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ESTRUTURAS DE CONCRETO – CAPÍTULO 14 Libânio M. Pinheiro, Juliana S. Lima, Mônica C.C. da Guarda, Winston Zumaeta, Artur L. Sartorti Março de 2016 TORÇÃO 1. GENERALIDADES O fenômeno da torção em vigas vem sendo estudado há algum tempo, com base nos conceitos fundamentais da Resistência dos Materiais e da Teoria da Elasticidade. Vários pesquisadores já se dedicaram à compreensão dos tipos de torção, à análise da distribuição das tensões cisalhantes em cada um deles, e, finalmente, à proposição de verificações que permitam estimar resistências para as peças e impedir sua ruína. Apesar dos primeiros estudos sobre torção serem atribuídos a Coulomb, as contribuições de Saint-Venant (aplicação da torção livre em seção qualquer) e Prandlt (utilização da analogia de membrana) é que impulsionaram a solução para o problema da torção. No caso específico de análise de peças de concreto, foi a partir de Bredt (teoria dos tubos de paredes finas) que o fluxo das tensões foi compreendido. Na parte experimental, podem-se destacar os estudos de Mörsch, Thürlimann e Lampert, fundamentais para o conhecimento do comportamento mecânico de vigas submetidas à torção. Em geral, os estudos sobre torção desconsideram a restrição ao empenamento, como nas hipóteses de Saint-Venant, mas, na prática, as próprias regiões de apoio (pilares ou outras vigas) tornam praticamente impossível o livre empenamento. Como consequência, surgem tensões normais (de coação) no eixo da peça e há uma redução da tensão cisalhante. Esse efeito pode ser desconsiderado no dimensionamento das seções mais usuais de concreto armado (perfis maciços ou fechados, nos quais a rigidez à torção é alta), uma vez que as tensões de coação tendem a cair bastante com a fissuração da peça, e o restante passa a ser resistido apenas pelas armaduras mínimas. Assim, os princípios básicos de dimensionamento propostos para a torção clássica de Saint-Venant continuam adequados, com uma certa aproximação, para várias situações práticas. No caso de seções delgadas, entretanto, a influência do empenamento pode ser considerável, e para o dimensionamento devem ser utilizadas as hipóteses da flexo-torção de Vlassov. Um método simplificado é apresentado na ABNT NBR 6118:2014, mas não será objeto de análise deste trabalho. O dimensionamento à torção baseia-se nas mesmas condições dos demais esforços: enquanto o concreto resiste às tensões de compressão, as tensões de USP – EESC – Departamento de Engenharia de Estruturas Torção 14.2 tração devem ser absorvidas pela armadura. A distribuição dos esforços pode ser feita de diversas formas, a depender da teoria e do modelo adotado. A teoria que é mais amplamente aceita para a distribuição das tensões decorrentes da torção é a da treliça espacial generalizada, na qual se baseiam as formulações das principais normas internacionais. A filosofia desse método é a idealização da peça como uma treliça, cujas tensões de compressão causadas pelo momento torçor serão resistidas por bielas comprimidas (concreto), e as de tração, por diagonais tracionadas (armaduras). Vale a lembrança de que não é todo tipo de momento torçor que precisa ser considerado para o dimensionamento das vigas. A chamada torção de compatibilidade, resultante do impedimento à deformação, pode ser desprezada, desde que a peça tenha capacidade de adaptação plástica. Em outras palavras, com a fissuração da peça, sua rigidez à torção cai significativamente, reduzindo também o valor do momento atuante. É o que ocorre em vigas de borda, que tendem a girar por conta do engastamento na laje e são impedidas pela rigidez dos pilares. Por outro lado, se a chamada torção de equilíbrio, que é a resultante da própria condição de equilíbrio da estrutura, não for considerada no dimensionamento de uma peça, pode ocorrer sua ruína. É o caso de vigas-balcão e de algumas marquises. A seguir, será apresentada uma síntese dos conceitos que fundamentam os critérios de dimensionamento à torção, relacionados com a ABNT NBR 6118:2014. 