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livro de sociologia educação especial

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SOCIOLOGIA
RICHARD T. SCHAEFER
6a EDIÇÃO
6a 
EDIÇÃO
As aulas de Sociologia, consideradas pelo autor deste livro “o laboratório ideal onde pode-
mos estudar nossa própria sociedade e as dos nossos vizinhos globais”, permitem ao aluno 
desenvolver o pensamento crítico, tornando-o capaz de aplicar as teorias e os conceitos 
sociológicos para avaliar as interações e as instituições humanas e, assim, encontrar expli-
cações sociológicas para os diversos fenômenos que permeiam as relações sociais. 
O aluno inicia estudando o que é Sociologia e o seu objeto de pesquisa para depois entrar em 
contato com temas de interesse imediato e, em sua maior parte, com temas mais abrangentes, que 
lhe permitirão desenvolver o pensamento crítico e a imaginação sociológica. As seções “Use a 
Sua Imaginação Sociológica” e “Pense Nisto”, por exemplo, dão suporte à proposta do autor.
Sociologia aborda temas que vão da educação bilíngüe à existência da escravidão em pleno 
século XXI, incluindo o estudo da imigração, da situação dos moradores de rua, da superpo-
pulação, do processo do envelhecimento das pessoas nas diferentes culturas, até problemas 
mais recentes como os ataques de 11 de setembro de 2001 e suas conseqüências sociais 
– como as pessoas passaram a lidar com a situação depois desse acontecimento e, em espe-
cial, como elas reagem diante das minorias.
Aplicações
Livro-texto para a disciplina Introdução à Sociologia dos cursos de graduação em Socio-
logia, Filosofia, Psicologia, Pedagogia, Administração de Empresas, Economia, História, 
Engenharia, entre outros, bem como dos cursos de pós-graduação (MBA e lato sensu) destas 
mesmas áreas, especialmente de Administração de Empresas.
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Sociologia
www.grupoa.com.br
Sociologia Schaefer.indd 1 24/10/13 09:53
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
S294s Schaefer, Richard T.
 Sociologia [recurso eletrônico] / Richard T. Schaefer ;
 tradução: Eliane Kanner, Maria Helena Ramos Bononi ;
 revisão técnica: Noêmia Lazzareschi, Sérgio José Schirato. –
 6. ed. – Dados eletrônicos. – Porto Alegre : AMGH, 2014.
 Publicado também como livro impresso em 2006.
 ISBN 978-85-8055-316-1
 1. Sociologia. I. Título. 
CDU 316
Catalogação na publicação: Ana Paula M. Magnus – CRB 10/2052
Índice para catálogo sistemático:
1. Sociologia 301
Iniciais_eletronica.indd 2 23/10/13 15:15
302 Capítulo 12
vISÃO glObAl dA fAMílIA
Entre os tibetanos, uma mulher pode estar casada com 
mais de um homem, geralmente irmãos. Esse sistema per-
mite que filhos compartilhem a quantidade limitada de 
terra boa. Entre os betsileos de Madagáscar, um homem 
tem várias mulheres, cada uma delas morando em uma 
aldeia diferente onde ele cultiva arroz. Onde quer que ele 
tenha o melhor campo de arroz, a mulher morando nele 
é considerada a sua primeira mulher. Entre os ianomami 
do Brasil e da Venezuela, é considerado adequado ter 
relações sexuais com primos do sexo oposto se eles forem 
filhos do irmão da mãe ou da irmã do pai. Porém, se os 
primos do sexo oposto forem filhos da irmã da sua mãe 
ou do irmão do seu pai, essa mesma prática é considerada 
incesto (Haviland et al., 2005; Kottak, 2004).
Como esses exemplos ilustram, há diversas varia-
ções na família de uma cultura para outra. No entanto, a 
família como instituição social está presente em todas as 
culturas. Além disso, certos princípios gerais referentes a 
sua composição, padrões de parentesco e de autoridade 
são universais. 
Composição: O Que É a Família?
Se baseássemos nossas informações sobre o que é uma 
família no que vemos na televisão, cenários muito estra-
nhos poderiam aparecer. Os meios de comunicação nem 
sempre apresentam uma visão realista da família. Além 
disso, muitas pessoas ainda pensam na família em termos 
bem restritos – um casal casado e seus filhos solteiros 
morando juntos, como aquelas dos antigos programas 
de TV. Contudo, esse é apenas um tipo de família, que 
os sociólogos chamam de família nuclear. A expressão 
família nuclear é bastante apropriada, visto que esse tipo 
de família serve como núcleo ou centro do qual grupos 
familiares são construídos. 
A maioria das pessoas nos Estados Unidos vê a famí-
lia nuclear como o arranjo familiar preferível. No entanto, 
no ano 2000, apenas um terço dos domicílios norte-ame-
ricanos se encaixava nesse modelo. A proporção de do-
micílios nos Estados Unidos que são compostos de casais 
casados com filhos morando junto diminuiu constante-
mente nos últimos 40 anos e estima-se que vá continuar 
diminuindo. Ao mesmo tempo, a quantidade de casas 
com pais ou mães solteiros aumentou (ver Figura 12-1).
Uma família na qual os parentes – avós, tias ou tios 
– moram na mesma casa é conhecida como família es-
tendida. Embora não sejam comuns, esses arranjos de 
moradia oferecem certas vantagens em comparação com 
a família nuclear. Crises, como as provocadas por morte, 
divórcio e doença, exercem menos pressão sobre os 
membros da família, já que mais pessoas podem oferecer 
ajuda e apoio emocional. Além disso, a família estendida 
esse trecho de The war against parents, o 
estudioso de filosofia Cornel West enfatiza 
quão profundamente sua vida familiar foi 
modificada pelo divórcio, um dos muitos 
fatores sociais que gradativa mas inevitavelmente vira-
ram a família nuclear de cabeça para baixo. A família 
de hoje não é o que era há um século ou mesmo na ge-
ração anterior. Novos papéis, novas distinções de sexo, 
novos padrões de criação de filhos se combinaram para 
criar formas inéditas de vida familiar. Hoje em dia, por 
exemplo, uma quantidade cada vez maior de mulheres 
está assumindo o papel de provedora, sejam elas casa-
das sejam mães solteiras. Famílias mistas – resultado do 
divórcio e de um novo casamento – são quase a regra. E 
muitas pessoas estão buscando relações íntimas fora do 
casamento, seja em uma parceria gay seja em acordos 
de coabitação. 
Este capítulo discute a família e as relações íntimas 
nos Estados Unidos e em outras partes do mundo. 
Como veremos, os padrões de família diferem de uma 
cultura para outra e também na mesma cultura. No 
entanto, a família é universal – encontrada em todas 
as culturas. Uma família pode ser definida com um 
conjunto de pessoas ligadas por parentesco de sangue, 
por casamento ou algum outro tipo de relacionamento 
acordado, ou adoção, e que compartilha a responsabi-
lidade básica de reprodução e cuidado dos membros 
da sociedade.
Como são as famílias nas várias partes do mundo? 
Como as pessoas selecionam os seus parceiros? Quando 
um casamento termina, como o divórcio afeta os fi-
lhos? Quais são as alternativas para a família nuclear, e 
o quanto elas predominam? Neste capítulo examinare-
mos a família e os relacionamentos íntimos dos pontos 
de vista funcionalista, do conflito e interacionista. 
Vamos examinar as variações nos padrões de estado 
civil e vida familiar, incluindo a criação de filhos, 
dando atenção especial à quantidade cada vez maior 
de pessoas em famílias com renda dupla ou de pai ou 
mãe solteiros. Analisaremos o divórcio nos Estados 
Unidos e vários estilos de vida, como a coabitação, o re-
lacionamento entre lésbicas e entre gays e o casamento 
sem filhos. Na seção de política social, discutiremos a 
polêmica questão do casamento gay. 
