 
perda auditiva. No caso exemplificado acima o diagnóstico foi OE- perda leve moderada e 
OD- perda severa profunda. Na OE ele seria deficiente auditivo e na OD ele seria surdo. 
Partindo disso você poderia enquadrá-lo como surdo para um reconhecimento inicial. 
Geralmente iniciamos com o olhar pela perda que traz mais prejuízos auditivos. Agora você 
já tem um início. Por essa descrição inicial ela precisará de intérprete de Libras. 
 
Uma pergunta que pode estar acontecendo neste momento é: “Se eu terei um tradutor 
intérprete de Libras por que eu preciso saber isso?”. Essa pergunta é bem interessante e 
vamos a algumas possibilidades, outros detalhes a mais, falaremos mais adiante no 
decorrer da disciplina. Uma das possíveis respostas seria de que nem sempre o aluno surdo 
chegará já acompanhado por um tradutor intérprete de Libras, às vezes, o diagnóstico 
acabou de sair ou ele é aluno novo na rede ou mesmo diante do diagnóstico os 
pais/responsáveis não aceitam um tradutor com ele. Uma segunda possibilidade é a de que 
o tradutor está iniciando aquele ano com aquele aluno e ele também não sabe essa 
informação, ou talvez no seu curso de Libras para ser tradutor intérprete ele aprendeu a 
interpretar em Libras, mas não teve o ensino de como classificar os tipos de perda. Há 
diferentes cursos de Libras no mercado e cada um tem uma característica. 
 
Talvez o ainda mais essencial, esse aluno será seu, ele é de sua responsabilidade. 
Cabe a você buscar o máximo de informação possível a respeito dele. Quase sempre os 
próprios pais não sabem definir os seus filhos. Também veremos sobre isso mais a frente. 
 
 
 
 
 
 
 
 
7 Intérprete de Libras em salas de EB 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Tradutor Intérprete de Libras 
 
O TILS2 deve ter por atuação à inclusão da pessoa surda em diferentes aspectos, 
podendo ser social, profissional, cultural, educativa e social. Teve possuir fluência na língua 
de sinais e também na língua portuguesa. Muito comumente o TILS são chamados para 
intermediar a comunicação entre surdos e ouvintes em palestras, eventos, entrevistas, 
consultas médicas entre outros. Além de fazerem parte dos profissionais envolvidos nas 
escolas para a facilitação do processo de interação escolar do aluno com surdez. Ele pode 
ser considerado a “ponte” de comunicação. 
 
Por serem, os TILS, responsáveis por essa “ponte” comunicativa, eles devem seguir 
alguns preceitos de imparcialidade, discrição, confiabilidade e fidelidade. Tais preceitos 
estão descritos em seu código de ética, que veremos a seguir. 
 
Legislação 
 
O Decreto n° 5.626 de 22 de dezembro de 2005, que regulamenta a Lei nº 10463 de 
24 de abril de 2002, mais especificamente no Capítulo IV, Art. 14 garante às pessoas surdas 
acesso a comunicação, à informação e a educação, tornando obrigatória a oferta de 
profissionais para tradução e interpretação de Libras – Língua Portuguesa (e vice versa), 
nos contextos educacionais públicos ou privados. 
 O mesmo decreto, no Capítulo VI, garante o direito dos alunos com deficiência à 
educação, e que os mesmos sejam incluídos na rede regular de ensino, com a presença 
do intérprete de língua de sinais. É possível observar que este decreto n°5.626 é dezembro 
de 2005, ele faz algumas previsões para o que seriam os próximos 10 anos. Este decreto 
ainda se mantém válido e pouca coisa se alterou no decorrer destes 15 anos. Outros 
decretos foram sancionados e alguns ainda estão em discussão, mas o mais efetivo até o 
momento é este. 
 
 
 
 
2 TILS: Tradutor Intérprete de Libras 
 
 
8 Intérprete de Libras em salas de EB 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Nomenclatura 
 
No decorrer histórico muitas foram as nomenclaturas para a função do intérprete de 
Libras. É possível termos como intérprete, tradutor intérprete (TI), intérprete alfabetizador, 
tradutor alfabetizador, intérprete de língua de sinais (ILS), intérprete educacional (IE), entre 
outros. Estas nomenclaturas muito tem a ver com as funções e características da função 
do intérprete e por vezes, se referem a uma nomenclatura criada por um órgão em 
específico. Para facilitarmos, utilizaremos o termo TILS, ou seja, tradutor intérprete de 
Língua de Sinais. 
 
Formação 
 
 No decreto n° n°5.626/2005, todo o Capítulo V do referido decreto n° 5.626, trata da 
formação do Tradutor e Intérprete de Libras. 
“Art. 17. A formação do tradutor e intérprete de Libras - Língua Portuguesa deve 
efetivar-se por meio de curso superior de Tradução e Interpretação, com habilitação 
em Libras - Língua Portuguesa. 
 Art. 18. Nos próximos dez anos, a partir da publicação deste Decreto, a 
formação de tradutor e intérprete de Libras - Língua Portuguesa, em nível médio, 
deve ser realizada por meio de: 
 I - Cursos de educação profissional; 
 II - Cursos de extensão universitária; e 
 III - cursos de formação continuada promovidos por instituições de ensino 
superior e instituições credenciadas por secretarias de educação. 
 Parágrafo único. A formação de tradutor e intérprete de Libras pode ser 
realizada por organizações da sociedade civil representativas da comunidade surda, 
desde que o certificado seja convalidado por uma das instituições referidas no inciso 
III. 
 Art. 19. Nos próximos dez anos, a partir da publicação deste Decreto, caso 
não haja pessoas com a titulação exigida para o exercício da tradução e 
interpretação de Libras - Língua Portuguesa, as instituições federais de ensino 
devem incluir, em seus quadros, profissionais com o seguinte perfil: 
 I - Profissional ouvinte, de nível superior, com competência e fluência em 
Libras para realizar a interpretação das duas línguas, de maneira simultânea e 
consecutiva, e com aprovação em exame de proficiência, promovido pelo Ministério 
da Educação, para atuação em instituições de ensino médio e de educação 
superior; 
 II - Profissional ouvinte, de nível médio, com competência e fluência em Libras 
para realizar a interpretação das duas línguas, de maneira simultânea e 
consecutiva, e com aprovação em exame de proficiência, promovido pelo Ministério 
da Educação, para atuação no ensino fundamental; 
 
 
9 Intérprete de Libras em salas de EB 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
 III - profissional surdo, com competência para realizar a interpretação de 
línguas de sinais de outros países para a Libras, para atuação em cursos e eventos. 
 Parágrafo único. As instituições privadas e as públicas dossistemas de ensino 
federal, estadual, municipal e do Distrito Federal buscarão implementar as medidas 
referidas neste artigo como meio de assegurar aos alunos surdos ou com deficiência 
auditiva o acesso à comunicação, à informação e à educação. 
 Art. 20. Nos próximos dez anos, a partir da publicação deste Decreto, o 
Ministério da Educação ou instituições de ensino superior por ele credenciadas para 
essa finalidade promoverão, anualmente, exame nacional de proficiência em 
tradução e interpretação de Libras - Língua Portuguesa. 
 Parágrafo único. O exame de proficiência em tradução e interpretação de 
Libras - Língua Portuguesa deve ser realizado por banca examinadora de amplo 
conhecimento dessa função, constituída por docentes surdos, linguistas e 
tradutores e intérpretes de Libras de instituições de educação superior. 
 Art. 21. A partir de um ano da publicação deste Decreto, as instituições 
federais de ensino da educação básica e da educação superior devem incluir, em 
seus quadros, em todos os níveis, etapas e modalidades, o tradutor e intérprete de 
Libras - Língua Portuguesa, para viabilizar o acesso à comunicação, à informação 
e à educação de alunos surdos. 
 § 1o O profissional a que se refere o caput atuará: 
 I - nos processos seletivos para cursos na instituição de ensino; 
 II - Nas salas de aula para viabilizar o acesso dos alunos aos conhecimentos 
e conteúdos curriculares, em todas as atividades didático-pedagógicas; e 
 III - no apoio à acessibilidade aos serviços e às atividades-fim da instituição de 
ensino. 
 § 2o As instituições privadas e as públicas dos sistemas de ensino federal, 
estadual, municipal e do Distrito Federal buscarão implementar as medidas 
referidas neste artigo como meio de assegurar aos alunos surdos ou com deficiência 
auditiva o acesso à comunicação, à informação e à educação.” 
 