2. TEORIA DE BREDT A partir dos estudos de Bredt, percebeu-se que quando o concreto fissura (Estádio II), seu comportamento à torção é equivalente ao de peças ocas (tubos) de paredes finas ainda não fissuradas - Estádio I (figura 1c). Essa afirmativa é respaldada na própria distribuição das tensões tangenciais provocadas por momentos torçores (figura 1b), as quais, na maioria das seções, são nulas no centro e máximas nas extremidades. USP – EESC – Departamento de Engenharia de Estruturas Torção 14.3 Figura 1 - Tubo de paredes finas A partir dos conceitos de Resistência dos Materiais, pode-se chegar à chamada primeira fórmula de Bredt, dada por: 𝜏𝑐 = 𝑇 2 ∙ 𝐴𝑒 ∙ 𝑡 (1) 𝜏𝑐 é a tensão tangencial na parede, provocada pelo momento torçor; 𝑇 é o momento torçor atuante; 𝐴𝑒 é a área delimitada pela linha média da parede da seção equivalente; 𝑡 é a espessura da parede equivalente. 3. TRELIÇA ESPACIAL GENERALIZADA O modelo da treliça espacial generalizada que é adotado para os estudos de torção tem origem na treliça clássica idealizada por Ritter e Mörsch para cisalhamento, e foi desenvolvido por Thürlimann e Lampert. Essa treliça espacial é composta por quatro treliças planas na periferia da peça (tubo de paredes finas da Teoria de Bredt), sendo as tensões de compressão absorvidas por barras (bielas) que fazem um ângulo com o eixo da peça, e as tensões de tração absorvidas por barras decompostas na direção longitudinal (armação longitudinal) e na transversal (estribos a 90o). Pode-se observar que a concepção desse modelo baseia-se na própria trajetória das tensões principais de peças submetidas à torção (figura 2). Figura 2 - Trajetória das tensões principais provocadas por torção T (a) (c) t Aec (b) c T T x I I II II USP – EESC – Departamento de Engenharia de Estruturas Torção 14.4 Apenas para a apresentação das expressões que regem o dimensionamento, será considerada uma seção quadrada com armadura longitudinal formada por quatro barras, uma em cada canto da seção, e armadura transversal formada por estribos a 90o (figura 3). 3.1 Biela de concreto Como o momento atuante deve igualar o resistente, tem-se, no plano ABCD: dd Tθsen C2 (2) θsen 2 T C dd (3) Figura 3 - Treliça espacial generalizada Sendo cd o valor de cálculo da tensão de compressão, e observando que a força Cd atua sobre uma área dada por ty , tem-se: = inclinação da biela cotg Bielas comprimidas Estribo Barras Longitudinais A B C D cotg cotg cotg y y Y X Z T PLANO ABCD Rd Rwd dCA C send C send C sen d C send NÓ A dC wdR dR USP – EESC – Departamento de Engenharia de Estruturas Torção 14.5 θsen 2 T ty dcd θsen ty2 Td cd (4) Mas θ cosy (5) 2 eA (6) Logo θ sen2tA T e d cd (7) Nas bielas comprimidas, a tensão resistente é menor que o valor de fcd. Dentre as várias razões, pode-se citar a existência de tensões transversais (que não são consideradas no modelo e interferem no estado de tensões da região), e a abertura de fissuras da peça. Assim: cdvcd f 25,0 (8) fcd é a resistência de cálculo do concreto à compressão; v2 é o coeficiente de efetividade do concreto, dado por: 250 12 ck v f (MPa) (9) 3.2 Armadura longitudinal Para o equilíbrio de forças na direção X, θ cosC4R4 dd (10) Como ywdsod fAR onde: Aso é a área de uma das barras longitudinais; fywd é a tensão de escoamento do aço, com seus valores de cálculo, e, sos A4A utilizando-se a eq.