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aDMInISTRaÇÃO fInanceIRa AdministrAção regionAl do senAc no estAdo de são PAulo Gerência de Desenvolvimento Sidney Zaganin Latorre Coordenação Técnica Andrea Cury Borges de Gouvea Tonanni Apoio Técnico Patrícia Vivaldo dos Santos © Senac-SP 2006 Elaboração do material didático Ricardo Sussumu Takatori Hong Yuh Ching Edição e Produção Edições Jogo de Amarelinha aDMInISTRaÇÃO fInanceIRa 2006 � Administração Financeira Senac São Paulo SUMÁRIO INTRODUÇÃO / 6 CAPÍTULO 1 / 7 ►����Foco: Estruturar as macro atividades desenvolvidas na administração financei- ra da empresa, identificando a diferença entre financeiro (regime caixa) e econômico (regime competência) ConCeitos básiCos de administração finanCeira atribuições do administrador finanCeiro estrutura organizaCional da administração finanCeira diferença entre Caixa e luCro CAPÍTULO 2 / 11 ►���Foco: Saber elaborar demonstração do fluxo de caixa a partir das visões finan- ceira e econômica fluxo de Caixa finalidade do fluxo de Caixa demonstração do fluxo de Caixa método de elaboração CAPÍTULO 3 / 20 ►��Foco: Entender a importância de uma adequada gestão de capital de giro e o estabelecimento de suas políticas para a empresa CiClo operaCional e CiClo de Caixa alternativas de finanCiamento de ativo CirCulante os subproCessos que Compõem o proCesso do Capital de giro CAPÍTULO 4 / 26 ►��Foco: Criar condições para uma adequada concessão de crédito ao cliente, balanceando os interesses da área comercial com os da área financeira Crédito e Cobrança Cadastro Crédito Cobrança CAPÍTULO 5 / 43 ►��Foco: Fazer a gestão do contas a receber para a manutenção da liquidez da empresa e redução da inadimplência monitoramento do Contas a reCeber � Administração Financeira Senac São Paulo CAPÍTULO 6 / 46 ►��Foco: compreender o impacto que os estoques provocam no ciclo de caixa e maneiras de influenciar no seu giro téCniCas de gerenCiamento de estoque CAPÍTULO 7 / 48 ►��Foco: Obter as informações e documentos necessários para uma adequada gestão de contas a pagar a quem se deve pagar? a quem se deve pagar? fases de Contas a pagar prinCipais responsabilidades Controles do Contas a pagar transações das Contas a pagar risCos em Contas a pagar tesouraria produtos de Crédito REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS / 66 6 Administração Financeira Senac São Paulo Na gestão empresarial, uma das competências a serem desenvolvidas é a gestão financeira. Do entendimento econômico-financeiro muitas decisões são tomadas. A compreensão operacional, sua interface, evidencia o desenvolvimento de competências e ferramentas adequadas à gestão empresarial. Na cadeia econômica, a administração finan- ceira é um elo muito importante, pois a determinação da melhor utilização possível de re- cursos limitados, dados os objetivos de desempenho, são administrados financeiramente. Um dos grandes desafios atuais é o entendimento de risco, considerado em seu sentido mais amplo e genérico. A análise detalhada das tarefas, funções, produtos e negócios de uma empresa determinará quais as direções ou componentes de risco a serem monitora- dos e estabelecerá a metodologia de administração de tal risco. Administrar não quer dizer eliminar risco, mas sim conhecê-lo e, conhecendo-o, desenvolver instrumentos de gestão com o objetivo de contê-lo dentro de níveis toleráveis e aceitáveis. Para tornar o todo mais eficaz, não é mais suficiente o acompanhamento dos negócios junto ao mercado ou ao cliente. Cada dia é mais essencial deter-se em um conhecimento profundo dos negócios e formular-se um conceito de parceria, entre todas as áreas de uma instituição, na procura de formas de aprimoramento da gestão e do controle de risco. Os gestores da empresa necessitam diariamente de informações acerca do nível de fatura- mento, das disponibilidades de saldo e das perspectivas de resultados operacionais – todas as tecnologias e competências que devem gerar tais informações e dados. Diante deste quadro, o segmento financeiro tem uma importância vital na gestão empresarial. INTRODUÇÃO 7 Administração Financeira Senac São Paulo Conceitos Básicos de Administração Financeira A função financeira da empresa Sem dinheiro, ou crédito, não se realiza nenhum empreendimento de caráter econômico, não há negócio sem um capital. O dinheiro está para a empresa como o sangue está para o corpo humano. Quando se fala em fluxo monetário estamos em pleno domínio das Finanças das empresas, isto é, as entradas e saídas de dinheiro, seja do ponto de vista econômico, seja do ponto de vista financeiro. Portanto, finanças têm entendimento: a) financeiro (dinheiro ou crédito); b) econômico (equipamentos e tecnologia). O conceito de administração financeira aceito é: ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA é a administração do fluxo monetário – entradas e saídas – existente em uma empresa. Objetivos da Administração Financeira A Administração Financeira tem como objetivo criar ao menos o equilíbrio financeiro da empresa, seja do ponto de vista econômico ou do ponto de vista financeiro, por meio da utilização de várias ferramentas e dados oriundos da área financeira. CAPÍTULO 1 ► Foco: estruturAr As mAcroAtiVidAdes desenVolVidAs nA AdministrAção FinAnceirA dA emPresA, identiFicAndo A diFerençA entre FinAnceiro (regime cAiXA) e econÔmico (regime comPetÊnciA) � Administração Financeira Senac São Paulo Atribuições do Administrador Financeiro Cabe ao administrador financeiro as seguintes tarefas: a) Obtenção de Fundos: quando houver necessidades de fundos – dinheiro –, cabe ao administrador financeiro obter esses recursos junto ao mercado financeiro nacional ou estrangeiro, ou outra fonte existente no mercado, pagando-se o mínimo de juros b) Distribuição de Fundos: aplicação dos recursos monetários da melhor forma possí- vel, fixando uma política de compras – menor preço, política de vendas – melhor preço e menor prazo, política de crédito – vendas com a menor inadimplência, melhores investimentos e outras vantagens financeiras para a empresa. c) Planejamento e Controle: todo o objetivo da empresa deve ser efetuado através de um planejamento e controle das operações; cabe ao administrador financeiro efetuar o planejamento e o controle de todas as atividades da empresa. d) Organização e Controle: O setor de Finanças deve ser estruturado racionalmente, de acordo com as normas de organização, para melhor desempenho de suas funções. Todas as funções devem ser orientadas para os objetivos da empresa, principalmente os objetivos financeiros. � Administração Financeira Senac São Paulo Estrutura organizacional da administração financeira Figura 1 – Organização corporativa: a organização geral de uma corporação e a função financeira. A função financeira é mostrada em cor mais escura. De acordo com a figura acima, há uma clássica separação entre controladoria e tesoura- ria, ambos reportando ao diretor financeirO da empresa. O tesoureiro normalmente é responsável por conduzir as atividades financeiras, como obter recursos (fundos), tomar decisões de dispêndio de capital e gerenciar o caixa. O controller constuma lidar com as atividades contábeis, gerenciamento de impostos e contabilidade de custos. Diferença entre caixa e lucro Uma das lições importantes é saber que lucro não significa dinheiro em caixa, isto é, se a empresa gerou um lucro de $500 mil em um dado período, não significa dizer que a em- presa gerou um caixa de igual montante no mesmo período. DiretoresDiretor-presidente (CEO) Diretor de recursos humanos Diretor de produção Diretor financeiro (CFO) Diretor de marketing Diretor de informações Tesoureiro Controller Gerente de dispêndios de capital Gerente de crédito Gerente de câmbio Gerente de impostos (tributos) Gerente de contabilidade Gerente captação de recursos e de planejamento financeiro Gerente de caixa Gerente de fundos de pensão Gerente de contabilidade corporativaGerente de contabilidade financeira 10 Administração Financeira Senac São Paulo Caixa é financeiro e lucro é econômico. Os seguintes aspectos fazem com que o lucro seja diferente do caixa gerado (Frezatti, 1997): • prazos de pagamento e recebimento são diferentes da venda e das despesas e custos, por uma questão temporal; • não pontualidade de recebimento e de pagamento; • valores ativados que se refletem na DRE por meio de depreciação e amortização. Tais reconhecimentos no DRE diminuem o lucro, mas não representam saída de caixa; • provisões de qualquer tipo que afetam a DRE, mas não impactam o fluxo de caixa; • receitas reconhecidas e não recebidas; • recebimento de clientes que impactam no caixa e não têm referência no lucro. 