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FUNDAMENTOS E PRÁTICAS NO ENSINO DE MATEMÁTICA Revisitando o campo da Educação Matemática Como a Educação Matemática vai se constituindo no Brasil Estruturação da área: grupos, congressos, pesquisas, temáticas, metodologias. Contexto mais geral – preocupação com o ensino de Matemática; Educação Matemática como prática social se estabelece durante a Guerra Fria; relações entre matemáticos, pesquisadores em educação matemática e professores de matemática da escola básica e outros profissionais. Influências do cenário internacional - Preocupações mundiais de matemáticos, educadores, psicólogos etc. com o ensino de matemática – intensificadas com as revoluções da Modernidade: Industrial (1767), Americana (1776) e Francesa (1789); - 1770 – 1820 - Profissionalização do matemático e do professor de matemática, criação da disciplina escolar matemática, criação da pesquisa matemática na Europa; - Matemática como núcleo fundamental da formação de especialistas (militares) - Raízes militares na educação brasileira; - Transição do século XIX para o XX - educação matemática como área prioritária. Publicações – dois destaques - John Dewey (pedagogo e filósofo alemão) – 1895 - livro Psicologia do número - reação contra o formalismo - relação cooperativa, entre aluno e professor - integração entre as disciplinas; - Felix Klein (matemático alemão) – 1908 - Matemática elementar de um ponto de vista avançado – intuição geométrica e fórmulas aritméticas, matemática escolar com bases mais psicológicas e menos sistemáticas – grande passo para emergência do campo da educação matemática. Campo interdisciplinar - Subárea da matemática e da educação natureza interdisciplinar - 4º Congresso Internacional de Matemáticos - Roma – 1908 – fundada a Comissão Internacional de Instrução Matemática - IMUK/ ICMI - liderança de Felix Klein - USA e Europa - Indústria e mercado da guerra – naturalização tanto da produção quanto do combate do terror – especialistas sem escrúpulos. Avanços na pesquisa educacional - Criação da American Mathematical Society (MAS) - 1894 - Criação da Mathematical Association of America (MAA) – 1915 - Estados Unidos – 1916 – fundação da American Educational Research Association (AERA) - pouco espaço para os professores pré-universitários - National Council of Teachers of Mathematics (NCTM)-1920 - Pesquisadores em educação matemática na AERA e menos nas AMS, MAA e NCTM Efervescência da Educação Matemática – Pós 2ª Guerra Mundial - Educação Matemática como prática social - Propostas renovação curricular em todos os níveis – Europa/EUA Preparar a nova matemática - alto nível de formação para a comunidade bélica – também orienta os currículos escolares em quase todo o mundo (Miguel, 2006) - Bases teóricas - Piaget, Bruner, Skinner (Psicologia), Papy, Dienes, Gattegno (Matemática) - EUA: 1951- University of Illinois Committee on School Mathematics; - 1958 - School Mathematics Study Group (SMSG) – livros MM – para além dos EUA – chegam depois ao Brasil; - Programas de Pós-Graduação em Educação Matemática americanos. 1959 - colóquio - Organização Europeia de Cooperação Econômica em Royaumont Grupo Bourbaki - início do MMM (abaixo Euclides) - Necessidade de uma nova matemática – perda da hegemonia francesa para a alemã - Bourbaki (enfrentamento do subdesenvolvimento do ensino de matemática na França) - Guerra Fria EUA x Rússia e defasagem progresso científico-tecnológico e currículo escolar – detectado durante a 2ª Guerra Mundial (1939-1945) – Educação Matemática é Filha da Guerra Fria. 1963 - Centro de referência - International Clearinghouse on Science and Mathematics Curricular Development – Maryland/EUA 1969 – 1º Congresso Internacional de EM (ICME) - Lyons/França – ocorre a cada quatro anos - pesquisadores Educação Matemática de todo o mundo - 14o ICME - 2020 - Shanghai, China. - Década 1960 - Journal of Research in Mathematics Education (JRME) – NCTM (National Council of Teachers of Mathematics) (https://www.nctm.org/) - 1968 - Special Interest Group (SIG) em Research in Mathematics Education (RME) - subdivisão da AREA - Final anos 1980 – mais de 5000 estudos em EM - EUA - anos de 1990 - NCTM - 20 mil participantes - nomenclaturas: França/Alemanha – didática da matemática; Holanda – Metodologia do ensino de matemática; Brasil/Estados Unidos – educação matemática (fenômeno ou atividade educacional, área multidisciplinar de conhecimento). Como a Educação Matemática vai se constituindo no Brasil – gestação do campo Cenário brasileiro - Década 1920 - Movimento internacional da escola nova de renovação do ensino - no Brasil (Rui Barbosa e ideias do filósofo e