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BIOLOGIA CELULAR SINALIZAÇÃO CELULAR 22/09 ___ Resumo INTRODUÇÃO A célula recebe sinais á partir de receptores, em que estes interagem com a molécula sinalizadora desencadeando uma série de reações bioquímicas dentro da célula ↦ Transdução de sinais. Essa reações podem alterar o metabolismo celular: definindo o destino da célula (crescimento, sobrevivência, diferenciação, migração, proliferação, etc..). ● RECEPTORES: São proteínas que interagem com seus ligantes, ativando as vias de sinalização intracelulares, gerando efeitos biológicos. Estruturalmente um receptor de uma proteína que se localiza normalmente na membrana plasmática da célula, é constituído por um domínio externo: extracelular, um domínio transmembrânico, e por um domínio interno: intra-celular. 2 ● Sinais extracelulares atuam via receptores de superfície e alteram o comportamento da célula-alvo ● Sinais extracelulares podem agir lentamente ou rapidamente. Ex1: uma molécula de sinalização atua sobre um receptor, onde ocorre uma modificação no receptor e induz assim uma resposta celular para que a célula cresça e inicie o processo de divisão celular - esse tipo de resposta geralmente é lenta. EX2: uma resposta mais rápida pode ser a indução de secreção de uma substância, alteração do movimento ou metabolismo celular, pois envolvem alterações em função de proteínas que já estão no citoplasma. ● A mesma molécula sinal pode induzir respostas diferentes em células-alvo distintas. Por exemplo, a Acetilcolina- um neurotransmissor - pode atuar em diferentes tipos celulares, como em células da musculatura lisa do coração(reduz a velocidade de contração), em células da glândula salivar(pode induzir secreção de saliva) e em células da musculatura esquelética(induz contração muscular): assim a ação da Acetilcolina pode causar diferentes resultados nessas células, onde o mesmo sinal atuam em células 3 diferentes, com receptores iguais ou diferente. Isso está ligado ao diferentes tipos de gene que essa células expressam. ● Como o sinal é propagado de uma molécula para outra durante a cascata de sinalização? - A molécula sinal atua sobre o receptor ↦ O receptor passa essa informação, de certa maneira, para várias outras proteínas ao longo dessas reações em cascata. Essas moléculas normalmente conversam entre si por meio de interações, então a interação entre essas proteínas podem acarretar em mudanças conformacionais. OU - Modificações pós-traducionais alteram a atividade das proteínas: Normalmente correm pela adição de algum grupo químico em uma determinada molécula, existem vários tipos de modificações: hidroxilação, metilação, lipidação, acetilação, ligação covalente entre grupos enxofre e diferentes resíduos de cisteínas entre as proteínas, glicosilação e também a fosforilação (a adição de um grupo fosfato altera a proteína e pode induzir ou inibir a atividade de uma 4 enzima, essa adição é feita pela família de proteína das quinases - é retirado um fosfato do ATP, e adicionado em três tipos de aminoácidos específicos: serinas, treoninas, tirosinas ). Desfosforilação: As fosfatases, removem um grupo fosfato do seu substrato ao hidrolisar os ésteres mono fosfóricos, dando lugar a um íon fosfato livre e uma hidroxila livre. ● Passos envolvidos na comunicação célula-célula: (1) Síntese da molécula sinalizadora por uma célula. (2) Liberação da molécula pela célula sinalizadora. (3) Transporte da molécula sinalizadora para a célula alvo. (4) Interação da molécula sinalizadora com um receptor celular na célula alvo. (5) Desencadeamento da sinalização intracelular. (6) Alteração do metabolismo, função, expressão gênica ou desenvolvimento da célula alvo. (7) Remoção do sinal e consequente término da resposta celular 5 * As molécula sinalizadoras podem atuar localmente ou à distância Tipos de sinalização: - sinalização endócrina: células produtoras de sinais - normalmente glândulas hormonais - produzem moléculas que caem na rede sanguínea e vai atuar sobre células-alvo que estão distantes. 