11 Administração Financeira Senac São Paulo Fluxo de caixa O Fluxo de Caixa é um dos mais importantes instrumentos de análise financeira. Primeiramente, devemos mencionar que o fluxo de caixa não é a mesma coisa que capital de giro líquido. O fluxo de caixa das operações, definido como sendo a diferença entre resultado antes dos juros e depreciação menos impostos, mede volume de numerário gerado pelas operações, não contando os investimentos ou gastos com necessidade de capital de giro, e tem por ob- jetivo primordial a projeção das entradas e das saídas dos recursos financeiros da empresa em um determinado período de tempo. Os principais objetivos deste demonstrativo são: 1. Prognosticar as necessidades de captação de recursos; 2. Aplicar os excedentes da caixa nas alternativas mais rentáveis para a empresa, sem comprometer a liquidez. Outros objetivos igualmente importantes podem também ser considerados na elaboração do fluxo de caixa. Dentre eles, listamos os seguintes: • Proporcionar o levantamento das necessidades de recursos financeiros para a realiza- ção das transações definidas no planejamento da empresa; • Empregar de forma eficaz os recursos disponíveis, evitando que fiquem sem remuneração; • Planejar e controlar os recursos financeiros em termos das entradas e saídas, através da análise e controle das atividades de planejamento de vendas e despesas, índices de atividades, prazos médios e necessidades de capital de giro; CAPÍTULO 2 ► Foco: sABer elABorAr demonstrAção do FluXo de cAiXA A PArtir dAs VisÕes FinAnceirA e econÔmicA 12 Administração Financeira Senac São Paulo • Saldar as obrigações incorridas pela empresa tempestivamente; • Buscar o equilíbrio financeiro entre os fluxos de entradas e saídas de recursos; • Analisar as fontes de créditos onerosas de forma a minimizar o custo de utilização das mesmas; • Prever desembolso de caixa em volumes elevados em épocas de encaixe baixo; • Desenvolver controle dos saldos de caixa e de duplicatas a receber; • Coordenar os recursos a serem utilizados pelas várias atividades da empresa no que se relaciona a investimentos e financiamentos. Através do fluxo de caixa pode-se cumprir o principal objetivo da empresa: a maximização do retorno dos proprietários, sem, no entanto, comprometer a liquidez, reduzindo dessa forma o risco incorrido pelos detentores do controle da empresa. Finalidade do fluxo de caixa As informações do FLUXO DE CAIXA, principalmente quando analisadas em conjunto com as demais demonstrações financeiras, podem permitir que investidores, credores e outros usuários avaliem: a) a capacidade de a empresa gerar futuros fluxos líquidos positivos de caixa; b) a capacidade de a empresa honrar seus compromissos, pagar dividendos e retor- nar empréstimos obtidos; c) a liquidez, solvência e flexibilidade financeira da empresa; d) a taxa de conversão de lucro em caixa; e) a performance operacional de diferentes empresas, por eliminar os efeitos de dis- tintos tratamentos contábeis para as mesmas transações e eventos; f) o grau de precisão das estimativas passadas de fluxos futuros de caixa; g) os efeitos, sobre a posição financeira da empresa, das transações de investimento, financiamento etc. 13 Administração Financeira Senac São Paulo REQUISITOS Para o cumprimento de sua finalidade, o modelo de FLUXO DE CAIXA adotado deve atender aos seguintes requisitos: • evidenciar o efeito periódico das transações de caixa segregadas por ativida- des operacionais, atividades de investimento e atividades de financiamento, nesta ordem; • evidenciar separadamente, em Notas Explicativas que façam referência ao FLUXO DE CAIXA, as transações de investimento e financiamento que afetam a posi- ção patrimonial da empresa, mas não impactam diretamente nos fluxos de caixa do período; • reconciliar o resultado líquido (lucro/prejuízo) com o caixa líquido gerado ou con- sumido nas atividades operacionais. Figura 2 – Fluxos de caixa da empresa. (1) Fluxos operacionais (2) Fluxos de investimento Mão-de-obra Salários Pagamento provisionado Pagamento de compras a créditoContas a pagar Matérias- primas Depreciação Despesas gerais Produto em processo Produto acabado Despesas operacionais (incluindo depreciação) e juros Imposto de renda Vendas Contas a receber Cobrança de vendas a crédito Vendas à vista Restituição Pagamento Vendas Compras Vendas Compras Ativo fixo Participação (3) Fluxos de financiamento Empréstimo Restituição Venda de ações Recompra de ações Pagamento de dividendos em dinheiro Patrimônio Exigível (curto e longo prazos) Caixa e títulos negociáveis 1� Administração Financeira Senac São Paulo O esquema da página anterior mostra os fluxos de caixa da empresa. Podem ser divididos em: fluxos operacionais, fluxos de investimento e fluxos de financiamento. Cada um desses fluxos será explicado a seguir. Demonstração do fluxo de caixa Diferentemente do DOAR, em que os recursos são evidenciados em suas origens e apli- cações, o formato adotado para o FLUXO DE CAIXA é o de classificação das movimen- tações de caixa por grupo de atividades. A classificação dos pagamentos e recebimentos de caixa relaciona-se, normalmente, com a natureza da transação que lhe dá origem. Assim, por exemplo: a compra de matéria-prima para a produção é uma atividade ope- racional; a compra de uma máquina utilizada na geração de outros produtos é uma ativi- dade de investimento; a compra (resgate) de ações da própria empresa é uma atividade de financiamento. A natureza da transação deve levar em consideração sua intenção subjacente para fins de classificação. Os desembolsos de caixa efetuados em investimentos adquiridos com a intenção de revenda (títulos, máquinas, terrenos etc.) não devem ser classificados como atividade de investimento, mas como atividades operacionais. Reproduzimos a seguir os elementos constituintes de cada grupo. ATIVIDADES OPERACIONAIS Envolvem todas as atividades relacionadas com a produção e entrega de bens e servi- ços e os eventos que não sejam definidos como atividades de investimento e financia- mento. Normalmente, relacionam-se com as transações que aparecem na Demonstração de Resultados. Entradas: • recebimentos pela venda de produtos e serviços a vista, ou das duplicatas correspon- dentes no caso de vendas a prazo. Incluem também os recebimentos decorrentes dos descontos das duplicatas emitidas contra as vendas a prazo efetuadas, de curto ou longo prazos, em bancos; • recebimento de juros sobre empréstimos concedidos e sobre aplicações financeiras em outras entidades.; • Recebimentos de dividendos pela participação no patrimônio de outras empresas; 1� Administração Financeira Senac São Paulo • Qualquer outro recebimento que não se origine de transações definidas como ativida- des de investimento e financiamento, como: recebimentos decorrentes de sentenças judiciais; indenizações por sinistro, exceto aquelas diretamente relacionadas a ativida- des de investimento e financiamento, como o sinistro em uma edificação, por exem- plo; reembolso de fornecedores. Saídas: • pagamentos a fornecedores referentesao suprimento da matéria-prima para a produ- ção de bens para revenda. Se compra a prazo, pagamento do principal dos títulos de curto ou longo prazos a que se refere a compra; • pagamentos aos fornecedores de outros insumos de produção, incluídos os serviços prestados por terceiros; • pagamentos aos governos federal, estadual e municipal, referentes a impostos, multas, alfândega e outros tributos e taxas; • pagamento dos juros (despesas financeiras) dos financiamentos (comerciais e bancá- rios) obtidos. � ATIVIDADES DE INVESTIMENTO Relacionam-se normalmente com o aumento e diminuição dos ativos de longo prazo que a empresa utiliza para produzir bens e serviços. Incluem a concessão e recebimento de empréstimos, a aquisição e venda de instrumentos financeiros e patrimoniais de outras entidades e a aquisição e alienação de imobilizado. Entradas: • recebimento do principal dos empréstimos concedidos ou da venda desses ativos a outras entidades, exceto ativos financeiros classificados como equivalentes-caixa; • recebimento pela venda de títulos de investimento a outras entidades; • recebimento pela venda de participações em outras empresas; • recebimento pelo resgate de participações investidas pela entidade; • venda de imobilizado e de outros ativos fixos utilizados na produção. 16 Administração Financeira Senac São Paulo Saídas: • desembolso dos empréstimos concedidos pela empresa e pagamento pela aquisição de títulos de investimento de outras entidades; • pagamento pela aquisição de títulos patrimoniais de outras empresas; • pagamento, no momento da compra ou em data próxima a esta, de terreno, edifica- ções, equipamentos ou outros ativos fixos utilizados na produção. ATIVIDADES DE FINANCIAMENTO Relacionam-se com os empréstimos de credores e investidores à entidade. Incluem a ob- tenção de recursos dos donos e o pagamento a estes de retorno sobre seus investimentos ou do próprio reembolso do investimento; incluem também a obtenção de um emprésti- mo junto a credores e a amortização ou liquidação destes; e também a obtenção e paga- mento de recursos de/a credores via crédito de longo prazo. Entradas: • venda de ações emitidas; • empréstimos obtidos no mercado, via emissão de letras hipotecárias, notas promissó- rias, títulos de dívida ou outros instrumentos, de curto ou longo prazos; • recebimento de contribuições, de caráter permanente ou temporário, que, por ex- pressa determinação dos dadores, têm a finalidade estrita de adquirir, construir ou ex- pandir a planta instalada, aí incluídos equipamentos ou outros ativos de longa duração necessários à produção. Saídas: • pagamento de dividendos ou outras distribuições aos donos, incluindo o resgate de ações da própria empresa; • pagamento dos empréstimos obtidos (exceto juros); • pagamento do principal referente a imobilizado adquirido a prazo. 