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Aula 5_Família I

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Psicologia Jurídica
Família 
A família e suas transformações: um breve histórico
A família, enquanto instituição, pode ser entendida como uma construção social que varia ao longo da história da humanidade.
A família e suas transformações: um breve histórico
Enveredando-se no surgimento da família ao longo da história, vislumbra-se a sua formação desde as sociedades primitivas, onde era normal a prática da poligamia, pelos homens e da poliandria, pelas suas mulheres. Com efeito, consideravam-se comuns os filhos havidos dessas práticas.
Imperava nessas sociedades, o que Engels (1984) designou de matrimônio por grupos, de modo que cada mulher pertencia a todos os homens e cada homem a todas as mulheres. 
Com a origem daquele sentimento e da idéia de incesto, práticas antes aceitas passaram a ser combatidas, como o relacionamento sexual entre irmãos e entre pais e filhos. Dessa forma, do estado primitivo de promiscuidade, formaram-se, gradativamente, as famílias consangüínea, punaluana, sindiásmica e monogâmica.
A família e suas transformações: um breve histórico
As classificações de família por Engels
FAMÍLIA CONSANGUÍNEA 
1ª forma: (estado selvagem) Trocas sexuais entre todos os membros do grupo: mães e filhos, irmãos, irmãs e primos etc
Não havendo ainda as interdições e barreiras impostas pela cultura
OBS: A invenção do incesto foi considerado a expressão do primeiro progresso na constituição da família: a exclusão da figura dos pais e os filhos de relações sexuais recíprocas
A família e suas transformações: um breve histórico
FAMÍLIA PUNALUANA
2ª forma: (selvagem) Originou- se da proibição de relações sexuais entre irmãos. 
A proibição das relações sexuais entre irmãos e irmãs pela sociedade levou à distinção dos filhos de irmãos e irmãs tornando necessária, pela primeira vez, a categoria dos sobrinhos e sobrinhas, dos primos e primas, categoria que não tinha sentido algum no sistema familiar anterior.
É a partir deste modelo de família que são instituídas as gens um círculo fechado de parentes consanguíneos por linha feminina, que não se podem casar uns com os outros. ( Não se sabe quem é o pai , mas sabe-se quem é a mãe)
A família e suas transformações: um breve histórico
FAMÍLIA SINDIÁSMICA
3ª forma: (barbárie) Resultou da extensão do conceito de incesto, proibindo-se também os relacionamentos entre irmãos e irmãs colaterais. Nesta etapa se estabelece a consolidação da união por pares, principalmente originada pelo crescente rol de indivíduos que estavam proibidos de constituir matrimônio, devido à ligação uterina direta ou indireta.
Nesta etapa se estabelece a consolidação da união por pares, um homem vive com uma mulher a poligamia e a infidelidade ocasional continuam a ser um direito, embora a poligamia seja raramente observada.
A exclusão progressiva, primeiro dos casamentos por parentes próximos, depois dos parentes distantes.
A família e suas transformações: um breve histórico
Estabelece-se gradualmente a proibição expressa da infidelidade feminina, sendo cruelmente castigadas aquelas que infringem essa regra. 
Só depois de efetuada pela mulher a passagem ao casamento sindiásmico, é que foi possível a introdução da monogamia num sentido estrito -na verdade, somente para as mulheres.
A família e suas transformações: um breve histórico
FAMÍLIA PATRIARCAL 4ª forma: 
Monogamia (civilização) Família patriarcal
Nasce no período de transição entre a fase média e a fase superior da barbárie e baseia-se no predomínio do homem.
DA Roma Antiga à Idade Média
Família patriarcal- se caracterizava por ser família extensa e poderia incluir parentes, criados, escravos, e todos aqueles que vivessem sob o comando do patriarca.
O patriarca detinha o poder sobre qualquer indivíduo da organização social da qual fazia parte. Crianças, adolescentes e suas mães eram propriedades do senhor 
DA Roma Antiga à Idade Média
O casamento era um contrato articulado pelos pais dos noivos para servir de base a alianças entre as famílias. Tinha por objetivo a manutenção dos bens e o exercício de um ofício comum.
Antes disso, a família não era entendida como um espaço privado. As relações sociais não permitiam a intimidade da vida familiar, e a casa da família era considerada, socialmente, um lugar público.
