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1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS 
CONSIDERAÇÕES INICIAIS (Pág. 19) PRIMEIRO CAPÍTULO. 
SANKIEVICZ, Alexandre LIBERDADE DE EXPRESSÃO E PLURALISMO, SÃO PAULO, 
2011 
O economista Amartya Sen constata que a fome coletiva não é uma consequência de 
uma súbita restrição na oferta da comida , mas principalmente , do modo como lidam 
os governos com essa escassez. O autor Alexandre afirma que com a imprensa livre e 
as eleições periódicas, os dirigentes tem um forte incentivo para ouvir a população, 
pois ouvindo as críticas buscam apoio nas eleições futuras. 
Existem problemas complexos pertinentes a relação entre DEMOCRACIA e LIBERDADE 
DE EXPRESSÃO, envolve a imposição de restrições a esse direito fundamental, 
essenciais para a proteção de outros direitos como por exemplo: honra, privacidade, 
proteção da infância e segurança nacional. 
Há aqueles que defendem ser a liberdade de expressão necessária para a promoção 
da satisfação individual, realização pessoal e busca da própria felicidade, tecendo 
considerações sobre a necessidade de proteção da autonomia moral e liberdade. 
2.1 LIBERDADE DE EXPRESSÃO COMO MANIFESTAÇÃO DA AUTONOMIA INDIVIDUAL. 
LIBERDADE DE EXPRESSÃO COMO MANIFESTAÇÃO DA AUTONOMIA INDIVIDUAL 
(Pág.22) CAPITÚLO 2.1 
SANKIEVICZ, Alexandre LIBERDADE DE EXPRESSÃO E PLURALISMO, SÃO PAULO, 
2011 
A liberdade de expressão deriva antes de tudo de um imperativo moral fundado na 
proteção da autonomia individual. Os agentes autônomos devem ser livre para se 
expressarem como melhor lhes convier, devem ter possuir plena capacidade de auto 
orientação e consciência, ninguém é possuidor do direito de decidir o que outras 
pessoas falam ou pensam. O processo democrático deve garantir a cada pessoa seu 
desenvolvimento e o mesmo potencial de influenciar o resultado de decisões 
coletivas, respeitando assim o plano abstrato ao menos a sua autonomia e igualdade, 
qualquer decisão politica que não compatibilize com a possibilidade de que alguém 
fale ou atinja um determinado público seria constituído como uma restrição indevida 
de valores. Por mais que o objetivo da liberdade de expressão seja proteger o discurso 
 
 
para que as pessoas possam expressar seus valores, certo que a exclusão de qualquer 
mensagem individual é incompatível com o princípio da autodeterminação. Nas 
palavras de Redish ‘’ o valor que nós damos para a sociedade decidir seu próprio 
destino não implica que damos o mesmo valor ao poder dos indivíduos dirigirem suas 
próprias vidas pessoais’’. 
um equívoco também continuar a encarar a autonomia individual como um princípio 
constitucional previamente delimitado que paira acima dos processos judiciais, sociais 
e políticos, quando necessário seu conteúdo e limites surgem exatamente desse 
processo. 
É um papel central para a liberdade de expressão na garantia da busca da verdade e 
da democracia e é esse papel que impõe à regulamentação dos meios de comunicação 
e tratamento distinto daquele conferido a outras atividades. 
 2.2 LIBERDADE DE EXPRESSÃO COMO INSTRUMENTO PARA A BUSCA DA VERDADE 
2.2 LIBERDADE DE EXPRESSÃO COMO INSTRUMENTO PARA A BUSCA DA VERDADE 
 (Pág. 26) 2.2 
SANKIEVICZ, Alexandre LIBERDADE DE EXPRESSÃO E PLURALISMO, SÃO PAULO, 
2011 
Existem várias teorias como por exemplo a da relatividade (Einstein), sobre o sistema 
solar (Copérnico), sobre o inconsciente (Freud, Melanie Klein e Jung) até hoje ainda 
não são suscetíveis de corroboração ou refutação experimental. O melhor teste para 
o valor ou para a utilidade social de um pensamento é a sua capacidade de se fazer 
aceito na livre competição do mercado de ideias por meio de um debate robusto e 
livre da interferência estatal. Se o perigo de dano não é imediato, a gravidade e a 
probabilidade de sua ocorrência tornam-se irrelevantes, pois após apresentação dos 
argumentos contrários, as pessoas poderão escolher por si mesmas, racional e 
livremente, onde está a verdade. 
No direito americano a supressão da expressão individual será legitima se houver uma 
ligação imediata entre palavras e ação, pois se as palavras forem proibidas 
simplesmente por que são odiadas pela maioria ou podem futuramente produzir uma 
conduta vedada pelo direito, o mercado de ideias poderá ser facilmente violentado 
pela regulação estatal. Tendo em vista que a verdade é produto da criação e do 
 
 
consenso humano e que o diálogo não conseguirá eliminar todas as divergências 
existentes, a teoria clássica do mercado de ideias deve ser parcialmente reformulada. 
A proibição de discursos racistas com base em uma teoria que considere as falhas de 
mercado, por exemplo, é fundada no fato de que o alto custo psicológico desse tipo 
de expressão não é aleatoriamente distribuído por toda sociedade mas recai 
totalmente sobre grupos minoritários específicos. 
Discursos que desrespeitam a igualdade do outro e desvalorizam previamente seus 
argumentos em razão da religião, gênero ou condição individual que não contribuem 
para aumentar nosso entendimento sobre o mundo, método que exige a possibilidade 
de confronto entre os méritos. 
 