N
Capitulo 12.indd 302 23/10/13 15:06
Os Relacionamentos Íntimos 303
constitui uma unidade econômica maior do que a família 
nuclear. Se a família estiver envolvida em um empreen-
dimento comum – uma fazenda ou um pequeno negócio 
–, os seus membros adicionais podem representar a dife-
rença entre a prosperidade e o fracasso. 
Considerando esses tipos de família diferentes, nós 
nos limitamos à forma de casamento característica dos 
Estados Unidos – a monogamia. O termo monogamia 
descreve uma forma de casamento na qual uma mulher e 
um homem são casados apenas um com ou outro. Alguns 
estudiosos, observandoa alta taxa de divórcio nos Esta-
dos Unidos, sugeriram que uma “monogamia em série” 
é uma descrição mais precisa da forma que o casamento 
assume nesse país. Na monogamia em série, uma pessoa 
pode ter vários cônjuges ao longo de sua vida, porém 
apenas um cônjuge de cada vez.
Algumas culturas permitem que uma pessoa tenha 
vários maridos ou esposas simultaneamente. Essa forma 
de casamento é conhecida como poligamia. Na verdade, 
a maioria das sociedades no mundo, no passado e no pre-
sente, preferiu a poligamia à monogamia. O antropólogo 
George Murdock (1949, 1957) realizou uma amostragem 
com 565 sociedades e descobriu que, em mais de 80% 
delas, algum tipo de poligamia era a forma preferida. Em-
bora a poligamia tenha diminuído constantemente du-
rante a maior parte do século XX, em pelo menos cinco 
países na África 20% dos homens ainda têm casamentos 
polígamos (Population Reference Bureau, 1996). 
Existem dois tipos básicos de poligamia. Segundo 
Murdock, a mais comum – endossada pela maior parte 
das culturas nas quais ele analisou amostras – é a poligi-
nia. Poliginia se refere ao casamento de um homem com 
mais de uma mulher ao mesmo tempo. As esposas geral-
mente são irmãs, que se supõe tenham valores semelhan-
tes e já viveram a experiência de morar na mesma casa. 
Nas sociedades políginas, uma quantidade relativamente 
pequena de homens de fato tem várias esposas. A maio-
ria das pessoas vive em famílias monogâmicas; ter várias 
esposas é visto como um sinal de status. 
A outra principal variação da poligamia e á polian-
dria, na qual uma mulher tem mais de um marido ao 
mesmo tempo. Esse é o caso das culturas dos todas no sul 
da Índia. Porém, a poliandria é, 
hoje, cada vez mais rara. Ela vem 
sendo aceita por algumas socie-
dades muito pobres que praticam 
o infanticídio feminino (matança 
de bebês meninas) e, em razão 
disso, têm uma quantidade rela-
tivamente pequena de mulheres. 
Como várias outras sociedades, 
as culturas poliandras reduzem o 
valor social da mulher. 
Padrões de 
Parentesco: De Quem 
Somos Parentes?
Muitos de nós podemos rastrear 
nossas raízes examinando uma 
árvore genealógica ou ouvindo os 
membros mais idosos da família 
– e as vidas dos nossos ancestrais 
que morreram muito antes de nas-
cermos. No entanto, a linhagem de 
uma pessoa é muito mais do que 
simplesmente uma história pes-
soal: também reflete os padrões 
sociais que regem a descendência. 
Em todas as culturas, as crianças 
encontram parentes com os quais 
espera-se que tenham um vínculo 
emocional. A condição de ter la-
ços com outras pessoas é chamada 
de parentesco. No entanto, o pa-
rentesco é aprendido de maneira 
FigurA 12-1
Domicílios Norte-americanos por Tipo de Família, 1940–2003
Casais
casados
84%
Domicílios chefiados
por mulheres 14%
Domicílios chefiados
por homens 1%
Domicílios chefiados
por mulheres 11%
Domicílios não 
de famílias 11%
Domicílios chefiados
por homens 2% Domicílios chefiados
por homens 4%
Casais
casados
74%
Domicílios não 
de famílias 15%
Domicílios chefiados
por mulheres 9%Domicílios chefiados
por homens 2%
Casais
casados
61%
Casais
casados
52% Domicílios
não de famílias
32%
Domicílios chefiados
por mulheres 12%
Domicílios
não de famílias
26%
1940 1960
1980 2003
Fonte: Fields, 2003; ver também McFalls Jr., 2003, p. 23.
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304 Capítulo 12
cultural e não é totalmente deter-
minado por laços biológicos ou de 
sangue. Por exemplo, a adoção cria 
um parentesco que é reconhecido 
legalmente e socialmente aceito. 
A família e o grupo de parentes 
não são necessariamente a mesma 
coisa. Enquanto a família é uma 
unidade de pessoas que moram na 
mesma casa, os parentes nem sem-
pre moram juntos ou atuam como 
um órgão coletivo todos os dias. Os 
grupos de parentes incluem tias, tios, 
primos, genros, noras, sogros, sogras 
etc. Em uma sociedade como a norte-
americana, o grupo de parentes pode 
reunir-se apenas às vezes, para um 
casamento ou funeral. Mas os laços 
de parentesco com freqüência criam 
obrigações e responsabilidades. Po-
demos nos sentir impelidos a ajudar 
nossos parentes, ou nos sentir livres 
para recorrer a vários tipos de ajuda, 
incluindo empréstimos e cuidar de 
crianças. 
Como identificamos grupos de parentes? O princípio 
de descendência designa as pessoas com base na relação 
delas com a mãe ou com o pai. Existem três formas bá-
sicas de determinar a descendência. Os Estados Unidos 
e o Brasil seguem o sistema de descendência bilateral, 
o que significa que ambos os lados da família de uma 
pessoa são considerados igualmente importantes. Por 
exemplo, não se dá mais valor aos irmãos do pai do que 
aos da mãe.
A maioria das sociedades – segundo George Mur-
dock, 64% – dá preferência a um lado ou outro da família 
quando rastreia a sua descendência. Na descendência 
patrilinear (do latim pater, pai), apenas os parentes do 
pai são importantes em termos de propriedade, herança 
e laços emocionais. Opostamente, nas sociedades que 
apóiam a descendência matrilinear (do latim, mater, 
mãe) só os parentes da mãe são importantes. 
Novas formas de tecnologia reprodutiva irão promo-
ver uma nova maneira de encarar o parentesco. Hoje em 
dia, a combinação de processos biológicos e sociais pode 
“criar” um membro da família, o que requer que sejam 
feitas mais distinções sobre quem é parente de quem.
Padrões de Autoridade: Quem Manda?
Imagine que você se casou recentemente e tenha de 
começar a tomar decisões sobre o futuro da sua nova 
família. Você e seu(sua) parceiro(a) deparam com várias 
questões. Onde irão morar? Como irão mobiliar a casa? 
Quem vai cozinhar, fazer as compras e cuidar da limpeza? 
Os amigos de quem serão convidados para jantar? Toda 
vez que é preciso tomar uma decisão, uma questão é 
levantada: quem tem o poder de decidir? Simplificando, 
quem manda na família? Os teóricos do conflito analisam 
essas questões no contexto da estratificação tradicional 
dos sexos, na qual os homens têm assumido 
uma posição de domínio sobre as mulheres. 