6 - sinalização parácrina: a célula-alvo está muito próxima da célula que está produzindo a molécula sinalizadora. Ex: uma célula secretora secreta um sinal, onde essa molécula sinal atua sobre receptores de células que estão próximas à ela. - sinalização autócrina: a própria célula que produz o sinal, o utiliza em seus próprios receptores. - sinalização célula-célula: existe um contato físico entre a molécula sinalizadora - que está presa na superfície da membrana plasmática da célula sinalizadora - e a célula-alvo adjacente, assim a molécula sinalizadora atua sobre esses receptores. 7 Agentes Sinalizadores: ● Peptídeos e proteínas (insulina e PDGF) ● Esteróides (estradiol, testosterona) ● Gases solúveis (NO,CO) ● Nucleotídeos, retinóides, derivados de ácidos graxos ● Luz 8 Natureza das moléculas sinalizadoras: - Tal que as moléculas sinalizadoras podem ser de diferentes tipos, entram em contato com a célula e atuam de diferentes formas também, podendo atuar sobre receptores que estão presentes na membrana plasmática ou podem atuar sobre receptores que estão dentro da célula. - Normalmente moléculas grandes de hidrofílicas se ligam em receptores que estão presentes na membrana plasmática, já que não conseguem adentrar a célula. - Já moléculas pequenas e hidrofóbicas (como por exemplo derivados do colesterol: testosterona, estradiol, progesterona, cortisol, hormônio da tireóide, vitamina D3, ácido retinóico), dada sua afinidade com os lipídios da membrana conseguem adentrar a célula, assim atuando em receptores intracelulares. ● Hormônios esteróides e seus receptores intracelulares: os receptores intracelulares podem estar tanto no citoplasma como no núcleo. EX: um receptores celular de certo hormônio esteróide que se localiza no núcleo está envolvido na regulação de um gene para expressão desse gene, que codifica uma proteína específica. Normalmente esse receptor está ligado à um fator de inibição, porém na presença do hormônio, quando ele se liga ao receptor causa uma mudança conformacional na estrutura do receptor, que desacopla o inibidor, possibilitando que o receptor se ligue ao gene específico no DNA e induz a transcrição da produção de RNA-m, que é traduzido na proteína em questão. Receptores acoplados à Proteína G (GCPR): - Funções biológicas dos GPCRs (1) Odor e paladar (2) Percepção da luz (3) Neurotransmissores (4) Funções endócrinas (5) Quimiotaxia 9 (6) Exocitose (7) Controle da expressão arterial (8) Embriogênese (9) Crescimento e diferenciação celulares (10) Oncogênese * Esses receptores atravessam 7 vezes a membrana plasmática, onde existem as alças que estão dispostas no meio extracelular (E1, E2,E3,E4) e alças no meio intracelular (C1, C2, C3, C4) e uma porção carboxi terminal. Esses receptores acoplados à proteína G, são encontrados desde fungos à mamíferos, sendo assim a classe mais numerosa de receptores de superfície. Dada a estrutura tridimensional da célula, esses receptores formam tubos na membrana plasmática: 10 Proteína G trimérica: essa proteína não está o tempo todo acoplada com esses receptores, é uma proteína intracelular. É chamada de trimérica pois é constituída de três subunidades (alfa, beta e gama). Essa proteína está ligada na porção interna da membrana plasmática por uma modificação lipídica. Dentre as subunidades alfa, beta e gama, a alfa em sua forma inativa está ligada à uma molécula de GDP, existem três tipos de subunidade alfa (i = inibitório, s= estimulatório, q) cada um dos tipos ativa diferentes vias de sinalização. Outra característica importante das proteínas G é que a subunidadealfa apresenta atividade GTPásica: Hidrolisa o GTP em GDP, quando ligada à GTP está em seu formato ativo. ➢ Mecanismo de ativação dos GPCRs: O GPCR em sua forma inativa está na membrana plasmática, e a proteìna G também, inativa e na membrana, estão em movimento na membrana porém mesmo que se encontrem não conseguem interagir. No entanto, quando uma molécula sinal se liga ao GCPR causa uma mudança conformacional nesse receptor (principalmente na alças C3 e C4 - alças citoplasmáticas), devido à essa mudança conformacional, quando a proteína G esbarra no GCPR conseguem interagir, o que causa uma mudança conformacional agora na proteína G -na subunidade alfa, ocasionando a saída de GPD e entrada de GTP. Também a entrada do GTP causa outra mudança conformacional, que