17 Administração Financeira Senac São Paulo Nota: As transações de investimento e financiamento que afetam ativos e passivos, mas não impactam o caixa, devem ser evidenciadas em Notas Explicativas. Isso pode ser feito tanto de forma narrativa como resumida em tabela específica. São exemplos: • dívidas convertidas em aumento de capital; • aquisição de imobilizado via assunção de passivo específico (letra hipotecária, contrato de alienação fiduciária etc.); • aquisição de imobilizado via contrato de arrendamento mercantil; • bem obtido por doação (que não seja dinheiro); • troca de ativos e passivos não-caixa por outros ativos e passivos não-caixa. Método de elaboração A movimentação das disponibilidades (caixa e equivalentes-caixa) da empresa, em um dado período, deve ser estruturada no FLUXO DE CAIXA, conforme já comentado, em três grupos, cujos títulos buscam expressar as entradas e saídas de dinheiro relacionadas com as atividades: operacionais, de investimento e de financiamento. A soma algébrica dos re- sultados líquidos de cada um desses grupamentos totaliza a variação do caixa do período, que deve ser conciliado com a diferença entra os saldos respectivos das disponibilidades, constantes no Balanço, entre o início e o fim do período considerado. Para divulgar o fluxo de caixa oriundo das atividades operacionais, o Fasb (órgão normatiza- dor das práticas contábeis americanas) e o Lasc (órgão que estabelece normas internacio- nais de contabilidade) recomendam que as empresas utilizem o método direto. É facultada a elaboração do fluxo das operações pelo método indireto, ou método da reconciliação. Método Direto O método direto explicita as entradas e saídas brutas de dinheiro dos principais compo- nentes das atividades operacionais, como os recebimentos pelas vendas de produtos e ser- viços e os pagamentos a fornecedores e empregados. O saldo final das operações expressa o volume líquido de caixa provido ou consumido pelas operações durante um período. As empresas, ao utilizarem o método direto, devem detalhar os fluxos das operações, no mínimo, nas classes seguintes: • recebimento de clientes, incluindo os recebimentos de arrendatários, concessionários e similares; • recebimento de juros e dividendos; 1� Administração Financeira Senac São Paulo • outros recebimentos das operações, se houver; • pagamento a empregados e a fornecedores de produtos e serviços, aí incluídos segu- rança, propaganda, publicidade e similares; • juros pagos; • impostos; • outros pagamentos das operações, se houver. O Fasb incentiva, mas não obriga, as empresas a adicionarem outras informações que con- siderem úteis ao evidenciar o fluxo de caixa das operações. Método indireto O método indireto faz a conciliação entre o lucro líquido e o caixa gerado pelas operações, por isso é também chamado de método da reconciliação. Para tanto, é necessário: • remover do lucro líquido os diferimentos de transações que foram caixa no passado, como gastos antecipados, créditos tributário etc., e todas as alocações no resultado de eventos que podem ser caixa no futuro, como as alterações nos saldos das contas a receber e a pagar do período; • remover do lucro líquido as alocações ao período do consumo de ativos de longo prazo e aqueles itens cujos efeitos no caixa sejam classificados de investimento ou financiamento: depreciação, amortização do goodwill e ganhos e perdas na venda de imobilizado e/ou em operações em descontinuidade (atividades de investimento); e ganhos e perdas na baixa de empréstimos (atividade de financiamento). Lembramos a necessidade de divulgação, em Notas Explicativas, do valor dos juros e im- posto de renda pagos no período caso seja utilizado o método indireto. Conciliação Lucro Líquido versus Caixa das Operações Caso seja utilizado o método direto para apurar o fluxo líquido de caixa gerado pelas ope- rações, exige-se a evidenciação, em Notas Explicativas, da conciliação deste com o lucro líquido do período. Essa conciliação deve refletir, de forma segregada, as principais classes dos itens a conciliar. É obrigatório evidenciar separadamente as variações dos saldos das contas Clientes, Fornecedores e Estoques. Se for utilizado o método indireto, é exigida a evidenciação, em Notas Explicativas, dos juros (exceto as parcelas capitalizadas) e Imposto de Renda pagos durante o período. 1� Administração Financeira Senac São Paulo Notamos que é muito comum pensar que o fluxo de caixa é de competência exclusiva do setor financeiro de uma empresa, e que o contador não tem condições para sua elabora- ção. Raramente vemos o fluxo de caixa sendo elaborado pelo setor de contabilidade. É considerado, inclusive, peça-chave na administração financeira. Para efeitos ilustrativos, segue abaixo demonstração da Google. ANNUAL CASH FLOW STATEMENT (Indirect Method) In Millions of U.S. Dollars 12 Months Ending 12 Months Ending 12 Months Ending 12 Months Ending 12 Months Ending (except for per share items) 12/31/04 12/31/03 12/31/02 12/31/01 12/31/00 Reclass. Reclass.Restated Reclass. 12/31/04 12/31/04 12/31/03 12/31/02 Net Income/Starting Line 2,805.0 2,862.0 1,975.0 1,222.0 4,452.0 Depreciation/Depletion 14,152.0 13,513.0 11,569.0 11,764.0 13,411.0 Amortization 1,384.0 1,602.0 3,871.0 948.0 – Deferred Taxes – – – – – Non-Cash Items 9,205.0 11,583.0 5,283.0 1,214.0 1,468.0 Changes in Working Capital (14,485.0) (26,329.0) (11,623.0) (2,968.0) 2,114.0 Cash from Operating Activities 13,061.0 3,231.0 11,075.0 12,180.0 21,445.0 Capital Expenditures (7,753.0) (7,091.0) (6,871.0) (7,832.0) (9,722.0) Other Investing Cash Flow Items, Total (24,015.0) (43,757.0) (29,246.0) (16,583.0) (24,677.0) Cash from Investing Activities (31,768.0) (50,848.0) (36,117.0) (24,415.0) (34,399.0) Financing Cash Flow Items 4,723.0 1,320.0 333.0 924.0 – Total Cash Dividends Paid (1,129.0) (1,121.0) (1,121.0) (1,105.0) (1,294.0) Issuance (Retirement) of Stock, Net 0.0 60.0 (16.0) 254.0 1,179.0 Issuance (Retirement) of Debt, Net 17,881.0 58,663.0 27,816.0 21,427.0 13,166.0 Cash from Financ- ing Activities 21,475.0 58,922.0 27,012.0 21,500.0 13,051.0 Foreign Exchange Effects 671.0 929.0 495.0 (96.0) (255.0) Net Change in Cash 3,439.0 12,234.0 2,465.0 9,169.0 (158.0) 20 Administração Financeira Senac São Paulo Ciclo operacional e ciclo de caixa Ciclo operacional – Prazo para a empresa suprir a produção e a comercialização dos seus produtos (bens, serviços ou idéias). É a somatória do PME + PMR. Ciclo de caixa – Prazo em que a empresa não conta com recursos para cumprir seu ciclo operacional. É a diferença entre PMP e o ciclo operacional. Veja abaixo: Prazo médio de estocagem PME Prazo médio em que os estoques totais da empresa permanecem armazenados, à espera para serem: • consumidos, • produzidos, • novamente armazenados, • vendidos. CAPÍTULO 3 ► Foco: entender A imPortÂnciA de umA AdeQuAdA gestão de cAPitAl de giro e o estABelecimento de suAs PolÍticAs PArA A emPresA (PME) (PMR) Ciclo Operacional (PMP) Ciclo Financeiro 21 Administração Financeira Senac São Paulo Prazo médio de recebimento PMR Prazo em que a empresa: • Financia seus clientes; • Precisa de recursos para saldar seus compromissos; • Normalmente é determinado pelas forças de mercado. Prazo médio de pagamento PMP Prazo em que a empresa: • É financiada pelos seus fornecedores - Governo - Colaboradores - Fornecedores - Outros • Compra suas matérias-primas, componentes, peças e produtos finais E stoque Médio C usto de Produção/ano (PME ) 3 6 0 E stoque Médio C usto de Produção/ano (PME ) 3 6 0 C L IE NTE S Vendas Brutas D iárias (VBD ) (PMR ) C L IE NTE S Vendas Brutas D iárias (VBD ) (PMR ) F ornecedores C om pras D iárias (C D ) (PMP) F ornecedores C om pras D iárias (C D ) (PMP) 22 Administração Financeira Senac São Paulo Alternativas de financiamento de ativo circulante Esta seção foi extraída do livro Administração do capital de giro (Editora Atlas, 2002). Figura 3 – Necessidades totais de recursos. A figura acima ilustra a necessidade total de recursos de uma empresa. Para se manter em equilíbrio financeiro, uma alternativa é financiar suas necessidades variáveis com dividas de curto prazo, utilizando os recursos de longo prazo para financiar todas as suas necessidades financeiras permanentes. TEMPO EM DIAS C ompra de MP e Início de Produção T érmino da Produção Salários V E ND A Pagamento ao fornecedor R ecebimento Das Vendas 0 2 0 2 5 6 0 9 0 (PME ) = 2 5 dias (PMP) = 6 0 dias (PMR ) = 6 5 C F TEMPO EM DIAS C ompra de MP e Início de Produção T érmino da Produção e Pagamento de Salários V E ND A Pagamento ao fornecedor R ecebimento das Vendas 0 2 0 2 5 6 0 9 0 (PME ) = 2 5 dias (PMP) = 6 0 dias (PMR ) = 6 5 C F Graficamente, podemos observar como seria o ciclo de caixa. 23 Administração Financeira Senac São Paulo Figura 4 – Estrutura de risco mínimo. A figura acima retrata, de maneira extrema, uma posição de risco mínimo, em que a em- presa compromete os recursos de longo prazo integralmente com os ativos, inclusive as necessidades sazonais de capital circulante. Figura 5 – Estrutura alternativa de menor risco. Neste caso (figura acima), somente uma parte de suas necessidades sazonais encontra-se financiada por créditos correntes, mantendo a empresa, em certos períodos, recursos dis- poníveis para eventuais aplicações financeiras. 2� Administração Financeira Senac São Paulo Figura 6 – Estrutura alternativa de maior risco. Finalmente, a empresa definida acima revela maior participação de passivos de curto prazo, que cobrem todas as necessidades sazonais de fundos além de parte das necessidades per- manentes. É uma abordagem de maior risco que pode ser compensada pelo menor custo do dinheiro a curto prazo. 