2.3 LIBERDADE DE EXPRESSÃO COMO INSTRUMENTO PARA A REALIZAÇÃO DA 
DEMOCRACIA 
 
 
2.3.1 SOBERANIA POPULAR 
SOBERANIA POPULAR (Pág. 34) CAPITULO 2.3.1 
LIBERDADE DE EXPRESSÃO COMO INSTRUMENTO PARA A REALIZAÇÃO DA 
DEMOCRACIA (Pág. 32) CAPITÚLO 2.3 
SANKIEVICZ, Alexandre LIBERDADE DE EXPRESSÃO E PLURALISMO, SÃO PAULO, 
2011 
A primeira se chama concepção majoritária ou tênue, que exige o cumprimento de 
dois requisitos: A) a escolha dos líderes políticos por meio de eleições e B) a 
elaboração de leis políticas por meio de assembleia de cidadãos ou representantes 
eleitos. Nesta primeira concepção a liberdade de expressão é garantida quando o 
estafo de abstém de censurar o discurso que ele desaprove, mesmo na democracia 
meramente formal, a censura é a maior ameaça à legitimidade do sistema 
democrático pois impede a exposição de reclamações e perspectivas diferentes. 
democracia material explica as cláusulas constitucionais de proteção às minorias e os 
direitos individuais contra a maioria democrática, embora a concepção de majoritária 
não consiga fazê-lo. 
 
 
SANKIEVICZ, Alexandre LIBERDADE DE EXPRESSÃO E PLURALISMO, SÃO PAULO, 
2011 
Não existe uma democracia coparticipativa sem soberania popular e a liberdade de 
expressão é essencial para a proteção dessa soberania , que confere ao povo e não às 
autoridades, o poder supremo. 
2.3.2 SUFRÁGIO UNIVERSAL 
SUFRÁGIO UNIVERSAL (Pág. 35) CAPITULO 2.3.2 
SANKIEVICZ, Alexandre LIBERDADE DE EXPRESSÃO E PLURALISMO, SÃO PAULO, 
2011 
Assim como na concepção tênue, a democracia densa também requer o sufrágio 
universal mas exige que os cidadãos sejam iguais como participantes desse processo. 
A completa abstenção do Estado com a entrega da esfera do discurso a regras 
puramente de mercado cria o risco d excluir a voz daqueles que não bancam o custo 
da admissão no mercado de comunicação social. 
Se o sistema foca apenas em na proibição da censura ele correrá o risco de permitir 
que a concentração do mercado de comunicação social na mão de poucos agentes 
torne-se uma ameaça a própria liberdade de expressão. 
2.3.3 IGUALDADE ENTRE OS PARTICIPANTES 
IGUALDADE ENTRE OS PARTICIPANTES (Pág. 36) CAPITULO 2.3.3 
SANKIEVICZ, Alexandre LIBERDADE DE EXPRESSÃO E PLURALISMO, SÃO PAULO, 
2011 
O terceiro quesito da democracia coparticipativa é a igualdade entre os cidadãos e é 
aqui que duas concepções divergem sobre como devem atuar para preservar essa 
igualdade. 
A primeira concepção entende a liberdade de expressão como um instrumento do 
autogoverno, além de que foca na proteção de processos de decisão coletiva e deve 
proteger os meios pelas quais os indivíduos consideram sua decisão de governo 
legitima. A solução para este dilema está na garantia de que os cidadãos participem 
do processo antes e não após tomada de decisões especificaspelo governo. Para a 
segunda concepção o Estado pode e deve abolir alguns tipos de discurso para 
proteger a própria democracia e a igualdade entre os participantes. 
 
 
O principio da proporcionalidade, por si só, não garante nem segurança jurídica nem 
uma correta conformação entre a liberdade de expressão e outros princípios 
constitucionais como a honra, a segurança e a privacidade. 
2.3.4 DISCURSO DEMOCRÁTICO 
DISCURSO DEMOCRÁTICO (Pág. 40) CAPITULO 2.3.4 
SANKIEVICZ, Alexandre LIBERDADE DE EXPRESSÃO E PLURALISMO, SÃO PAULO, 
2011 
Para a democracia coparticipativa, a liberdade não consiste apenas na garantia da 
livre escolha, mas consiste na possibilidade de o indivíduo ter suas próprias crenças e 
preferências formadas a partir de condições apropriadas. Democracia participativa 
enfatiza o papel do debate público para o equacionamento de divergências, a 
discussão pública também confere a legitimidade ao dissenso e à decisão da maioria. 
Embora o estado seja uma potencial fonte de censura, o alcance e a qualidade das 
discussões abertas podem ser melhorados por várias políticas públicas. 
A escolha da emissora ou do jornal confere ao público uma percepção sobre 
prioridades e que por consequência, afeta o comportamento do Executivo e 
Legislativo. 
Há boas razões para garantir a diversidade e o pluralismo nos meios de comunicação 
já que, nas sociedades contemporâneas eles ocupam uma função anteriormente 
desempenhadas pelas praças como locais relevantes de discussão. 
A ausência de pluralismo no setor de comunicação torna-se risco, pois quando um 
pequeno número de editores com pontos de vistas semelhantes que dominam as 
ideias do público. 
 3. LIBERDADE DE EXPRESSÃO E PLURALISMO NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 
3. LIBERDADE DE EXPRESSÃO E PLURALISMO NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 
(Pág. 46) CAPITULO 3 
SANKIEVICZ, Alexandre LIBERDADE DE EXPRESSÃO E PLURALISMO, SÃO PAULO, 
2011 
A livre manifestação de pensamento, a liberdade de consciência e de crença, a 
proibição de qualquer privação de direitos por motivo de convicção religiosa, 
filosófica ou política, a livre expressão da atividade intelectual, artística, científica e 
 