acarreta na separação da unidade alfa, dissociando-se da beta e da gama 11 Agora, essa subunidade alfa ligada ao GTP pode interagir com a enzima que está presente na membrana plasmática, e dessa interação à a ativação da enzima. Além disso, quando a subunidade alfa ligada ao GTP interage com a enzima, aumenta a atividade GTPásica da subunidade, fazendo com que ela hidrolise o GTP perdendo assim um fosfato e se transformando em GDP. Isso possibilita que a subunidade associe-se novamente às subunidade beta e gama, fechando a sinalização! Voltando à enzima, uma vez ativada, atua sobre um substrato que assim se transforma em um produto. Esse produto é chamado de segundo mensageiro: 12 Substratos alvos ativados pelos GCPRs: ➢ Mecanismos de ativação da Adenilato-ciclase: Após a interação da subunidade alfa-GTP com a enzima Adenilato-ciclase induzindo a ativação desta. Essa enzima usa como substrato o ATP, o transformando em AMP cíclico, que é um segundo mensageiro. Esse AMP cíclico vai atuar em uma proteína quinase chamada PKA, a PKA normalmente está inativa devido a sua associação com uma subunidade regulatória, ela é formada por duas subunidade catalíticas e duas subunidades regulatórias. o AMP cíclico se liga à quatro sítios da subunidade regulatória, essa interação desencadeia uma mudança conformacional, que faz com que a subunidade regulatória se dissocie da subunidade catalítica, assim a quinase pode se ativar, e começa a fosforilar outras proteínas . - Exemplo de substrato dessas quinases -PKA que foi ativada- : a PKA pode atuar no citoplasma, mas normalmente atua no núcleo da célula. Já no núcleo ela fosforila uma proteína ↦ que nesse caso é um fator de ativação, chamado CREB, esse fator de transcrição que normalmente está inativo, quando ocorre a fosforilação do CREB uma outra proteína se liga a esse fator assim o ativando, dessa forma ele induz a transcrição de um gene-alvo, o RNAm, o RNA vai do núcleo ao citoplasma e vai ser traduzido em uma proteína: (imagem abaixo) 13 ● AMP cíclico-PKA estimula a quebra de glicogênio mas inibe a sua síntese: Ela pode atuar na quebra do glicogênio induzindo a fosforilação de uma proteína chamada glicogênio-fosforilase-quinase(GPK), quando ocorre a fosforilação dessa GPK induz a ativação de outra enzima que também é uma quinase, essa nova enzima também vai fosforilar um novo substrato o glicogênio fosforilase (GP), com essa fosforilação a GP se torna ativada e quebra o glicogênio em glicose. E já na inibição da síntese de glicogênio, ela induz a fosforilação de outra enzima a glicogênio sintase, nessa fosforilação há a inativação desta enzima, inibindo essa síntese. Obs: a fosforilação pode tanto ativar quanto inibir a função de certas proteínas. ● Esse sistema consegue ficar ligado por muito tempo? Não, a atividade da proteína quinase A vai ser inibida em um certo momento, essa inibição ocorre através de enzimas chamadas fosfodiesterases, as fosfodiesterases 14 hidrolisam o AMPcíclico em AMP, essa fosfodiesterase que cliva o AMPc é ativada pelo mecanismo de feedback negativo pela PKA. Assim, o AMPc estimula sua própria degradação levando a uma rápida diminuição do sinal gerado pelo AMPc, o que diminui a ativação de PK. EXs: 15 > Controle da ativação da Adenilato-ciclase depende da classe de proteínas G trimétrica: A inibição da Adenilato ciclase implica na inibição na produção de AMPc, assim não há ativação de PKA Ex da importância das subunidades alfa: ➢ Mecanismos de ativação da fosfolipase C: Vai ser ativado da mesma forma pelo GPCR que vai interagir com uma molécula sinalizadora causando uma mudança conformacional que leva à sua interação com a proteína G, e ativação da subunidade alfa, em que a subunidade alfa atua na enzima fosfolipase C-beta, essa enzima tem como substrato um lipídio de membrana o: fosfatidil inositol bi-fosfato (PIP2) ela o quebra formando inositol-trifosfato e diacilglicerol. O diacilglicerol permanece ligado à membrana, o inositol trifosfato é um segundo mensageiro que se liga em canais de cálcio -por exemplo no retículo endoplasmático- 16 quando ocorre essa ligação há a abertura desses canais de cálcio, aumentando o nível de cálcio intracelular. Existe uma