As sociedades variam na forma como o poder é 
distribuído na família. Uma sociedade que espera que os 
homens dominem em todas as tomadas de decisões fami-
liares é denominada patriarcal. Nas sociedades patriar-
cais, como a iraniana, o homem mais velho em geral tem 
o maior poder, embora se espere que as esposas sejam 
tratadas com respeito e bondade. O status de uma mulher 
no Irã é definido pela relação com um parente do sexo 
masculino, quase sempre como esposa ou filha. Em mui-
tas sociedades patriarcais, é mais difícil para as mulheres 
obter o divórcio do que para os homens. Opostamente, 
nas sociedades matriarcais as mulheres têm mais auto-
ridade do que os homens. As sociedades matriarcais, que 
são pouco comuns, surgiram entre as sociedades tribais 
dos nativos norte-americanos e nos países nos quais os 
homens estavam ausentes por longos períodos de tempo 
em razão de guerra ou de expedições para obter comida 
(Farr, 1999). 
Em um terceiro tipo de padrão de autoridade, a 
família igualitária, os cônjuges são considerados iguais. 
Porém, isso não significa que todas as decisões são com-
partilhadas nesse tipo de família. As mulheres podem ter 
autoridade em algumas esferas e os homens, em outras. 
Esse grupo de parentes turcos foi fotografado em Berlim, Alemanha. 
Embora os membros das três gerações mostradas aqui não morem todos 
na mesma casa, o apoio que dão uns aos outros lhes ajuda a superar os 
desafios especiais que enfrentam como imigrantes.
p. 278
Capitulo 12.indd 304 23/10/13 15:06
Os Relacionamentos Íntimos 305
Muitos sociólogos acham que a família igualitária está 
começando a substituir a família patriarcal como norma 
social nos Estados Unidos. 
EStUdAndO A fAMílIA
Nós realmente precisamos da família? Há mais de um 
século, Friedrich Engels ([1884] 1959), um colaborador 
de Karl Marx, descreveu a família como a fonte suprema 
de desigualdade social por causa do seu papel na transfe-rência de poder, propriedade e privilégios. Mais recente-
mente, os teóricos do conflito vêm argumentando que a 
família contribui para a injustiça social, nega às mulheres 
oportunidades que são dadas aos homens e limita a li-
berdade no tocante à expressão sexual e à seleção de par-
ceiros. Por sua vez, a teoria funcionalista se concentra na 
maneira como a família atende às necessidades dos seus 
membros e contribui para a estabilidade social. A teoria 
interacionista leva em consideração os relacionamentos 
íntimos pessoais que ocorrem na família. 
Teoria Funcionalista
A família exerce seis funções principais, que foram es-
boçadas pela primeira vez há 65 anos pelo sociólogo 
William F. Ogburn (Ogburn e Tibbits, 1934): 
1. Reprodução. Para se manter, qualquer sociedade 
tem de substituir os membros que vão morrendo. 
Nesse sentido, a família contribui para a sobrevi-
vência humana com a sua função de reprodução. 
2. Proteção. Ao contrário dos filhotes de outras es-
pécies animais, as crianças precisam de cuidados 
constantes e segurança econômica. Em todas as 
culturas, a família assume a responsabilidade má-
xima pela proteção e educação das crianças. 
3. Socialização. Os pais e outros parentes monitoram 
o comportamento da criança e lhe transmitem as 
normas, os valores e o idioma da sua cultura. 
4. Regulação do comportamento sexual. As normas 
sexuais estão sujeitas a mudanças com o decorrer 
do tempo (por exemplo, nos costumes referentes 
ao namoro) e entre culturas (compare a severa 
Arábia Saudita com a mais permissiva Dina-
marca). No entanto, quaisquer que sejam a época e 
os valores culturais de uma sociedade, os padrões 
de comportamento social são definidos mais clara-
mente no círculo familiar. 
5. Afeto e companheirismo. Idealmente, a família 
oferece aos seus membros relacionamentos caloro-
sos e íntimos, ajudando-os a se sentir satisfeitos e 
seguros. Evidentemente, o membro de uma família 
pode encontrar essas recompensas fora da família 
– nos colegas de escola e de trabalho – e pode até 
considerar a sua casa como um cenário desagra-
dável ou injurioso. Mesmo assim, esperamos que 
nossos parentes nos entendam, importem-se co-
nosco e nos apóiem se precisarmos deles. 
6. Dar status social. Herdamos uma posição social 
decorrente do histórico social e da reputação dos 
nossos pais e irmãos. A família dá ao recém-nas-
cido um status atribuído com base na raça e na 
etnia que ajuda a determinar o seu papel no sis-
tema de estratificação da sociedade. Além disso, os 
recursos da família afetam a capacidade dos filhos 
de buscarem determinadas oportunidades, como 
educação superior e aulas especiais. 
Tradicionalmente, a família tem exercido uma série de 
outras funções, como oferecer treinamento religioso, 
educação e lazer. Mas Ogburn argumentou que outras 
instituições sociais gradativamente assumiram muitas 
dessas funções. Em certa época, a educação era dada no 
seio da família. Hoje ela é responsabilidade de profissio-
nais que trabalham em escolas e faculdades. Até mesmo 
a tradicional função recreativa da família foi transferida 
para grupos de fora, como os clubes atléticos e salas de 
bate-papo da Internet. 
Teoria do Conflito
Os teóricos do conflito vêem a família não como uma en-
tidade que contribui para a estabilidade social, mas como 
um reflexo da riqueza e do poder desiguais que observa-
mos nas sociedades maiores. As feministas e os teóricos 
do conflito observam que a família legitimou e perpetuou 
o domínio masculino. Durante a maior parte da história 
humana – e em uma vasta gama de sociedades –, os mari-
dos exerceram uma autoridade e um poder esmagadores 
na família. Só depois da primeira onda de feminismo 
contemporâneo nos Estados Unidos, na metade do sé-
culo XIX, o status histórico das mulheres e das crianças 
como propriedade legal dos maridos foi questionado de 
maneira relevante. 
Embora a família igualitária se tenha tornado um 
padrão mais comum nos Estados Unidos nas últimas 
décadas – decorrência, em grande parte, do ativismo das 
feministas no final da década de 1960 e início da década 
de 1970 –, a preponderância masculina na família não 
desapareceu. Os sociólogos observaram que as mulheres 
têm uma probabilidade muito maior de deixarem o seu 
emprego quando seus maridos encontram oportunidades 
de emprego melhores do que os homens quando suas 
mulheres recebem ofertas de emprego atraentes (Bielby e 
Bielby, 1992). E, infelizmente, muitos maridos reforçam o 
seu poder e controle sobre suas esposas e seus filhos com 
atos de violência doméstica. O Quadro 12-1 analisa dados 
sobre violência em casa em diversas culturas. 
Os teóricos do conflito também encaram a família 
como uma unidade econômica que contribui para a in-
p. 16
Capitulo 12.indd 305 23/10/13 15:06
306 Capítulo 12
justiça social. A família é a base para a transferência de 
poder, propriedade e privilégios de uma geração para 
outra. Os Estados Unidos são vistos como 
uma terra de oportunidades, mas a mobilidade social é 
restrita de modo significativo. Os filhos herdam o status 
privilegiado ou menos privilegiado de seus pais (e, em 
alguns casos, de gerações anteriores também). Como 
assinalam os teóricos do conflito, a classe social dos pais 
influencia bastante as experiências de socialização dos 
filhos e o grau de proteção que recebem. Isso significa 
que o status socioeconômico da família de uma criança 
terá uma influência marcante na sua nutrição, assistência 
médica, moradia, nas oportunidades de educação e, em 
vários aspectos, nas suas oportunidades de vida na idade 
adulta. Por esse motivo, os teóricos do conflito argumen-
tam que a família ajuda a manter a desigualdade. 