 Pode-se observar que o crescimento pela oferta da capacitação do tradutor intérprete 
nos cursos superiores, educação profissional e extensão universitária tem aumentado no 
decorrer dos últimos anos. Esta é uma boa iniciativa em busca de atender a demanda nos 
próximos anos, no entanto a Libras é uma língua e como tal necessita de prática para o 
alcance da sua fluência. Sendo assim, é preciso tempo e muita prática. O que comumente 
ocorre é que o tradutor intérprete se capacita e vai desenvolver a sua fluência na prática. A 
falta de profissionais capacitados e a alta procura pela profissão faz com que as instituições 
escolares e redes de ensino tenham que se adaptar em relação ao que intitula o decreto e 
a realidade vivenciada por eles. Falaremos mais sobre isso no decorrer da disciplina. 
 
 
 
 
10 Intérprete de Libras em salas de EB 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Funções 
 
De acordo com a cartilha do MEC do Programa Nacional de Apoio à Educação dos 
Surdos intitulado "O tradutor e intérprete de língua brasileira de sinais e língua portuguesa", 
a função do intérprete é fazer a interpretação do que foi dito de uma língua (língua fonte) 
para outra (língua alvo), e intérprete de língua de sinais é a pessoa que interpreta de uma 
dada língua de sinais para outra língua, ou desta outra língua para uma determinada língua 
de sinais. Ou seja, da Libras para a língua portuguesa e da língua portuguesa para a Libras. 
 
É de suma importância que este profissional possua fluência e domínio pleno da 
língua de sinais (Libras) para evitar as traduções literais, ou o português sinalizado (mera 
substituição de signos do código linguístico oral / escrito, por signos do código linguístico 
sinalizado), assim como possuir pleno domínio da Língua Portuguesa. Tendo por principal 
característica dar acesso ao surdo às informações apresentadas. Para tal ele precisa 
possuir fluência dos sinais e na língua portuguesa, para que possa transitar pelas duas 
línguas utilizando a estrutura gramatical correta de ambas. Mostrando a importância da 
imparcialidade e ética como essência desse profissional. 
 
Professor da Educação Especial 
 
 A Educação Especial, como um todo, teve as suas funções reformuladas a partir da 
Política Nacional de Educação Especial de 2008, dando continuidade pelo Parecer 
n°13/2009 do CNE-CEB e com a Resolução 04/2009 do CNE-CEB. Esta última resolução 
cria uma nova perspectiva para as funções da Educação Especial e traz o início das salas 
de Atendimento Educacional Especializado (AEE). Dentre as normativas está a definição 
da funcionalidade do AEE separados por cada deficiência, visto que cada uma tem uma 
necessidade distinta, a obrigatoriedade da matricula do aluno com deficiência no ensino 
regular, assim como a liberação de verba do FUNDEB para esses novos espaços. 
 
 A Resolução 04/2010 do CNE-CEB define as Diretrizes Curriculares Nacionais 
Gerais para a Educação Básica, identifica a educação especial não mais como uma 
modalidade educacional específica, mas como uma parte integrante do ensino regular e 
que deve estar identificada como tal no projeto-pedagógico da unidade escolar. 
 
 
 
11 Intérprete de Libras em salas de EB 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
 Atualmente ao falarmos de educação inclusiva estamos nos referindo aos alunos 
que foram incluídos no ensino regular. Já a educação especial tornou-se parte de um 
serviço que ocorrerá durante todo o processo pedagógico da criança de inclusão. 
 
ANTES ATUALMENTE 
 
Creche 
Educação Infantil 
Ensino Fundamental 
Ensino Médio 
Ensino Superior 
Educação Especial 
 
 
Creche 
Educação Infantil 
Ensino Fundamental 
Ensino Médio 
 Ensino Superior 
 
 
As novas diretrizes da Educação Inclusiva e o aumento da demanda de crianças 
com deficiência nas salas de aula de ensino regular, trouxe um aumento da busca dos 
cursos superiores em Educação Especial. Esses futuros profissionais estão em busca de 
se aprimorarem e se especializarem, sendo na modalidade de primeira ou segunda 
licenciatura. A diplomação em Educação Especial lhes conferirá a capacitação para 
atuarem nas salas de Atendimento Educacional Especializado (AEE), salas especiais e em 
instituições para deficientes, tais como as APAES. 
 
Sala Regular 
 
O docente formado em educação especial só poderá atuar na sala regular de ensino 
se tiver também o diploma de pedagogia ou licenciatura específica (letras, matemática, 
biologia...). O que seria de grande valia para o seu aprimoramento profissional para o 
atendimento da demanda de crianças de inclusão. O professor de pedagogia ou licenciatura 
específica receberá o aluno de inclusão em sua sala regular, tendo ou não um diploma de 
educação especial. Como dito no tópico acima, desde de 2009 o professor regular é o 
responsável direto pelo processo educativo da criança de inclusão, tendo o suporte da 
educação especial. 
 
 
 
Educação Especial 
 
 
12 Intérprete de Libras em salas de EB 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
AEE 
O Atendimento Educacional Especializado permite que o aluno de inclusão 
desenvolva mecanismos que melhor o capacite para estar incluído na sala regular. Para 
que este seja um recurso de sucesso todos os envolvidos pela educação do aluno de 
inclusão devem estar conectados. A instituição escolar deve se adequar as necessidades 
do aluno de inclusão e não o inverso. 
 
No caso específico desta disciplina, pode-se dizer que a titulação em educação 
especial permitirá ao docente diplomado a sua atuação nas salas de AEE específicas para 
surdos ou nas generalistas, ou seja, aquelas que abrangem a todos os alunos de inclusão 
naquela instituição escolar em contraturno. Aos alunos surdos dessa instituição o professor 
do AEE deve assegurar o aprendizado ou desenvolvimento da Libras, promover atividades 
específicas, orientar o corpo docente em relação as características linguísticas destes 
alunos, entreoutras funções. O AEE de surdos é dividido em 3 categorias: ensino em 
Libras, para o ensino da Libras e para o ensino da língua portuguesa. 
 
Sala Especial 
 
Desde a Resolução de 2009, as salas especiais foram extintas. As que se 
mantiveram foram às custas de justificativas de demanda, embora a quantidade tenha sido 
drasticamente reduzida. Lembrando que as salas especiais a partir de 2010 deveriam ser 
totalmente extintas, visto que a verba do FUNDEB estava agora predestinada as salas de 
AEE. Algumas escolas especiais conseguiram se manter. 
 
Desde essa nova política de inclusão (2008) há várias discussões em relação ao 
melhor ambiente de desenvolvimento para a criança de inclusão, principalmente as que 
tem diagnósticos mais específicos ou possuem limitações físicas ou sensoriais mais 
severas. Em 2018, essa discussão volta à tona com mais força, quando se começa a falar 
sobre a nova Política de Educação Especial (após 10 anos da última). Grupos de opiniões 
se dividem entre aqueles que consideram a abertura das salas especiais como um 
retrocesso e aqueles que acreditam que elas são necessárias e primordiais, visto que 
trabalham as questões específicas de cada deficiência em um ambiente pedagógico 
destinado para elas. Vale lembrar que as salas de educação especial são agrupamentos 
 
 
13 Intérprete de Libras em salas de EB 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
por deficiência, sendo assim, há salas especiais só para surdos, só para TEA3, só para 
cegos e deficientes visuais. 
 
Aos poucos municípios que ainda possuem salas especiais é exigida a graduação 
em educação especial para o professor poder atuar. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 TEA: Transtorno do Espectro Aut is ta ou Aut ismo 
 
 
14 Intérprete de Libras em salas de EB 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
2. IDENTIFICAÇÃO DOS PAPÉIS 
 
Definição do Tradutor Intérprete Educacional 
 
O tradutor intérprete educacional deve dar apoio linguístico ao aluno surdo de 
inclusão, mediando à comunicação entre os alunos surdos usuários da Libras e as outras 
pessoas do espaço educacional, sendo elas os outros alunos, professores e equipe escolar. 
O TILS deverá traduzir do português para a Libras e vice-versa, participando das interações 
educacionais e sociais dentro do ambiente escolar. 
 
Atualmente a presença de um tradutor intérprete de Libras nas unidades escolares 
das redes públicas são assegurados por uma legislação específica. Recebendo bastante 
destaque nos últimos anos. Com a obrigatoriedade e o crescimento de demanda o TILS se 
tornou um profissional bastante requisitado nos ambientes escolares. No entanto, devido à 
escassez do mercado e a falta de mão de obra qualificada tem sido muito comum os 
Estados e os Municípios fazerem algumas adaptações à esta função. 
 
Atuação no Ambiente Escolar 
 
 O TILS estará na sala de aula do ensino regular se houver um aluno que se enquadre 
nos parâmetros definidos para esse recurso, ou seja, ser surdo e necessitar do uso da 
Libras. Neste caso os alunos com deficiência auditiva de graus de leve a moderada não 
teriam esse acompanhamento, visto que fazem uso da oralidade. O tradutor intérprete de 
Libras deve promover o conhecimento e apresentar os conteúdos pedagógicos 
apresentados pelo professor regente. 
 