(3), a eq.(10) pode ser escrita como: θ cotg T2 fA dywds Distribuindo a armação de forma uniforme em todo o contorno 4u , para reduzir a possibilidade de abertura de fissuras nas faces da viga, e levando em conta a eq.(6), tem-se: USP – EESC – Departamento de Engenharia de Estruturas Torção 14.6 θ cotg u T2 f u A d ywd s θ cotg fA2 T u A ywde ds (11) 3.3 Estribos Para o equilíbrio das forças do nó A, na direção Z, θsen CR dwd (12) Mas ywd90wd fA s cotg R onde: s é o espaçamento longitudinal dos estribos; s cotg é o número de estribos concentrados na área de influência do nó A. Substituindo na eq.(12), considerando da eq.(2): sen sen 2 T fA s cotg d ywd90 Substituindo a eq. (6) e rearrumando: gt fA2 T s A ywde d90 (13) 3.4 Torçor resistente Para determinação do momento torçor resistente de uma seção já dimensionada, pode-se rearrumar a eq.(11), u A fA2 T θ tg s ywde d que fornece a inclinação da biela comprimida, e substituí-la na eq.(13), resultando: 2ywde 2 ds90 fA2 T u A s A u A s A fA2T s90ywded (14) USP – EESC – Departamento de Engenharia de Estruturas Torção 14.7 4. INTERAÇÃO DE TORÇÃO, CISALHAMENTO E FLEXÃO Boa parte dos estudos de torção é relativa a torção pura, isto é, aquela decorrente da aplicação exclusiva de um momento torçor em uma viga. Essa situação, entretanto, não é usual. A grande maioria das vigas com torção também está submetida a forças cortantes e momentos fletores, o que dá origem a um estado de tensões mais complexo e mais difícil de ser analisado. A experiência vem demonstrando que, de uma maneira geral, a filosofia e os princípios básicos de dimensionamento propostos para a torção simples também são adequados, com certa aproximação, para solicitações compostas. Por isso, em geral, o procedimento adotado para o dimensionamento a solicitações compostas é a simples superposição dos resultados obtidos para cada um dos esforços solicitantes separadamente, que se mostra a favor da segurança. Por exemplo, a armadura de tração prevista pela torção que estiver na parte comprimida pela flexão poderia ser reduzida, se fosse considerado o alívio sofrido por sua resultante (de tração) nessa região. Ou ainda, como em uma das faces laterais da peça as diagonais solicitadas pela torção e pelo cisalhamento são opostas, poderia ser considerado o alívio na resultante de tração no estribo, e consequentemente, reduzir-se sua área. Evidentemente, na face lateral oposta, as diagonais têm a mesma direção, e a armação necessária vem da somatória daquelas calculadas para cada um dos dois esforços separadamente. E para a verificação da tensão na biela comprimida desta face, não bastará se observar o comportamento das resultantes relativas à torção e ao cisalhamento separadamente – surge a necessidade de uma nova verificação, que considere a interação delas. Na figura 4, apresenta-se uma superfície que mostra a interação dos três tipos de esforços, com base em resultados experimentais. Qualquer ponto interior a essa superfície indica que a verificação da tensão na biela foi atendida. Pode-se observar que, para uma mesma relação ult sd V V , o momento torçor resistente diminui com o aumento da relação ult sd M M . Cabe a ressalva de que a superposição dos efeitos das treliças de cisalhamento e de torção só estará coerente se a inclinação da biela comprimida for adotada a mesma nos dois casos. USP – EESC – Departamento de Engenharia de Estruturas Torção 14.8 Figura 4 - Diagrama de interação 5. DIMENSIONAMENTO À TORÇÃO SEGUNDO A ABNT NBR 6118:2014 Com relação a versão