Teoria interacionista
Os interacionistas se concentram no âmbito micro da 
família e outros relacionamentos íntimos. Estão interes-
sados na maneira como as pessoas interagem umas com 
as outras, ou parceiras de coabitação ou casais casados há 
muito tempo. Por exemplo, em um estudo de domicílios 
de brancos e negros com pai e mãe, os pesquisadores des-
cobriram que, quando os pais estão mais envolvidos com 
seus filhos (lendo para eles, ajudando-os com a lição de 
Fonte: American Bar Association, 1999; Gelles e Gornell, 1990; Heise et al., 1999; Rennison e Welchans, 2000; Spindel et al., 2000; Valdez 1999; J. J. 
Wilson, 2000.
p. 220-222
O telefone toca duas ou três dezenas de vezes por dia na Hotline Ami-gos da Família em San Salvador, a 
capital de El Salvador. Sempre que o staff 
recebe uma queixa de violência familiar, 
uma equipe para crises é despachada 
imediatamente para a casa da pessoa 
que ligou. Quem trabalha nos casos ofe-
rece consolo às vítimas e reúne provas 
para usar na acusação do agressor. Nos 
primeiros três anos de sua existência, 
o Amigos da Família lidou com 28 mil 
casos de violência doméstica. 
Agredir fisicamente a mulher e outras 
formas de violência doméstica não são 
práticas restritas aos homens de El Salva-
dor. Com base em estudos realizados no 
mundo todo, é possível fazer as seguintes 
generalizações:
•		As	mulheres	correm	mais	risco	
de violência por parte de homens 
conhecidos. 
•		A	violência	contra	as	mulheres	
ocorre em todos os grupos 
socioeconômicos.
•		A	violência	familiar	é	tão	perigosa	
quanto ataques feitos por estranhos. 
•		Embora	as	mulheres	às	vezes	
apresentem comportamento violento 
em relação aos homens, a maioria 
dos atos violentos que pode causar 
ferimentos é praticada por homens 
contra mulheres. 
•		A	violência	em	relacionamentos	
íntimos tende a aumentar com o 
decorrer do tempo. 
•		A	agressão	emocional	e	psicológica	
pode ser tão debilitadora quanto a 
agressão física. 
•		O	uso	de	álcool	exacerba	a	violência	
familiar, mas não a provoca. 
Utilizando os modelos do conflito 
e feminista, pesquisadores descobriram 
uma queixa para cada 25 crianças. Um 
outro estudo nacional descobriu que 
um milhão de crimes violentos por ano 
são cometidos por cônjuges, namorados 
ou namoradas atuais ouantigos.
No Brasil, os principais casos aten-
didos nas Delegacias Especializadas de 
Defesa da Mulher são: lesão corporal, 
estupro, atentado violento ao pudor, rapto, 
ameaça, calúnia, difamação e injúria. Pes-
quisa da Organização Mundial da Saúde 
divulgada em 2005 aponta que 29% das 
mulheres brasileiras relataram ter sofrido 
violência física ou sexual pelo menos uma 
vez na vida e 16% classificaram a agressão 
como violência grave, isto é, ser chutada, 
arrastada pelo chão ou ameaçada ou fe-
rida com qualquer tipo de arma. Em 2005, 
só nas delegacias especializadas de atendi-
mento à mulher de São Paulo foram re-
gistrados 310.058 boletins de ocorrência.
Vamos Discutir
 1. Você conhece alguma família na 
qual já ocorreu violência domés-
tica? A(s) vítima(s) procurou(aram) 
ajuda de fora e, em caso afirmativo, 
ela foi eficaz?
 2. Por que o grau de igualdade em um 
relacionamento pode estar ligado à 
probabilidade de violência domés-
tica? Como os teóricos do conflito 
explicam esse resultado?
que, nos relacionamentos nos quais a 
desigualdade entre homens e mulheres 
é grande, a probabilidade de ataque às 
esposas aumenta drasticamente. Essa 
descoberta indica que grande parte da 
violência entre pessoas que são íntimas, 
mesmo quando de natureza sexual, re-
fere-se mais ao poder do que ao sexo.
A família pode ser um lugar perigoso 
não só para as mulheres, mas para as 
crianças e os idosos também. Em 2000, 
órgãos públicos nos Estados Unidos re-
ceberam mais de 3 milhões de queixas de 
violência e negligência praticadas contra 
crianças. Isso significa que foi realizada 
A família pode ser um lugar 
perigoso não só para as mulheres, 
mas para as crianças e os idosos 
também.
Sociologia na Comunidade global
12-1 vIOLênCIA DOMéSTICA
306
Capitulo 12.indd 306 23/10/13 15:06
Os Relacionamentos Íntimos 307
casa ou restringindo o tempo que assistem à televisão), as 
crianças têm menos problemas de comportamento, dão-
se melhor umas com as outras e são mais responsáveis 
(Mosley e Thomson, 1995). 
Um outro estudo interacionista analisou o papel do 
padrasto ou da madrasta. A quantidade cada vez maior de 
pais e mães solteiros que se casam novamente despertou 
o interesse naqueles que estão ajudando a criar os filhos 
dos outros. Estudos revelaram que as madrastas têm mais 
probabilidade do que os padrastos de aceitar a culpa pelo 
mau relacionamento com os seus enteados. Os interacio-
nistas são de opinião que os padrastos (como a maioria 
dos pais) podem não estar acostumados a interagir dire-
tamente com crianças quando a mãe não está presente 
(Bray e Kelly, 1999; Furstenberg e Cherlin, 1991). 
Visão Feminista
Pelo fato de o “trabalho de mulher” tradicionalmente ter-
se concentrado na vida familiar, os sociólogos feministas 
se interessaram muito pela família como uma instituição 
social. Como vimos no Capítulo 11, as pes-
quisas sobre o papel dos sexos no cuidar dos filhos e nas 
tarefas domésticas foram vastas. Os sociólogos analisaram 
em particular detalhes como o fato de as mulheres traba-
lharem fora afetar o seu cuidado dos filhos e suas tarefas 
domésticas – deveres que Arlie Hochschild (1989, 1990) 
chamou de “segundo turno”. Atualmente, os pesquisadores 
reconhecem que, para muitas mulheres, o segundo turno 
inclui cuidar dos pais que estão envelhecendo. 
Os teóricos do feminismo exortaram os cientistas 
sociais e órgãos sociais a repensar o conceito que as fa-
mílias nas quais não há um homem adulto presente são 
automaticamente um motivo de preocupação ou até de 
problemas. Também contribuíram para pesquisas sobre 
mulheres solteiras, domicílios só com o pai ou só com a 
mãe e casais de lésbicas. No caso das mães solteiras, os 
pesquisadores se concentraram na resiliência de vários 
desses domicílios, apesar do estresse econômico. Segundo 
Velma McBride Murray e seus cols. (2001) na University 
of Georgia, esses estudos mostram que, entre os negros, as 
mães solteiras dependem muito dos parentes para obter 
recursos materiais, conselhos sobre o papel de mãe e apoio 
social. Analisando as pesquisas feministas sobre a família 
como um todo, um estudioso concluiu que a família é a 
“fonte da força das mulheres” (L. Richardson et al., 2004). 
Por fim, as feministas enfatizam a necessidade de 
investigar tópicos negligenciados nos estudos sobre a 
família. Por exemplo, em uma quantidade pequena mas 
significativa de domicílios com duas rendas, a mulher ga-
nha mais do que o marido. A socióloga Suzanne Bianchi 
estima que em 11% dos casamentos a mulher ganha pelo 
menos 60% da renda da família. Porém, além dos estudos 
de casos individuais, pouco se pesquisou sobre como 
essas famílias podem diferir daquelas nas quais o marido 
é o principal provedor (Tyre e McGinn, 2003, p. 47). 