2� Administração Financeira Senac São Paulo Os subprocessos que compõem o processo do capital de giro Figura 7 – Os 3 subprocessos de capital de giro. Os 3 subprocessos são os seguintes: o de contas a pagar, o de estoque e o de contas a receber. O primeiro subprocesso se inicia na requisição do material e termina no pagamento da fatura ao fornecedor. O segundo subprocesso se inicia no planejamento das necessidades de material, passa pela previsão de vendas que irá direcionar o plano de produção e termina na produção. O terceiro subprocesso tem início na estratégia junto ao cliente, obtenção do pedido de venda e termina no recebimento da fatura do cliente. Processos de Capital de Giro Previsão Seleção e Negociação Recebimento e Conferência Discrepância Fatura Emissão do Pagamento Gestão do Caixa Estratégia de compra Requisição do Pagamento Originando a requisição Pedidos e Contratação Distribuição Estratégia de Suprimento Seleção de Produtos Previsão de Vendas Processamento de Pedidos Programação de Produção Planejamento da Produção Produção Almoxarifado Previsão até produção Planejamento de Materiais Co nt as a pa ga r Contas a receber Estoque Cobrança Serviço do Cliente Fatura Elaboração do Pedido Conferência de Crédito Processamento Pedido de Vendas Gestão de Contrato Gestão de Risco Administração de Venda Estratégia do Cliente Recebimento e aplicação Pedido até Caixa 26 Administração Financeira Senac São Paulo Crédito e cobrança Com a estabilização da moeda em 1994, o Brasil passou de uma economia de especulação para uma economia de mercado, onde todo esforço para conseguir permanecer no mer- cado tornou-se muito caro. Com isso, surgiu a necessidade de se criar critérios mais rigo- rosos para se evitar uma possível perda na recuperação dos seus ativos, no menor espaço de tempo, e com o menor risco possível. Também, com o grande progresso das telecomunicações e da informática, a concessão de crédito passou a ser um processo mais rápido e confiável para as empresas e, em especial, para as instituições financeiras. Esse novo contexto faz com que, hoje em dia, as pessoas ligadas à área de crédito tenham um papel muito importante nas decisões para futuras vendas. Cadastro Um dos alicerces do crédito é o cadastro, pois sem ele não podemos obter importantes informações que nortearão os processos de análise e concessão do crédito, além das es- tratégias para cobrança. O Cadastro deve ser organizado da forma mais flexível possível, pois ele será um Banco de Dados para toda a organização – não só para a Área de Crédito, mas também para as demais áreas, entre elas, as ações de Marketing e de Vendas. CAPÍTULO 4 ► Foco: criAr condiçÕes PArA umA AdeQuAdA concessão de crÉdito Ao cliente, BAlAnceAndo os interesses dA ÁreA comerciAl com os dA ÁreA FinAnceirA 27 Administração Financeira Senac São Paulo A manutenção permanente do cadastro é a chave do seu sucesso. São funções principais do cadastro: • Obter informação sobre todos os agentes que se relacionam com a empresa. •Manter-se sempre atualizado, revisando-o periodicamente. • Prestar informações, com a urgência com que forem solicitadas. • Investigar a veracidade das informações obtidas. • Informar aos clientes internos todos os fatos que possam ser desabonadores. • Registrar o relacionamento com o cliente. O cadastro é a área responsável pela coleta, registro e arquivamento de todos os dados, transformando-os em informações para que os usuários possam tomar decisões. Ficha Cadastral Um dos instrumentos mais vigorosos para o Cadastro é a Ficha Cadastral. A ficha cadastral deve ser adequada a cada situação, como por exemplo o ramo de ativida- de, e de acordo com a complexidade da organização, respeitando sua cultura e, principal- mente, seus objetivos. Toda ficha cadastral deve ser composta de três itens básicos, a saber: Dados Cadastrais ou de Identificação Em natureza e essência, os dados cadastrais para pessoas físicas e jurídicas são os mesmos. A complexidade de uma ficha cadastral depende do mercado em que a empresa atua e das preferências pessoais dos seus usuários. São dados que procuram identificar: • Para Pessoas Físicas: dados pessoais, residenciais, profissionais e de referências (co- merciais e bancárias). • Para Pessoas Jurídicas: dados de identificação (Contrato Social – Ltda.; Estatutos So- ciais – S.A., com todas alterações), atividade, regime tributário, referências (comerciais e bancárias), tipos de seguros, gerência da empresa e dos sócios, suas participações em outras empresas e todos os Demonstrativos Econômico-Financeiros (Balanço Pa- trimonial, Demonstrativo de Resultados, Demonstração de Origens e Aplicações de Recursos, Demonstrações de Mutações do Patrimônio Líquido etc.). 2� Administração Financeira Senac São Paulo Dados Financeiros São dados que identificam a situação financeira do indivíduo ou da organização: • Para Pessoas Físicas: dados sobre sua receita (salário, aluguel, aposentadoria, ren- dimento de aplicações financeiras, pró-labore, RPA) e sobre suas despesas (aluguel, escola dos filhos, financiamento de curto e longo prazos etc.) • Para Pessoas Jurídicas: dados que procurem identificar o resultado entre receitas e despesas (Faturamento, Demonstrativos Financeiros, Investimentos em outros negó- cios, Receitas não operacionais etc.) Dados Econômicos São dados que procuram identificar a “riqueza” do indivíduo ou da organização: • Para Pessoas Físicas: são os bens móveis e imóveis que o indivíduo possui, outros tipos de ativos (ações, quotas) e outros modos de aplicações ou investimentos permanentes). • Para Pessoas Jurídicas: são os bens constantes de seu Balanço Patrimonial. O Poder da Informação O meio adotado para verificação dos dados apresentados nas fichas cadastrais podem ser: • De forma Direta: colhidos diretamente junto às instituições financeiras, fornecedo- res, cartórios, Banco Central, mídia impressa, entrevista pessoal etc. • De forma Indireta: colhidos por meio de empresas especializadas, como: Associação Comercial de São Paulo, Serasa – Centralização de Serviços dos Bancos S/A, Equifax/SCI. 2� Administração Financeira Senac São Paulo Lembrete: Os usuários de informações cadastrais, principalmente as instituições financeiras, têm em seus cadastros uma “poderosa informação”, porém esta não pode ter seu uso indis- criminado, uma vez que sua característica é a confidencialidade, conforme determina a Lei Complementar 105 de 10/01/2001 em seu Art. 1º – As instituições financeiras conservarão sigilo em suas operações ativas e passivas e serviços prestados. § 1o São consideradas instituições financeiras, para os efeitos desta Lei Complementar: I – os bancos de qualquer espécie; II – distribuidoras de valores mobiliários; III – corretoras de câmbio e de valores mobiliários; IV – sociedades de crédito, financiamento e investimentos; V – sociedades de crédito imobiliário; VI – administradoras de cartões de crédito; VII – sociedades de arrendamento mercantil; VIII – administradoras de mercado de balcão organizado; IX – cooperativas de crédito; X – associações de poupança e empréstimo; XI – bolsas de valores e de mercadorias e futuros; XII – entidades de liquidação e compensação; XIII – outras sociedades que, em razão da natureza de suas operações, assim venham a ser consideradas pelo Conselho Monetário Nacional. § 2o As empresas de fomento comercial ou factoring, para os efeitos desta Lei Comple- mentar, obedecerão às normas aplicáveis às instituições financeiras previstas no § 1o. Art. 10º. – A quebra de sigilo, fora das hipóteses autorizadas nesta Lei Comple- mentar, constitui crime e sujeita os responsáveis à pena de reclusão de um a quatro anos, e multa, aplicando-se, no que couber, o Código Penal, sem prejuízo de outras sanções cabíveis. Crédito Podemos definir crédito como: “a expectativa de uma quantia em dinheiro ou seu equiva- lente retornar ao seu dono, dentro de um espaço de tempo pré-estabelecido”. Podemos imaginar que existe uma possibilidade dessa quantia não retornar. A esta possibilidade cha- mamos “Risco”. 30 Administração Financeira Senac São Paulo Desde que se organizaram em Florença, há setecentos anos, os Bancos, têm sido as princi- pais instituições de crédito; tradicionalmente, os banqueiros têm tido o cuidado e a neces- sidade de mensurar créditos, medindo a capacidade do cliente em retornar o crédito com o menor risco possível. As principais Funções do Crédito são: • Avaliar as informações constantes nas Fichas Cadastrais; • Estudar, fixar e acompanhar os limites de crédito estabelecidos; • Atualizar, revisar e cancelar os limites de créditos estabelecidos; • Manter os clientes internos informados sobre a situação de crédito da organiza- ção-cliente; • Monitorar a Política Creditícia da Organização; • Participar do planejamento e execução da política de vendas da organização. Importância O crédito é considerado muito importante em virtude de fomentar múltiplas necessidades econômicas, como: • Financiamento às Pessoas Físicas – compra de bens imóveis e móveis, educação, lazer, saúde etc. • Financiamento às Pessoas Jurídicas – alavancagem nos negócios, como a compra de matéria-prima, máquinas e equipamentos, tecnologia, fomento de novas unidades fabris, crédito a clientes, créditos à exportação e à importação de bens e serviços etc. Linhas de Crédito As linhas de crédito são oferecidas para satisfazer às necessidades, emergenciais, de consu- mo, de investimentos, de curto e longo prazos, tanto de pessoas físicas como de pessoas jurídicas . 31 Administração Financeira Senac São Paulo Modalidades Pessoa Física • Cheque Especial – crédito rotativo para atender às necessidades eventuais e tempo- rárias dos clientes. • Cartão de Crédito – crédito preestabelecido para realizar operações de consumo de bens e serviços e de saques rápidos. • CDC (Crédito Direto ao Consumidor) – para financiar a aquisição de bens durá- veis, com amortizações mensais e fixas. • Crédito Imobiliário – destinado à aquisição de imóvel residencial, amortizável a longo prazo. • Leasing – destinado à aquisição de bens móveis, vinculados a um contrato de arreda- mento mercantil, com prazo de 24 a 36 meses. Modalidades Pessoa Jurídica • Capital de Giro – contrato com crédito preestabelecido, destinado à cobertura even- tual das atividades operacionais da organização. • Vendor – é uma operação de financiamento da compra de bens e serviços concedidos aos compradores e garantido pelo fornecedor por meio de uma fiança. • ACC (Adiantamento sobre Contratos de Câmbio) – financiamento às exporta- ções preembarcadas.. • ACE (Adiantamento sobre Cambiais Entregues) – financiamento às exportações já embarcadas. • Financiamento à Importação. • Resolução 63 – crédito com recursos captados no exterior. • Leasing – destinado à aquisição de bens móveis, vinculados a um contrato de arrenda- mento mercantil, com prazo de 24 a 36 meses. • BNDES (BancoNacional de Desenvolvimento Econômico e Social) – financia- mento de projetos relacionados à compra de equipamentos, à modernização, à expan- são fabril e ao desenvolvimento tecnológico. 