da 6118 de 1978, a versão de 2003 tratava o modelo adotado para torção nos termos da treliça espacial generalizada, descrito anteriormente, e não mais a treliça clássica. Esta situação continua na versão de 2014. Dessa forma, o projetista tem a possibilidade de determinar a inclinação da biela comprimida, com mais liberdade para trabalhar o arranjo das armaduras, realizando um dimensionamento totalmente compatível com o cisalhamento. Ocorreram alterações na determinação da seção vazada equivalente e nas verificações a serem realizadas para o dimensionamento, sendo estas agora escritas em termos de momentos torçores, e não mais em termos de tensões. Dessa forma, acredita-se que o processo de dimensionamento torna-se mais coerente, inclusive com a tendência das normas internacionais. As taxas mínimas e os espaçamentos também foram modificados em relação à flexão e ao cisalhamento isoladamente. Para a torção, as prescrições são descritas a seguir. 5.1 Torção de compatibilidade Como já foi comentado, apenas a torção de equilíbrio precisa ser considerada no dimensionamento de vigas. A torção de compatibilidade pode ser desprezada, desde que sejam respeitados os limites de armadura mínima de cisalhamento, e: 2,Rdsd V7,0V (15) sendo: sen227,0 22, dbfV wcdvRd (16) já para estribos a 90o em relação ao eixo da peça. T T 1 1 1 0,3 1 1 1 0,5 a 0,6 sd ult ult V V sd ult M M sd USP – EESC – Departamento de Engenharia de Estruturas Torção 14.9 Em regiões onde o comprimento do elemento sujeito a torção seja menor ou igual a 2h, para garantir um nível razoável de capacidade de adaptação plástica, deve-se respeitar a armadura mínima de torção e limitar a força cortante, tal que: 2,Rdsd V7,0V . 5.2 Determinação da seção vazada equivalente Segundo a ABNT NBR 6118:2014, ficam definidos os seguintes critérios: ℎ𝑒 ≤ 𝐴 𝑢 (17) ℎ𝑒 ≥ 2 ∙ 𝐶1 (18) onde: ℎ𝑒 é a espessura da parede da seção equivalente; 𝐴 é a área da seção cheia; 𝑢 é o perímetro da seção cheia. nomt cc 2 1 (19) sendo: o diâmetro da armadura longitudinal; t o diâmetro da armadura transversal; cnom o cobrimento nominal da armadura. Caso A/u resulte menor que 2c1, pode-se adotar he = A/u ≤ bw-2c1 e a superfície média da seção celular equivalente Ae definida pelos eixos das armaduras do canto (respeitando o cobrimento exigido nos estribos). 5.3 Definição da inclinação da biela comprimida Assim como no cisalhamento, a inclinação da biela θ deve estar compreendida entre 30o e 45o, sendo que o valor adotado deve ser o mesmo para as duas verificações. 5.4 Verificação da biela comprimida Para se assegurar o não esmagamento da biela comprimida na torção pura, a ABNT NBR 6118:2014 exige a verificação da seguinte condição: 2,Rdsd TT (20) USP – EESC – Departamento de Engenharia de Estruturas Torção 14.10 sendo TRd,2 o momento torçor que pode ser resistido pela biela. Este momento torçor pode ser obtido pela substituição da eq. (8) na eq.(7), que, rearrumada, fornece: θ sen25,0 22, eecdvRd hAfT (21) )250/1(2 ckv f ckf em MPa 5.5 Verificação da tensão na biela comprimida para solicitações combinadas A ABNT NBR 6118:2014 menciona que, no caso de torção e cisalhamento, deve ser obedecida a seguinte verificação: 1 T T V V 2,Rd sd 2,Rd` sd (22) Observa-se que essa expressão linear (figura 5) fornece resultados conservadores em relação àqueles esboçados na figura 4. No EUROCODE 2 (1992), por exemplo, a expressão equivalente à eq.(22) é de segundo grau. Observa-se ainda, também com base na figura 4, que a eq.