 Dependendo do ano escolar que a criança surda de inclusão se encontre ou o 
contato que este aluno teve com a Libras, o tradutor intérprete também fará um trabalho de 
aumento do vocabulário em Libras ou a introdução da mesma. Embora a indicação é que 
este aluno surdo busque o aprendizado da Libras e comunidades surdas ou centros e 
instituições bilingues ou ainda frequentar a sala de Recursos Multifuncionais que faz parte 
do programa de AEE. Eles locais indicados teriam por objetivo inserir a criança com surdez 
a Libras, afim de melhor usufruir do tradutor de Libras em sala de aula. 
 
Algumas funções que o tradutor intérprete educacional pode desempenhar: 
 
 
15 Intérprete de Libras em salas de EB 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
 
- Oportunizar ao aluno surdo condições de aprendizagem dos conteúdos apresentados pelo 
professor. 
- Acompanhar o aluno surdo nas avaliações, caso o professor não se oponha, para lhe dar 
as explicações necessárias no caso da avaliação ser por escrito. O TILS poderá apresentar 
o significado das palavras que o aluno não conhece na sua forma escrita ou traduzir para 
Libras o conteúdo da prova. Sem interferir nas respostas. 
- Fornecer informações sobre a importância da interação do professor regente com a aluno 
com surdez, buscando o vínculo entre eles. 
- Estar em todas as aulas, inclusive as disciplinas complementares, como artes e educação 
física. O professor não pode se opor a presença do intérprete nas suas aulas, a não ser no 
dia da avaliação. 
- Cumprir o seu horário na escola, mesmo que o aluno surdo falte. O TILS poderá utilizar 
esse tempo para pedir para o professor os materiais que serão dados em aulas futuras para 
que ele possa se antecipar os sinais deste conteúdo. 
- Participar dos encontros e atividades pedagógicas que envolvam a escola, encontros 
culturais, festas comemorativas. O aluno surdo também deve fazer parte dessas 
comemorações. 
 
Ética 
 
A ética é um dos princípios fundamentais do TILS. Ele foi criado para nortear a 
postura do tradutor intérprete de Libras. No código de ética se define desde a 
confidencialidade quanto as vestimentas mais apropriadas para uma tradução mais efetiva. 
No entanto, alguns desses requisitos não se aplicam ao TILS escolar, visto que se trata de 
um público menor e mais próximo se comparado a uma tradução em Libras para um canal 
televisivo. Contudo, alguns intérpretes mantem alguns padrões de vestimenta mesmo em 
sala de aula, principalmente se estiverem em um ambiente com amis pessoas, para que o 
enfoque seja a tradução em si e não o tradutor. 
 
Alguns pontos importantes que devem ser conhecidos do código de ética do TILS 
especificamente para os de atuação educacional encontrados no código de ética que é 
parte integrante do Regimento Interno do Departamento Nacional de Intérpretes (FENEIS). 
D - Registro dos Intérpretes para Surdos - em 28-29 de janeiro de 1965, Washington, EUA) 
Tradução do original Interpreting for Deaf People, Stephen (ed.) USA por Ricardo Sander. 
 
 
16 Intérprete de Libras em salas de EB 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Adaptação dos Representantes dos Estados Brasileiros - Aprovado por ocasião do II 
Encontro Nacional de Intérpretes - Rio de Janeiro/RJ/Brasil – 1992: 
 
CAPÍTULO 1 Princípios Fundamentais 
 Art. 2°. O intérprete deve manter uma atitude imparcial durante o transcurso da 
interpretação, evitando interferências e opiniões próprias, a menos que seja requerido pelo 
grupo a fazê-lo; 
Art.3°. O intérprete deve interpretar fielmente e com o melhor da sua habilidade, sempre 
transmitindo o pensamento, a intenção e o espírito do palestrante. Ele deve lembrar-se dos 
limites de sua função e não ir além de a responsabilidade; 
Art.5°. O intérprete deve adotar uma conduta adequada de se vestir, sem adereços, 
mantendo a dignidade da profissão e não chamando atenção indevida sobre si mesmo, 
durante o exercício da função. 
 
CAPITULO 3 Responsabilidade Profissional 
Art. 9°. O intérprete deve considerar os diversos níveis da Língua Brasileira de Sinais bem 
como da Língua Portuguesa; 
Art.11º. O intérprete deve procurar manter a dignidade, o respeito e a pureza das línguas 
envolvidas. Ele também deve estar pronto para aprender e aceitar novos sinais, se isso for 
necessário para o entendimento; 
Art.12°. O intérprete deve esforçar-se para reconhecer os vários tipos de assistência ao 
surdo e fazer o melhor para atender as suas necessidades particulares. 
 
CAPITULO 4Relações com os Colegas 
Art.13°. Reconhecendo a necessidade para o seu desenvolvimento profissional, o intérprete 
deve agrupar-se com colegas profissionais com o propósito de dividir novos conhecimentos 
de vida e desenvolver suas capacidades expressivas e receptivas em interpretação e 
tradução. 
Parágrafo único. O intérprete deve esclarecer o público no que diz respeito ao surdo sempre 
que possível, reconhecendo que muitos equívocos (má informação) têm surgido devido à 
falta de conhecimento do público sobre a área da surdez e a comunicação com o surdo. 
 
Tradutor Intérprete na Sala de Aula Regular de Ensino 
 
 
 
17 Intérprete de Libras em salas de EB 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
 A atuação do TILS na sala regular de ensino é de identificar as características 
linguísticas do aluno surdo atendido, definir um melhor plano de atuação para o seu 
desenvolvimento em relação a Libras, servir de interação comunicativa entre o professor 
regente e o aluno surdo, buscar a antecipação dos conteúdos curriculares que serão 
apresentados ao aluno para que ele possa se antecipar com outros materiais de apoio, 
traçar estratégias juntamente ao professor regente de como incluir este aluno com surdez 
com os outros discentes da sala de aula, buscar uma relação de troca profissional com o 
professor para que busquem alternativas de auxiliar o trabalho do mesmo e para que ele 
possa melhor entender quais são as dificuldades e limitações linguísticas desse aluno 
surdo. 
 
Tradutor Intérprete na Sala no AEE 
 
Como vimos anteriormente o AEE de surdos é dividido em 3 categorias: ensino em 
Libras, para o ensino da Libras e para o ensino da língua portuguesa. Nas duas primeiras 
categorias, ensino em Libras e ensino da Libras, o professor deve ser fluente em Libras. O 
que não se faz necessário, mas seria prudente, na terceira categoria. Quando há essa 
subdivisão de atendimentos só há a necessidade do acompanhamento do TILS na 
categoria de ensino da língua portuguesa, caso o professor não faça uso da Libras. 
Também pode ocorrer que em uma determinada unidade escolar só haja a sala de 
AEE composta, ou seja, abrangendo todas as deficiências em um mesmo espaço físico de 
trabalho, sem que haja as subdivisões determinadas pelas diretrizes da educação inclusiva. 
Neste caso ocorre do professor de AEE, às vezes, não ser fluente em Libras, ele pode ter 
uma formação específica em outro tipo de deficiência. Sendo assim, quando se fizer 
necessário o acompanhamento do TILS com o aluno surdo na sala de AEE, as suas funções 
serão as mesmas das descritas no tópico anterior 
 
Antigamente a formação do professor de educação especial poderia ser em uma 
única área de atuação, como déficit visual. Sendo assim, seria necessária a presença do 
TILS na sala de AEE acompanhando o seu aluno surdo. No entanto, isso só é possível se 
o aluno frequentar a sala de AEE no mesmo turno e não no contraturno. Isso às vezes 
acontece na prática, mesmo que não seja especificado pelas diretrizes do AEE. Nestes 
casos alguns municípios fazem escolas de inclusão polos, tentando matricular naquela 
unidade alunos de uma mesma deficiência. Assim, poderia compor uma equipe mais coesa 
e capacitada para aquela área de atuação. Outra adaptação que costuma ocorrer na prática 
 
 
18 Intérprete de Libras em salas de EB 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
é a de se ofertar o AEE em outra unidade escolar, onde haja um professor de AEE fluente 
em Libras. Essas duas opções, também não estão definidas nos parâmetros de atuação no 
AEE, mas fazem parte de pequenas adequações de médio porte que os municípios optam. 
 
 
Tradutor Intérprete na Sala de Educação Especial 
 
 Não há a atuação do TILS em salas de educação especial para surdos, pois o 
professor regente desta sala deverá ter os requisitos específicos para a sua atuação na 
mesma, dentre eles a fluência em Libras. 
 