32 Administração Financeira Senac São Paulo Garantias Pessoais – é o modo de garantia em que a pessoa se obriga ao pagamento dos créditos, quando o devedor principal não paga. Podem ser o aval ou a fiança. • Aval – é a garantia dada por pessoa física ou jurídica, usada em títulos de crédito, onde o avalista fica solidariamente responsável com o devedor pelo pagamento do crédito. É uma forma de garantia muito usada pela sua praticidade, quando de pe- quenas operações. • Fiança – é a garantia dada por pessoa física, sempre em um contrato acessório, isto é, sua validade está sempre diretamente relacionada com a existência de um contrato principal, onde o fiador garante no todo ou em parte da obrigação, que outra pessoa assumiu com um concessor de financiamento Endosso – é o meio pelo qual se transfere a posse de um título de crédito, garantin- do ao seu novo possuidor a legitimidade do crédito, o aceite e o pagamento do título. Assim, quem endossa um título de crédito está transferindo não só sua propriedade, mas também todos os seus direitos . Há duas categorias de endosso: • Endosso em Branco – é representado pela assinatura do proprietário ou seu procurador, no verso e anverso do título, sem qualquer declaração. Essa espé- cie tem a característica de converter o título nominal em “ao portador”, permitin- do que sua circulação possa dar-se pela simples tradição manual, isto é, que passe de mão em mão. O portador será o titular de todos os direitos do título e seu legítimo proprietário. • Endosso em Preto – É aquele em que o endossante declara expressamente o nome do endossatário (novo proprietário) no termo de transferência: “Pague- se a Fulano de Tal”. Além da transferência da propriedade do título, pode também conter outras declarações, em muitos casos necessários ao esclarecimento de certas responsabilidades. 33 Administração Financeira Senac São Paulo Reais – são garantias que se constituem sobre a vinculação de bens econômicos, onde o devedor afirma deixar à disposição do credor, caso não cumpra com sua obrigação na data acordada. Apresenta-se sob as formas de: • Caução de Duplicatas/Cheques – é uma modalidade de garantia em que uma pessoa oferece a outra como segurança para o cumprimento de uma obrigação principal. São garantias creditícias, normalmente para satisfazer a obrigatoriedade de um contrato de crédito preestabelecido. • Alienação Fiduciária – é a garantia constituída sobre veículos, máquinas e equipamen- tos. Consiste na transferência, para o credor, do domínio do bem, embora o devedor permaneça com a posse. Neste caso, o devedor assume a figura de “fiel depositário”, não podendo vendê-lo ou onerá-lo sem a prévia concordância do credor. • Penhor – Consiste na entrega ao credor, de bem móvel, por um devedor ou por ter- ceiros, para garantir o cumprimento de uma dívida. • Hipoteca – Implica a sujeição de bens imóveis, navios ou aeronaves, ao pagamento de uma dívida. A posse do bem não é transferível ao credor. Sua prova será por escrito em escritura pública. Se o devedor for casado, assinará também seu cônjuge. Tratando-se de pessoa jurídica, por ele assinará quem tiver poderes específicos para tal. • Anticrese – é um contrato acessório, pelo qual o devedor dá ao credor o direito de receber os frutos ou rendimentos de determinado imóvel de sua propriedade. É também chamado de contrato de consignação de rendimentos. O contrato caducará quando o imóvel não for mais rentável, tornando-se estéril ou improdutivo. Incapacidade Uma constante preocupação em concessão de crédito é a escolha do tipo de garantia a ser reclamada para amparar o limite de crédito que está sendo estipulado. Diante disto, há que se ficar atento para a INCAPACIDADE de se adquirir crédito. Isso ocorre das seguintes maneiras: • Incapacidade Total – ocorre quando as informações obtidas no cadastro não atingem o mínimo necessário para se estabelecer um limite de crédito. • Comerciante individual – ocorre quando a pessoa física se apresenta não possuidora de outros bens. • Sociedade estabelecida há pouco tempo, cuja constituição reúna pessoas desconheci- das no mercado. 3� Administração Financeira Senac São Paulo • Capital registrado muito baixo – um sintoma de que a própria pessoa não acredita no seu negócio. • Estrutura organizacional arcaica ou sem experiência Incapacidade Parcial Ocorre quando, dado um limite de crédito inicial, este não satisfaz mais o cliente, que co- meça a pressionar para ter aumentado seu crédito. Incapacidade Temporária Ocorre quando se apresentam situações de negócios esporádicos, ou quando os clien- tes, por razões justas e compreensíveis, atravessam uma fase difícil nos negócios, porém não desabonadora. Incapacidade Definitiva Por registrar fatos desabonadores atribuídos tanto à empresa quanto aos sócios que a com- põem, não permite qualquer possibilidade de concessão de crédito. Análise de Crédito O processo de análise de crédito consiste em se verificar a relação entre a capacidade financeira do cliente e o seu comprometimento em adquirir crédito. Podemos destacar duas análises: a subjetiva e a objetiva (ou estatística). Análise Subjetiva A análise subjetiva consiste em decisões individuais do analista de crédito, no seu feeling, com base em alguns argumentos, onde todo o processo se baseia na experiência, informa- ções e sensibilidade de cada um à concessão do crédito. As informações necessárias para a análise subjetivas são tradicionalmente conhecidas como “Cs” do crédito: CARÁTER, CAPACIDADE, CONDIÇÕES, COLATERAL (garantias) e CAPITAL. 3� Administração Financeira Senac São Paulo Os “Cs” do Crédito Caráter → Intenção de Pagar Deve-se estar refletida a performance do eventual tomador de crédito, destacando-se os seguintes aspectos: identificação, pontualidade, existência de restrições, experiência em negócios, atuação na praça. Capacidade → Habilidade de Pagar A base para análise e indicação da capacidade é o relatório de visitas, isto é, a constata- ção in loco das condições de operação e funcionamento da organização, destacando-se os seguintes aspectos: estratégia empresarial, organização e funcionamento, capacidade dos dirigentes e tempo de atividade. Condições → Ambiente Externo A análise do ambiente externo pode ser obtida por dados setoriais, nos órgãos técnicos, ou instituições oficiais. Os aspectos que devem ser observados são os seguintes: informação sobre os produtos e mercado, o ambiente macroeconômico e setorial, o ambiente com- petitivo e a dependência do governo. Colateral → Bens Patrimoniais Vinculados Esta análise prende-se aos bens patrimoniais das pessoas físicas e jurídicas, onde se pode ter a vinculação destes com o contrato de crédito. Capital → Situação Econômico-Financeira A situação econômico-financeira é extraída dos relatórios contábeis, a saber: O Balanço Patrimonial, A Demonstração de Resultados, A Demonstração e Origens de Aplicações e Recursos, A Demonstração de Mutações do Patrimônio Líquido. Estas duas últimas, so- mente para empresa de Capital Aberto. Análise Estatística ou Objetiva Com a informática, nos últimos anos foi possível a abordagem estatística baseada na pon- tuação. Esse instrumento tornou-se importante na tomada de decisão relativa à concessão do crédito devido à sua praticidade e à sua agilidade. O sistema de pontuação consiste de se atribuir pesos ou números, a quesitos de análise, onde após a atribuição de valores a cada característica variável de risco selecionada, pode ser concedido ou recusado de maneira padronizada, consistente e objetiva, baseado sem- pre em probabilidades e ponto de corte. 36 Administração Financeira Senac São Paulo Ao se fazer um somatório de pontuações de toda acarteira de clientes, é possível deter- minar probabilisticamente uma média relacionada com a determinação do nível de risco desejado, e a partir daí determinar o nível mínimo para aprovação do crédito. Cobrança Como a atividade de concessão de crédito estará sempre exposta ao risco de inadimplên- cia, é necessário que à Área de Crédito faça uma permanente monitoração dos mecanis- mos de que dispõe para minimizar as perdas. Quando isso não é possível, a perda se torna inevitável e o crédito pode se transformar num problema. Faz-se necessário uma política de administração dos recebíveis, para a recupera- ção total ou parcial do empréstimo, no menor tempo possível, com o menor custo. Motivos de Créditos Problemáticos • Avaliação incorreta da ficha cadastral. • Política de crédito mal administrada. • Analistas sem experiência. • Instrumentos de análise fracos e sem consistência. • Falta de monitoração de possíveis inadimplentes. • Falta de comunicação entre áreas. • Etc. Funções da Cobrança • Seguir e executar a política e as diretrizes de cobrança da organização. • Manter as posições de contas a receber da empresa sempre atualizadas. • Confeccionar e manter atualizados relatórios gerenciais. • Informar às Áreas sobre o comportamento dos clientes inadimplentes. 37 Administração Financeira Senac São Paulo Processo de Cobrança • Cartas. • Telefonemas. • Visitas Pessoais. • Uso de empresas especializadas. • Processo judicial. Meios de Cobrança (Contas a Receber) • Cobrança em carteira. • Cobrança Bancária: • Cobrança Simples, • Cobrança Caucionada, • Cobrança Descontada. Meios de Cobrança (Recuperação de Ativos) • Reconhecimento do problema. • Verificar riscos e valores envolvidos. • Revisão do dossiê do cliente. • Verificar a situação do cliente em outros fornecedores. • Rever garantias. • Estabelecer um plano de ação. Nota: não se deve concluir a negociação sem um acordo! 