A Tabela 12-1 resume as quatro principais perspecti-
vas teóricas sobre a família. 
cASAMEntO E fAMílIA
Hoje, cerca de 90% de todos os homens e mulheres nos 
Estados Unidos se casam pelo menos uma vez na vida. 
Historicamente, o aspecto mais constante da vida familiar 
nesse país foi o alto índice de casamentos. Na verdade, 
apesar do alto índice de divórcios, há alguns indícios de 
um miniboom de casamentos tardios. 
Nesta parte do capítulo, iremos analisar vários as-
pectos do amor, do casamento e de ser pai ou mãe nos 
Estados Unidos e compará-los com exemplos de outras 
culturas. Embora estejamos acostumados a pensar no 
romance e na seleção de parceiros como uma questão 
estritamente de preferência individual, a análise socioló-
gica nos diz que as instituições sociais e normas e valores 
culturais distintos também têm um papel importante. 
Paquera e Seleção de Parceiros
“Os meus parceiros de rúgbi se revirariam nos seus tú-
mulos”, diz Tom Buckley da sua paquera on-line e do 
Os interacionistas estão particularmente 
interessados nas formas como os pais e as mães 
se relacionam uns com os outros e com os seus 
filhos. Essa mãe e os seus dois filhos estão 
expressando uma relação íntima e carinhosa, que é 
uma das bases de uma família forte.
p. 283
Capitulo 12.indd 307 23/10/13 15:06
308 Capítulo 12
quanto em outros países (ver 
Figura 12-2). 
Aspectos da Seleção de 
Parceiros 
Muitas sociedades têm normas 
explícitas ou implícitas que de-
finem possíveis parceiros como 
aceitáveis ou inaceitáveis. Essas 
normas podem ser diferenciadas 
em termos de endogamia e exoga-
mia. A endogamia (do grego en-
dom, dentro) especifica os grupos 
nos quais se pode encontrar um 
parceiro e proíbe casamento com 
outros. Por exemplo, nos Estados 
Unidos, espera-se que as pessoas se casem dentro do seu 
próprio grupo racial, étnico ou religioso, e elas são firme-
mente dissuadidas ou até proibidas de se casarem fora do 
seu grupo. A endogamia visa reforçar a coesão do grupo 
sugerindo aos jovens que devem casar-se com alguém “do 
mesmo nível”.
Opostamente, a exogamia (do grego exo, fora) exige 
que a seleção de parceiros seja feita fora de determinados 
grupos, geralmente fora da própria família ou de deter-
minada parentela. O tabu do incesto, uma norma social 
comum a quase todas as sociedades, proíbe relacionamen-
tos sexuais entre determinados parentes culturalmente 
especificados. Para as pessoas nos Estados Unidos e no 
Brasil, por exemplo, esse tabu significa que elas têm de 
se casar fora da família nuclear. Não podem casar-se com 
seus irmãos e, na maioria dos estados norte-americanos, é 
proibido o casamento entre primos de primeiro grau. 
As restrições endogâmicas podem ser encaradas 
como preferências por um grupo em detrimento de ou-
tros. Nos Estados Unidos, essas preferências ficam mais 
evidentes nas barreiras raciais. Até a década de 1960, al-
guns estados declararam casamentos inter-raciais ilegais. 
Mesmo assim, a quantidade de casamentos entre negros 
e brancos no país aumentou mais de sete vezes nas últi-
mas décadas, saltando de 51 mil em 1960 para 395 mil 
em 2002. Além disso, 25% das mulheres ásio-americanas 
e 12% dos homens ásio-americanos secasaram com al-
guém que não possui ascendência asiática. O casamento 
com outras etnias é ainda maior entre os hispânicos: 27% 
de todos os hispânicos casados têm um cônjuge não-his-
pânico. Porém, embora todos esses exemplos de exoga-
mia racial sejam dignos de nota, a endogamia continua 
sendo a norma social nos Estados Unidos (Bureau of the 
Census, 1998, 2003a, p. 59).
O Relacionamento Amoroso
A geração atual de alunos universitários aparentemente 
tem maior probabilidade de “ficar” ou fazer cruzeiros em 
grandes pacotes do que seus pais e avós. Mesmo assim, 
subseqüente casamento com Terri Muir. Mas Tom e Terri 
não estão sozinhos no ato de acessar a Internet para par-
ticipar de serviços de namoro. Há uma ou duas gerações, 
os casais se conheciam no colégio ou na faculdade, mas 
agora que as pessoas estão se casando mais tarde, a Inter-
net se tornou o novo local de encontro para quem está 
inclinado a um romance. Hoje em dia, milhares de sites 
se oferecem para ajudar as pessoas a encontrar parceiros e 
todo mês 45 milhões de acessantes só nos Estados Unidos 
os visitam. Não obstante as histórias de sucesso, como a 
dos Muirs, esses serviços de namoro on-line são tão bons 
quanto as pessoas que os utilizam: os perfis pessoais dos 
assinantes – a base para possíveis namoros – em geral 
contêm informações falsas ou enganosas (Harmon, 2003; 
B. Morris, 1991, p. D1).
O romance pela Internet é apenas a prática mais re-
cente de paquera. No Uzbequistão, país da Ásia Central, 
e em várias outras culturas tradicionais desse continente, 
a paquera é definida, em grande parte, pela interação de 
dois casais de pais e mães, que arranjam casamentos para 
os seus filhos. Normalmente, uma jovem uzbequistanesa 
é educada para aguardar com ansiedade o seu casamento 
com um homem que viu apenas uma vez, ou seja, quando 
ele é apresentado à sua família no momento da inspeção 
final do dote dela. Nos Estados Unidos, por sua vez, a 
paquera é feita basicamente por pessoas que têm interesse 
romântico umas pela outras. Nessa cultura, a paquera 
exige que os interessados se baseiem muito em jogos, 
gestos e sinais intrincados. Apesar dessas diferenças, seja 
nos Estados Unidos, no Uzbequistão ou em outro lugar, 
a paquera é influenciada pelas normas e pelos valores de 
uma sociedade maior (C. J. Williams, 1955).
Uma tendência inequívoca na seleção de parceiros é 
que o processo aparentemente está levando mais tempo 
hoje do que no passado. Uma série de fatores, incluindo 
a preocupação com a segurança financeira e a inde-
pendência pessoal, contribuiu para esse adiamento do 
casamento. A maioria das pessoas hoje tem bem mais do 
que 20 anos quando se casam, tanto nos Estados Unidos 
Funcionalista A família como entidade que contribui para a 
estabilidade social 
Papéis dos membros da família
Conflito A família como entidade que perpetua a desigualdade 
Transmissão da pobreza ou da riqueza pelas gerações
Interacionista Os relacionamentos entre os membros da família
Feminista A família como entidade que perpetua o papel dos sexos 
Domicílios chefiados por mulheres
Perspectiva 
Teórica Ênfase
R
es
u
m
in
d
o
Tabela 12-1 teorias Sociais sobre a família
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Os Relacionamentos Íntimos 309
em algum momento da sua vida adulta, a grande maioria 
dos alunos de hoje irá encontrar alguém que ama e se 
envolver em um relacionamento de longo prazo que se 
concentra em criar uma família. 
Os pais nos Estados Unidos tendem a valorizar o 
amor como justificativa para o casamento e incentivam 
seus filhos a criar relacionamentos íntimos com base no 
amor e no afeto. Músicas, filmes, livros, revistas, progra-
mas de televisão e até desenhos animados e histórias em 
quadrinhos reforçam o tema do amor. Ao mesmo tempo, 
a sociedade norte-americana espera que os pais e os cole-
gas ajudem a pessoa a confinar a sua busca de um parceiro 
a membros “socialmente aceitáveis” do sexo oposto.