 Caso o aluno com surdez tenha mais outro déficit associado, ou seja, em 
comorbidade geralmente opta-se pela sala especial onde ele tem mais limitações. Exemplo 
1: criança surda e com baixa visão, geralmente, é encaminhada para a sala especial de 
crianças surdas. Pois, o seu prejuízo maior está na audição. 
Exemplo 2: criança com deficiência auditiva e com cegueira, geralmente, é encaminhada 
para a sala de especial de crianças deficiente visuais. 
 
 Lembrando que atualmente quase não há salas especiais nas redes públicas de 
ensino. Muitos municípios não possuem nenhuma. Logo os exemplos acima são apenas 
para os municípios que possuem estas salas e que podem fazer essa opção. Mesmo assim, 
deve haver uma limitação muito específica para se justificar a matricula na sala especial. 
Em relação as salas especiais para surdos, elas se encontram praticamente extintas, pois 
a priorização das Políticas de Inclusão é que elas estejam em sala regular. O que há são 
poucas escolas públicas bilingues, língua de sinais e língua portuguesa. A maioria delas já 
existiam antes das diretrizes de 2009 e conseguiram se manter ativas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
19 Intérprete de Libras em salas de EB 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
3. SUBJETIVIDADE DA PRESENÇA DO TRADUTOR INTÉRPRETE 
 
 De uma maneira geral os dicionários identificam a palavra subjetividade como o 
oposto a objetividade. Sendo assim, podemos definir subjetividade como algo relacionado 
a um ponto de uma pessoa, que esta diretamente ligada as suas influências culturais, 
religiosas, educacionais e experiencias. Mais relacionado ao íntimo de uma pessoa. 
Relação subjetiva com as coisas ou as pessoas. Exemplo: saber que um morango é um 
morango é um ponto objetivo indiscutível. Ele é o que é! Agora, se o morango te traz um 
certo prazer ao comer ou se você acredita que o morango é uma das piores frutas que você 
já experimentou, esses seriam os pontos subjetivos. Pois, trazem as marcas que você tem 
sobre esse elemento. No caso o morango. 
 
Representatividade do Tradutor Intérprete na Sala de Aula 
 
 Por que precisamos falar sobre a subjetividade da presença do tradutor? Como já 
vimos, anteriormente, há uma legislação específica, um código de ética e outras definições 
relacionados ao tradutor intérprete de Libras. Todas estas questões abordadas são de 
suma importancia para a dinâmica do TILS. Mas, quando estamos falando do TILS 
educacional, estamos lidando com um indivíduo que terá uma relação, embora que 
profissionalmente falando, diária e direta com o aluno surdo de inclusão e com o professor 
da sala regular. Não podemos ignorar que essa relação de proximidade pode vir a criar 
outros vínculos, transpassando as questões da fidelidade e neutralidade na interpretação. 
Trata-se de interações humanas e o vínculo torna-se quase que inegável. 
 
 Precisamos compreender essa relação entre o TILS e o aluno surdo. Como ela se 
manifesta e como devemos lidar com essa vivência. A partir do momento em que se cria o 
vínculo, a imparcialidade na tradução quase deixa de existir, pois o TILS sabe as 
dificuldades do aluno com surdez e muito provavelmente ele irá romper as barreiras de 
distânciamento profisisonal afim de auxiliar da melhor maneira possível este aluno. Indo 
provavelmente além do que lhe é esperado. Considerar essa questão da subjetividade pode 
ressignificar o papel desenvolvido pelo TILS educacional. 
 
 
 
 
 
 
20 Intérprete de Libras em salas de EB 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Relações 
 
Tradutor Intérprete + Professor 
 
 Partimos do princípio que todos os alunos de um determinado professor são de sua 
responsabilidade pedagógica. Isso não será diferente se este aluno tiver alguma deficiência 
ou se o memso for acompanhado por um TILS (surdo), tutor (TEA) entre outras 
possibilidades. 
 
 A presença de um outro profissional na sala de aula pode criar diferentessituações 
a ambos os envolvidos. No caso professor e tradutor, acanhamento, competição, 
discordância, amizade, parceria, entre outros. Esta relação está diretamente ligada a 
subjetividade que relatamaos anteriormente. São relações humanas entre adultos em um 
mesmo ambiente onde um exerce a função hierarquica de “comando” da sala (professor) e 
o outro é um profissional que tem seus códigos de contuda, mas que não necessáriamente 
deve ser submisso ao docente regente. Ao contrário disso, o que deve é se estabelecer 
uma relação de trabalho mútuo. Dai esta a delicadeza desta relação, pois diante da visão 
subjetiva que tiver dessa parceria, pode-se ter um bom ou um mal resultado e o maior 
prejudicado será o aluno surdo em questão. 
 
Na Videoaula 03, relato uma experiência pessoal minha. Uma com um aluno do 
1°ano, do ensino fundamental, que certamente rompe com as definições “’éticas” do papel 
do TILS educacional. Fica então um questionamento: O que você teria feito se este mesmo 
ocorrido tivesse acontecido com você? Como você atuaria sendo você a professora 
regente? Como você atuaria sendo você o TILS? 
 
Tradutor Intérprete + Aluno Surdo 
 
 A relação do intérprete de Libras e do aluno surdo podem ter várias nuances. 
Podendo ser uma relação muito próxima de parceria ou apenas a função do protocolo da 
tradução em si, sem nenhum tipo de vínculo. Isso depende muito da empatia, ou não, que 
se cria nesta dinâmica. 
 
Como vimos no início desse capítulo é de suma importância repensarmos a relação 
tradutor / aluno com um olhar mais subjetivo e não apenas como uma tarefa engessada. 
 
 
21 Intérprete de Libras em salas de EB 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Até porque na grande maioria das vezes, as necessidades pedagógicas do aluno com 
surdez vão muito além da necessidade de um canal de comunicação entre a Libras e a 
língua portuguesa. Trata-se de uma realidade completamente diferente do que quando 
vemos o TILS em atividade em uma situação de consulta médica, de palestra ou de um 
programa televisivo. Ali, o TILS está exercendo a sua função de mediador, devendo se 
manter fiel ao que se está sendo dito e tratado. 
 
 No entanto, em uma relação de sala de aula, muito provavelmente o aluno só tem 
aquele TILS como seu representante. Não é raro que a criança surda mesmo estando em 
uma sala de inclusão apresente lacunas pedagógicas tanto na sua formação de base 
quanto no seu conteúdo pedagógico dos anos anteriores. Por vezes, e não raramente, o 
surdo vai adquirindo a Libras no decorrer da sua escolarização e não em centros 
educacionais bilingues, como lhe é indicado. Seja porque a família não deseja ou por não 
ter condições de fazê-lo, seja porque não existe esse recurso na região. Também ocorre 
que alguns alunos surdos desconhecem a Libras, mas já estão na fase da escolarização 
ou até em anos escolares mais avançados. Neste caso a tradução para Libras não poderia 
ser apenas do que está sendo dito pelo professor, pois para o surdo não teria significado 
algum, visto que ele não faz uso da Libras. Seria mais um canal de comunicação que lhe é 
apresentado, mas que não lhe traz nenhum significado. Neste caso o TILS acaba por 
adequar a linguagem, por vezes “reduzindo” a tradução e quando possível trazendo outros 
elementos visuais para poder compor as informações apresentadas por este professor. 
 
Para melhor exemplificar. Imagine um TILS traduzindo sobre a Revolução Industrial 
para um surdo que não sabe ao certo nem o que é um bairro ou um país, ele certamente 
não saberá onde está a Inglaterra, nem se situar em uma outra época da história. Neste 
caso o TILS sabendo das limitações linguísticas do aluno com surdez, poderá preparar 
algum material visual para apresentar e facilitar a visualização, caso o professor não o tenha 
feito. 
 
A dificuldade de abstração de novos conteúdos não é uma dificuldade exclusiva dos 
surdos. Há também nas salas de aulas, alunos ouvintes com pouca base educacional. 
Neste exemplo dado vale uma pequena ressalva, antigamente os professores faziam uso 
de mapas e recursos visuais durante as suas aulas. No entanto, é sabido que nos últimos 
anos essa maneira de apresentação física (mapas, livros, gravuras) já não é mais comum. 
Criou-se um certo conceito de que tudo está na internet e por isso todos acessam. Mas, 
 
 
22 Intérprete de Libras em salas de EB 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
esquecesse de que nem todos tem essa cultura de complementar a informação 
apresentada pela internet, principalmente se não forem educados para tal. Seja pelo seu 
professor seja pelos seus pais. Acho que vale o adendo e a reflexão! 
 