3� Administração Financeira Senac São Paulo Recuperação de Ativos • Verificação da viabilidade da organização – Ela terá continuidade? • Existem planos (de contingência e de logo prazo) para recuperação por parte do cliente? • Existem condições financeiras para consolidar este plano? • Quem são seus clientes? Eles acreditam? • Quem são seus fornecedores? Eles acreditam? • Você não é um cobrador, é um solucionador de problemas! • Adote uma estratégia. Protesto É o ato formal pelo qual se prova a inadimplência e o descumprimento da obrigação origi- nária em títulos e outros documentos. • Os títulos, ou outros documentos de dívida, deverão ser apresentados ao Tabelião de Protesto de Títulos. • Ao Tabelião compete: o protocolo, a intimação do devedor, o aceite ou devolução, o recebimento do pagamento, bem como lavrar e registrar o protesto ou acatar a de- sistência do credor, proceder às averbações, prestar informações e fornecer certidões (negativa ou positiva). • Poderão ser protestados títulos e outros documentos de dívida, inclusive em moeda estrangeira. • O prazo é de 3 dias úteis, descontado o dia do protocolo e incluído o do vencimento. • Considera-se dia útil somente o dia em que haja expediente bancário. • Considera-se cumprida a intimação ao devedor quando comprovada a sua entrega no mesmo endereço que fora apresentado pelo credor no ato do protocolo. • A intimação contém: nome, endereço, identificação do título e o prazo limite para pagamento da obrigação. • A intimação será feita por edital (publicado pela imprensa local em jornais de circulação diária), quando o paradeiro do devedor for desconhecido. 3� Administração Financeira Senac São Paulo • A desistência do protesto só poderá ser feita pelo credor, salvo medida de sustação judicial. • O pagamento do título ou dívida será feito diretamente ao Tabelionato, acrescido de emolumentos e demais despesas, quando este dará quitação da dívida e colocará à disposição do credor no primeiro dia útil subseqüente. Caso – “A XYZ” é uma indústria que atua no ramo Têxtil, no segmento de Fiação de Al- godão, Fraldas de Algodão e Moda infantil. Defina para pessoa jurídica, através da análise subjetiva e objetiva, a concessão do crédito. Anotações da Ficha Cadastral do Cliente: Caráter A) Pontualidade: atrasos de até 30 dias, conforme informações de terceiros. B) Restrições: diversos protestos (7), já regularizados, inclusão no CCF (3) – já regularizado. C) Experiência em Negócios: tradicional, grandes operações. D) Atuação na Praça – sem registros desabonadores. E) Capacidade. F) Estratégia Empresarial – bem definida; vem atingindo os objetivos propostos; possui marca tradicional no mercado interno, e também vem exportando para o Mercosul. G) Gerência – Administração profissionalizada recentemente, e exercida de forma mo- derna, porém os executivos não são do ramo Têxtil. E recentemente promoveu rea- justes e perdeu alguns profissionais. H) Gestão 1 – (Organização e controles) – a empresa é organizada, com sistemas de con- troles modernos e adequados. I) Gestão 2 – (Tecnologia) –apresenta problemas de defasagem tecnológica dos equipa- mentos; em decorrência, apresenta baixa produtividade (abaixo da média do setor). �0 Administração Financeira Senac São Paulo J) Gestão 3 – (Capital) – a empresa não tem capital de giro próprio: - Vem sendo financiada com recursos de terceiros; - Os estoques apresentam-se elevados; - O endividamento bancário é de 4 meses das vendas; - Custos elevados, sem existência de concentração de clientes e de fornecedores; - Atraso fiscal considerável e passivos trabalhistas. k) Dirigentes – empresa tradicional, 50 anos de mercado. Recentemente foi adquirida por um grupo multinacional. Executivos novos, sem experiência no ramo têxtil. Condições A) Principais produtos e participação do mercado – Fios de algodão tintos, fraldas e ma- lhas. Sua participação está estimada em 15% do mercado. B) Principais clientes e participação nas vendas – indústria, comércio totalmente pulveri- zado, sem concentração dos 5 maiores. C) Principais fornecedores e participação nas compras – matéria-prima é adquirida de 4 fornecedores, sendo também importada, quando há necessidade. Não se evidencia risco no fornecimento. D) Principais concorrentes – 3 grandes empresas dominam o mercado em fios que repre- senta 80% do faturamento; o restante é muito concorrido. E) Canais de distribuição – é feita diretamente através do sistema just in time, e o restante é feito na loja de fábrica. F) Capacidade instalada – 90% de capacidade instalada. G) Vendas 12 últimos meses – crescente e constante. H) Ambiente Macroeconômico – descapitalizada, vem atravessando um período com o custo de capital elevado. I) Ambiente Setorial – o setor, depois de muitas marés baixas, vem atravessando um crescimento sustentável. J) Competitividade – concorrência acirrada. O poder de barganha dos clientes é muito forte. O concorrente mais forte faliu há dois anos. K) Dependência do Governo – as vendas não dependem do governo. �1 Administração Financeira Senac São Paulo Colateral A) Bens dos Sócios – sem restrições, todos quitados. B) Bens da Empresa – sem restrições, todos quitados. Capital A) Perfil Empresarial: 31-12-X9 31-12-X0 Lucro Líquido R$ 750,00 R$ 1,171,00 Patrimônio Líquido R$ 33,844,00 R$ 43,426,00 B) Liquidez: Corrente 1,10 1,20 Seco 1,06 1,18 Imediata 0,75 0,66 C) Endividamento PKT 60% 55% PKP 40% 45% D) Atividade PMR 60 dias 70 dias PMP 45 dias 60 dias PME 20 dias 15 dias E) Rentabilidade Margem Bruta 35% 30% Margem Operacional 10% 8% Margem Líquida 3% 3,5% Custo de Capital 15% 12% → Obs.: valores monetários em (R$ 000,00) Número de Pontos a serem atribuídos a cada quesito: • 01 – maior risco • 03 a 04 – médio risco (graduação) • 05 – menor risco �2 Administração Financeira Senac São Paulo Avaliação do nível de risco a partir do somatório dos pontos: • RISCO MÍNIMO – 85% ou 119 a 140 pontos • RISCO BAIXO – 65% ou 91a 118 pontos • RISCO CONSIDERÁVEL – 45% ou 63 a 91 pontos • RISCO ELEVADO – 10% ou 28 a 62 pontos Critério de decisão, ponto de corte – 75% ou MÍNIMO DE 105 PONTOS Limite de Crédito Não há, a rigor, um único modelo ou parâmetro para concessão de limite de crédito. O que acontece normalmente nas organizações é que elas concedem limites baseados em suas estatísticas anteriores, histórico do cliente, montante de compras nos outros fornecedores etc., critérios subjetivos a serem monitoradas sempre, com muito rigor, a fim de flexibilizar o montante de acordo com a evolução do cliente. Alguns admitem, por exemplo, 30% do faturamento; outros, 10 % do patrimônio líquido, e assim por diante. �3 Administração Financeira Senac São Paulo Vale a pena relaxar os padrões de crédito da empresa? Analise a situação a seguir: CAPÍTULO 5 ► Foco: FAZer A gestão do contAs A receBer PArA A mAnutenção dA liQuideZ dA emPresA e redução dA inAdimPlÊnciA A empresa vende por $10,00 a unidade, com custo variável unitário de $6,00, custo fixo total de $120.000 e vendas de 60.000 unidades. Caso a empresa aumente seu prazo comercial de 30 para 45 dias, vendas aumentam em 5% (63.000 unidades), devedores duvidosos aumentam de 1% para 2% das vendas e a empresa exige retorno de 15%. Vale a pena fazer isso? A análise da empresa deve ser feita sob três critérios: 1. Contribuição para o lucro Margem de contribuição unitária ($4) x 3.000 unidades adicionais de venda = $12.000 2. Devedores duvidosos Incremento desse custo de $6.600 3. Custo do investimento incremental em contas receber PMR x (custo variável total / 360 dias) Investimento no plano atual = $30.000 Investimento no plano proposto = $47.200 Incremento no investimento de $17.250 �� Administração Financeira Senac São Paulo Retorno exigido da empresa = 15% x $17.250 = $2.588 = custo do investimento marginal em contas a receber Somente o custo variável é considerado pois é a parcela que gera saída de caixa da empresa, decorrente do aumento em contas a receber. Resultado: Incremento no lucro = $12.000 (-) Custo incremental em devedores = $6.600 (-) Custo do investimento em contas a receber = $2.588 (=) resultado final = $2.812 O resultado final irá determinar se vale a pena relaxar a política de crédito. Na situação analisada, o incremento no lucro e no caixa, de $12.000, suplanta em $2.812 os custos incrementais de inadimplência e do investimento em contas a receber. Monitoramento do contas a receber O monitoramento pode se dar de duas maneiras: A) Por meio do prazo médio de recebimento PMR Esta é uma medida de extensão média do tempo que os clientes levam para liquidar suas compras a crédito. PMR deve ser comparado com as próprias condições comerciais da empresa. Exemplo: se o PMR for de 35 dias versus suas condições de crédito de 30 dias, é evidente que alguns clientes estão pagando com atraso. Uma forma de averiguar essa possibilidade está no uso do cronograma de vencimento, a seguir. Prazo médio de recebimento = PMR = Contas a receber / vendas diário Giro de contas a receber = 360 dias / prazo de recebimento ou = vendas a prazo / contas a receber �� Administração Financeira Senac São Paulo Uma elevação do giro de contas a receber pode sugerir resultado positivo, porém com que reflexos? Com sacrifício do preço de venda e da margem de lucro. Uma diminuição do giro pode ser justificada com aumento no volume de vendas ou ser lastreado por maiores prazos de pagamento pelos fornecedores. O PMR pode ser comparado também com o PMR médio do setor. Assim, se todos os con- correntes venderem nas mesmas condições de crédito e, se o PMR do setor é de 30 dias versus o PMR da sua empresa de 25 dias, ela tem porcentagem de clientes de desconto. Se for o contrário, a empresa tem vários clientes em atraso. B) Por meio do cronograma de vencimento ou “aging” Esse relatório mostra a posição de contas a receber em uma determinada data detalhada em valores vencidos e valores a vencer. Ambos valores são mostrados por prazos – de 0 a 30 dias, de 31 a 60 dias e acima de 61 dias, em valor e percentual sobre o total do contas a receber. Conforme quadro a seguir, o total a receber subiu de 31/12/x2 para 31/01/x3, porém os valores vencidos subiram proporcionalmente mais do que os valores a vencer. Eles repre- sentavam 12,5% e agora representam 15,2%. Isso mostra que a empresa relaxou nas suas cobranças, precisando tomar atitudes para reduzir o nível de atrasados. CRONOGRAMA DE VENCIMENTO Posição em 31/12/x2 Posição em 31/01/x3 idade das contas valor % do valor idade das contas valor % do valor (dias) total (dias) total valores vencidos 4000 12,5% valores vencidos 5100 15,2% 0-30 1000 3,1% 0-30 1700 5,1% 31-60 1700 5,3% 31-60 1900 5,7% acima 61 1300 4,1% acima 61 1500 4,5% valores a vencer 28000 87,5% valores a vencer 28500 84,8% 0-30 10000 31,3% 0-30 11000 32,7% 31-60 11000 34,4% 31-60 10000 29,8% acima 61 7000 21,9% acima 61 7500 22,3% total a receber 32000 100,0% total a receber 33600 100,0% �6 Administração Financeira Senac São Paulo Técnicas de gerenciamento de estoque 1. Sistema da curva ABC – estoque dividido em 3 grupos, em que A consiste de 20% dos itens de estoque e 70% de valor e, portanto, deve girar mais rapidamente que itens dos demais grupos. 