A maioria das pessoas nos Estados Unidos considera 
natural a importância de se apaixonar, mas a junção de 
amor e casamento não é de maneira nenhuma uma uni-
versalidade cultural. Muitas culturas do mundo dão prio-
ridade à seleção de outros fatores além dos sentimentos 
românticos. Nas sociedades com casamentos arranjados 
pelos pais ou por autoridades religiosas, as considerações 
econômicas têm um papel importante. Supõe-se que o ca-
sal recém-constituído desenvolva um sentimento de amor 
depois da formalização da união legal, se é que tanto.
Mesmo nos Estados Unidos, algumas subculturas 
continuam com as práticas de casamento arranjado das 
suas culturas nativas. Entre os sikhs e os hindus que 
imigraram da Índia, entre os muçulmanos e os judeus 
hassídicos, os jovens permitem que seus pais ou casamen-
teiras designadas encontrem seu (sua) parceiro(a) em sua 
comunidade étnica. Como declarou um jovem sikh: “Eu, 
com certeza, vou me casar com a pessoa que meus pais 
querem que eu case. Eles me conhecem melhor do que eu 
me conheço”. Jovens que emigraram sem as suas famílias 
geralmente recorrem à Internet para encontrar parceiros 
que tenham o seu histórico e suas metas. Os anúncios 
matrimoniais para a comunidade hindu são veiculados 
em sites, como SuitableMatch.com e Indolink.com. Como 
observou uma jovem judia hassídica, o sistema de casa-
mentos arranjados “não é perfeito e não funciona para 
todo mundo, mas esse é o sistema que conhecemos e no 
Homens
Mulheres
Homens
Mulheres
Homens
Mulheres
Homens
Mulheres
Homens
Mulheres
Homens
Mulheres
Homens
Mulheres
Homens
Mulheres
Estados
Unidos
México
Polônia
Israel
Finlândia
Egito
Canadá
Austrália
10,6
21,6
10,8
25,1
11,9
56,1
5,1
11,7
32,4
39,5
38,9
54,6
22,9
52,1
19,3
33,2
FigurA 12-2
Porcentagem de Pessoas de 20 a 24 Anos que se 
Casaram pelo menos uma vez, Países Selecionados
Pense nisto
Por que a porcentagem de moças casadas é 
particularmente alta no Egito, no México e na Polônia? 
E particularmente baixa na Finlândia?
Fonte: United nations Population Division, 2001a.
As uniões inter-raciais, cada vez mais comuns e 
aceitas, estão dificultando as definições de raça. 
Os filhos desse casal inter-racial seriam 
considerados negros ou brancos?
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310 Capítulo 12
qual confiamos, a maneira como arrumamos parceiros e 
aprendemos a amar. Portanto, ele funciona para a maioria 
de nós (R. Segall, 1998, p. 48, 53).
Os seus pais e/ou casamenteiras vão arranjar um casamento 
para você. Que tipo de pessoa vão selecionar? As chances 
de você ter um casamento bem-sucedido serão maiores ou 
menores do que se você próprio selecionasse seu cônjuge?
Variações na Vida Familiar e 
relacionamentos Íntimos
Nos Estados Unidos, a classe social, a raça e a etnia criam 
variações na vida familiar. Estudar essas variações pro-
porciona uma compreensão mais sofisticada dos estilos 
contemporâneos de família nesse país.
Diferenças de Classe Social 
Vários estudos documentaram as diferenças na organiza-
ção familiar entre as classes sociais nos Estados Unidos. Na 
classe mais alta, a ênfase é dada à linhagem e à manutenção 
da posição familiar. Se você pertence à classe alta, não é 
apenas um membro de uma família nuclear, mas um mem-
bro de uma tradição familiar maior (pense nos Rockfellers 
ou nos Kennedys). Portanto, as famílias da classe alta se 
preocupam muito com o que consideram um treinamento 
adequado para os seus filhos. 
As famílias das classes mais baixas geralmente não 
têm o luxo de se preocupar com o “nome da família”; 
sua prioridade é lutar para pagar as contas e sobreviver 
a crises em geral associadas a uma vida de pobreza. A 
probabilidade de ter apenas um dos pais em casa é maior, 
o que cria desafios especiais no tocante ao cuidar dos 
filhos e às finanças. Os filhos das famílias da classe mais 
baixa geralmente assumem responsabilidades de adultos 
– incluindo o casamento e a maternidade ou paternidade 
– mais cedo do que as crianças de classerica. Isso ocorre, 
parcialmente, porque podem não ter o dinheiro necessá-
rio para continuar na escola. 
As diferenças de classes sociais na vida familiar são 
menos notáveis hoje em dia do que antigamente. No 
passado, os especialistas em família concordavam que o 
contraste nas práticas de educação das novas gerações era 
pronunciado. Observou-se que as famílias de classes mais 
baixas eram mais autoritárias na criação dos filhos e mais 
propensas a utilizar castigo físico. As famílias de classe 
média eram mais permissivas e mais contidas na puni-
ção a suas crianças. No entanto, essas diferenças podem 
ter diminuído à medida que uma quantidade cada vez 
maior de famílias de todas as classes sociais recorria aos 
mesmos livros, revistas e até programas de televisão para 
obter conselhos sobre como educar seus filhos (Kohn, 
1970; Luster et al., 1989). 
Entre os pobres, as mulheres têm um papel impor-
tante no apoio financeiro da família. Os homens podem 
ganhar salários baixos, estar desempregados ou total-
mente ausentes da família. Em 2003, 28% de todas as 
famílias chefiadas por mulheres sem marido presente se 
encontravam abaixo da linha de pobreza do governo. Esse 
índice para os casais casados era de apenas 5,4% (DeNa-
vas-Walt et al., 2004, p. 10).
Muitos grupos raciais e étnicos aparentemente têm 
características familiares distintas. Porém, os fatores ra-
ciais e de classe social, em geral, estão ligados. Quando 
se examina a vida familiar entre as minorias raciais e ét-
nicas, é preciso ter em mente que determinados padrões 
podem resultar de fatores associados à classe social e 
culturais também.
Diferenças Raciais e Étnicas 
O status subordinado das minorias raciais e étnicas nos 
Estados Unidos afeta profundamente suas vidas familia-
res. Por exemplo, os negros com renda mais baixa, os ín-
dios norte-americanos e a maioria dos grupos hispânicos 
e grupos asiáticos selecionados consideram criar e manter 
uniões matrimoniais bem-sucedidas uma tarefa difícil. A 
reestruturação econômica dos últimos 50 anos, descrita 
pelo sociólogo William Julius Wilson (1996) e outros, 
afetou principalmente as pessoas que moram 
em cidades do interior e áreas rurais desertas, como as 
reservas. Além disso, a política de imigração dos Estados 
Unidos complicou a mudança de famílias intactas da Ásia 
e da América Latina. 
A família negra sofre de vários estereótipos negativos 
e errôneos. É verdade que, em uma proporção conside-
ravelmente maior de famílias negras, o marido não está 
presente em casa (ver Figura 12-3). No entanto, as mães 
solteiras negras em geral pertencem a redes de parentes 
estáveis e funcionais, apesar das pressões do sexismo e do 
racismo. Os membros dessas redes – predominantemente 
parentes mulheres, como mães, avós e tias – aliviam a 
pressão financeira compartilhando bens e serviços. Além 
desses fortes laços familiares, a vida familiar dos negros 
vem enfatizando um profundo compromisso religioso e 
grandes aspirações de realização. Os pontos fortes dessas 
famílias ficaram evidentes durante a escravidão, quando 
os negros demonstraram uma extraordinária capacidade 
de manter laços familiares apesar do fato de não terem 
proteção legal e, na verdade, freqüentemente serem for-
çados a se separar (Willie e Reddick, 2003). 
