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EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DE DIREITO DA 12ª VARA CRIMINAL DA COMARCA DE BELO HORIZONTE/MG (Processo Crime) Autos n° 2012.098.098-32 DURVAL, já qualificado nos autos, fls. 02, vem, respeitosamente, perante Vossa Excelência, por seu advogado infra-assinado – procuração anexa – apresentar sua RESPOSTA À ACUSAÇÃO com fulcro nos arts. 396 e 396-A do Código de Processo Penal, pelas razões de fato e de direito abaixo aduzidas. I – SÍNTESE DOS FATOS: Durval, primário e de bons antecedentes, trabalhou durante anos como carteiro da Agência de Correios e Telégrafos e era um ótimo funcionário, ainda assim, com quase 50 anos, idade com a qual se é difícil ser reinserido no mercado de trabalho, foi demitido. Segundo consta da denúncia, foi incurso nos crimes de roubo qualificado, incêndio, sequestro e lesão corporal grave em concurso material. Consta ainda que tais delitos teriam o sido praticados contra Anderson, um funcionário da agência dos Correios e contra a própria. Após investigações e oitiva de testemunhas a polícia invadiu a humilde casa de Durval, e fez uma busca domiciliar e pessoal, denunciado foi com base nas informações e diligências. O Ministério Público se limitou a citar os tipos penais. Recebida a denúncia, Durval foi citado em 10.09.2012, porém, a acusação imputada ao mesmo não deve prosperar, conforme os fundamentos que se passa a expor. II – DAS EXCEÇÕES (ART. 95, II CPP): Cabe desde princípio, declarar a incompetência do Juízo Estadual. Leia-se: Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: IV - os crimes políticos e as infrações penais praticadas em detrimento de bens, serviços ou interesse da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas, excluídas as contravenções e ressalvada a competência da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral; Portanto, cabe aos Juízes Federais o julgamento de tais infrações penais imputadas à Durval, visto que os tipos foram praticados contra carteiro e agência comunitária vinculados à empresa pública federal dos Correios. Assim sendo, deve-se reconhecer a incompetência do Juízo Estadual e remeter os autos ao juízo competente. III – PELO NÃO RECEBIMENTO DA AÇÃO PENAL (ART. 395, I CPP): Há no artigo 41 do CPP os pressupostos legais para que a denúncia seja recebida, quais sejam, a qualificação do acusado, a exposição dos fatos e circunstancias, tipificação penal e classificação do mesmo. Subscreve-se o art.: Art. 41: A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias, a qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, a classificação do crime e, quando necessário, o rol das testemunhas. Entretanto, a denúncia não preenche os requisitos, pelo contrário, contém apenas a menção aos tipos penais, impedindo assim, que seja exercida de maneira límpida o Princípio do Contraditório e da Ampla Defesa. Segue jurisprudência no sentido de que dado o não preenchimento dos requisitos do art. 41 do CPP tornar-se-á a mesma inepta: EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL - FURTO QUALIFICADO - INÉPCIA DA DENÚNCIA - OCORRÊNCIA - INICIAL EM DESCONFORMIDADE COM AS DISPOSIÇÕES DO ART.41 DO CPP. Imperioso reconhecer como inepta a denúncia que não enseja a adequação típica, e deixa de descrever suficientemente os fatos com todos os elementos indispensáveis, em desconformidade com os requisitos do art. 41 do Código de Processo Penal, de modo a afrontar o pleno exercício do contraditório e da ampla defesa. (TJMG - Apelação Criminal 1.0071.13.004905-0/001, Relator(a): Des.