2. Sistema JIT / Manufatura enxuta – inicia-se a produção somente quando o estágio seguin- te solicitar. Isso vale para fora da empresa e também para os estágios internos de produ- ção. Assim, os materiais chegam no momento em que são necessários na produção. A manufatura enxuta vai até uma etapa além, partindo do conceito de demanda puxada por parte do cliente. Dessa forma, a empresa só iniciará a produção quando ela rece- ber o pedido do cliente. 3. Lote econômico de compra – considera os custos de pedir e os custos de manter. O modelo minimiza o custo total do estoque. CAPÍTULO 6 ► Foco: comPreender o imPActo Que os estoQues ProVocAm no ciclo de cAiXA e mAneirAs de inFluenciAr no seu giro �7 Administração Financeira Senac São Paulo Figura 8 – Determinação do lote econômico de compra. 4. Modelo do MRP – Planejamento das necessidades de material – Para um dado plano de produção e com base no tempo de produção nos vários estágios e no tempo de entrega dos materiais, o sistema calcula as necessidades de materiais, comparando as necessidades de produção com o saldo de estoque disponível. LEC = lote econômico de compra, ou quantidade óti- ma a ser encomendada cada vez que um pedi- do é feito. F = custos fixos de se colocar e receber uma enco- menda. V = vendas anuais em unidades. C = custo anual de estocar expresso como porcenta- gem do valor médio do estoque. P = preço de compra que a empresa deve pagar por unidade do estoque. �� Administração Financeira Senac São Paulo A quem se deve pagar? O pagamento deve ser feito ao credor ou a quem de direito o represente (por procuração ou escritura pública). Considera-se autorizado a receber o pagamento o portador da qui- tação, exceto se as circunstâncias contrariarem a presunção daí resultante. O devedor que paga tem direito a quitação regular e pode reter o pagamento enquanto esta não lhe for fornecida. A quitação designará o valor e a espécie da dívida quitada, o nome do devedor ou quem pagou por ele, o tempo e o lugar do pagamento, com a assinatura do credor ou do seu representante. Fases de contas a pagar Adiantamentos a fornecedores: estes valores são transferidos pela empresa adquirente aos seus fornecedores em função de uma encomenda feita por força de um contrato de compra ou prestação de serviços a longo prazo, ou quando o fornecedor exige um “sinal” para a realização do negócio. Gera uma saída de recursos do caixa da compradora e um registro em seu ativo, que evidencia o direito de receber do fornecedor alguma coisa num futuro próximo. CAPÍTULO 7 ► Foco: oBter As inFormAçÕes e documentos necessÁrios PArAumA AdeQuAdA gestão de contAs A PAgAr �� Administração Financeira Senac São Paulo Pagamento a fornecedores: estes valores se referem à quitação de obrigações a pagar por compra a prazo, ou pela realização de pagamentos à vista. Na transação a prazo, o fornece- dor ou prestador de serviço emite, junto com a nota fiscal, uma duplicata, documento que lhe permite receber o valor acordado na transação. Quando a empresa pratica operações de compra a prazo, deve manter uma área de contas a pagar, com responsabilidade de efetuar os pagamentos. Para tal, a empresa deve ter controle de suas obrigações (credores, valores e datas de vencimentos), receber os boletos de cobrança na data de liquidação de suas obrigações e fazer o pagamento dos títulos na rede bancária. Solicitação de recursos à tesouraria – confirmada a legitimidade das obrigações, a área de contas a pagar deve preparar processos de pagamento e informar a tesouraria sobre os montantes a pagar e respectivos vencimentos para que esta autorize os bancos a realizar a liquidação dos títulos. Administração das contas a pagar: é o gerenciamento destas obrigações, e considera a realização de algumas atividades: • Follow-up: é o acompanhamento realizado pela empresa compradora perante seus fornecedores. • Aging de Pagamentos: é a determinação da “idade” das contas a pagar. • Renegociação de prazos: existem situações que levam uma empresa a postergar o pagamento de seus compromissos. Quando ocorrem problemas de liquidez, devem ser estabelecidas regras sobre quais fornecedores e obrigações terão prioridade de pagamento, negociado prazos, solicitando o parcelamento ou redução de encargos. �0 Administração Financeira Senac São Paulo Veja figura ilustrativa abaixo das diversas fases do contas a pagar. Principais responsabilidades • Formação do processo de pagamento, sempre antes da data do vencimento; • Apontar divergências entre o processo interno e o externo (pedido X Nota Fiscal, Duplicata, Fatura etc.); • Analisar e controlar os contratos firmados, que requerem pagamentos; • Manter relacionamentos externo com fornecedores, bancos e outros, evitando atrasos nas liquidações dos compromissos; • Autorizar os pagamentos que estejam de conformidade com o negociado; • Emitir solicitações de pagamentos, cheques, borderôs bancários para a liquidação dos compromissos assumidos; • Preparar a posição diária e semanal dos compromissos a serem liquidados para efeito de Fluxo de Caixa; �1 Administração Financeira Senac São Paulo • Aproveitamento de descontos financeiros, oferecidos pelos fornecedores, para anteci- pação de pagamentos, desde que seja interessante à empresa; • Organização, principalmente no controle de pagamento de contratos; a maioria dos contratos firmados exige pagamentos sucessivos por diferentes prazos; é conveniente que para cada contrato tenha-se uma Planilha de Acompanhamento do Contrato, para facilitar a conferência dos valores faturados contra a empresa. Controles do contas a pagar Através de uma minuciosa análise, prévia e diária, dos documentos em seu poder, o Contas a Pagar deverá ter uma sistemática eficiente das obrigações a pagar. Os controles exigidos têm por objetivo evitar que documentos que compõem o processo de pagamento sejam extraviados, perdidos ou arquivados indevidamente, ou mesmo ense- jem evitar dissabores para a empresa, tais como: • pagamento de juros de mora e multas; • envio de títulos a Cartório de Protestos; • corte de crédito feito pelos fornecedores; • informações negativas na praça; • problemas creditícios junto às instituições financeiras. Transações das contas a pagar • A empresa deve efetuar seus pagamentos nas datas negociadas e manter recursos disponíveis nas contas bancárias; • Descontos e abatimentos devem ser considerados pela empresa com base em autorização documentada; • Privilegiar pagamentos por rede bancária; • Área de contas a pagar, não deve processar o pagamento de obrigações não rela- cionadas com o negócio da empresa. �2 Administração Financeira Senac São Paulo Riscos em contas a pagar • Atrasos sistemáticos nos pagamentos; • Pagar sem recibo; • Não avisar antecipadamente a tesouraria. Tesouraria • Administração do Fluxo de Caixa; • Aplicações; • Captações; • Liberação de Recursos Internos; • Controle do Fundo Fixo de Caixa. Transações de Tesouraria • Privilegiar os bancos de primeira linha; • Diversificar o leque de aplicações; • Manter fundos disponíveis para pronto uso; • Adiantamentos a funcionários; • Captação de recursos após avaliação econômico-financeira das condições de mercado; • Contratos de financiamento devem passar por avaliação jurídica. �3 Administração Financeira Senac São Paulo Riscos na Tesouraria • Não privilegiar os bancos de primeira linha; • Não diversificar o leque de aplicações; • Não manter recursos disponíveis para pronto uso; • Não estabelecer prazos para as prestações de contas de adiantamentos a funcio- nários e adiantamentos para viagens; • Não realizar a avaliação econômico-financeira e jurídica de contratos de emprésti- mo e financiamento; • Utilizar recursos de curto prazo para financiar a expansão das atividades da empresa; • Demora na realização da conciliação bancária. Não fazer esta conciliação na Tesou- raria pode levar a empresa à perda de controle sobre as disponibilidades; Produtos de crédito Chamamos de produtos de crédito algumas operações de crédito realizadas por bancos, financeiras, administradoras de cartão de crédito, empresas de leasing, empresas de fac- toring etc. Cada produto aqui apresentado tem suas características próprias, seja para cumprir determinação da legislação e/ou por necessidade de mercado. O responsável pela decisão de crédito tem que estar atento aos detalhes da operação de crédito em si e também nas mudanças de cada produto. Na maioria das instituições existe a figura do gerente de produtos, que é quem cria, de- senvolve e aperfeiçoa o produto de crédito. Este profissional necessita da colaboração de diversas áreas da instituição