(22) só se mostra adequada para situações em que o momento fletor de cálculo não ultrapassacerca de 50 a 60% do momento último da seção, apesar da ABNT NBR 6118:2014 não apresentar comentários a respeito disso. Figura 5 - Diagrama de interação torção versus cortante, segundo a ABNT NBR 6118:2014 5.6 Determinação da armadura longitudinal Deve ser verificada a seguinte condição: 4,Rdsd TT (23) sendo TRd,4 o momento torçor que pode ser resistido pela armadura longitudinal, dado por: θ tg24, ywde e s Rd fA u A T (24) T 1 1 Rd,2 sd T VRd,2 Vsd USP – EESC – Departamento de Engenharia de Estruturas Torção 14.11 que é decorrente da eq.(11), lembrando que ue é o perímetro da seção equivalente Ae. A armadura longitudinal de torção, de área total sA , pode ter arranjo distribuído ou concentrado, mantendo-se obrigatoriamente constante a relação uAs / , onde u é o trecho de perímetro, da seção efetiva, correspondente a cada barra ou feixe de barras de área sA . Nas seções poligonais, em cada vértice dos estribos de torção, deve ser colocada pelo menos uma barra longitudinal. 5.7 Determinação dos estribos Deve ser verificada a seguinte condição: 3,Rdsd TT (25) sendo TRd,3 o momento torçor que pode ser resistido pelos estribos, dado por: θ tg2903, cofA s A T ywdeRd (26) que é obtida a partir da eq.(13). Estes estribos estão à 90°. Nas verificações dos itens 5.6 e 5.7 MPaf ywd 435 . 5.8 Armadura longitudinal e estribos para solicitações combinadas No banzo tracionado pela flexão, somam-se as armaduras longitudinais de flexão e de torção. A armadura transversal total também deve ser obtida pela soma das armaduras de cisalhamento e de torção. No banzo comprimido, pode-se reduzir a armadura de torção, devido aos esforços de compressão do concreto na espessura he e comprimento u correspondente à barra considerada. Salienta-se que esta redução as vezes é inviável e pode conduzir a erros de execução. 5.9 Verificação da taxa de armadura mínima A taxa de armadura mínima, como se sabe, vem da necessidade de se garantir a ductilidade da peça e melhorar a distribuição das fissuras. A ABNT NBR 6118:2014 é coerente ao considerar que há influência da resistência característica do concreto. Essa taxa é dada por: USP – EESC – Departamento de Engenharia de Estruturas Torção 14.12 MPaf f f sb A uh A ywk ywk ctm w sw sw ee s s 500 com ,2,0 (27) A Tabela 1 apresenta os valores de míns , e mínsw, . Tabela 1 – Valores de míns , e mínsw, (%) Aço Concreto C20 C25 C30 C35 C40 C45 C50 C55 C60 C65 C70 C75 C80 C85 C90 CA-25 0,177 0,205 0,232 0,257 0,281 0,304 0,326 0,331 0,344 0,356 0,367 0,377 0,387 0,396 0,405 CA-50 0,088 0,103 0,116 0,128 0,140 0,152 0,163 0,166 0,172 0,178 0,183 0,189 0,194 0,198 0,203 CA-60 0,074 0,085 0,097 0,107 0,117 0,127 0,136 0,138 0,143 0,148 0,153 0,157 0,161 0,165 0,169 6. DISPOSIÇÕES CONSTRUTIVAS Apenas as barras longitudinais e os estribos que estiverem posicionados no interior da parede da seção vazada equivalente deverão ser considerados efetivos para resistir aos esforços gerados pela torção. São válidas as mesmas disposições construtivas de diâmetros, espaçamentos e ancoragem para armaduras longitudinais de flexão e estribos de cisalhamento, propostos na ABNT NBR 6118:2014. Especificamente para a torção, valem as recomendações apresentadas a seguir. 