(a) Alberto Deodato Neto , 1ª CÂMARA CRIMINAL, julgamento em 07/07/2020, publicação da súmula em 17/07/2020) Dado o que se expõe e em consonância com o art. 395, inciso I do Código de Processo Penal, a peça deve ser rejeitada. Não obstante ao exposto, pelo Princípio da Causalidade, passa-se a rebater pontualmente as imputações ao réu. IV- DAS PRELIMINARES (ART. 5, XI, CF) Extinções de punibilidade (art. 107 do CP), as nulidades (art. 564 do CPP) e as proteções constitucionais do art. 5º da CF. A Constituição Federal Brasileira dispõe em seu art. 5º, inciso XI: Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial; (Vide Lei nº 13.105, de 2015) (Vigência) A determinação judicial deve ser cumprida durante o dia, como versa o artigo supracitado, porém, a denúncia se baseia numa prova obtida de maneira ilícita, a busca e apreensão às 20:00 horas (Oito horas da noite), indo na contramão dos Direitos Fundamentais. Ademais, segundo o art. 157, caput, do Código de Processo Penal que: “São inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do processo, as provas ilícitas, assim entendidas as obtidas em violação a normas constitucionais ou legais”. O Ministério Público utilizou-se em sua denúncia de prova que desrespeitou tais institutos e o Princípio do Devido Processo Legal, motivo pelo qual deve ser retirada dos autos, tornando portanto, a mesma sem materialidade e suficientes indícios de autoria, pois somente o relato da doravante suposta vítima, será insuficiente para comprovar a autoria. Ainda no art. 395, III do CPP temos que ausente a justa causa, a denúncia deverá ser rejeitada para o exercício da ação penal. Não restando portanto, motivos para que tal seja aceita. V – DO DIREITO Não há no presente caso, evidencias ou quaisquer outros documentos anexos aos autos que comprovem a intenção do agente em privar alguém de liberdade, colocar em risco de vida ou danificar patrimônio de terceiros mediante o uso de fogo. A forma com a qual os fatos são expostos e os fundamentos jurídicos em conjunto com uma prova fática, deve ser transparente a fim de demonstrar que o denunciado tenha praticado os tipos a ele imputados, o que não ocorre no caso em apreço. O reconhecimento do suposto autor, foi feito por sua alegada ex-amante que viu uma camisa do momento do relacionamento, nada que seja conectado à suas características físicas. O que nos leva a pensar quantas pessoas não teriam a mesma camisa? E mais, se este o fosse, não poderia ser vingança pelo fim do relacionamento com a mesma? É prova digna de imputação de crime a identificação de uma ex-amante que viu um homem mascarado com uma camisa que lhe é conhecida? Portanto, viciado o reconhecimento do doravante acusado. Dada a atipicidade da conduta em relação aos crimes de sequestro e incêndio, merece o acusado a absolvição sumária com fulcro no art. 397, inciso III do CPP. Ainda, não há forma de conectar o Durval aos crimes, devendo ser este absolvido com base no art. 386, incisos V e VII do Código de Processo Penal. VI – DAS PROVAS Esse tópico pode estar incluso em outras partes da peça notadamente no tópico de pedidos ao final da peça. Para amparar a defesa, o réu pretende instruir seus argumentos com a: a. oitiva de testemunhas abaixo arroladas. Para que assim, os presentes possam dar características físicas e cruzá-las com as do senhor Durval e comprovarem a inocência do mesmo. E ainda que comprovem que o mesmo estava em viagem no momento dos fatos e sequer na mesma cidade se encontrava. b. anexo de documento que comprova que o senhor Durval estava viajando para outra cidade no momento dos fatos. Portanto, o ora acusado pede as supracitadas provas a fim de evitar o cerceamento de sua defesa, sob pena de nulidade do processo. VII – DO PEDIDO Dado o exposto, requer-se: a.seja absolvido o denunciado, dado o exposto (art. 386, IV do CPP); b. Seja rejeitada liminarmente a inicial e que se arquive a denúncia, por ser esta inepta (art. 395, I do CPP); c. Caso seja recebida a denúncia, que os autos sejam remetidos ao juízo competente (art. 95, II do CPP); d. Seja realizada a análise dos documentos anexados aos autos com as passagens de ida e vinda da cidade diversa da que ocorreu os fatos; e. Sejam produzidas as provas requeridas, assim como a oitiva das testemunhas arroladas abaixo, sob pena das cominações legais. - A produção das provas requeridas bem como oitiva das testemunhas arroladas abaixo, sob pena das cominações legais. DAS TESTEMUNHAS Rol de testemunhas: NOME, CPF, e-mail, estado civil, profissão e domicílio. NOME, CPF, e-mail, estado civil, profissão e domicílio. NOME, CPF, e-mail, estado civil, profissão e domicílio. Termos em que, Pede deferimento. Local, data Advogado (a) Inscrição nº
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