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EVICÇÃO É a perda (total ou parcial) da coisa adquirida, por sentença judicial fundada em motivo jurídico preexistente ao contrato. EXEMPLO BÁSICO: José roubou um carro de um terceiro (perceba que o titular/dono do carro é o terceiro e não José). Logo depois, José vende esse automóvel a João que não sabia do ocorrido anteriormente. Passado 2 meses, o terceiro vê João na rua com o seu carro e entra com uma ação contra João reivindicando seu bem. João (evicto) perde o bem e deverá agora cobrar o José pelos prejuízos sofridos. OBS: enquanto que no vício redibitório o defeito é material, ou seja, tem-se um vício na coisa (objeto), na evicção existe um defeito ou vício JURÍDICO. O adquirente possui garantia legal contra eventuais defeitos presentes nos direitos transmitido, como por exemplo, eventual pretensão legal de terceiro que busca obter o bem que tem direito. Trata-se portanto de uma cláusula de garantia implícita nos contratos onerosos bem como nas doações onerosas. HÁ 3 PERSONAGENS: 1) Alienante: que responde pelos riscos da evicção. 2) Evicto: que é o adquirente vencido. 3) Evictor: que é o terceiro (verdadeiro titular de direito da coisa), vencedor da ação. RESPONSABILIDADES: não se exige a culpa do alienante, que mesmo de boa fé responde pelos efeitos da evicção. (REGRA). Todavia, podem as partes, por meio de CLÁUSULA EXPRESSA: a) Reforçar; b) Diminuir; c) EXCLUIR a responsabilidade do alienante pela evicção. IMPORTANTE: Reforçar a responsabilidade do alienante (a exemplo de restituição em dobro do valor da coisa perdida em virtude da evicção) é permitido desde que, dentro de um limite razoável, observando os princípios contratuais, para evitar possível lucro excessivo para o adquirente. IMPORTANTE 2: A cláusula de exclusão sozinha não possui eficácia. Para que ela produza seus efeitos excluindo totalmente a responsabilidade do alienante exige-se que ele informe os riscos do contrato ao adquirente, e que este ASSUMA esses riscos, caso contrário (se houver somente a cláusula) e o adquirente não souber dos riscos, poderá cobrar do alienante a restituição do valor pago. REQUISITOS: a) Perda total ou parcial da propriedade, posse ou uso da coisa; b) Onerosidade da aquisição: o instituto da evicção aplica-se aos contratos onerosos e doações onerosas (agravadas por encargo). c) IGNORÂNCIA (não conhecimento) do adquirente em relação a litigiosidade ou vício jurídico da coisa: não será responsabilizado o alienante, se o adquirente souber que a coisa é alheia ou litigiosa. d) ANTERIORIDADE do direito do evictor (terceiro) ou motivo legal que permita a evicção: o alienante só responde pelos riscos da evicção se a causa for preexistente ao tempo de celebração do contrato (entre ele e o adquirente). REGRA. ATENÇÃO: Se o imóvel adquirido está na posse de terceiro, que se torna titular de direito sobre o imóvel por USUCAPIÃO, o alienante não será responsável pela perda da coisa, SALVO se não informou ao adquirente sobre a situação, e que este veio a sofrer evicção num CURTO lapso temporal que o inibia de tomar ciência sobre a situação. EXEMPLO: José (alienante) possui um imóvel, mas esse imóvel está na posse de terceiro que vai possuir direito sobre o imóvel daqui a 1 semana (prazo na lei ,apenas exemplo), ai josé, antes de perder o imóvel por usucapião para o terceiro, pega e vende esse imóvel para João, não lhe informando sobre a situação. João, sem saber compra o imóvel mas dai uma semana o terceiro passa a ser titular do imóvel por usucapião e entra com uma ação reivindicando o bem. PERCEBA que o direito do terceiro sobre a coisa veio DEPOIS (regra é anterioridade) da realização do contrato, mas devido as circunstâncias de João não ter sido informado e o lapso de tempo ter sido curto, apenas uma semana, José (alienante) AINDA SIM será responsável pela perda da coisa por evicção. OBS: coisa adquirida em hasta pública também gera responsabilidade ao alienante. e) Denunciação da lide ao alienante: é o procedimento a ser adotado pelo adquirente no caso de evicção. Ao sofrer uma ação de terceiro que configure evicção, o adquirente deve em regra, NOTIFICAR (mediante a Denunciação da lide) o alienante (como se fosse um aviso, dando um toque tipo, pô cara comprei esse carro teu, te paguei mas ai apareceu um nego lá falando que o carro é dele e ele entro com uma ação e agora??), que deve entrar em uma lide secundária para de certa forma defender a manutenção do negócio que já foi fechado. Se o alienante não se manifestar, restará ao adquirente apenas a opção de pleitear uma AÇÃO REGRESSIVA AUTÔNOMA contra o alienante para recuperar o valor perdido mais os prejuízos, isso somente após ele (adquirente) perder a coisa por SENTENÇA JUDICIAL. (essa parte é mais de processo civil, não sei se ele vai cobrar na prova). OBS: a jurisprudência do STJ tem afirmado que mesmo a não denunciação da lide pelo adquirente, este ainda tem direito de pretensão regressiva contra o alienante, mas somente após sentença judicial. VERBAS DEVIDAS pelo alienante ao adquirente: “Salvo estipulação em contrário, tem direito o evicto, além da RESTITUIÇÃO INTEGRAL do preço ou das quantias que pagou: I - à indenização dos frutos que tiver sido obrigado a restituir; II - à indenização pelas despesas dos contratos e pelos prejuízos que diretamente resultarem da evicção; (perdas e danos, juros legais) III - às custas judiciais e aos honorários do advogado por ele constituído. Parágrafo único. O preço, seja a evicção total ou parcial, será o valor da coisa, na época em que se evenceu, e proporcional ao desfalque sofrido, no caso de evicção parcial” OBS: só será indenizado se ele (adquirente) provar que teve tais prejuízos, já que é dele o ônus da prova. OBS: Tem responsabilidade o alienante “ainda que a coisa alienada esteja deteriorada, exceto havendo dolo do adquirente”. OBS: benfeitorias necessárias ou úteis feitas pelo adquirente devem ser restituídas pelo alienante em seus respectivos valores. Já as voluptuárias não precisam ser restituídas. EVICÇÃO PARCIAL: é quando o evicto perde apenas parte ou fração da coisa adquirida. Se a parte que ele perdeu for CONSIDERÁVEL (relevante), o adquirente pode optar por: a) Rescisão do contrato: b) Restituição da parte do preço correspondente ao desfalque sofrido. OBS: se for NÃO CONSIDERÁVEL, ele terá direito somente a indenização.
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