Como os negros, os índios norte-americanos se 
baseiam nos elos familiares para amortecer muitas das 
dificuldades que enfrentam. Na reserva navajo, por exem-
plo, ser pai ou mãe na adolescência não é encarado como 
crise no mesmo grau que em outras partes dos Estados 
Unidos. Os navajo delineiam a sua descendência matri-
linearmente. Os casais moram com a família da mulher 
após o casamento, o que permite que os avós ajudem na 
Use a Sua Imaginação Sociológica
p. 218
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Os Relacionamentos Íntimos 311
criação de filhos. Embora os navajo não aprovem a gravi-
dez na adolescência, o profundo compromisso emocional 
de suas famílias estendidas proporciona um ambiente 
caloroso em casa para as crianças sem pai (Dalla e Gam-
ble, 2001).
Os sociólogos também observaram diferenças nos 
padrões familiares entre outros grupos raciais e étnicos. 
Por exemplo, os homens norte-americanos de origem 
mexicana são descritos como viris e tendo valor pessoal 
e orgulho da sua hombridade, o que é denominado 
machismo. Os norte-americanos de origem mexicana 
também são descritos como mais ligados à família do 
que várias outras subculturas. O familismo se refere ao 
orgulho da família estendida, que é expresso pela ma-
nutenção de laços estreitos e fortes obrigações para com 
os parentes fora da família imediata (o núcleo familiar). 
Tradicionalmente, os norte-americanos de origem mexi-
cana colocam a proximidade com a sua família estendida 
acima de outras necessidades e desejos. 
Porém, esses padrões familiares estão mudando em 
resposta às mudanças no status social, nos feitos na área 
de educação e nas profissões dos latinos. Como os outros 
norte-americanos, os latinos voltados para a carreira e 
em busca de parceiros mas com pouco tempo livre estão 
recorrendo aos sites da Internet. À medida que os latinos 
e outros grupos vão assimilando a cultura dominante nos 
Estados Unidos, a sua vida familiar adquire as caracterís-
ticas positivas e negativas associadas aos domicílios dos 
brancos (Becerra, 1999; Vega, 1995).
Padrões de Criação de Filhos na Vida 
Familiar 
Os nayars do sul da Índia reconhecem o papel biológico 
dos pais, mas o irmão mais velho da mãe é responsável 
pelos filhos dela. Ao contrário, os tios têm apenas um 
papel periférico no cuidado das crianças nos Estados 
Unidos. Tomar conta de crianças é uma função universal 
da família. No entanto, a forma como as diversas socie-
dades atribuem essa função aos membros familiares pode 
variar muito. Mesmo nos Estados Unidos, os padrões de 
criação de filhos variam. Aqui iremos analisar o fato de 
ser pai, mãe, avô ou avó, a adoção, as famílias com duas 
rendas, as famílias de pais e mães solteiros e as famílias 
substitutas. 
O Papel de Pai, Mãe, Avô e Avó
A socialização das crianças é fundamental para a manu-
tenção de qualquer cultura. Conseqüentemente, ser pai 
ou mãe é um dos papéis sociais mais importantes (e que 
mais exige) nos Estados Unidos. A socióloga Alice Rossi 
(1968, 1984) identificou quatro fatores que complicam a 
transição para a condição de pai ou mãe e o papel da so-
cialização. Primeiro, há pouca socialização 
antecipatória para o papel de cuidador(a). O currículo 
p. 91
Famílias com pai e mãe
Famílias só com a mãe sustentadas pela mãe
Asiáticos ou das
Ilhas do Pacífico
Famílias só com o pai sustentadas pelo pai 
2000
79%
14%
7%
1970
1970
1970
89%
9%
2%
4%
68%
28%
81%
15%
4%
Brancos
Afro-americanos
Hispânicos 2000
65%
26%
9%
2000
45% 47%
8%
2000
79%
16%
5%
1980
84%
11%
5%
FigurA 12-3
Aumento de Famílias só com Pais ou só com Mães 
nos Estados Unidos, 1970–2000
Nota: “Filhos” se referem a menores de 18 anos. não estão incluídas 
pessoas sem parentesco que moram juntas sem a presença de crianças. 
Os dados iniciais sobre norte-americanos de origem asiática são de 
1980.
Fonte: Bureau of the Census, 1944, p. 63; Fields, 2001, p. 7.
Famílias só com a mãe sustentadas pela mãe
7%
Como
 grupo
, os 
domic
ílios d
os no
rte-
americ
anos d
e orig
em 
asiátic
a são 
semel
hantes
 
aos do
s bran
cos
Capitulo 12.indd 311 23/10/13 15:06
312 Capítulo 12
escolar normal dá atenção restrita aos assuntos mais 
importantes para a vida familiar bem-sucedida, como o 
cuidar de crianças e manter a casa. Em segundo lugar, 
há apenas um aprendizado limitado durante o período 
da gravidez em si. Em terceiro, a transição para a pater-
nidade ou maternidade é bem abrupta. Ao contrário da 
adolescência, ela não é prolongada, diversa da transição 
para o trabalho, os deveres de tomar conta não podem 
ser cumpridos gradativamente. Por fim, na opinião de 
Rossi, a sociedade norte-americana precisa dediretrizes 
claras e úteis para uma paternidade ou maternidade 
bem-sucedida. Há pouco consenso quanto a como os 
pais podem criar filhos felizes e bem ajustados – ou 
mesmo sobre o que significa ser bem ajustado. Por esses 
motivos, o preparo para ser pai ou mãe envolve desafios 
difíceis para a maioria dos homens e das mulheres nos 
Estados Unidos.
Um avanço recente na vida familiar nos Estados 
Unidos é a extensão do papel de pai ou mãe, na medida 
em que filhos adultos continuam morando em casa ou 
voltam para ela após a faculdade. Em 2000, 56% dos ho-
mens e 43% das mulheres de 18 a 24 anos moravam com 
seus pais. Alguns desses filhos adultos ainda buscavam 
uma educação, porém, em muitos casos, as dificulda-
des financeiras estavam no âmago desses arranjos de 
moradia. Enquanto os aluguéis e os preços dos imóveis 
subiram assustadoramente, os salários dos trabalhado-
res mais jovens não acompanharam esse crescimento e 
muitos deles se vêem sem condições de pagar pelas suas 
próprias moradias. Além disso, com muitos casamentos 
acabando em divórcio – mais nos primeiros sete anos de 
união –, os filhos e filhas divorciados geralmente voltam 
a morar com seus pais, às vezes com seus próprios filhos 
(Fields, 2003).
Esse arranjo de moradia é um avanço positivo para 
os membros da família? Os cientistas sociais apenas co-
meçaram a analisar o fenômeno, às vezes chamado de 
“geração bumerangue” ou “a síndrome do ninho cheio” 
na imprensa popular. Uma pesquisa na Virgínia aparen-
temente mostrou que nem os pais nem os filhos adultos 
estavam contentes com o fato de continuar a viver juntos. 
Os filhos se sentiam ressentidos e isolados, mas os pais 
também sofriam: aprender a viver sem filhos em casa 
é uma fase fundamental da vida adulta e pode ser um 
momento decisivo para um casamento (Berkeley Wellness 
Letter, 1990; Mogelonsky, 1996). 
Em algumas casas, o ninho cheio abriga netos. Em 
2002, 5,6 milhões de crianças, ou 8% de todas as crianças 
nos Estados Unidos, moravam em uma casa com um avô 
ou uma avó. Em cerca de um terço desses domicílios, não 
havia pai ou mãe presentes para assumir a responsabili-
dade pelas crianças. Dificuldades especiais são inerentes 
nesses tipos de relacionamentos, incluindo preocupações 
legais com a custódia, questões financeiras e problemas 
emocionais tanto para os adultos quanto para os jovens. 