6.1 Armaduras longitudinais Para que efetivamente existam os tirantes supostos no modelo de treliça, é necessário se dispor uma barra de armadura longitudinal em cada canto da seção. De acordo com a ABNT NBR 6118:2014, deve-se procurar atender à relação u As em todo o contorno da viga, sendo u o trecho do perímetro correspondente a cada barra, de área As. Em outras palavras, a armadura longitudinal de torção não deve estar concentrada nas faces superior e inferior da viga, e sim, uniformemente distribuída em todo o perímetro da seção efetiva. Apesar de não haver prescrição na Norma, deve-se preferencialmente adotar 10 mm nos cantos. O espaçamento de eixo a eixo de barra, tanto na direção vertical quanto na horizontal, deverá ser s 350 mm. 6.2 Estribos USP – EESC – Departamento de Engenharia de Estruturas Torção 14.13 P1 30 x 35 P2 30 x 35 V1 - 35 x 50 3 0 0 5 0 8 16 35 285 320 V1 FORMA ESTRUTURAL SEM ESCALA A A CORTE A-A SEM ESCALA L1 h = var. 430 430 3 2 0 Os estribos devem estar posicionados a 90o com o eixo longitudinal da peça, devendo ser fechados e adequadamente ancorados por ganchos em ângulo de 45o. Além disso, devem envolver as armaduras longitudinais. 7. EXEMPLO Seja a viga V1 da marquise esquematizada na figura 6, a qual está submetida à torção de equilíbrio, além de flexão e cisalhamento. O cálculo da laje L1, engastada na V1, não será aqui apresentado. Ela aplica nessa viga um momento torçor de 21,45 kN.m/m, uniformemente distribuído. A reação de apoio da L1, somada ao peso próprio da V1 e à carga de parede sobre a V1 perfazem um carregamento uniformemente distribuído de 19,23 kN/m. Figura 6 – Forma estrutural da marquise 7.1 Momento nas extremidades da V1 Na ligação da viga V1 com os pilares, será considerado momento fletor Mvig obtido de acordo com adaptação do item 14.6.6.1.c da ABNT NBR 6118:2014. Nesse cálculo, precisa-se do vão equivalente do pilar (𝑙𝑖𝑛𝑓) que será calculado de acordo com o item 15.6 da ABNT NBR 6118:2014. Portanto, ele é dado por 𝑙𝑖𝑛𝑓 = 𝑙0 + ℎ, ou seja, o vão livre somado à dimensão h da seção transversal do pilar, medida na direção do eixo da viga. Admitindo-se o topo da fundação 35 cm abaixo do piso acabado (𝑙0 = 335 𝑐𝑚) e considerando que ℎ = 30 𝑐𝑚, resulta: USP – EESC – Departamento de Engenharia de Estruturas Torção 14.14 𝑙𝑖𝑛𝑓 = 𝑙0 + ℎ = 335 + 30, ou seja: 𝑙𝑖𝑛𝑓 = 365 𝑐𝑚 Portanto, valor de 𝑀𝑣𝑖𝑔 junto ao pilar P1 pode ser obtido como indicado a seguir, considerando 𝑀𝑒𝑛𝑔 = 𝑝 ∙ 𝑙 2 12⁄ (viga biengastada): 𝑀𝑣𝑖𝑔 = 𝑀𝑒𝑛𝑔 ∙ 𝑟𝑖𝑛𝑓 + 𝑟𝑠𝑢𝑝 𝑟𝑣𝑖𝑔 + 𝑟𝑖𝑛𝑓 + 𝑟𝑠𝑢𝑝 𝑟𝑖𝑛𝑓 = 𝐼 𝑙𝑖𝑛𝑓 2⁄ = 0,35 ∙ 0,303 12 3,65 2⁄ = 4,315 ∙ 10−4 𝑚³ 𝑟𝑠𝑢𝑝 = 𝐼 𝑙𝑠𝑢𝑝 2⁄ = 0 𝑟𝑣𝑖𝑔 = 𝐼 𝑙𝑣𝑖𝑔 = 0,35 ∙ 0,503 12 4 = 9,115 ∙ 10−4 𝑚³ Portanto, junto ao P1 resulta: 𝑀𝑣𝑖𝑔 = + 𝑝 ∙ 𝑙2 12 ∙ 4,315 ∙ 10−4 + 0 9,115 ∙ 10−4 + 4,315 ∙ 10−4 + 0 𝑀𝑣𝑖𝑔 = + 19,23 ∙ 42 12 ∙ 4,315 ∙ 10−4 13,430 ∙ 10−4 𝑀𝑣𝑖𝑔 = +8,24 𝑘𝑁 ∙ 𝑚 Junto ao P2, resulta um mesmo valor, porém de sinal contrário, coerente com a convenção de sinais adotada (Convenção de Grinter). Portanto, junto ao P2: 𝑀𝑣𝑖𝑔 = −8,24 𝑘𝑁 ∙ 𝑚 Na figura 7, pode-se observar o esquema estático da viga V1, na qual se considera a viga biapoiada nos pilares, para o cálculo de esforços cortantes e momentos fletores, e biengastada para o cálculo de momentos torçores. Para estes foi utilizada a convenção de vetor momento, na qual se utiliza a regra da mão direita para indicar o sentido da rotação do momento. USP – EESC – Departamento de Engenharia de Estruturas Torção 14.15 Figura 7 – Diagramas de esforços solicitantes 7.2 Verificação da biela comprimida Foi adotado fck = 25 MPa, cobrimento de 2,5 cm e, provisoriamente, foram admitidas barras longitudinais de diâmetro 10 mm e estribos de 6,3 mm para o cálculo da altura útil: 𝑑 = 50 − 2,5 − 1,0 2 − 0,63 = 46,37 𝑐𝑚 Para não haver esmagamento da biela comprimida, de acordo com a eq. (22): 𝑉𝑠𝑑 𝑉𝑅𝑑,2 + 𝑇𝑠𝑑 𝑇𝑅𝑑,2 ≤ 1 Segundo o item 17.4.2.1 da ABNT NBR 6118:2014, os cálculos devem considerar as forças cortantes nas respectivas faces dos apoios, ou seja, nas faces dos pilares: 2 m DMT [kN.m] 39,68 39,68 M = vig 8,89 kN.m 0,15 m 0,15 m 0,15 m V1 - 35 x 50 M = vig 8,89kN.m p = 19,23 kN/m 4 m M = 21,45 kN.m/mT 4 m DEC [kN] DMF [kN.m] 38,46 38,46 35,58 d/2 d/2 31,12 35,58 31,12 8,89 29,57 8,89 0,15 m 42,90 42,90 V1 - 35 x 50 2 m 8,24 8,24 30,22 USP – EESC – Departamento de Engenharia de Estruturas Torção 14.16 𝑉𝑠𝑑 = 1,4 ∙ 35,58 = 49,81 𝑘𝑁 𝑒 𝑇𝑠𝑑 = 1,4 ∙ 39,68 = 55,55 = 5555 𝑘𝑁. 