Há outros casos de alguns surdos que chegam a se tornar fluentes em Libras, mas 
não escrevem quase nada em português. Ou seja, eles conseguem compreender a matéria 
dada através do TILS, mas só sabem reproduzir as respostas em Libras, pois não tem o 
vocabulário escrito específico da língua portuguesa. Nestes casos, o TILS pode servir de 
escriba. Ou seja, a prova do aluno surdo é feita toda em Libras e o TILS transcreve o que 
o aluno está respondendo para que o professor possa avaliar. O intérprete deverá, de 
preferência, escrever exatamente da maneira que o surdo sinaliza, sem fazer interferências 
na escrita. 
 
Pode-se observar, com esses dois exemplos, que são muitas as possibilidades da 
atuação do TILS educacional. Que embora pareça que a sua função é apenas ser um 
intermediador com conhecimento em Libras, ela é completamente aberta a diferentes 
necessidades e variações de acordo com o aluno surdo atendido por ele. Cabe ao TILS 
seguir a sua função predeterminada de ser esse tradutor de uma língua para outra ou de 
ser um instrumento de crescimento linguístico e sucessivamente também contribuir para o 
desenvolvimento pedagógico desse aluno com surdez. Ambas escolhas estarão corretas, 
embora uma carregue um peso mais técnico e a outra mais moral. No entanto, o TILS 
jamais poderá ser julgado pela sua escolha. Ele está dentro do que lhe determina a 
legislação. Daí a importância de discutirmos sobre a subjetividade da atuação do TILS no 
ambiente escolar. Retirando-o de uma caixa engessada e o colocando em uma realidade 
educacional. 
 
Professor / Aluno + Tradutor Intérprete 
 
 Está certamente é a relação mais delicada, das descritas nesta aula. O professor 
regente é o responsável por todo o âmbito pedagógico dos seus alunos, isso inclui qualquer 
aluno incluso ou não em sua sala de aula. É ele quem deve preparar e adequar o material 
que será utilizado em sala de aula e buscar maneiras de adaptar as avaliações em relação 
as distinções da criança com surdez. 
 
 
 
23 Intérprete de Libras em salas de EB 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
 O tradutor intérprete é utilizado como intermediador devido a diferença linguística 
utilizada pelo professor (língua portuguesa) e o aluno surdo (Libras, quando este fizer uso 
da mesma). Sua função, como já vimos, é de transitar entre essas duas formas 
comunicativas de maneira imparcial e fiel ao que está sendo dito pelo professor. 
 
O que muito comumente acontece, na prática, é que o professor pode ser que não 
tenha embasamento pedagógico para lidar com essas distinções linguísticas do aluno 
surdo. E por se tratar de uma língua que ele não conhece, também será muito difícil para 
ele saber avaliar qual o conhecimento pré-existente desse aluno. Vale lembrar que a novas 
políticas de educação inclusiva são relativamente novas (2009). E que apenas nesses 
últimos anos é que as universidades de pedagogia e licenciatura tem se adaptado a inserir 
em suas grades curriculares disciplinas voltadas para aos alunos de educação inclusiva. 
Logo, há muitos profissionais ainda ativos que tem uma formação pedagógica anterior e 
que não contemplavam em seu curso as deficiências que hoje estão inseridasnas salas de 
ensino regular. Você até pode se perguntar: “Ah! Mas já se passaram tantos anos e esses 
professores ainda não foram capacitados para essa nova realidade?”. Sim, eles foram e 
continuam sendo. Mas é uma normativa que ainda está sendo ajustada e mesmo 
necessitando ser reformulada. Imagine que nesses últimos 11 anos os espaços físicos 
tiveram que ser readequados, as estruturas educacionais refeitas, entre outras adaptações. 
Além de que estamos falando do Brasil, um país extenso. Não podemos pensar só nas 
grandes capitais como São Paulo ou Curitiba. Temos que pensar nas adequações que 
também tiveram que ocorrer nas pequenas cidades dos interiores de alguns Estados. Os 
pequenos municípios tiveram que lidar com a questão da pouca infraestrutura e as grandes 
metrópoles nas questões que se referiam a alta demanda de alunos para serem incluídos. 
Pode-se dizer que ainda vivemos esse processo e está em adaptação e reajuste. 
 
Tradutor Intérprete + Aulas Complementares 
 
 O aluno surdo participa integralmente com o resto da sua turma de outras disciplinas 
complementares que fazem parte da grade de aulas, tais como: educação física e artes. 
Sendo assim, o TILS também deve acompanhar o aluno surdo nessas aulas. Fazendo as 
mesmas funções das descritas na relação professor / intérprete. 
 
 O que às vezes acontece é os professores dessas disciplinas, principalmente a de 
educação física, preteri que o TILS permaneça apenas no início da aula ou em momentos 
 
 
24 Intérprete de Libras em salas de EB 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
que há uma explicação mais específica e depois “dispensa” o intérprete. Principalmente se 
a sua aula for prática. Essa situação pode ocorrer, desde que ambos concordem e que o 
aluno com surdez se sinta à vontade para tal. Não deixa der ser um momento de interação 
social e mais livre entre todas as crianças e o professor daquela disciplina. Contudo, o 
professor de qualquer disciplina, jamais poderá negar a presença do TILS em sua aula. 
 
 Vale ressaltar que este “combinado” só tem valia se há o entendimento de todos os 
envolvidos e a aceitação dos mesmos. Incluindo a equipe pedagógica (coordenador ou 
diretor). Isso é uma exceção que vai em desacordo com as funções determinadas para o 
TILS, mas que na prática ocorrem com bastante frequência. Se o professor ou os pais do 
surdo quiserem que o TILS acompanhe o surdo por todo o seu tempo na escola, não há o 
que discutir. Jamais deverá se tornar uma regra ou um direito do TILS. 
 
Como por vezes, o TILS acaba por acompanhar os surdos em todos os ambientes, 
ele não tem o período sem aula, conhecidos como “janela” que o professor da sala regular, 
às vezes, tem. Lembrando que o TILS não é professor, logo ele tem um enquadramento de 
trabalho diferenciado dos professores. Salvo as adequações de alguns municípios que por 
falta de demanda para TILS contratam professores habilitados em Libras e concursados 
como professores para fazer o segundo período como intérprete. Neste caso seguirão as 
condições ofertadas pela secretaria de educação para essa função. 
 
Tradutor Intérprete + AEE 
 
 O atendimento Educacional Especializado (AEE) é feito no contraturno, ou seja, no 
período contrário ao que o aluno com deficiência frequenta a sala regular. Sendo assim, o 
TILS não acompanha o aluno surdo neste atendimento. Além do mais, parte-se do princípio 
que o professor do AEE será fluente em Libras. Logo, o TILS não é necessário. 
 
Além de que, como vimos anteriormente, o AEE deve ser dividido em 3 momentos. 
Quando possível em 3 espaços distintos. Seriam eles, AEE: em Libras, de Libras e de 
língua portuguesa. Contudo a realidade prática nem sempre é essa. O que ocorre é que 
uma grande maioria das escolas públicas não tinham o espaço físico, ou seja, salas de aula 
extras em suas unidades escolares no período em que as novas políticas de inclusão foram 
lançadas. Além do mais o AEE tem também outras subdivisões para as outras deficiências. 
Isso seria fisicamente impossível dentro das unidades escolares. Novamente, o que ocorreu 
 
 
25 Intérprete de Libras em salas de EB 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
foi uma adaptação do espaço físico. É comum, algumas escolas terem uma sala de AEE 
para atender a demanda inclusiva de toda aquela unidade escolar, sem nenhuma outra sala 
exclusiva. Com um professor de educação especial em cada período, atendendo em 
contraturno. Os alunos de inclusão da manhã são atendidos no período da tarde e vice 
versa. Outra adequação que foi necessária foi a exceção para alguns alunos serem 
atendidos no mesmo turno, mesmo que não seja a orientação da Política Nacional de 
Inclusão. No entanto, entende-se ser pedagogicamente melhor o atendimento desta criança 
de inclusão no mesmo turno do que ela não frequentar o AEE. Novamente vale a ressalva 
que se trata de exceções e não podem ser a regra, pois iriam em desacordo com as 
diretrizes da educação inclusiva. Afinal, quando o aluno de inclusão está em atendimento 
no AEE no mesmo turno, ele não está usufruindo do conteúdo da sua sala regular. 
 
Se o aluno surdo estiver sendo atendido no mesmo turno, o TILS poderá 
acompanha-lo, caso o professor de AEE ou o aluno surdo não se oponham. Quando é 
possível essa interação ela torna-se bastante produtiva, pois o professor do AEE poderá 
buscar junto ao TILS maneiras de criar melhores estratégias para o desenvolvimento 
linguístico daquele aluno trocando as suas experiências, afinal o TILS está diretamente em 
contato com o aluno surdo em todas as dinâmicas escolares e reconhece as suas limitações 
de vocabulário e outros detalhes relacionadas a Libras e a língua portuguesa. Não podemos 
deixar de reforçar que quem é o responsável pedagógico pelo aluno é o professor da sala 
regular. Sendo assim, qualquer plano de atuação pedagógica deverá ser tratado entre o 
professor da sala regular e o professor do AEE. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
26 Intérprete de Libras em salas de EB 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
4. DINÂMICA NA PRÁTICA 
 
Por onde começar? 
 