pedagogo americano John Dewey (Educação como necessidade social); - Década de 1930 - publicação do Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova em 1932 com Fernando de Azevedo, Lourenço Filho e Anísio Teixeira: escola pública, laica e gratuita - Ensino de matemática: Backheuser (primário) – Euclides Roxo (secundário) e reforma curricular Década de 1940 - Mello e Souza, Thiré, Quintella, Maheder, Irene Albuquerque e Bezerra – não pesquisavam, produziram compêndios de livros-texto e orientações didático- metodológicas e curriculares - Poucas pesquisas stricto sensu – pedagogos, psicólogos – “estudo psicológico da criança por meio de testes”: Primário – noções numéricas, habilidades nas operações e no cálculo mental etc. Década de 1950 - Primeiros Congressos Nacionais de Ensino de Matemática (CBEM): 1955 (Salvador), 1957 (Porto Alegre) e 1959 (RJ) – engajamento MMM (apenas 2 pesquisas sistematizadas) - 1956 – centros regionais de pesquisas educacionais (Círculos de Professores de Matemática) - Associação Brasileira de Professores e Pesquisadores de Matemática - Congressos Estaduais de Professores de Matemática Década de 1960 - Movimento Internacional - MMM - 1961 - Grupo de Estudos do Ensino de Matemática (GEEM/SP) – 1966 - V Congresso Nacional – CTA/ São José dos Campos - Matemática Moderna - Publicação livros didáticos – orientação da Matemática Moderna - Pesquisas ensino e aprendizagem de matemática – ênfase no Primário - Campo profissional para especialista em didática e metodologia do ensino de matemática – desencadeado pela criação dos cursos de formação de professores da década de 1930, ginásios de aplicação nos anos 1940 e obrigatoriedade da Prática de ensino e estágio após 1ª LBD) Década de 1970 - valorização da educação pelo regime militar (formação técnica qualificada – expansionismo do ensino superior) - críticas ao MMM - 1975-1984 – PREMEN – Programa de expansão e melhoria de ensino (convênio MEC/OEA – UNICAMP) – mestrado temporário em ensino de ciências e matemática - 1979-1982 – mestrado em psicologia UFPE com pesquisas sobre ensino de matemática; - 1976 - Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação (ANPEd) - similar AERA. - Pesquisas em EM desenvolvidas em Programas de Educação. Linhas de pesquisa/temas - estudo, desenvolvimento e testagem (tipo experimentação) de técnicas/métodos de ensino ou de propostas metodológicas; - estudos exploratórios/descritivos (tipo levantamento) do currículo escolar e/ou do processo ensino-aprendizagem da matemática; - estudos de natureza psicológica e/ou cognitiva Década de 1980 - 1984 – Mestrado em Educação Matemática – Unesp/RC - 1985 - 6ª Conferência Interamericana de EM (CIAEM) – Guadalajara/México - 1985 – Bolema – Unesp/Rio Claro - 1987 - I ENEM - Encontro Nacional de Educação Matemática - São Paulo/SP - 1988 - Sociedade Brasileira de Educação Matemática (SBEM) - fundada em 27/1 - II ENEM (Maringá) Como a Educação Matemática vai se constituindo no Brasil – Emergência do campo Linhas de pesquisa/temas - estudo/experimentação denovos métodos ou técnicas de ensino (resolução de problemas e modelagem); etnomatemática e educação de adultos; cognição matemática no ensino e/ou em contextos socioculturais; filosofia/história/epistemologia e ensino de matemática - formação inicial e continuada de professores de matemática; materiais didáticos e meios de ensino, currículo escolar, estudos do cotidiano escolar; estudos históricos-analíticos do ensino de matemática; concepções/significados/ideologia no ensino e aprendizagem - Críticas, discussões políticas, sociais e ideológicas Década de 1990 - retorno de doutores em EM dos EUA, França, Inglaterra, Alemanha – 1992 – Mestrado EM – Universidade Santa Úrsula/RJ - 1993 – Mestrado EM-PUC/SP; Zetetiké – UNICAMP; Doutorado em EM – Unesp/RC - 1994 – Mestrado/doutorado em Educação – área de concentração EM – UNICAMP (antes não era concentração); FEUSP; PUC/RJ 1995 – Mestrado/doutorado em Educação – linha de pesquisa em EM – UFSC 1995/1998 – Mestrado/doutorado em Educação – linha de pesquisa em EM – UFRN – Mestrado/doutorado em Educação – linha de pesquisa em EM – UFMG; Mestrado da FURB, UFES, UFMS, UFPR, UNISINOS, UNIJUÍ, UPF, USF Década de 1990 - 1997 – I EBRAPEM – Encontro Brasileiro de Estudantes de Pós-Graduação em EM – UNESP/Rio Claro – iniciativa dos estudantes - 1999 - GT 19-EM (22a reunião ANPEd–GE/1997/20ª - (PUC/SP )- SIG/RME: favoráveis (falta de espaço/aceitação)/contrários (isolamento) - Formação de grupos de pesquisa, consolidação de linhas de pesquisa e novos Programas de Pós- Graduação Década de 2000 - 2000 – 1º Seminário Internacional de Pesquisa em EM (SIPEM) Serra Negra/SP: similar ao do RAC do NCTM. - Área (46 da Capes) ensino de ciência e matemática - Novos Programas de Pós-graduação - Mestrado profissional - Novos periódicos - Área de ensino (Multidisciplinar da Capes) Linhas de pesquisa/temas (além das já existentes) - Informática e ensino de matemática; Ensino de álgebra e pensamento algébrico, Ensino de geometria e pensamento geométrico, Educação estatística; Didática e epistemologia em matemática; Análise de comunicação e do discurso de professor e aluno em sala de aula; Estudo dos processos interativos em sala de aula, psicoanálise e educação matemática; Desenvolvimento profissional de professores de matemática; Saberes docentes sobre a prática pedagógica em matemática; Educação especial, Educação a distância – - formação de professores Grupos de trabalho SIPEM - Promover o intercâmbio entre os que se dedicam a pesquisas na área da Educação Matemática; divulgar as pesquisas brasileiras e promover o encontro dos pesquisadores que a ela se dedicam, proporcionando-lhes a possibilidade de conhecer as investigações que estão sendo realizadas em diferentes instituições; propicia a formação de grupos integrados de pesquisa, ao congregar pesquisadores brasileiros e estrangeiros o que possibilita o avanço das pesquisas em educação matemática em nosso país. Cada GT tem um coordenador. - Educação Matemática nas séries iniciais do E.F; Educação Matemática nas séries finais do E.F. ; Educação Matemática no Ensino Médio; Educação Matemática no Ensino Superior; História da Matemática e Cultura; Educação Matemática: novas tecnologias e Educação a distância; Formação de professores que ensinam Matemática; Avaliação em Educação Matemática; Processos cognitivos e linguísticos em Educação Matemática; Modelagem Matemática; Filosofia da Educação Matemática; Ensino de Probabilidade e Estatística; Diferença, Inclusão e Educação Matemática; Didática da Matemática; História da Educação Matemática. Educação Matemática – campo de pesquisa Objetos “/…/ envolve as múltiplas relações e determinações entre ensino, aprendizagem e conhecimento matemático em um contexto sociocultural específico.” (FIORENTINI, LORENZATO, 2009, p. 9 ); Objetivos – diversos “um, de natureza pragmática, que tem em vista a melhoria da qualidade do ensino e da aprendizagem da matemática; outro, de cunho científico, que tem em vista o desenvolvimento da EM como campo de investigação e de produção de conhecimentos.” (FIORENTINI, LORENZATO, 2009, p.10). Fazemos pesquisa em educação matemática valendo-nos de diferentes referenciais metodológicos e teóricos. Educação Matemática como prática social - Passado bélico não nos paralisou - O que investigamos? Nosso papel social crítico, a formação e o desenvolvimento profissional de professores, professores reflexivo, cotidiano e práticas escolares Educação Matemática como prática social - Mundo não mudou para melhor – participação direta ou não das pesquisas em matemática e em educação matemática – uso bélico e promoção da naturalização da mentalidade bélica. - Educação matemática e seu papel na transformação social Educação Matemática como prática social - O que é pesquisar em Educação Matemática? Ter uma concepção de Educação matemática que orienta a pesquisa – uma posição política e a defesa do compromisso de todos terem o direito à vida digna. Educação Matemática como prática social - Desafios – como a Educação Matemática e a matemática podem contribuir ou vem contribuindo para a promoção da vida? “/.../ mesmo que a pesquisa em Educação Matemática tenha tido a triste sina de ser filha da guerra fria, cabe a nós, seus irmãos cansados de guerra, orientá-la para que dê uma chance à paz” (MIGUEL, 2006. p14). Como a Educação Matemática vai se constituindo no Brasil Referências MIGUEL, A. GARNICA, A.V.M. IGLIORI, S.B.C. D´AMBRÓSIO, U. A educação matemática: breve histórico, ações implementadas e questões sobre sua disciplinarização. Revista Brasileira de Educação, Set /Out /Nov /Dez 2004. p. 70-93. FERNANDES, F.S. Somos Educadores Matemáticos: uma questão de arqueologia. Perspectivas da Educação Matemática – INMA/UFMS – v. 9, n. 20 – Ano 2016. p. 307 – 323. FERNANDES, F.S. A Educação Matemática Muda. Bolema [online]. 2016, vol.30, n.55, pp.308-324. ISSN 0103-636X. MIGUEL, A. Pesquisa em Educação Matemática e mentalidade bélica. Bolema, vol. 19, núm. 25, 2006. p.1-16. SILVA, M.A. da., MIARKA, R.. Geni, a Pesquisa em [E]educação [M]matemática e o Zepelim. Perspectivas da Educação Matemática – INMA/UFMS – v. 10, n. 24 – Ano 2017. p. 752-767. FUNDAMENTOS E PRÁTICAS NO ENSINO DE MATEMÁTICA Revisitando o campo da Educação Matemática
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