 
de comunicação e o livre exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão 
garantidos pela Constituição da República. 
Essa é, aliás, a razão do $ 5° do mesmo dispositivo da Constituição, segundo o qual os 
meios de comunicação social não poderão, direta ou indiretamente, ser objeto de 
monopólio ou oligopólio, infere-se que a liberdade de expressão não se traduz em 
uma liberdade absoluta do proprietário da empresa de comunicação 94 e que o 
Estado deve também atuar positivamente para garantir o pluralismo e a livre 
circulação de ideias quando desigualdades distributivas e as limitações do mercado 
negar o acesso do cidadão a esses meios ou restringir informação. 
garantia constitucional de que o cidadão brasileiro, nos discursos realizados nos 
principais fóruns de discussão da democracia contemporânea, tem um papel maior 
do que o de mero espectador 95 Contudo, saber como e quando o Estado deve regular 
o mercado de comunicação social para preservar a saúde dos fóruns públicos de 
discussão nas democracias coparticipativas é algo complexo, em especial, quando as 
exigências constitucionais de pluralismo entram em conflito com a liberdade editorial 
e a racionalidade econômica do dono da empresa de comunicação. 
4. LIBERDADE DE EXPRESSÃO: DIREITO NEGATIVO OU POSITIVO? 
LIBERDADE DE EXPRESSÃO: DIREITO NEGATIVO OU POSITIVO? (Pág. 51) CAPITULO 
4 
SANKIEVICZ, Alexandre LIBERDADE DE EXPRESSÃO E PLURALISMO, SÃO PAULO, 
2011 
Muitos constitucionalistas veem os direitos negativos como uma espécie de esfera de 
proteção do indivíduo contra o governo, um escudo criado para proteger indivíduos 
contra atos abusivos das autoridades públicas. 
 Um Estado inerte não é capaz de proteger nenhum direito, nem mesmo aqueles 
classicamente chamados de negativos, como o direito a não ser submetido a prisões 
arbitrárias ou a não ser torturado pela polícia 100 Os fiscais do Poder Executivo, seja 
essa fiscalização exercida pelo Poder Judiciário ou Legislativo, os juízes, que exercem 
sua jurisdição sobre a polícia, autarquias, fundações públicas etc. 
 Nessa linha, admitir que a garantia dos direitos negativos também depende da 
fiscalização dos outros dois poderes e do exercício da jurisdição é visualizar que a 
 
 
proteção de qualquer direito depende de intervenção estatal, uma vez que todo 
titular de direitos é potencialmente um autor ou um réu em uma ação judicial. 
 Também em razão da liberdade de expressão, pode-se impetrar habeas corpus para 
garantir a realização de atividades expressivas em ruas, praças e parques públicos e, 
inclusive, processar criminalmente, por abuso de autoridade, servidores públicos que 
atentem contra a liberdade de consciência e de crença; 
direito de reunião, por fim, essencial à liberdade de expressão, depende 
frequentemente de uma ação afirmativa estatal, que reserva ruas, desvia carros e 
confere segurança aos manifestantes 101 Em todas essas situações, a liberdade de 
expressão requer intervenção do Poder Público, que, além de lhe conferir proteção, 
atua diariamente na conformação de seus limites. 
 Se, ao menos nas sociedades modernas, os direitos individuais também dependem 
de intervenção estatal e recursos públicos, não há mais fundamento na defesa da 
clássica oposição realizada entre direitos positivos, dependentes de intervenção 
governamental, e negativos, concretizados pela abstenção estatal. 
 Mercados, o da liberdade de expressão inclusive, não conseguem se desenvolver sem 
a intervenção do poder público, fazendo com que a inércia de um governo, longe de 
acarretar mercados prósperos, possa levar à conformação de um sistema econômico 
contaminado pela força, intimidação e monopólios 103. 
 Afinal, as normas jurídicas sempre proveem parte do plano de fundo sobre os quais 
as decisões de mercado são tomadas e mesmo o mais inteligente e comprometido 
jornalista escreve uma reportagem dentro de uma estrutura comunicativa limitada 
tanto pela lei quanto pelo mercado. 
5. DIVERSIDADE E PLURALISMO NOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO 
DIVERSIDADE E PLURALISMO NOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO (Pág. 55) CAPITULO 5 
SANKIEVICZ, Alexandre LIBERDADE DE EXPRESSÃO E PLURALISMO, SÃO PAULO, 
2011 
Diversidade e pluralismo são palavras muitas vezes usadas como sinônimos ou de 
forma associada nas discussões sobre os meios de comunicação. 
diversidade de produtos refere-se ao número de opções de programas ou textos 
disponíveis em um determinado momento, a de fontes refere-se ao número de meios 
 
 
de comunicação, estrutura da propriedade desses meios e a disponibilidade de 
substitutos reais e potenciais existentes. 
 
III- AS FALHAS E LIMITAÇÕES DO MERCADO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL 
 
1. AS CARACTERÍSTICAS ECONÔMICAS DO DISCURSO 
AS CARACTERÍSTICAS ECONÔMICAS DO DISCURSO (Pág. 58) CAPITULO III - 1 
SANKIEVICZ, Alexandre LIBERDADE DE EXPRESSÃO E PLURALISMO, SÃO PAULO, 
2011 
No campo tributário, por seu turno, a imunidade conferida pelo art. 150, VI, "d", da 
CF aos livros, jornais e periódicos e o papel destinado à sua impressão constituem uma 
forma de intervenção estatal destinada à correção da natural falha existente no 
mercado de informação 122. É um subsídio dado pelo sistema político aos veículos 
responsáveis pela divulgação da informação e propagação da cultura e um incentivo 
concedido para corrigir a tendência de sub produção 123. Segue a mesma linha de 
raciocínio a obrigatoriedade imposta pelo art. 212 da Constituição Federal de 
aplicação de um percentual mínimo da receita pública federal, estadual e municipal 
na manutenção e desenvolvimento do ensino. 
Se, por um lado, as pessoas tendem a subavaliar o valor da informação, é necessário 
garantir especial incentivo à sua produção, ainda mais se considerandoas 
externalidades positivas geradas pelo ensino. 
2. AS VANTAGENS DO MERCADO COMO MECANISMO PARA A EFETIVAÇÃO DA 
LIBERDADE DE EXPRESSÃO 
AS VANTAGENS DO MERCADO COMO MECANISMO PARA A EFETIVAÇÃO DA 
LIBERDADE DE EXPRESSÃO (Pág. 66) CAPITULO 2 
 