Foi a partir da Revolução Francesa que tal forma de organização da sociedade começou a ser questionada. 
A partir da revolução Francesa
Os ideais de liberdade, igualdade e fraternidade e o respeito à singularidade de cada um na rede social ganharam força e o patriarcado entrou em declínio.
Um movimento denominado “individualismo” foi inaugurado e teve consequências nas transformações da família ocidental.
O casamento foi instituído pela Igreja como lugar legítimo para a sexualidade desde que voltado para o fim de procriação. 
Entre os séculos XVIII e XIX, o amor romântico se torna o ideal de casamento e deu sustentação ao casamento monogâmico.
A partir da revolução Francesa
Modelo de família nuclear burguesa, ou seja, aquela composta por pai, mãe e filhos.
Com a modernidade e o crescimento do individualismo, amor, sexualidade e casamento se associaram. 
Um novo ideal de conjugalidade fez do casamento o lugar de promessa de felicidade onde o amor e a sexualidade são condições fundamentais.
 Valoriza-se a complementaridade entre os gêneros, a fidelidade mútua, a atração sexual, a intenção de constituir família e perpetuá-la.; a intimidade e o caráter reparador de uma relação amorosa.
Final do Sec. XiX / início do Sec. XX
No final do século XIX e início do século XX, o discurso disciplinador começou a perder força; ou seja, passamos de uma sociedade repressiva para uma sociedade mais permissiva. Com o início do declínio do modelo patriarcal no meio doméstico, a relação entre pais e filhos se modificou.
O domínio do homem neste terreno se enfraqueceu, e a mulher se consagrou como rainha do lar. Assim é que o espaço privado passou a ser o território feminino, enquanto o espaço público se consolidou como território masculino
Segundo Giddens, nesta época, ocorreu a chamada invenção da maternidade, quando se exaltou a importância da mãe na criação dos filhos. Verificou-se um deslocamento da autoridade patriarcal na família para um valor conferido aos cuidados maternos.
Final do Sec. XiX / início do Sec. XX
A família patriarcal deu lugar à família caracterizada como um grupo vinculado pelo afeto. 
A família moderna passou a ser compreendida como uma entidade socioafetiva que tem o dever de afeto entre os seus membros. 
Paralelamente, a inserção da mulher no mercado de trabalho e as possibilidades por ela adquiridas de controle da natalidade contribuíram para o declínio progressivo do patriarcado. 
Final do Sec. XiX / início do Sec. XX
A pílula anticoncepcional concedeu às mulheres mais liberdade em sua vida sexual, e também o divórcio levou a mudanças significativas na dinâmica familiar.
Não mais se aceita o casamento sem desejo e sem amor, e as exigências atuais do individualismo pressionam os parceiros no sentido da ruptura de uma relação que não se encaixe nos moldes considerados ideais.
Individualidade x Conjugalidade
Para Féres-Carneiro (1998), o casal contemporâneo é confrontado com o difícil convívio da individualidade com a conjugalidade. Os ideais individualistas de relação conjugal enfatizam mais a autonomia e a satisfação de cada cônjuge do que os laços de dependência entre eles. Se por um lado, estimula-se a autonomia dos cônjuges, enfatizando que o casal deve respeitar o crescimento e o desenvolvimento de cada um, por outro, surge a necessidade de vivenciar o cotidiano comum, os desejos e projetos conjugais
Modernidade Líquida
Para Bauman, se anteriormente a sociedade dita moderna era vivida como sólida, com ideologias que indicavam direções claras, hoje, vive-se uma espécie de modernidade líquida, fluida e com um consumismo exacerbado. As compulsões geradas pelo estímulo ao consumo levam cada vez mais ao isolamento afetivo como formas de proteção. Háum impulso para uma ação sem limites na busca do prazer e do poder. Provoca-se no ser humano o desejo de consumir ilimitadamente. Consequentemente, a exacerbação do individualismo e a cultura do descartável repercutem na conjugalidade e na parentalidade.
ARRANJOS FAMILIARES CONTEMPORÂNEOS
FAMÍLIA NUCELAR
Quando pensamos na família padrão, dita tradicional, referimo-nos à família nuclear, tal como estabelecida entre os séculos XIX e XX. Na segunda metade do século XX, novas formas de família começam a ser construídas, causando estranheza.