quinase chamada de proteína quinase C (PKC) , que interage com o diacilglicerol(DAG) da membrana, o DAG tem um sítio ligação para o cálcio, assim quando ocorre a interação do PKA com o DAG e com o cálcio essa enzima PKC se torna ativada. Como ela é uma proteína quinase C, começa o processo de fosforilação em outras proteínas, propagando esse sinal. * Esse inositol trifosfato que foi gerado devido à quebra do PIP2 na membrana pela fosfolipase C, abre os canais de cálcio, esse cálcio pode atuar em uma proteína chamada calmodulina que possui quatro sítios de ligação para o cálcio. Quando ocorre a ligação do cálcio na calmodulina, ocorre a ativação de uma quinase chamada calmodulina quinase (CMK), que quando não associada à calmodulina encontra-se em estado inativo 17 ➢ Resumo da ação da Fosfolipase C: ● O Repertório de mecanismos que existem em cada tipo celular vai ser importante para direcionar qual vai ser o tipo de resposta induzida pela receptor. Então o receptor, uma vez ativado, vai dependender do repertório de constituintes de cada célula para induzir uma resposta específica. ______________________________________________________________________________ ➔ Óxido nítrico (NO) *Diversas atividades biológicas (funcionam como segundo mensageiro) NO sintases (NOS) : - NOS 1 ou NOS neuronal - NOS 2 ou NOS endotelial precisam de Ca2+ p/ funcionar - NOS 3 ou NOS induzida Ele é produzido através do aminoácido arginina na presença de oxigênio, e têm como catalisadores as enzimas NO sintases, assim ocorre a formação de citrulina e NO. Como ocorre essa formação: normalmente o NO é produzido em diferentes tipos celulares, principalmente por células endoteliais que estão presentes nos vasos sanguíneos, além 18 dessas células também são formados por uma camada de células de musculatura lisa (que regula o calibre dos vasos). A Acetilcolina (um hormônio) atua sobre um GCPR, que induz a fosfolipase C, a fosfolipase C induz como segundos mensageiros a produção de inositol trifosfato, que leva a abertura de canais de cálcio no retículo endoplasmático, ao aumento de cálcio causado por essa abertura faz com que o cálcio interaja com a Calmodulina, que está ligada a ativação da NO sintase. A NO sintase vai atuar tendo como substrato a arginina e o oxigênio, levando a produção de citrulina e NO na célula endotelial. Como o NO é um gás, se difunde rapidamente para as células vizinhas, no caso as células da musculatura lisa. Ao entrar nessas células induz a ativação de uma enzima chamada guanilato ciclase, esta enzima quebra o GTP em GNPcíclico, esse GNPcíclico atua ativando uma outra outra proteína quinase chamada Proteína quinase G, em queesta proteína leva ao relaxamento da musculatura lisa, de forma que como os vasos estão mais relaxados há um maior fluxo de sangue. ● Esse processo de atuação do óxido nítrico está muito envolvido na regulação da ereção masculina: o estímulo sexual leva um aumento na produção de NO das células endoteliais dos vasos que formam os corpos cavernosos do pênis, levando 19 à um relaxamento dessa musculatura lisa, levando à ereção. Depois de um certo tempo, quando a estimulação sexual termina, existe uma fosfodiesterase que quebra o GMPcíclico em GMP, quando ocorre essa quebra cessa a ativação dessa proteína quinase terminando com o relaxamento da musculatura lisa, e consequentemente a ereção. O viagra inibe a fosfodiesterase, isso mantém o GMPcíclico ativado por mais tempo mantendo a ereção por mais tempo também, quando acaba o efeito da medicação esse mecanismos volta ao normal. ______________________________________________________________________________ ➔ Receptores com atividade quinase intrínseca ● Receptores tirosina quinase (RTK): são um grupo receptores de fatores de crescimento, eles têm uma estrutura em que a maioria deles são monômeros, também apresentam tanto um domínio extracelular, cada um deles pode apresentar diferentes tipos de estrutura, por exemplo regiões ricas em cisteína, leucina, ou seja diferentes tipos de constituições nessa porção extracelular. Além da porção extracelular, têm o domínio transmembrana, que atravessa a membrana plasmática, e um domínio intracelular, em que todos os receptores nessa porção intracelular possuem uma região quinase, ou seja, é uma região enzimática capaz de induzir a fosforilação. 