SANKIEVICZ, Alexandre LIBERDADE DE EXPRESSÃO E PLURALISMO, SÃO PAULO, 
2011 
No âmbito dos direitos fundamentais, portanto, torna-se falso e perigoso separar a 
esfera de proteção e conformação de um direito do arranjo institucional organizado 
para o seu exercício. Não obstante, em razão das próprias características da 
 
 
informação, o desenvolvimento das instituições de comunicação social, passado 
algum tempo, teve de optar entre um modelo dependente da verba proveniente do 
mercado publicitário ou oriundo do Poder Público 131 Explica-se. Nesse modelo, ou o 
Estado assume completamente a gestão dos meios de comunicação ou os financia 
diretamente, criando uma imprensa livre de pressões privadas, mas completamente 
sujeita a pressões políticas 133.Uma estrutura regulatória em que o Estado financie 
diretamente os meios de comunicação, embora viesse a impedir a imposição de 
critérios de consumo ou rentabilidade sobre as comunicações, implicaria a 
retrocessão drástica dos modelos políticos ocidentais, que se entregariam à dura 
tarefa de distinguir a esfera do livre pensamento daquela imposta pelo 
direcionamento estatal 134. Na TV aberta, por seu turno, mesmo os países 
democráticos que resolveram explorar esse setor por meio de um monopólio público 
não saíram incólumes à crítica de que seus respectivos governos tirar partido do 
impacto da televisão sobre a opinião pública para servirem os interesses políticos dos 
governantes 137. Ademais, no âmbito do discurso, compete aos indivíduos, na 
qualidade de emissores, distribuidores e receptores da comunicação, o impulso 
decisivo sobre o conteúdo das ideias e opiniões que devem ser geradas, divulgadas e 
acolhidas, e não ao Estado ou a qualquer autoridade de forma hierarquizada, 
centralizada e unilateral. 
3.1 AS FALHAS E LIMITAÇÕES DO MERCADO 
AS FALHAS E LIMITAÇÕES DO MERCADO (Pág. 70) CAPITULO 
SANKIEVICZ, Alexandre LIBERDADE DE EXPRESSÃO E PLURALISMO, SÃO PAULO, 
2011 
Um sistema de liberdade de expressão basicamente financiado pela iniciativa privada 
significa que jornais, revistas, estações de rádio e televisão irão alocar o direito de 
comunicação levando em consideração principalmente a perspectiva de lucro 143. 
Sem negar que muitos proprietários de empresas de comunicação estão dispostos a 
sacrificar parte do retorno financeiro por maior qualidade e que as normas e 
princípios dos códigos de ética contribuem para melhorar o nível da informação, 
apenas se afirma que, de maneira geral, as empresas serão mais receptivas aos 
comunicadores que puderem trazer maior retorno econômico. 
 
 
Embora esse seja um sistema bem melhor do que aquele em que o discurso é 
controlador de maneira centralizada pelo governo, a ideia de que o acesso aos meios 
de comunicação social dependerá da dinâmica do mercado. 
 
3.1.1 A INFLUÊNCIA DOS ANUNCIANTES 
A INFLUÊNCIA DOS ANUNCIANTES (Pág. 71) CAPITULO 3.1.1 
SANKIEVICZ, Alexandre LIBERDADE DE EXPRESSÃO E PLURALISMO, SÃO PAULO, 
2011 
O conteúdo da informação não é determinado apenas pela demanda dos leitores, 
telespectadores e ouvintes. 
Seja na mídia escrita, onde o papel da publicidade adquire cada vez maior 
importância, seja no mercado de radiodifusão (TV aberta e rádio), leitores, 
telespectadores e ouvintes são ao mesmo tempo consumidores e produto. 
Lins destaca que, para valorizar suas inserções comerciais, o líder de mercado deve 
alcançar o maior número possível de espectadores, colocando uma programação que 
satisfaça o "gosto médio" e o maior número de pessoas. 
Para que isso seja alcançado, a programação deve adotar uma linguagem simples, que 
reforce as convicções do espectador médio, de modo a mantê-lo confortável diante 
da programação e receptivo à publicidade, e, finalmente, que mantenha um fluxo de 
informações renovado e em ritmo veloz para afastar a monotonia. 
Em razão dessas características, Lins afirma que a programação do rádio e da televisão 
tende a ser reforçadora dos valores e hábitos arraigados no público, tendo um viés 
conservador. 
Nos Estados Unidos, Picard e Brody demonstraram que, na década de 1990, jornais 
procuraram gradativamente audiências menores, porém mais ricas, alterando os 
assuntos de interesse para atrair a classe mais alta e cortando a entrega em áreas 
onde o custo de distribuição era alto ou onde o perfil da população não atendeu às 
expectativas dos publicitários 149. 
Diante do fato de que os benefícios de assistir ou ler uma mensagem de caráter 
público não são completamente internalizados pelo receptor individual, escolhas 
racionais podem reduzir os benefícios sociais gerados pela informação. 
 