𝑐𝑚 Considerando a inclinação = 45o, na eq. (16): 𝑉𝑅𝑑2 = 0,27 ∙ 𝛼𝑣2 ∙ 𝑓𝑐𝑑 ∙ 𝑏𝑤 ∙ 𝑑 𝛼𝑣2 = (1 − 𝑓𝑐𝑘 250 ) = (1 − 25 250 ) = 0,9 𝑉𝑅𝑑2 = 0,27 ∙ 0,9 ∙ 2,5 1,4 ∙ 35 ∙ 46,37 𝑉𝑅𝑑2 = 704,24 𝑘𝑁 Segue-se a determinação da seção vazada equivalente, a partir das eqs. (17) e (18): ℎ𝑒 ≤ 𝐴 𝑢 = 𝑏 ∙ ℎ 2 ∙ (𝑏 + ℎ) = 35 ∙ 50 2 ∙ (35 + 50) = 1750 𝑐𝑚2 170 𝑐𝑚 = 10,29 𝑐𝑚 ℎ𝑒 ≤ 2 ∙ 𝐶1 𝑐1 = ∅𝑙 2 + ∅𝑡 + 𝑐𝑛𝑜𝑚 = 1,0 2 + 0,63 + 2,5 = 3,63 𝑐𝑚 ℎ𝑒 ≤ 2 ∙ 𝑐1 = 2 ∙ 3,63 = 7,26 𝑐𝑚 Adotou-se, então, ℎ𝑒 = 7,0 𝑐𝑚. Na figura 8, pode-se observar a espessura ℎ𝑒 e a área 𝐴𝑒 limitada pela linha tracejada, que é a linha média da parede da seção vazada. Figura 8 – Seção transversal da viga V1 Com base nessa figura, obtém-se: 𝐴𝑒 = 28 ∙ 43 = 1204 𝑐𝑚 2 Ae 28 cm 4 3 c m 3 ,5 3 ,5 h = 7 cm h e e 35 cm 5 0 c m USP – EESC – Departamento de Engenharia de Estruturas Torção 14.17 𝑢𝑒 = 2 ∙ (28 + 43) = 142 𝑐𝑚 Tem-se, então, a partir da eq. (21): 𝑇𝑅𝑑,2 = 0,50 ∙ 𝛼𝑣2 ∙ 𝑓𝑐𝑑 ∙ 𝐴𝑒 ∙ ℎ𝑒 ∙ 𝑠𝑒𝑛(2𝜃) 𝛼𝑣2 = (1 − 𝑓𝑐𝑘 250 ) = (1 − 25 250 ) = 0,9 𝑇𝑅𝑑,2 = 0,50 ∙ 0,9 ∙ 2,5 1,4 ∙ 1204 ∙ 7 ∙ 𝑠𝑒𝑛(2 ∙ 45) 𝑇𝑅𝑑,2 = 6772,5 𝑘𝑁. 𝑐𝑚 Conhecidos esses valores, pode ser feita a verificação: 𝑉𝑠𝑑 𝑉𝑅𝑑,2 + 𝑇𝑠𝑑 𝑇𝑅𝑑,2 ≤ 1 49,81 704,24 + 5555 6772,5 = 0,89 < 1 ∴ 𝑜𝑘! Nota-se certa folga, o que permitiria uma redução da inclinação da biela. Como consequência, haveria uma redução da área de aço transversal necessária, e um acréscimo da área de aço longitudinal. Observa-se, entretanto, que esse procedimento é mais eficiente nos casos em que o esforço cortante é grande, e a redução da área dos estribos é maior que o acréscimo das barras longitudinais. Em geral, nos demais casos, não compensa adotar valores menores de . 7.3 Dimensionamento à flexão Para o momento máximo positivo: 𝑀𝑑 + = 1,4 ∙ 3022 = 4230,8 𝑘𝑁. 𝑐𝑚 𝑘𝑐 = 𝑏 ∙ 𝑑2 𝑀𝑑 + → 𝑘𝑐 = 35 ∙ 46,372 4230,8 → 𝑘𝑐 = 17,8 𝐴𝑠𝑙 + = 𝑘𝑠 ∙ 𝑀𝑑 + 𝑑 → 𝐴𝑠𝑙 + = 0,024 ∙ 4230,8 46,37 → 𝐴𝑠𝑙 + = 2,19 𝑐𝑚2 Para o momento máximo negativo: 𝑀𝑑 − = 1,4 ∙ 824 = 1153,6 𝑘𝑁. 𝑐𝑚 𝑘𝑐 = 𝑏 ∙ 𝑑2 𝑀𝑑 − → 𝑘𝑐 = 35 ∙ 46,372 1153,6 → 𝑘𝑐 = 65,2 USP – EESC – Departamento de Engenharia de Estruturas Torção 14.18 𝐴𝑠𝑙 − = 𝑘𝑠 ∙ 𝑀𝑑 − 𝑑 → 𝐴𝑠𝑙 − = 0,023 ∙ 1153,6 46,37 → 𝐴𝑠𝑙 − = 0,57 𝑐𝑚2 Entretanto, a ABNT NBR 6118:2014 prescreve a área de aço mínima, que deverá ser respeitada tanto para a armadura positiva quanto para a negativa. Para seções retangulares com fck = 25 MPa: 𝐴𝑠𝑙,𝑚𝑖𝑛 = 𝜌𝑙,𝑚𝑖𝑛 ∙ 𝑏𝑤 ∙ ℎ = 0,0015 ∙ 35 ∙ 50 = 2,63 𝑐𝑚 2 7.4 Dimensionamento ao cisalhamento 𝑉𝑐 = 𝑉𝑐0 = 0,6 ∙ 𝑓𝑐𝑡𝑑 ∙ 𝑏𝑤 ∙ 𝑑 (𝑉𝑐 = 𝑉𝑐0 na flexão simples) 𝑓𝑐𝑡𝑑 = 𝑓𝑐𝑡𝑘,𝑖𝑛𝑓 𝛾𝑐 = 0,7 ∙ 𝑓𝑐𝑡𝑚 1,4 = 0,7 ∙ 0,3 ∙ 𝑓𝑐𝑘 2/3 1,4 = 0,21 ∙ √252 3 1,4 = 1,28 𝑀𝑃𝑎 𝑉𝑐 = 0,6 ∙ 0,128 ∙ 35 ∙ 46,37 = 124,642 𝑘𝑁 𝑉𝑠𝑑 ≤ 𝑉𝑅𝑑3 = 𝑉𝑐 + 𝑉𝑠𝑤 49,81 ≤ 𝑉𝑅𝑑3 = 124,642 + 𝑉𝑠𝑤 49,81 = 124,642 + 𝑉𝑠𝑤 𝑉𝑠𝑤 = −74,83𝑘𝑁 ∴ não é necessária armadura transversal. A partir das verificações realizadas no dimensionamento ao cisalhamento, também para = 45o, observa-se que a própria seção já resistiria ao cortante atuante. É necessário que a peça tenha apenas uma armadura mínima, dada por: ( 𝐴𝑠𝑤 𝑠 ) 𝑚𝑖𝑛 = 0,2 ∙ 𝑓𝑐𝑡𝑚 𝑓𝑦𝑤𝑘 ∙ 𝑏𝑤 ∙ 𝑠𝑒𝑛𝛼 ( 𝐴𝑠𝑤 𝑠 ) 𝑚𝑖𝑛 = 0,2 ∙ 0,3 ∙ √252 3 500 ∙ 35 ∙ 𝑠𝑒𝑛900 = 0,036 𝑐𝑚 ( 𝐴𝑠𝑤 𝑠 ) 𝑚𝑖𝑛 = 0,036 𝑐𝑚 = 0,036 𝑐𝑚2 𝑐𝑚 = 0,036 𝑐𝑚2 10−2𝑚 = 0,036 𝑐𝑚2 𝑚 ∙ 102 ( 𝐴𝑠𝑤 𝑠 ) 𝑚𝑖𝑛 = 3,60 𝑐𝑚2 𝑚 𝛼 é a inclinação dos estribos em relação ao eixo longitudinal do elemento estrutural, portanto, 900. 