20 Com exceção do receptor de insulina e do IGF1 (um tetrâmero na membrana), todos os outros são monômeros(constituídos de uma única cadeia) ➢ Mecanismo de ativação dos Receptores Tirosina Quinase: De acordo com o próprio nome do receptor, eles são capazes de fosforilar somente resíduos de tirosina, e seu mecanismo de ativação é um pouco diferente do do GCPR. Para que ocorra sua ativação é preciso que ocorra uma dimerização dos monômeros. Os monômeros normalmente estão distantes um do outro, porém eventualmente podem se chocar, caso não haja a presença do ligante nesse caso a molécula sinal eles logo se dissociam, mas se a molécula sinal estiver presente ela vai interagir com o domínio extracelular desses receptores. Uma vez que ocorre esse tipo de interação, isso estabiliza a formação do dímero. Quando ocorre a formação do dímero, os domínio intracelulares quinases ficam próximos um do outro, assim um domínio quinase de um começa a fosforilar o domínio quinase do outro e vice-versa essa atividade é chamada de transfosforilação. Essa transfosforilação leva à uma mudança conformacional no domínio quinase de cada um dos monômeros, fazendo com que o sítio ativo da enzima fique mais exposto. Dessa forma, cada domínio quinase fica em um estado mais ativo e passa a fosforilar tirosinas da sua própria cadeia intracelular desses receptores, isso é chamado de autofosforilação. ➔ Conformação do loop de ativação dos RTK e mecanismo de autofosforilação: No receptor de insulina, quando esses monômeros estão separados o domínio quinase desses receptores apresentam uma região regulatória e uma região catalítica. Existem algumas tirosinas na cadeia desse domínio regulatório que não estão fosforiladas, quando ocorre a dimerização, o domínio quinase de um monômero vai fosforilar essas tirosinas do domínio regulatório desse domínio quinase, e vice-versa (transfosforilação). Quando 21 ocorre a fosforilação dos domínios tirosina ocorre uma mudança conformacional no domínio regulatório, deixando à uma exposição maior o domínio catalítico. Uma vez dada essa exposição, para que ele desempenhe seu papel de fosforilar outras proteínas, o domínio catalítico precisa que o ATP tenha acesso à essa fosforilação, com essa exposição o ATP têm esse acesso, assim permitindo que o domínio catalítico retire o fosfato do ATP e adicione à tirosinas da sua própria cadeia (autofosforilação). ➔ Como o sinal é transduzido após a fosforilação do receptor? Cada tirosina fosforilada nesses receptores virou um sítio de interação com outras proteínas. Algumas proteínas que não conseguiam entrar em associação com esses receptores por que eles não estavam fosforilados, agora passam a se associar com eles, pois reconhecem a tirosina fosforilada do receptor e se associam. Uma vez associada, a proteína X pode ter uma mudança conformacional que permite que outra proteína Y interaja com ela, isso causa outra mudança conformacional que faz com que se associem com outra proteína Z. A interação entre a proteína Y e Z, faz com que a Z se torne ativada e passe a atuar como enzima em diversos substratos dentro da célula. 22 ➔ Como essas proteínas interagem como receptor ativado? Existe um grande número de proteínas que apresentam domínios de ligação -uma sequência de aminoácidos- que reconhecem especificamentes as tirosinas fosforiladas, esses domínios são chamados de SH2. O SH2 não reconhece todos os resíduos de tirosinas fosforiladas (aminoácidos que compõe a cadeia polipeptídica desses receptores) do receptor, mas uma específica, constituindo um alto nível de especificidade. Os domínios SH2 são módulos dentro da proteína que apresentam aproximadamente em torno de 100 aminoácidos. Assim, os domínios SH2 são encontrados em um grande número de proteínas envolvidas em sinalização. Existem diversos tipos de proteínas dentro da célula que apresentam esses domínios SH2 de forma que, muitos receptores dessa classe quando se encontram ativados essas proteínas podem interagir com o receptor. Dentro desse grupo existem as quinases, proteínas adaptadoras(que não tem atividade enzimática), proteínas