 Vamos começar essa resposta com uma outra pergunta. Que tal começarmos por 
um olhar mais humanizado de todas as questões técnicas abordadas até agora? 
Legislação, Decretos, Resoluções e outros correspondentes podem ser facilmente 
encontrados na internet com uma rápida inserção na ferramenta de busca. É de suma 
importância que se abranja ainda mais o que é aprendido. Incentivo que cada vez se busque 
mais. No entanto, acredito ser muito pertinente a discussão da prática. Dessa relação tão 
conturbada entre o que está determinado a ser feito e o que tem ocorrido na realidade. 
Vamos lembrar também que novas políticas de inclusão são relativamente recentes e elas 
trazem uma grande carga de mudanças que envolvem a todos os âmbitos da educação, 
desde de Legislação até o ambiente físico. Ainda está se reajustando entre o que se planeja 
e como se aplica. Inclusive há uma atualização recente e ainda não oficializada quanto a 
reabertura das salas especiais. Discussão que tem dividido opiniões. Alguns acreditando 
ser um retrocesso outros acreditando ser uma necessidade para casos específicos, estes 
entendem que o atendimento em salas especiais retornaria com um novo olhar mais 
atualizado. 
 
 Falei da subjetividade da relação do intérprete de Libras dentro dos ambientes 
escolares e apresentei alguns exemplos para melhor elucidar o que está sendo dito. Mas 
foram pequenas “pinceladas” de acontecimentos de um universo de possibilidades. 
 
A grande “magia” de se trabalhar com educação é a proximidade das relações 
humanas. São um grupo específico de alunos com as suas próprias vivências em uma 
mesma sala sobre a regência de uma única pessoa, o professor. Está nas mãos dele e sob 
a sua responsabilidade pelo menos 1 ano do desenvolvimentopedagógico desse grupo de 
estudantes. De maneira nenhuma quero romantizar essa cena, pois do outro lado está o 
professor que também tem as suas experiências de vida e as suas marcas diante da 
responsabilidade da formação daqueles alunos. Não podemos esquecer do ambiente físico 
que pode ser precário ou apropriado. E neste quadro, temos alunos de inclusão que podem 
ser mais de um, com diferentes deficiências. Quem já esteve em salas de aulas em escolas 
públicas deve ter vivenciado essa realidade. Além dos outros alunos que não se enquadram 
como alunos de inclusão, mas trazem com eles algum diagnóstico ou dificuldade que 
 
 
27 Intérprete de Libras em salas de EB 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
também necessitará de um olhar diferenciado. Estou falando dos dislexos, hiperativos, com 
transtornos psicológicos entre outros. Esses alunos possuem alguma dificuldade específica 
relacionadas ao seu desenvolvimento pedagógico, mas não possuem nenhum déficit 
cognitivo ou sensorial, sendo assim, não se enquadram nas diretrizes da educação 
inclusiva. São alunos regulares com laudos. Todo este grupo heterogêneo está sob a 
regência do professor que tem que aprender, lidar e adaptar um conteúdo pedagógico 
generalista há este grupo individualizado de alunos. Cada caso requer uma atenção 
especial. 
 
Então, que tal começar por aí? Fazendo um exercício de nos colocarmos na situação 
de cada um de maneira individual e depois abrangermos o nosso olhar para um todo. 
Futuramente, são essas crianças que estarão sob a sua responsabilidade pedagógica. 
Dentro de um breve espaço de tempo será você este professor! 
 
O que esperar? 
 
 Partindo do um olhar mais humano. Voltando ao nosso tema em específico. Estamos 
falando de uma sala de ensino regular com um professor regente, um grupo de alunos, 
alguma inclusão e entre elas um aluno com surdez, além da presença de um tradutor 
intérprete para acompanhar esse aluno. O que se espera é que se crie um vínculo 
profissional entre o professor e o TILS, onde ambos possam buscar melhores alternativas 
para desenvolver pedagogicamente e linguisticamente o aluno surdo de inclusão. 
Respeitando cada um à sua função, não delegando ao outro aquilo que é da sua 
competência e responsabilidade. Que ambos possam utilizar a presença um do outro, no 
que cada um pode oferecer dentro do seu conhecimento. Pois, por fim ambos têm um 
objetivo em comum, a evolução pedagógica daquele aluno com surdez. 
 
O que pode acontecer? 
 
 Volto a ressaltar que estamos lidando com pessoas e não máquinas. O que poderia 
acontecer? O que acontece em qualquer relação interpessoal. Tudo pode acontecer! Desde 
conflitos de interesse, antipatia pelo outro profissional, transferência de responsabilidade, 
como uma boa relação profissional, oportunidade de crescimento intelectual (um 
aprendendo com o outro), boas parcerias, é um mundo de possíveis acontecimentos. 
 
 
 
28 Intérprete de Libras em salas de EB 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
 O importante é entender os papeis de cada um nessa engrenagem e saber defini-los 
com coerência. Como dizia a minha avó, “O combinado não sai caro!”. Já somos capazes 
de entender que a atuação de um TILS vai além de uma função unicamente técnica, ela 
também tem seu espectro pedagógico. Mas, essa função jamais deverá ser substituída pela 
prática do professor. Pois, o TILS tem o seu foco nas questões linguísticas e não nos 
processos de ensino. 
 
Algumas orientações do que deve acontecer nesta dinâmica: 
- O professor e o TILS devem se mobilizar, como incentivadores, para que o aluno surdo 
se coloque diante da sala como sujeito pertencente aquele grupo e não o isolar com o TILS 
dos demais. 
- O professor deve incentivar que o estudante surdo que dê suas opiniões e participe das 
atividades coletivamente. 
- O TILS pode sugerir ao professor da sala, estratégias metodológicas que favoreçam o 
melhor entendimento do surdo com o que está sendo apresentado, como recursos visuais. 
- Tanto o professor quanto o TILS devem buscar em sua atuação a autonomia do estudante 
surdo. 
- O professor, com a ajuda do TILS, pode criar atividades e estratégias lúdicas para integrar 
o surdo a sala. 
 
 O intuito é se criar essa relação de parceria. Onde cada um pode contribuir com a 
seu conhecimento específico. 
 
O que não deve acontecer? 
 
 Acontece de alguns professores, sobrecarregados ou não, acabarem por atribuir as 
responsabilidades pedagógicas ao TILS. Não raramente acontece da coordenadora 
pedagógica ir a uma sala de aula e perguntar como está a evolução pedagógica daquele 
estudante surdo e o professor dizer que quem sabe sobre isso é o tradutor. Pode também 
acontecer o inverso. O TILS tomar para si as atribuições pedagógicas, fazendo do aluno 
surdo o seu “aluno”, com a própria anuência do professor. Também há casos de que essa 
troca de papéis acontece pelo desconhecimento do professor em relação ao seu papel e 
por parte do intérprete também. Isso jamais poderá acontecer! 
 
 
 
29 Intérprete de Libras em salas de EB 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
 Podemos também elencar algumas circunstâncias que não devem acontecer com o 
TILS: 
- Assumir a regência da sala de aula ou substituir o professor, sob nenhuma circunstância. 
Mesmo que ele possua qualificação para tal. 
- Aplicar avaliações no lugar do professor regente. 
- Fazer os trabalhos indicados pelo professor. 
- Copiar o conteúdo para o aluno surdo, quando este está ausente da sala. 
- Retransmitir informações pessoais do aluno surdo ou da sua família. Esses dados só 
podem ser fornecidos pelo próprio aluno ou sua família. 
- Se ausentar da sala durante uma atividade prática. 
 
 Também é preciso elencar o que não pode acontecer com o professor: 
- Delegar para o TILS a responsabilidade pedagógica do aluno surdo, deixando essa 
responsabilidade a cargo do mesmo. 
- Não buscar alternativas para avaliar o aluno com surdez de uma maneira justa e eficiente. 
- Não buscar entender as nuances do processo de alfabetização do surdo. 
 
 
30 Intérprete de Libras em salas de EB 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
5. ELABORAÇÃO DE CONTEÚDO E AVALIAÇÃO 
 
Adaptações Curriculares 
 
Adaptações curriculares são possíveis ajustes que podem ser feitos para uma melhor 
adequação do conteúdo pedagógico. São divididas em Adaptações curriculares de grande 
porte e de pequeno porte. Neste capítulo trataremos das Adaptações curriculares de 
pequeno porte para surdos. 
 