 
 
 
 
3.1.2 A INFORMAÇÃO COMO UM BEM PÚBLICO 
A INFORMAÇÃO COMO UM BEM PÚBLICO (Pág. 74) CAPITULO 3.1.2 
SANKIEVICZ, Alexandre LIBERDADE DE EXPRESSÃO E PLURALISMO, SÃO PAULO, 
2011 
De acordo com Sunstein, a liberdade de escolha, entendida com base em critérios 
puramente econômicos, é uma solução incompleta quando lidamos com um bem que 
assume características públicas, como é a informação. Mesmo, como já visto, ocorre 
com a informação, em especial as informações relacionadas com a duplamente 
onerada mensagem de caráter público 150 Por outro lado, a sociedade recebe 
inúmeros benefícios com a realização de um debate amplo e aberto ou com a 
produção de uma grande quantidade de informação sobre assuntos públicos, seja 
pela revelação de fatos novos, seja pela exposição a diferentes perspectivas. De fato, 
grande parte dos benefícios de tornar uma pessoa um cidadão mais informado e 
participativo serão absorvidos por terceiros, em razão da contribuição dada por 
aquele indivíduo por meio de conversas e debates para a construção do processo 
político. As opções individuais, como a seleção de programas de rádio e televisão após 
um cansativo dia de trabalho, podem ser diferentes daquelas escolhas que as mesmas 
pessoas tomariam depois de debaterem e considerarem todas as alternativas. 
 
3.1.3 EXTERNALIDADES POSITIVAS E NEGATIVAS PRODUZIDAS PELOS MEIOS DE 
COMUNICAÇÃO 
EXTERNALIDADES POSITIVAS E NEGATIVAS PRODUZIDAS PELOS MEIOS DE 
COMUNICAÇÃO (Pág. 77) CAPITULO 3.1.3 
SANKIEVICZ, Alexandre LIBERDADE DE EXPRESSÃO E PLURALISMO, SÃO PAULO, 
2011 
Se uma empresa decide limpar um rio para usar água pura no seu processo de 
produção, as pessoas que vivem às margens serão beneficiadas ainda que não tenham 
despendido nenhum valor monetário para melhorar seu bem-estar. 
 
 
A primeira decorre dos seus valores não econômicos, pois parece estranho tentar 
mesurar os eventuais prejuízos financeiros ocasionados aos pais de uma criança que 
assiste a uma cena de sexo explícito ou de tortura na televisão. 
A segunda refere-se ao fato de que as externalidades atribuídas à maior parte da 
informação relacionam-se com o sistema de liberdade de expressão, pois geralmente 
decorrem das crenças, valores, perspectivas ou preferências da audiência 157. 
Enquanto grupos de gays, lésbicas e simpatizantes entenderão que a informação 
colaborará com a redução do preconceito e o aumento da tolerância, contribuindo 
para a "melhoria" da coletividade, grupos religiosos, provavelmente, defenderão 
exatamente o contrário, argumentando que a mensagem deturpar os "bons" valores 
da sociedade 158. 
Embora não se negue a existência de telejornais e jornais altamente lucrativos, as 
dinâmicas do mercado fazem com que programas informativos e editoriais críticos 
sejam mais limitados quanto às oportunidades de geração de receitas, quando 
comparados a programas de entretenimento. 
No entanto, o ganho proporcionado pelo mercado para a produção de um jornalismo 
de qualidade não está diretamente relacionadoà importância de sua função 
fiscalizadora, mas ao custo da produção e a capacidade de a informação atrair 
consumidores 162. 
3.1.4 MÍDIA ESCRITA x MÍDIA AUDIOVISUAL: AS RESTRIÇÕES DO SETOR DE 
RADIODIFUSÃO 
MÍDIA ESCRITA x MÍDIA AUDIOVISUAL: AS RESTRIÇÕES DO SETOR DE 
RADIODIFUSÃO (Pág. ) CAPITULO 3.1.4 
SANKIEVICZ, Alexandre LIBERDADE DE EXPRESSÃO E PLURALISMO, SÃO PAULO, 
2011 
Imagine que o Congresso Nacional aprove uma lei conferindo ao Estado o poder de 
previamente autorizar quem pode publicar jornais e revistas em cada cidade, o 
número máximo de jornais ou revistas que cada cidade pode ter e as regiões em que 
essas publicações podem ser vendidas. De forma limitada, a lei ainda proporciona ao 
Estado o poder de determinar parcialmente o conteúdo dessas publicações, que 
seriam obrigadas a dedicar ao menos algumas de suas páginas a assuntos de interesse 
 
 
público e a temas de interesse local. Art. 223 da Constituição, o processo de outorga 
inicia no Poder Executivo - especificamente no Ministério das Comunicações - e 
termina com a apreciação do ato de outorga pelo Congresso Nacional: algo que 
demanda tempo, dinheiro, conhecimentos específicos sobre a burocracia 
administrativa, além das regulares exigências técnicas e econômicas. 
3.1.4.1 A ESCASSEZ DO ESPECTRO RADIOELTRETICO 
A ESCASSEZ DO ESPECTRO RADIOELETRICO (Pág. ) CAPITULO 3.1.4.1 
SANKIEVICZ, Alexandre LIBERDADE DE EXPRESSÃO E PLURALISMO, SÃO PAULO, 
2011 
A escassez do espectro radioelétrico ocorreu no início do século XX nos Estados 
Unidos 164, o rádio começou a ser usado comercialmente, especialmente nas 
comunicações marítimas. 
Não havia ideia se o rádio iria ser gerido, como o telégrafo e o telefone, aberto a todas 
as pessoas que desejam enviar mensagens, nem se a publicidade comercial seria 
suficiente para financiar a atividade 165. 
3.2. OS RISCOS DE CONCENTRAÇÃO 
OS RISCOS DE CONCENTRAÇÃO (Pág. 87 ) CAPITULO 3.2 
SANKIEVICZ, Alexandre LIBERDADE DE EXPRESSÃO E PLURALISMO, SÃO PAULO, 
2011 
E monopólio quando uma empresa possui a titularidade exclusiva para a produção de 
um determinado bem ou serviço 177 Pela teoria econômica, nenhum dos agentes em 
um mercado competitivo é capaz de unilateralmente afetar os preços ou o nível de 
produção. 
E um fenômeno intermediário entre o monopólio e a concorrência perfeita, sabendo 
a empresa que, embora sua conduta possa afetar a quantidade, a diversidade e o 
preço dos produtos no mercado, há necessidade de levar em consideração as ações 
presentes e futuras de seus poucos concorrentes 179. 
Concentrações ilegais, nesse campo, não terão como consequência o mero aumento 
do preço do jornal, mas podem afetar o pluralismo, a veracidade e a objetividade da 
informação divulgada. 
 