do citoesqueleto, fatores de transcrição. ➔ Domínios presentes nas proteínas permitem a interação entre diferentes proteínas: Além do domínio SH2, que reconhece a tirosinas fosforiladas desses receptores existem outros domínios dentro das proteínas que reconhecem outros tipos de modificações que acontecem nas proteínas. Por exemplo o domínio PH que existe em algumas proteínas, consegue reconhecer fosfolipídeos, como o PIP3 presente na membrana. Tem também o domínio SH3, onde a partir dele as proteínas conseguem 23 interagir com regiões de outras proteínas que são ricas no aminoácido prolina. O domínio 14-3-3 reconhece serinas fosforiladas. ● Sinalização Ras-ERK/MAPK - Proteínas Ras são membros de uma superfamília de proteínas G de baixo peso molecular - Estão ancoradas na membrana plasmática através de âncoras lipídicas - São reguladas por fatores de troca de guanina (FTGs) e por proteínas ativadoras de GTPases (PAGs) Essa via de sinalização é muito importante para vários tipo de células, é uma via que está muito envolvida com o mecanismo de proliferação celular, ou seja, quando essa via está ativada a célula está induzindo a divisão celular. Sua ativação ocorre desta maneira: A proteína Ras como é da família de proteínas G, estão ancoradas na porção intracelular da membrana plasmática através de âncoras lipídicas, elas ficam se movimentando na MP. Como possuem o fator de troca de guanina, transitam em seu estado ativado ou desativado, dependendo se estão ligadas ao GTP ou GDP. Quando ligada ao GDP encontra-se em seu estado inativo, sua ativação ocorre à partir de fatores de troca de guanina (FTGs), quando os fatores interagem com Ras há uma mudança conformacional em Ras que leva a dissociação do GDP, logo em seguida algum GTP que está no citoplasma se liga à Ras, tornando-o ativado. Para voltar ao estado inativo, Ras se associa à PAG que aumenta a atividade GTPásica de Ras, fazendo com que o GTP seja hidrolisado em GDP. Vias de proliferação como esta devem ser desativadas,pois um descontrole da divisão celular pode levar à um câncer. Assim, GAP interage com Ras, que hidrolisa GTP em GDP, voltando ao estado inativo, logo não interage mais com proteínas Raf, assim cessando essa cascata de sinal. 24 ❏ Via de sinalização que controlam a sobrevivência celular: Dois monômeros de tirosina quinase na presença de uma molécula sinalizadora dimerizam, assim ocorre a transfosforilação e a autofosforilação. As tirosinas dos receptores fosforilados interagem com a quinase PI3K(uma quinase que fosforila lipídio) pois essa possui domínio SH2> Com essa associação a PI3K fica próxima a membrana, o que a possibilita fosforilar PIP2, após essa fosforilação do Fosfatidilinositol bifosfato ele se torna o PIP3 (fosfatidilinositol trifosfato) As proteínas PDK1 e AKT também quinases, essas duas apresentam um domínio de ligação para PIP3, esse domínio é o PH. Assim, com a ação da PI3K de transformar PIP2 em PIP3, PDK1 e AKT conseguem se ligar ao PIP3. Assim essas proteínas ficam próximas uma das outras na membrana e como movimentam pela membrana, elas se chocam e conseguem interagir em que a PDK1 fosforila o AKT, ativando-o. Após ativado o AKT se dissocia do PIP3 e vai atuar como quinase, fosforilando vários tipos de proteínas, por exemplo BAD, IKK, FRKH, essas proteínas estão ligadas no controle da sobrevivência celular. Para desativar essa via, existe uma fosfatase lipídica que tem função de desfosforilar, a PTEN consegue tirar um fosfato do PIP3, fazendo com que ele volte ao estado de PIP2 na membrana. Dessa forma, sem o PIP 3 a PDK1 e o AKT não vão interagir na membrana plasmática, assim o PDK1 não ativa o AKT, finalizando essa via de sinalização. 