 
Adaptações Curriculares de Pequeno Porte 
 
As adaptações curriculares de pequeno porte são pequenas modificações que o 
professor pode fazer na sua prática pedagógica. Buscando garantir o acesso didático-
pedagógico. Elas podem ocorrer a qualquer momento durante o ano letivo, de acordo com 
o que o professor julgar necessário. São definidas como adequações não significativas, por 
não envolverem Legislação ou estrutura física. Embora o professor tenha total autonomia 
nestas adaptações, vale ressaltar, que a equipe pedagógica deve ter conhecimento destas 
alterações. 
 
As adaptações curriculares de pequeno porte para alunos surdos devem visar a 
garantia do acesso destes alunos ao conteúdo apresentado em um ambiente linguístico 
mais adequado. Vendo-se que o conteúdo pedagógico escrito normalmente está em língua 
portuguesa e que nem sempre o aluno surdo de inclusão tem domínio da mesma. 
 
Podemos elencar alguns tipos de adaptações curriculares de pequeno porte. 
Segundo está descrito no meu livro “Surdez e Libras, conhecimento em suas mãos” 
podemos elencar: 
 
- Organização física e espacial da sala de aula; 
- Planejamento das estratégias de ensino que serão adotadas em função dos objetivos 
e conteúdos pedagógicos; 
- Flexibilização do tempo de aprendizagem; 
- Diversidade metodológica para o ensinoe a avaliação dos conteúdos curriculares. 
 
 
31 Intérprete de Libras em salas de EB 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Conteúdo 
 
 Os conteúdos curriculares de pequeno porte podem ser adaptados para o aluno 
surdo de inclusão. No entanto, para que isso seja possível é necessário demandar de muito 
tempo e estudo. Com a prática essas adaptações tronam-se cada vez mais fáceis e 
funcionais. 
 
 Acréscimo de informações do conteúdo já apresentado, material visual, lista de 
vocabulário, indicação de vídeos complementares são só algumas das possibilidades. Há 
uma infinidade de outras opções que devem estar relacionadas as necessidades daquele 
aluno surdo em específico e estão diretamente ligadas ao seu conhecimento em Libras e 
na língua portuguesa escrita. Quanto mais o conhecimento desse aluno em Libras e/ou 
língua portuguesa escrita, menos a necessidade das adaptações curriculares e pequeno 
porte. 
 
Conteúdo e o Tradutor Intérprete 
 
Até que o professor tenha esse domínio o TILS pode ser de grande valia para as 
adaptações curriculares. Quando ele as conhece poderá auxiliar quais as melhores 
maneiras de adaptar esse conteúdo, ou seja, identificar as maiores dificuldades em relação 
a aprendizagem do aluno surdo, como trazer recursos visuais apara o conteúdo 
apresentado. Além de que, quando há uma boa relação profissional entre o professor e o 
intérprete de Libras ambos estarão buscando formas de trazer elementos para auxiliar um 
ao outro. Visto que eles possuem um objetivo em comum, o melhor desenvolvimento 
pedagógico para o aluno em questão. 
 
O que seriam essas adaptações de conteúdo? A exemplificação sempre nos permite uma 
melhor visualização. Então irei exemplificar. Imagine um aluno surdo do 1° ano escolar, 
chamado João. Ele não esteve frequentou a educação infantil, é surdo profundo (não escuta 
os sons das letras), não faz uso da Libras. Na verdade, João até aquele momento 
desconhecia a existência da língua de sinais. João tem TILS que, para a sua sorte, o 
acompanha em todas as aulas. A professora de João, Ana, é recém-formada, então para 
ela não só João é uma “novidade”, toda a dinâmica ainda é muito nova. Ana tem um livro 
sobre patos na lagoa e ela montou um material para trabalhar a história dos patos, com a 
música “5 patinhos” e aproveitar e amarrar esse conteúdo aos numerais na matemática. 
 
 
32 Intérprete de Libras em salas de EB 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Sim, Ana embora recém-formada já é muito boa no que faz! Só a integração do conteúdo 
em diferentes disciplinas já faz dessa proposta da Ana um diferencial. O TILS poderia lhe 
dar sugestões de como aquele material programado seria ainda melhor utilizado para o 
aluno com surdez. Trazer elementos mais visuais, talvez uma folha com o vocabulário 
trabalhado (pato, numerais, lago ...). Se estas informações estiverem sendo discutida com 
antecedência o TILS poderia elaborar uma lista de sinais referentes a esse conteúdo para 
acrescentar a inicialização da introdução a Libras para esse aluno surdo. Fazendo com que 
ele comece a compreender que as coisas tem nome (escrito) e que também tem sinais 
(Libras). 
 
Contudo, relembrando sobre a subjetividade dessa relação professor / tradutor, 
como anteriormente visto, há um “mar” das mais inúmeras possibilidades desta relação. 
Desde uma excelente parceria profissional com trocas e desenvolvimento de material 
pedagógico adaptado (como exemplificado acima) até o professor ignorar as suas 
responsabilidades pedagógicas diante do aluno com surdez fazendo com que o TILS acabe 
por assumir esse papel e tutorear a educação desse aluno surdo. Ou Seja, deixa a cargo 
única e exclusivamente do TILS a responsabilidade em transmitir conteúdo para o aluno 
surdo. Grande equívoco, mas uma realidade bem comum, infelizmente! 
 
O mais impressionante é que se formos analisar o exemplo acima ele trata-se de 
uma proposta para um aluno surdo, mas quantos outros alunos desta mesma sala poderiam 
se beneficiar com um simples olhar mais estratégico? Costumo dizer, que quase tudo que 
podemos fazer em relação as adaptações curriculares para surdo beneficiariam, não só a 
eles, mas a todos os outros alunos da sala e traria uma educação mais coesa e rica em 
informações. No final todos ganham! 
 
Avaliação 
 
 Por padrão a avaliação é feita da mesma maneira para toda a sala. No entanto, um 
professor bem formado saberá que mesmo diante de uma avaliação padronizada, há a 
necessidade de um olhar diferenciado e individualizado para cada aluno. A avaliação 
deverá servir em si como um instrumento de analise do que está acontecendo no 
desenvolvimento pedagógico de cada aluno e não apenas uma formalização do conteúdo. 
Uma avaliação justa é quase que uma equação matemática. Ele precisa servir de 
 
 
33 Intérprete de Libras em salas de EB 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
referencial do que o aluno sabe e o que ele tem aprendido, além de trazer dados do que foi 
falho nesse processo e o que pode ser melhorado. 
 
 A avaliação pedagógica para o aluno com surdez não deve fugir à essa regra. Não 
se pode perder do foco que há uma diferença linguística inegável do surdo em relação a 
língua portuguesa. Trata-se de uma estrutura completamente diferenciada que se utiliza de 
meios sensoriais também distintos. 
 
Lembro que o primeiro lugar que trabalhei foi em uma instituição de crianças surdas 
(naquela época elas podiam ter um caráter educacional e social). Eu era a voluntária desta 
instituição e fazia a monitoria de um grupo de crianças com diferentes idades. Tinha 16 
anos de idade, recém-saída do ensino médio e sem nenhuma experiencia em educação. 
Apenas no ano seguinte que eu iniciei a faculdade de educação especial. Nesta instituição 
tínhamos um projeto anual, que era dividido em subtemas bimestrais e cada setor deveria 
desenvolver o seu trabalho com base naquele tema proposto. Para uma melhor 
compreensão, se o tema era planetas, todas as áreas pedagógica, fonoaudiológicas, de 
artes, de artesanato, monitoria e outros mais, deveriam desenvolver suas atividades com 
esse tema. Isso nos fazia criar diferentes parecerias com as outras áreas daquela 
instituição. Bem, todo final de projeto (bimestre) nós tínhamos que fazer dois relatórios. Um 
era referente ao que foi planejado, o que aconteceu e o que não foi possível realizar. Diante 
deste primeiro relatório, fazíamos o segundo. Neste, mediante as informações do primeiro 
nós elaborávamos a proposta do próximo projeto focando em algumas melhoras para o que 
não deu certo. Parece complicado, mas não é. Dava trabalho? Dava muito! Era cansativo? 
Certamente! Mas, como disse é um hábito e requer prática. Depois de muito reclamarmos, 
às vezes com os outros profissionais, às vezes em silêncio. Mas, sou eternamente grata 
por essa proposta que ainda hoje em muito contribui para a profissional que me tornei. 
 
Avaliação e o Tradutor Intérprete. 
 
No exemplo dado acima, estávamos em uma instituição específica para crianças 
com surdez e eu fazia parte de uma equipe que tinham vários níveis de conhecimento em 
Libras, mas todos sabíamos o mínimo para podemos nos comunicar de maneira efetiva. No 
caso do professor de sala regular, dificilmente ele terá fluência se é que conhecerá a Libras. 
Além de que como uma língua que é ela tem características linguísticas bem específicas. 
 