Não é de admirar que tenham surgido grupos de apoio, 
como “Avós como Pais”, para ajudar (Fields, 2003).
Adoção
No sentido legal, a adoção é um processo que permite a 
transferência dos direitos legais, das responsabilidades e 
dos privilégios de pai ou mãe “para novos pais ou mães” 
(E. Cole, 1985, p. 638). Em muitos casos, esses direitos são 
transferidos dos pais biológicos para os pais adotivos. 
Da perspectiva funcionalista, o governo tem muito 
interesse em incentivar a adoção. Na verdade, os elabora-
dores de política têm interesse humanitário e financeiro 
no processo. Teoricamente, a adoção oferece um am-
biente familiar estável para crianças que de outra maneira 
não receberiam cuidados satisfatórios. Além disso, os 
dados do governo mostram que as mães solteiras que 
ficam com os seus bebês tendem a ser de um status so-
cioeconômico mais baixo e requerem ajuda pública para 
sustentar os seus filhos. Então, o governo poderia reduzir 
as suas despesas com assistência social se as crianças fos-
sem transferidas para famílias auto-suficientes economi-
camente. Porém, da perspectiva interacionista, a adoção 
pode exigir que a criança se ajuste a um ambiente familiar 
e uma maneira de criar filhos muito diferentes.
Cerca de 4% de toda a população dos Estados Unidos 
é adotada, e cerca de metade dessas adoções foi feita por 
indivíduos sem parentesco com as pessoas adotadas na 
época do seu nascimento. Existem, nos Estados Unidos, 
dois métodos legais de se adotar uma pessoa que não é 
parente: a adoção pode ser feita por intermédio de uma 
agência licenciada ou, em alguns estados, mediante um 
acordo particular sancionado pelos tribunais. As crianças 
adotadas podem vir dos Estados Unidos ou do exterior. 
Em 2003, mais de 21 mil crianças entraram no país como 
filhos adotivos de cidadãos norte-americanos (Children’s 
Bureau, 2003; Department of State, 2004; Fisher, 2003).
Em alguns casos, as pessoas que adotam não são 
casadas. Em 1995, uma importante decisão de um tribu-
nal de Nova York determinou que um casal não tem de 
ser casado para adotar uma criança. De acordo com essa 
decisão, casais heterossexuais não-casados, casais de lés-
bicas e casais de gays podem adotar legalmente crianças 
em Nova York. Escrevendo para a maioria, a juíza Judith 
Kaye argumentou que, ampliando os limites de quem 
pode ser legalmente reconhecido como pai ou mãe, o 
Estado poderia ajudar mais crianças assegurando “o me-
lhor lar possível”. Com essa decisão, Nova York se tornou 
o terceiro Estado (depois de Vermont e Massachusetts) 
a reconhecer o direito de casais não-casados de adotar 
filhos (Dão, 1995). 
Para cada criança adotada, muitas mais continuam 
nas alas de serviços de proteção à criança patrocina-
dos pelo Estado. Em qualquer momento tomado para 
medição, mais de meio milhão de crianças nos Estados 
Unidos estão vivendo em lares adotivos. Essas crianças 
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Os Relacionamentos Íntimos 313
geralmente mudam de uma família para outra durante 
a sua infância e adolescência. Todo ano, cerca de 20 mil 
delas chegam à idade de 18 anos e entram na fase adulta 
sem o apoio financeiro ou emocional de uma família 
permanente (Children’s Bureau, 2002; C. J. Williams, 
1999). 
Famílias de Duas Rendas
A noção de uma família ser composta de um marido que 
ganha salário e de uma mulher que fica em casa foi subs-
tituída pelo domicílio de duas rendas. Entre as pessoas 
casadas com 25 a 34 anos de idade, 92% dos homens e 
75% das mulheres estavam no mercado de trabalho em 
2002. 
Por que houve um aumento na quantidade de casais 
com duas rendas? Um fator importante é a necessidade 
financeira. Em 2003, a renda média dos domicílios com 
ambos os cônjuges empregados era 99% mais do que 
nos domicílios nos quais apenas uma pessoa estava tra-
balhando fora de casa (US$ 71.496 contra US$ 35.977). 
Evidentemente, em razão das despesas relacionadas ao 
trabalho, como creche, nem todo o segundo salário de 
uma família é uma renda de fato adicional. Entre os ou-
tros fatores que contribuíram para o aumento do modelo 
de duas rendas estão a queda na taxa de natalidade, o 
aumento na proporção de mulheres com educação uni-
versitária, a mudança na economia norte-americana de 
indústria de fabricação para serviços e o impacto do mo-
vimento feminista na transformação da consciência das 
mulheres (DeNavas-Walt et al., 2004, tabela HINC-01).
Famílias só com o pai ou só 
com a mãe
Nos Estados Unidos, no final do 
século XIX, a imigração e a urbani-
zação tornaram cada vez mais difí-
cil manter as comunidades do tipo 
Gemeinschaft, onde todo mundo 
conhecia todo mundo e comparti-
lhava a responsabilidade pelas mães 
solteiras e seus filhos. Em 1883, 
foram fundadas as Casas Florence 
Crittenton na cidade de Nova York 
– e posteriormente em todo o país 
– como refúgio para prostitutas (na 
época, estigmatizadas como “mulhe-
res desonradas”). Em pouco tempo 
as casas Crittenton começaram a 
aceitar mães solteiras como mora-
doras. No início da década de 1900, 
o sociólogo W. E. B. Du Bois (1911) 
observou que a institucionalização 
das mães solteiras estava ocorrendo 
nas famílias segregadas. Na época 
em que ele estava escrevendo, havia 
sete casas para mães solteiras negras, bem como uma casa 
Crittenton para esse fim. 
Nas últimas décadas, o estigma associado a mãe sol-
teiras e outros pais solteiros diminuiu consideravelmente. 
As famílias só com o pai ou só com a mãe, nas quais só o 
pai ou só a mãe está presente para cuidar dos filhos, difi-
cilmente pode ser considerada uma raridade nos Estados 
Unidos. Em 2000, cerca de 21% das famíliasde brancos 
com filhos menores de 18 anos, 35% das famílias hispâni-
cas com filhos e 55% das famílias negras com filhos (ver 
Figura 12-3) eram chefiadas só pelo pai ou só pela mãe. 
As vidas dos pais e mães solteiros e seus filhos não 
são mais difíceis do que a vida em uma família nuclear 
tradicional. É errado pressupor que uma família só com 
O pai cuida do café da manhã enquanto a mãe se apressa para o trabalho 
nessa família de duas rendas. Uma proporção cada vez maior de casais 
nos Estados Unidos rejeita o modelo de família nuclear tradicional do 
marido como o provedor e a mulher como a pessoa que cuida da casa.
A maioria dos lares nos Estados Unidos não é composta de pai e 
mãe morando com seus filhos solteiros.
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Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para 
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual 
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
	O que é sociologia 
	A imaginação sociológica 
	Você é o que você tem?
	A sociologia e as ciências sociais 
	Sociologia e senso comum
	O que é teoria sociológica?
	O desenvolvimento da sociologia 
	As perspectivas teóricas mais importantes 
	Perspectiva funcionalista 
	Perspectiva do conflito 
	Perspectiva interacionsita 
	A abordagem sociológica 
	Comparação das perspectivas teóricas mais importantes 
	Desenvolvendo a imageinação sociológica 
	A teoria na prática 
	Pesquisa em ação

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