7.5 Dimensionamento à torção Considera-se também a inclinação da biela comprimida = 45o. a) Cálculo da armadura longitudinal A partir das eqs. (23) e (24): USP – EESC – Departamento de Engenharia de Estruturas Torção 14.19 𝑇𝑠𝑑 ≤ 𝑇𝑅𝑑,4 = ( 𝐴𝑠𝑙 𝑢𝑒 ) ∙ 2 ∙ 𝐴𝑒 ∙ 𝑓𝑦𝑤𝑑 ∙ 𝑡𝑔𝜃 5555 ≤ 𝑇𝑅𝑑,4 = ( 𝐴𝑠𝑙 𝑢𝑒 ) ∙ 2 ∙ 1204 ∙ 50 1,15 ∙ 𝑡𝑔450 5555 ≤ ( 𝐴𝑠𝑙 𝑢𝑒 ) ∙ 104695,65 ( 𝐴𝑠𝑙 𝑢𝑒 ) ≥ 0,053 𝑐𝑚 = 0,053 𝑐𝑚2 𝑐𝑚 = 0,053 𝑐𝑚2 10−2𝑚 = 0,053 𝑐𝑚2 𝑚 ∙ 102 ( 𝐴𝑠𝑙 𝑢𝑒 ) ≥ 5,3 𝑐𝑚2 𝑚 b) Cálculo dos estribos Utilizando-se as eqs. (25) e (26): 𝑇𝑠𝑑 ≤ 𝑇𝑅𝑑,3 = ( 𝐴90 𝑠 ) ∙ 2 ∙ 𝐴𝑒 ∙ 𝑓𝑦𝑤𝑑 ∙ 𝑐𝑜𝑡𝑔𝜃 5555 ≤ 𝑇𝑅𝑑,3 = ( 𝐴90 𝑠 ) ∙ 2 ∙ 1204 ∙ 50 1,15 ∙ 𝑐𝑜𝑡𝑔450 5555 ≤ ( 𝐴90 𝑠 ) ∙ 104695,65 ( 𝐴90 𝑠 ) ≥ 0,053 𝑐𝑚 = 0,053 𝑐𝑚2 𝑐𝑚 = 0,053 𝑐𝑚2 10−2𝑚 = 0,053 𝑐𝑚2 𝑚 ∙ 102 ( 𝐴90 𝑠 ) ≥ 5,3 𝑐𝑚2 𝑚 7.6 Detalhamento a) Armadura longitudinal A área total da armadura longitudinal é obtida pela soma das parcelas correspondentes à flexão e à torção, que deve ser feita para cada uma das faces da viga. Na face superior, a flexão exige As- = 0,57 cm2. A parcela da torção é dada por 2cm 48,1)07,035,0(30,5 sA . A área de aço total nessa face vale, então: As,tot = 0,57 + 1,48 = 2,05 cm2 Observa-se, entretanto, que esta área é menor que a mínima prescrita na ABNT NBR 6118:2014. Portanto, para a face superior, a área de aço vale: As,tot = As min = 2,63 cm2 (4 10) USP – EESC – Departamento de Engenharia de Estruturas Torção 14.20 Na face inferior, a flexão exige As- = 2,19 cm2. A parcela da torção é a mesma anterior, 2cm 48,1sA . A área de aço total nessa face vale, então: As,tot = 2,19 + 1,48 = 3,67 cm2 (5 10) que já supera a área de aço mínima exigida pela flexão. Nas faces laterais, como a altura da viga é menor que 60 cm, não é necessária a utilização de armadura de pele. Há apenas a parcela da torção, cuja área de aço vale 2cm 28,2)07,050,0(30,5 sA , ou seja, As,tot = 2,28 cm2 (3 10) b) Estribos A área final dos estribos é dada pela soma das parcelas correspondentes ao cisalhamento e à torção, s A s A 90sw , mas neste exemplo, como já foi visto, não é necessária armadura para o cisalhamento. Há apenas a parcela da torção, que já supera a área de aço mínima exigida. Assim, em cada face deve-se ter: 9C/ 8 30,5 2 90 m cm s A TOTAL que obedece ao espaçamento longitudinal máximo entre estribos, segundo a Norma: Vd 0,67 VRd,2 smáx = 0,6d 30 cm smáx = 27,8 cm O detalhamento final da seção transversal é apresentado na figura 9. Figura 9 - Detalhamento final da Viga V1(35 x 50) 5 N1 10 3 N2 10 3 N2 10 4 N3 10 N4 8 C/9 USP – EESC – Departamento de Engenharia de Estruturas Torção 14.21 8. CONSIDERAÇÕES FINAIS A utilização do modelo de treliça espacial generalizada é uma importante característica da ABNT NBR 6118:2014, permitindo que se trabalhe com a mesma inclinação da biela (de 30o a 45o) tanto na torção quanto no cisalhamento. Além disso, com essas diretrizes, o projetista tem a possibilidade de realizar um dimensionamento mais eficiente para cada seção estudada, já que, com a escolha dos valores de e he, pode-se distribuir mais conveniente as parcelas de esforços nas bielas e nas armaduras. REFERÊNCIAS ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6118:2014 - Projeto de estruturas de concreto. Rio de Janeiro. COMITÉ EURO-INTERNACIONAL DU BÉTON. CEB-FIP Model Code 1990. Bulletin d’ Information, n.204, 1991. COMITE EUROPEEN DE NORMALISATION. Eurocode 2 - Design of concrete structures.Part 1: General rules and rules for buildings. Brussels, CEN, 1992. FÉDÉRATION INTERNATIONALE DU BÉTON. Structural concrete: textbook on behavior, design and performance. FIB Bulletin, v.2, 1999. LEONHARDT, F.; MÖNNIG, E. Construções de concreto: princípios básicos de estruturas de concreto armado. v.1. Rio de Janeiro, Interciência, 1977. SUSSEKIND, J.C. Curso de concreto. v.2. Rio de Janeiro, Globo, 1984.