 
 
34 Intérprete de Libras em salas de EB 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Então como saber que está sendo feita uma avaliação justa? Partindo-se do mesmo 
pressuposto tratado acima. Reconhecer o uso da avaliação como um norteador do que está 
se evoluindo pedagogicamente e onde é possível melhorar. Entenda, não estou focando na 
melhora pedagógica apenas do aluno, estou me referindo a uma autoanálise da sua própria 
conduta pedagógica e doque pode ser melhorado. 
 
Abordando para a questão do aluno com surdez. O que seria uma avaliação justa? 
A mesma coisa! Ao se pensar em avaliação para o surdo deve-se pensar em o que foi lhe 
apresentado, qual o seu conhecimento em Libras e da língua portuguesa, como ele 
absorveu essa informação e qual é a melhor forma dele retornar o que aprendeu. Nesse 
momento, o TILS pode ser de grande valia. O tradutor precisa ter fluência em Libras e na 
língua portuguesa. Deve ter conhecimento e capacidade de transitar nessas duas línguas 
sem grandes dificuldades. O tradutor é também a pessoa que está diretamente ligada ao 
surdo no que diz respeito a interpretação do que está sendo disso. Como o professor nem 
sempre tem conhecimento a cerca das nuances da Libras, o TILS poderá ser esse 
identificador do que o surdo conhece e o quanto ele foi capaz de se desenvolver. Não estou 
falando que é o tradutor intérprete que avalia, essa responsabilidade é do professor. Mas, 
ele pode auxiliar desde possíveis adaptações da avaliação em si. Tais como, acréscimo de 
imagens, banco de palavras chaves, estruturação das questões. Vale mais uma ressalva 
importantíssima! O fato do TILS poder auxiliar no que foi dito anteriormente, não significa 
que necessariamente o professor deseja esse auxílio ou que o tradutor esteja disposto ou 
saiba fazê-lo. O que estou propondo é que o TILS pela proximidade diária com o aluno 
surdo poderia ser uma ferramenta a mais nessa avaliação, sendo que o professor nem 
sempre é um conhecedor da Libras. A função de um não pode desmerecer a do outro. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
35 Intérprete de Libras em salas de EB 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
6. NA REALIDADE PRÁTICA 
 
Casos na Prática 
 
 Esta é a última parte da disciplina de intérprete de Libras em salas de Educação 
Básica. Buscando fazer um fechamento de tudo que vimos até agora, deixei o último tópico 
para falarmos das questões mais práticas. Para tal farei 2 relatos de casos reais, um está 
descrito abaixo e o outro está na Videoaula 6. Eu era a tradutora de ambos e que embora 
exercesse a mesma função, essas experiências ocorreram de maneiras completamente 
opostas, de acordo com todos os atenuantes que podem ocorrem, sejam físicos ou 
humanos. Não informarei o gênero, ambos estarão no masculino. Um foi caso foi em uma 
escola particular e outra em uma escola pública, mas não direi qual caso foi em qual 
instituição. Deixarei a imaginação de vocês fluir. Vamos a eles! 
 
Caso 1: Aluno surdo, não fazia uso da oralidade (não falava), nome fictício Paulo, 11 anos, 
3° ano do fundamental, defasado na relação idade/ano escolar, mas devido as suas 
dificuldades com a língua portuguesa a escola optou por deixa-lo em um ano que eles 
acreditavam que ele poderia “acompanhar”. Só havia tido intérprete por 6 meses no ano 
anterior. Nessa escola havia o AEE no contraturno, mas Paulo não frequentava. Não 
apresentava fluência em Libras, tinha alguns sinais caseiros (sinais criado por ele ou por 
alguém da sua família, mas que não é o mesmo utilizado na Libras), não estava 
alfabetizado, sabia escrever o seu nome completo, mas não sabia escrever outras 
informações, o seu endereço ou a cidade em que morava. Escrevia o primeiro nome dos 
seus pais. Seu vocabulário escrito era composto de palavras isoladas e não formava frases 
por escrito. Os poucos sinais que possuía eram também isolados, tendo muita dificuldade 
em manter-se em um diálogo com a intérprete. Iniciei o ano escolar já como a sua intérprete. 
Eu não conhecia a professora, e nem a instituição escolar. 
 
Já no primeiro encontro com o Paulo, ao me apresentar, já foi possível observar que 
ele não entendeu tudo o que eu estava falando em Libras, mas que concordava sempre 
com a cabeça. A professora começou a conversar com ele em voz mais alta que o normal, 
com a intenção que ele pudesse entender melhor. Já que segundo ela, ele não ouvia direito. 
Na primeira aula, ela se apresentou e quis conhecer os alunos. Paulo não fez parte dessa 
apresentação, ela apenas olhou para mim e falou para o restante da turma, “Esse é um 
aluno surdo-mudo e ele vai estar conosco durante o ano. Essa é a Michelle, ela é a tradutora 
 
 
36 Intérprete de Libras em salas de EB 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
dele e veio para ajudar ele aqui na sala.” Ao final daquele dia fui conversar com ela, que 
até então me ignorou completamente. Nesta conversa fui me apresentar melhor e disser o 
que eu fazia na sala e que precisaria que ela, quando possível, pudesse me antecipar o 
conteúdo ou material que ela iria apresentar. Ela disse que iria tentar, mas que nem sempre 
ela possuía o material. Também relatou sua “alegria” por eu estar lá e ajudar o Paulo, pois 
ela já sabia que ele era repetente e que não tinha condições nem de estar no 3°ano. Assim 
ela ficaria tranquila que alguma coisa ele iria aprender, pois a intérprete do ano anterior 
fazia tudo por ele. Informei-a que faria o que fosse possível, mas que aquela não era a 
minha função. Mas, que no que eu pudesse ajuda-la estaria à disposição, inclusive, caso 
ela quisesse de lhe explicar sobre o aluno. 
 
No decorrer do primeiro bimestre, o trabalho foi basicamente de, além dos 
conteúdos pedagógicos, buscar formas de melhorar a minha comunicação com ele, para 
que pudesse ampliar o seu vocabulário. Além de que, mesmo com certa resistência da 
professora, levava para ela informações a respeito do Paulo e de como ele estava se 
desenvolvendo. Minha comunicação com ele era sempre em Libras, e embora ele não 
entendesse tudo, eu sinalizava sem simplificar nada. Também consegui o conteúdo 
programático daquele bimestre, através da coordenadora pedagógica que gentilmente 
solicitou que a professora me entregasse, visto que ela havia se negado a fazê-lo. Daí já é 
possível observar que a minha relação com a professora da sala não era das melhores, 
mas mantínhamos a cordialidade. Além do mais, os alunos que sentavam próximos a nós 
tentavam interagir comigo e com Paulo. E eu ajudava para que eles pudessem “conversar”. 
O fato de Paulo se mais velho que o restante da sala, já causava um certo constrangimento 
nele, que no começo dizia que os outros alunos eram bebês e que ele não gostava. Como 
os alunos tinham curiosidade no que fazíamos, deixei que isso se transformasse na 
aproximação deles. Ensinei alguns sinais para quem me pedia, às vezes, isso acontecia 
durante as aulas (o que eu evitava), às vezes quando eles me encontravam na entrada ou 
na saída ou nas trocas de professores (ed. Física e artes). Nas avaliações deste semestre, 
a professora me entregou a folha e disse que era para eu avaliar o aluno e depois dizer 
para ela como ele se saiu. 
 
No segundo bimestre, Paulo já não estava tão resistente aos outros alunos, 
inclusive ele era “seguido” por alguns que queriam aprender Libras e que gostaram da 
convivência. O interesse de Paulo para conhecer os sinais aumentou consideravelmente, 
até porque devido o interesse dos outros alunos ele queria saber mais para mostrar mais. 
 
 
37 Intérprete de Libras em salas de EB 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
O que era no mínimo interessante e curioso. Pedagogicamente, Paulo e eu formávamos 
um mundo a parte na sala de aula, basicamente eu tutorava ele e a professora não se 
envolvia, pois para ela eu já estava lá e como ela não sabia nada sobre aquilo, achava 
melhor deixar que eu fizesse. Ela não tinha a mínima intenção de saber o que eu fazia, 
porque fazia ou para que. Ela apenas me pediu para que as avaliações fossem feitas na 
folha dela, para que ela tivesse o registro. Inclusive, nas reuniões de classe, quando 
questionada em relação à Paulo, ela respondia que era eu quem sabia. Toda essa situação 
eu já havia relatado para a coordenadora da escola e também fiz um relatório, explicando 
o que estava acontecendo

Outros materiais