 
Ademais, a diversidade dos produtos midiáticos exerce influência considerável sobre 
os valores da sociedade que consome tais produtos e contribui para a formação da 
agenda pública e da opinião da população sobre temas de relevante interesse 
nacional. 
Na área da comunicação social, em especial, concentração econômica significa 
concentração de influência, que pode ser facilmente usada para obtenção de lucros 
políticos e ideológicos, além dos regulares lucros comerciais. 
Intencionalmente ou não, isso pode ocorrer em razão de uma determinada 
perspectiva adotada pela instituição para exame da realidade ou por uma linha 
editorial que confira demasiada importância a determinados assuntos em 
detrimentos de outros. 
3.2.1 NOVOS PARADIGMAS: CONCENTRAÇÃO, CONVERGÊNCIA TECNOLÓGICA E 
CONCORRENTES POTENCIAIS 
NOVOS PARADIGMAS: CONCENTRAÇÃO, CONVERGÊNCIA TECNOLÓGICA E 
CONCORRENTES POTENCIAIS (Pág.94) CAPITULO 3.2.1 
SANKIEVICZ, Alexandre LIBERDADE DE EXPRESSÃO E PLURALISMO, SÃO PAULO, 
2011 
As restrições à concentração impostas pela maioria dos países não impediram que a 
indústria dos meios de comunicação tenha se concentrado paulatinamente, fazendo 
com que os níveis permitidos fossem sistematicamente superados. 
Em parte, isso ocorreu porque empresas aproveitaram leis permissivas, vazios legais, 
atitudes tolerantes dos reguladores de comunicação ou mecanismos débeis de 
fiscalização para burlar as regras 190. No sistema capitalista, as empresas objetivam 
a maximização dos lucros, parecendo claro que, quanto maior o tamanho, maior a 
possibilidade de lucros, devido à sinergia, à economia de escala e à diminuição do 
número de atores no mercado. 
Ademais, buscam também reduzir ao mínimo a margem de atuação dos competidores 
para se converter em interlocutores privilegiados perante o poder público e criar 
barreiras de entrada a novos competidores 193 Além disso, algumas características 
do mercado de mídia incentivam ainda mais a concentração. 
 
4. O PODER DO ESTADO NA REGULAÇÃO DA LIBERDADE DE EXPRESSÃO 
 
 
O PODER DO ESTADO NA REGULAÇÃO DA LIBERDADE DE EXPRESSÃO (Pág. 98) 
CAPITULO 4 
SANKIEVICZ, Alexandre LIBERDADE DE EXPRESSÃO E PLURALISMO, SÃO PAULO, 
2011 
As falhas e limitações do mercado analisadas sugerem a adoção de algumas medidas 
regulatórias para assegurar maior diversidade e pluralismo nos meios de 
comunicação, algo essencial para o bom funcionamento de uma democracia 
coparticipativa. 
Por outro lado, as características da informação tornam ilegítima qualquer medida 
estatal que tenda a encarecer o custo de participação ou aumenta as desigualdades 
de acesso aos fóruns públicos propiciados pelos meios de comunicação. 
Veremos que a concentração existente no mercado brasileiro de hoje, por exemplo, 
decorre em boa parte do modo como ele foi regulado: uma estrutura que permitiu o 
uso de outorgas como moeda de troca política e que, ao restringir durante quase 
sessenta anos a propriedade de empresas de comunicação a pessoas físicas, limitou 
o conjunto de indivíduos que poderia participar do processo 207. 
O que se deve questionar agora que tipo de regulação deve-se ter para promover o 
interesse público, já que, no sistema de liberdade de expressão, essa promoção em 
boa medida é concebida como a redução das falhas de mercado, de modo a viabilizar 
a efetiva participação do cidadão, a concorrência de ideias e o pluralismo cultural. 
IV. O SETOR DE COMUNICAÇÃO SOCIAL E AS FALHAS DE GOVERNO 
O SETOR DE COMUNICAÇÃO SOCIAL E AS FALHAS DE GOVERNO (Pág. 105) CAPITULO 
IV 
SANKIEVICZ, Alexandre LIBERDADE DE EXPRESSÃO E PLURALISMO, SÃO PAULO, 
2011 
As falhas e limitações de mercado analisadas no capítulo anterior sugerem a 
necessidade de intervenção estatal para a aproximar o mercado de comunicação a 
um “mercado perfeito de ideias” por meio de redução de barreiras de entrada. 
 As teorias analisadas no primeiro capítulo sobre liberdade de expressão indicam que 
há algo de especial na informação que a torna essencial para a democracia, uma vez 
que a legitimidade do processo de discussão é essencial para a própria legitimidade 
 