25 ➔ Receptores serina/treonina quinase ● Receptores de TGF-beta - Crescimento, Diferenciação, Sobrevivência, Desenvolvimento. ➔ Mecanismo de ativação do receptor TGF-beta: Da mesma forma que os receptores tirosina quinase, para que ocorra a ativação desses receptores TGF-beta é preciso que ocorra uma dimerização. Esses receptores são constituídos por um monômero chamado receptor do tipo I e por um receptor do tipo II, eles apresentam no domínio intracelular o domínio quinase de serinas e treoninas. O receptor do tipo I apresenta mais uma região na porção intracelular chamada GS, essa região é um sítio de ativação para uma proteína chamada FKBP12, existe uma sequência de aminoácidos nessa região GS que faz com que essa proteína fique ligada à ela. Para a ativação desses receptores é preciso que a molécula sinal esteja presente, assim na hora que eles monômeros se associam se essa molécula estiver presente estabiliza a formação do dímero. Com a formação do dímero os domínios quinases ficam próximos um do outro, assim o domínio quinase do receptor tipo II começa a fosforilar serinas na região GS do receptor tipo II, isso faz com que a proteína FKBP12 se dissocie. As serinas fosforiladas vão ser sítios de ligação para outras proteínas, por exemplo para as Smad-r(regulatórias) que apresentam domínio 14-3-3 e reconhecem serinas fosforiladas, reconhecendo assim as da parte GS. Com isso, a Smad-r fica próxima ao domínio quinase do receptor do tipo I, que vai fosforilar serinas dessa proteína. Uma vez fosforilada a Smad-r se dissocia do receptor, e com isso agora conseguem interagir com uma outra smad da família delas a Smad-4, essa interaçao entre as duas forma um dímero, que consegue ir para o núcleo, funcionando como um fator de transcrição, ele induz a transcrição de um gene, que quando transcrito vai formar um RNAm que vai para o citoplasma e é traduzido em uma proteína. 26 ➔ Receptores que não apresentam atividade quinase intrínsica: Esses receptores também funcionam através da dimerização, e uma classe desses receptores que são das interleucinas não apresentam em sua constituição domínios quinase. Então não fosforilam automaticamente não vai ocorrer transfosforilação nem autofosforilação, mas eles têm associados à eles uma tirosina quinase(JAK). Esses proteínas JAKs associadas à esses monômeros, quando ocorre a dimerização na presença do ligante, mudam de conformação ficando próximas uma da outra e assim fosforilando resíduos de tirosina uma da outra. Após a fosforilação das JACKs elas se tornam mais ativas, e assim começam a fosforilar tirosinas na cadeia do receptor, assim as proteínas Stats conseguem interagir com esses resíduos de tirosina fosforilada do receptor via domínio SH2. Como essa associação deixa as Stats próximas às JAKs, as JAKs fosforilam resíduos de tirosina nas Stats, fazendo com que elas se dissociem do receptor. 27 Dado que as Stats ficaram cada uma com uma tirosina fosforilada, e possuem domínio SH2, isso possibilita que elas se reconheçam e assim interajam entre si via seus domínios SH2. Quando associadas funcionam como fatores de transcrição, são levadas até o núcleo. E no DNA em regiões específicas de genes específicos elas induzem a transcrição de genes que levam a síntese de proteínas em resposta ao sinal que foi enviado extracelularmente. ❖ Mecanismos de inibição da ativação: (1) Ligação de antagonistas: existe um receptor nas células das drosófilas chamado EGFR, o ligante (a molécula sinalizadora) para ativar esse receptor é o chamado SPITZ. Esses são receptores tirosina quinase, assim com a ativação dele ocorre a fosforilação de sua tirosinas, induzindo assim uma cascata de sinalização que leva a ativação de um fator de transcrição. Esse fator de transcrição regula o gene que codifica para uma proteína chamada ARGOS, depois da síntese de ARGOS ela é secretada para fora da célula, nesse momento ela compete com o SPITZ para interação com o receptor EGFR. Quando ARGOS interage 28 com EGFR ela não induz a dimerização do receptor, e ele não consegue se ativar. Ou seja, o mecanismo de antagonismo é quando a molécula apresenta uma capacidade de ligação no receptor, mas ela não têm a capacidade de ativá-lo. -inibição por antagonismo- (2) Desfosforilação: uma molécula sinal interage com um receptor, isso induziu a fosforilação deste receptor. Ele pode ser desativado pela ação de fosfatases que vão ser ativadas na célula, as fosfatases retiram esses fosfatos do receptor, isso cessa a castaca de sinalização. (3) Inibição por endocitose: Após ativados pelos ligantes, e fosforilados, existem proteínas que vão induzir a endocitose desse receptor. Assim a célula que estava sendo ativada por esses receptor cessa o sinal.