Família nuclear ou tradicional, ou seja, pais casados morando junto com seus filhos biológicos,
ARRANJOS FAMILIARES CONTEMPORÂNEOS
FAMÍLIA MONOPARENTAL 
É aquela em que apenas um dos pais de uma criança arca com as responsabilidades de criar o filho
Observa-se, na atualidade, um número cada vez maior de famílias monoparentais. Na realidade brasileira, com frequência encontramos famílias chefiadas por mulheres, arcando com o sustento e a educação dos filhos sem a participação paterna.
As redes funcionam suprindo, em parte, as funções da figura parental ausente, impedindo o isolamento e ajudando na socialização das crianças.
ARRANJOS FAMILIARES CONTEMPORÂNEOS
FAMÍLIA RECOMPOSTA
O crescente número de divórcios vem sendo acompanhado de um número igualmente crescente de famílias recompostas: aquelas em que ao menos um dos membros do casal possui filhos de relações anteriores
Não existe uma família recomposta típica, pois cada um dos parceiros pode já ter tido um ou mais casamentos, um ou mais filhos das relações anteriores,
ARRANJOS FAMILIARES CONTEMPORÂNEOS
FAMÍLIAS HOMOAFETIVAS 
As famílias homoafetivas colocam em questão o modelo tradicional fundado na reprodução biológica e a heterossexualidade do casal, pois as crianças não nasceram de sua união sexual. O desejo de filho e de formar família não é mais privativo dos casais heterossexuais, visto que sujeitos vivendo uma relação homoafetiva recorrem cada vez mais à adoção ou a procedimentos advindos da Biotecnologia.
ARRANJOS FAMILIARES CONTEMPORÂNEOS
Existe, ainda, os casais que optam por não ter filhos, porém, os mesmos ainda sofrem com a estigmatização e com a pressão social.
Muitas mulheres relatam que sentem o preconceito, principalmente, quando são rotuladas de egoístas.
Também existem aquelas pessoas que decidem manter-se solteiras, sem manter nenhum tipo de vínculo matrimonial, seja este o casamento ou a união estável. 
Para refletir!
“Desde adolescente ela pensava em não ter filhos. Aos 20 anos, no entanto, diz que a ideia se confirmou, por achar que "não é ético ter filhos biológicos".
"Simplesmente não é ético em um mundo superpovoado, onde falta água e comida para muitas pessoas, onde estamos destruindo o meio ambiente, onde não paramos de consumir mais e mais recursos", disse à BBC Mundo, o serviço em espanhol da BBC.
"Não quando se pode adotar ou acolher (outras crianças)."
Os que pensam como ela são conhecidos como antinatalistas
“Não vejo o que há de egoísta em querer dedicar sua vida a outra coisa que não seja ter filhos. O que acho egoísta é tomar, de maneira unilateral, a decisão de trazer alguém a este mundo."
Fonte: http://www.bbc.com/portuguese/geral-43578086?ocid=socialflow_facebook
Pra Refletir!
O número de famílias chefiadas por mulheres mais que dobrou em uma década e meia. De acordo com estudo elaborado pelos demógrafos Suzana Cavenaghi e José Eustáquio Diniz Alves, coordenado pela Escola Nacional de Seguros, o contingente de lares em que elas tomam as principais decisões saltou de 14,1 milhões, em 2001, para 28,9 milhões, em 2015 — avanço de 105%.(...)Embora a maior parte das chefes de família sejam aquelas que vivem sozinhas com seus filhos (um contingente de 11,6 milhões de pessoas), a principal novidade do estudo foi o aumento expressivo do comando feminino em famílias onde há um cônjuge. Entre os casais com filhos, o número de mulheres chefes passou de 1 milhão, em 2001, para 6,8 milhões, em 2015, alta de 551%. Já no caso dos casais sem filhos, o crescimento foi ainda maior, de 339 mil para 3,1 milhões, salto de 822%.
Fonte: https://epocanegocios.globo.com/Economia/noticia/2018/03/em-15-anos-numero-de-familias-chefiadas-por-mulheres-mais-que-dobra.html

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