 
do direito. As leis falham por que são fundadas em erros de diagnóstico, análises 
superficiais ou informação inadequada. Muitos legisladores e juízes, por exemplo, 
tornam-se indiferentes ao custo quando o assunto é referente a direitos classificados 
como inalienáveis. A regulação utilizará um instrumento inadequado para responder 
a um problema existente no mercado privado. Leis também podem produzir 
resultados completamente inesperados. 
As escolhas institucionais ocorrem entre alternativas imperfeitas, levando a 
necessidade de uma análise comparativa entre os prejuízos e benefícios causados por 
diferentes modelos regulatórios. 
2. OS PROBLEMAS EXISTENTES NO CAMINHO DO CONSENSO 
OS PROBLEMAS EXISTENTES NO CAMINHO DO CONSENSO (Pág. 108 
SANKIEVICZ, Alexandre LIBERDADE DE EXPRESSÃO E PLURALISMO, SÃO PAULO, 
2011 
Sociedades modernas caracterizam-se por um alto grau de complexidade social e 
especialização. Eles destacam-se também pela existência de uma pluralidade de 
valores e tendências políticas; Nessesistema pressupõe que cada grupo de cidadãos 
elegerá seus parlamentares para representa-los e que esses parlamentares gozarão 
de influência política. 
A democracia representativa é uma forma de redução dos custos de transação e 
coordenação entre as diversas tendências presentes na esfera pública pluralista. 
Aqueles que inicialmente discordavam da proposta reveem suas posições originais 
após o debate. A hipercomplexidade da sociedade moderna representada no 
parlamento, contudo, com uma enorme contraditória diversidade de valores e 
interesses tornam-se praticamente impossíveis. 
 À medida que o dissenso diminui e se aproxima o consenso, aumenta o valor da nova 
adesão. Para a racionalidade econômica, assim a substituição da unanimidade pela 
maioria torna-se essencial para diminuir os custos de transação e coordenação. 
Diferentes tendências políticas não precisarão mais cooperar para obter de forma 
unânime o entendimento, mas competirão para atingir a maioria e distribuir recursos 
estatais e concretizar a regulação de acordo com sua própria concepção de interesse 
público. 
2.1 OS ACORDOS POLITICOS 
 
 
OS ACORDOS POLITICOS (Pág. 110) CAPITULO 2.1 
SANKIEVICZ, Alexandre LIBERDADE DE EXPRESSÃO E PLURALISMO, SÃO PAULO, 
2011 
A maioria dos cidadãos reconheçam que todos acordos políticos são necessários em 
uma democracia, essas mesmas não se sentem confortáveis ao saber que ao saber 
que políticos trocam votos. A troca de votos no Parlamento desse modo pode 
beneficiar a sociedade e dar aos eleitores o que eles querem. 
Para a teoria econômica um representante no Congresso convivendo com outros 
parlamentares com diferentes interesses, valores e expectativas procurando agir de 
forma que maximize a sua utilidade. Um erro comum é acreditar que para sua 
validade ou sua aplicabilidade, a teoria econômica dependa de alguém motivado 
apenas por razões egoístas em todos os aspectos de seu comportamento. 
O parlamento assim, torna-se nada mais do que um conjunto de procedimentos que 
possibilita a criação de decisões coletivas. A teoria econômica chega mesmo a se 
aproximar das ideias das Habermas sobre as sociedades modernas. 
Todos os parlamentares terão um único voto para a aprovação de todas as leis, ainda 
que muitos conheçam pouco do assunto que está sendo objeto da discussão. Se 
interesses conflitantes não são resolvidos por meio da discussão , é por meio da troca 
que representantes de concepções diversas de mundo conseguem reconciliar seus 
interesses. Quando há mais de uma opção de política pública, um parlamentar ou 
partido político pode votar em uma proposta que não é aquela que prefere, impedir 
que uma opção ainda menos desejada vença o processo de votação. 
 
 
 
 
3. OS GRUPOS DE INTERESSE 
OS GRUPOS DE INTERESSE (Pág. 115) CAPITULO 3 
SANKIEVICZ, Alexandre LIBERDADE DE EXPRESSÃO E PLURALISMO, SÃO PAULO, 
2011 
 
 
Do ponto de vista econômico, leis podem ser classificadas em quatro grupos: aquelas 
que impõem benefícios concentrados a grupos específicos em detrimento de um 
grande e difuso número de pessoas; 
aquelas que conferem custos a grupos concentrados e bem organizados em benefício 
de grupos difusos e numerosos de pessoas, aquelas que impõem benefícios e custos 
difusos a um grande número de pessoas e as que impõem benefícios e custos a grupos 
específicos e bem organizados230 Leis que caem na primeira e segunda categorias 
tendem a ser inadequadamente elaboradas. 
Esses grupos são concentrados no sentido de que cada membro do grupo tem muito 
a perder ou ganhar com o resultado do processo político, ainda que o resultado para 
o resto da população não imponha grandes benefícios ou perdas individuais 231 
Também chamada de teoria da captura por alguns, os defensores dessa teoria partem 
da percepção de que alguns grupos exercem uma influência desproporcional sobre os 
legisladores e reguladores. Segundo Komesar, embora a maioria não seja estúpida 
nem impassível, nessas situações, o impacto per capita de uma legislação sobre a 
maioria dos indivíduos será tão pequeno que não justificará sequer a disponibilização 
do tempo necessário para tomar conhecimento da situação. 
3.1 A INDÚSTRIA DACOMUNICAÇÃO SOB A PERSPECTIVA DA TEORIA DOS GRUPOS DE 
INTERESSE 
A INDÚSTRIA DACOMUNICAÇÃO SOB A PERSPECTIVA DA TEORIA DOS GRUPOS DE 
INTERESSE (Pág. 120) CAPITULO 3.1 
SANKIEVICZ, Alexandre LIBERDADE DE EXPRESSÃO E PLURALISMO, SÃO PAULO, 
2011 
A indústria da comunicação enquadra-se exatamente na área onde a regulação do 
setor tende a impor custos e benefícios para grupos concentrados em oposição a 
custos e benefícios de um grande e difuso número de receptores de informação. 
Considere os esforços para promover uma programação de alta qualidade e 
diversidade no rádio e na televisão: de um lado, há o poder econômico e político da 
indústria, de outro, há o caráter difuso de grupos de ouvintes e telespectadores que 
eventualmente se beneficiariam com a regulação. O lucro também pode explicar a 
forma como as empresas fazem o lobby durante o processo legislativo. Imagine que a 
 