para que um produto possa ser lançado no mercado. Para todo produto de crédito existir é necessário que hajam recursos para serem dispo- nibilizados aos tomadores. Ou seja, para se emprestar ou para financiar é necessário que exista dinheiro para se conceder. A área de tesouraria é que cuida da disponibilidade destes recursos. É ela que informa por quanto o dinheiro será “vendido”. Isto levando em consi- deração o custo do dinheiro. Existem outros fatores que influenciam ainda no lançamento de um produto. �� Administração Financeira Senac São Paulo Adiantamento sobre Contratos de Câmbio – ACC Definição: O ACC, Adiantamento sobre Contratos de Câmbio, destina se às empresas exportadoras. A empresa recebe adiantado, em moeda nacional, o valor equivalente aos valores em moeda estrangeira. A utilização dos recursos não necessita ser total; a empresa pode solicitar a liberação parcial dos valores que serão obtidos com a exportação. Banco Central: Controla as operações, que devem ser registradas em seu sistema. Há uma comparação entre as operações cadastradas e as exportações realizadas. Incentivo: É um produto que incentiva a exportação de produtos brasileiros. Já que é destinado às empresas exportadoras, com o objetivo de financiar os produtos que virão a ser exportados. Adiantamento sobre o Contrato de Exportação – ACE Definição: O ACE, Adiantamento sobre o Contrato de Exportação ou Adiantamento so- bre Cambiais Entregues tem a mesma definição do ACC, diferenciando deste por ser uti- lizado quando a mercadoria já está pronta e embarcada, ou seja, já foi superada a fase de produção da empresa exportadora. Antecipação de Restituição do I.R. Definição: Crédito pessoal sem comprovação de utilização. Linha de crédito que visa an- tecipar os valores a serem recebidos da Receita Federal, referente a restituição devalores do imposto de renda recolhidos. Público-alvo: Clientes dos bancos que optam junto à Receita Federal a receber sua resti- tuição do Imposto de Renda através de conta corrente na instituição. Após a estabilização da moeda e a queda nos índices de inflação, as instituições financeiras procuraram desenvolver produtos voltados para as operações ativas. Sem ter mais os altos ganhos nas operações passivas (captação de recursos), as instituições procuram gerar re- ceitas com empréstimos e financiamento. Este produto é recente e começou a ser comer- cializado por volta de 1998, inicialmente por poucas instituições; hoje em dia quase todas as grandes instituições oferecem este produto. Como o público-alvo deste produto é composto por correntistas da instituição, a inadim- plência tende a ser baixa. Além disto sabemos exatamente qual será o valor que o cliente irá receber, o que faz com que possamos adequar o valor que será liberado. Para realizar a operação a maioria das instituições exige a apresentação do Recibo de En- trega da Declaração do Imposto de Renda, onde consta qual será o banco que irá receber o crédito da restituição, além do valor dela. �� Administração Financeira Senac São Paulo Prazo: A maioria das instituições que oferecem o produto, limitam o prazo de quitação ao último do calendário da Receita Federal para a liberação dos lotes de restituição. Deve haver uma cláusula no contrato que indique o prazo máximo para a quitação da operação, pois a instituição corre o risco de o cliente cair na “malha fina” e pode ser que a restituição dele demore muito para ser liberada; sendo assim, o cliente terá que usar de outros recur- sos para quitar sua dívida. Encargos e valor principal: Os encargos, o valor principal, o IOF e a TAC são cobrados na quitação do contrato. Limite financiado: As instituições, em sua maioria, liberam até 80% do valor da restitui- ção. Elas também limitam o valor mínimo a ser financiado, em média R$ 100,00. Capital de Giro Definição: São empréstimos feitos pelas instituições financeiras aos seus clientes com o objetivo de suprir necessidade de cobertura em seus fluxos de caixa. Quando existe uma diferença, e isto é bem constante, entre os prazos e valores de recebimento e de pagamen- to de obrigações por parte de uma empresa, esta tem a necessidade de obter um capital para cobrir este espaço que é gerado quando a empresa tem que receber determinada quantia em uma data, mas precisa pagar um obrigação em uma data anterior. Garantias: As garantias mais utilizadas neste tipo de operação são as duplicatas. Normal- mente são solicitadas garantias que representem de 120% a 150% do valor da operação. Exemplo: A firma ABC tem que pagar uma parcela referente à aquisição de uma máquina de costura industrial no dia 12 de janeiro. Suas vendas a prazo só começam a ser recebidas no dia 25. Para suprir este descasamento de prazos a empresa pode recorrer a uma ope- ração de capital de giro. Cartão de Crédito Definição: cartão de plástico emitido por uma administradora de cartões que tem como finalidade servir como meio de pagamento. O cartão de crédito apresenta muitas vantagens para todos os envolvidos na operação, seja o emissor do cartão, o usuário ou o estabelecimento credenciado que aceita o cartão como meio de pagamento. Vantagens do cartão: Para o usuário – Permite que o usuário tenha um limite de crédito preestabelecido e au- tomático para seu uso de acordo com suas necessidades. O cliente passa por uma única análise de crédito ao aderir ao sistema de cartão de crédito. O cliente pode optar pelo pagamento rotativo ou pelo parcelado de suas compras ou ainda optar por quitar o valor total de suas despesas. �6 Administração Financeira Senac São Paulo Para o estabelecimento – O estabelecimento que se credencia junto a uma administradora de cartões de crédito tem como principal vantagem (em relação ao crédito) a transferência das rotinas de concessão de crédito para a administradora, pois o único risco a que ele fica exposto ao receber um pagamento em cartão é se este constar na “lista de impedidos” e o responsável pela transação não realizar a consulta, mas mesmo assim com a informatização dos processos de consulta cada vez mais ampliados, este risco diminui muito. O cartão de crédito pode ser emitido para ser utilizado unicamente no Brasil ou para ter uso internacional. O cartão pode ser emitido para pessoas físicas ou pessoas jurídicas. Existem cartões que não estipulam limite de crédito, mas aprovam as despesas através do perfil econômico, recursos pessoais, padrão de gastos e histórico de pagamento. CDC – Crédito Direto ao Consumidor Definição: É o financiamento destinado à aquisição de bens duráveis. Exemplo: Financiamento de automóveis e outros tipos de bens duráveis (geladeira, TV, videocassete etc.). Esta modalidade de crédito está presente em nosso dia-a-dia. Quando compramos um bem durável e pagamos a prazo, na verdade estamos levando o bem e assumindo um financiamento com uma financeira ou banco. A instituição financeira paga à vista à loja e financia nossa compra. Nos casos de financiamentos de veículos (automóveis, motos, caminhões, motos, barcos, máquinas) o bem financiado fica como garantia do pagamento. Nesta situação dizemos que o bem está em alienação fiduciária. As financeiras, devido à necessidade de emitir um parecer rápido sobre a solicitação do cliente, utilizam métodos informatizados de avaliação das propostas. Esses métodos são baseados em dados estatísticos de perfil de um bom pagador. Através destes sistemas in- formatizados a financeira consegue em um tempo relativamente curto saber se o cliente será ou não um bom pagador. Além disto, as empresas realizam checagens com as fontes informadas nas propostas, como: referências pessoais, local de trabalho, referência bancária, experiência de crédito em outra empresa etc. As empresas/órgãos de informação também são fontes de consulta; eles servem para veri- ficar se o cliente está com dívidas no mercado ou não. �7 Administração Financeira Senac São Paulo Cheque Apesar do cheque ser uma ordem de pagamento à vista, sua grande utilização no mercado como meio de pagamento a prazo, faz com que, para efeito de estudo, ele seja colocado como um produto de crédito. Não é novidade alguma que a necessidade da venda de mercadorias e serviços, faz com que o empresário ou microempresário seja cada vez mais ágil. Ele necessita vender rapida- mente e de preferência não colocando obstáculos para seus clientes. O cheque se mostrou como o instrumento ideal para suas vendas a prazo. O famoso cheque “pré-datado”. O cheque pré-datado, a rigor, não é uma operação de crédito. O consumidor parcela uma compra, dando como garantia os cheques pré-datados, mais porque tem maior facilidade nesta operação do que com o preenchimento de uma ficha cadastral completa para fi- nanciar a compra a prazo. É por esta facilidade que o cheque pré é uma das modalidades preferidas no parcelamento das compras. De fato, é uma relação de confiança entre o consumidor e o varejista. Mas não está previsto na Lei este tipo de instrumento. Para todos os efeitos, o cheque é sempre um pagamento à vista. Tanto que se o varejista apresentar o cheque antes da data de vencimento, o documento é descontado normalmente. E se não houver fundos, o cheque é devolvido e o consumidor vai ter todos os problemas como qualquer outro emissor de cheque sem fundo. No entanto todos devem tomar seus cuidados ao receber um pagamento em cheque, seja ela “pré-datado” ou à vista. Alguns motivos de devolução de cheques: Cheques – Motivo Descrição Motivo 11 Insuficiência do fundos 1ª apresentação Motivo 12 Insuficiência de fundos 2ª apresentação Motivo 13 Conta encerrada Motivo 14 Prática espúria (Compromisso de Pronto Acolhimento) Motivo 21 Contra ordem ou oposição ao pagamento Motivo 22 Divergência ou insuficiência da assinatura Motivo 23 Cheques de órgão da administração
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