 
indústria da comunicação tenha que decidir entre dedicar recursos para a produção 
de leis que concedam subsídios à cultura ou para a produção de leis que restrinjam a 
competição. Por um lado, subsídios irão atrair novas empresas para o mercado da 
comunicação e podem assim gerar a redução dos lucros. Por outro, a restrição à 
competição irá criar lucros maiores decorrentes de um mercado monopolista ao 
mesmo tempo em que aumentará as barreiras de entrada para concorrentes 
potenciais. Dessa forma, frequentemente a restrição à competição será a primeira 
escolha de uma indústria regulada, pois empresas já estabelecidas têm interesse em 
excluir concorrentes potenciais do mercado. 
3.2 O SETOR DE COMUNICAÇÃO E A TIRANIA DA MAIORIA 
O SETOR DE COMUNICAÇÃO E A TIRANIA DA MAIORIA (Pág. 122) CAPITULO 3.2 
SANKIEVICZ, Alexandre LIBERDADE DE EXPRESSÃO E PLURALISMO, SÃO PAULO, 
2011 
As ameaças para regulação do setor de comunicação social não advêm apenas de 
grupos de interesses especiais, que possuem dimensão relativamente reduzida, mas 
de altos níveis de interesse sobre a legislação. Originam-se também da maioria social 
ou dos grupos que defendem os seus interesses difusos e impedem a afirmação 
comunicativa das minorias; Maiorias - apesar do pequeno benefício per capita — 
podem em algumas situações se organizar e usar seu grande número para dominar o 
processo político 244. Grandes grupos, por exemplo, costumam se valor de seu 
elevado número para impedir a concessão legal de direitos civis a grupos minoritários. 
Na linha econômica, a tão propalada tirania da maioria ocorre quando ela impõe sua 
decisão às minorias mesmo quando o benefício social para o maior grupo é bem 
menor do que o prejuízo absorvido pelo menor. 
Para o sistema de liberdade de expressão, desse modo, o objetivo não é apenas evitar 
o controle dos mecanismos regulatórios por grupos de interesse específicos, mas 
também impedir o domínio abusivo do sistema por parte das maiorias políticas e 
sociais, que podem usar seu poder para limitar os direitos de acesso e, 
consequentemente, o exercício das atividades de expressão por grupos minoritários. 
4. MUDANÇAS FÁTICAS VALORATIVAS E OBSOLÊNCIA NO SETOR DE COMUNICAÇÃO 
 
 
MUDANÇAS FÁTICAS VALORATIVAS E OBSOLÊNCIA NO SETOR DE COMUNICAÇÃO 
(Pág. 123) CAPITULO 4 
SANKIEVICZ, Alexandre LIBERDADE DE EXPRESSÃO E PLURALISMO, SÃO PAULO, 
2011 
Para um sistema de recursos escassos, o modelo regulatório brasileiro encontra 
dificuldades para se adaptar a um mundo com uma tecnologia maior por exemplo: Tv 
a cabo, digital, por satélite e a internet. A nova tecnologia incentiva as empresas de 
telecomunicação, audiovisual e informática a diversificarem as suas áreas de 
atividade e mesmo a colaborarem umas com as outras. O crescimento exponencial 
das possibilidadescomunicativas, com custos marginais cada vez mais baixos 
aumenta a possibilidade de dividir e individualizar a oferta audiovisual. Apesar dos 
pressupostos fáticos a CF de 1988 -em especial a Emenda Constitucional n°8- trata a 
radiodifusão de maneira distinta dos outros meios de comunicação. O 
desenvolvimento tecnológico acaba reforçando as dimensões subjetivas e 
intersubjetivas da comunicação. A tecnologia assim pode reduzir os custos da 
participação cívica, aumentar as oportunidades comunicativas e nos aproximar do 
modelo ideal de democracia coparticipativa. Não havendo como aumentar a 
diversidade de fontes sem aumentar o acesso dos cidadãos ás plataformas de 
comunicação. 
4.2 ASPECTOS VALORATIVOS 
ASPECTOS VALORATIVOS (Pág. 126) Capitulo 4.2 
SANKIEVICZ, Alexandre LIBERDADE DE EXPRESSÃO E PLURALISMO, SÃO PAULO, 
2011 
Parece haver consenso de que há um claro descompasso entre a atual Constituição e 
a legislação infraconstitucional do setor de comunicação. A declaração de 
inconstitucionalidade da Lei de Imprensa (Lei n. 5.250/1967 ) na Arguição de 
Descumprimento de Preceito Fundamental n. 130 foi, ao menos, um aviso dado pelo 
Supremo Tribunal Federal de que o modelo legal anterior foi forjado com base em 
uma ordem constitucional (a de 1967/1969), que não possui praticamente qualquer 
relação com a atual. Apesar disso, diversos projetos para o setor de comunicação 
tramitam há bastante tempo pelo Congresso Nacional sem qualquer esperança de 
 
 
consenso próximo. De maneira geral, os embates em torno das proposições em 
trâmite são oriundos de concepções antagônicas a respeito da liberdade de 
expressão. A primeira interpreta esse direito fundamental, exclusivamente, como 
garantia para proteção da autonomia discursiva dos indivíduos, ou seja, é centrada na 
autonomia privada do emissor da mensagem e no direito à expressão de pensamento 
sem qualquer interferência externa. A segunda vê a liberdade de expressão como 
instrumento de autogoverno, utilizado de modo a permitir que os cidadãos sejam 
informados sobre assuntos de interesse geral e assim possam livremente formar a sua 
convicção. Coloca, assim, o destinatário da mensagem como o centro da 
preocupação. Os primeiros veem o Estado como o principal inimigo desse direito 
fundamental; enquanto os outros acreditam que o Estado seja seu principal 
promotor. 
 
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS 
CONSIDERAÇÕES FINAIS (Pág. 127 ) CAPITULO 5 
SANKIEVICZ, Alexandre LIBERDADE DE EXPRESSÃO E PLURALISMO, SÃO PAULO, 
2011 
Na modernidade, não há mais dúvidas de que a presença do Estado é necessária para 
viabilizar o desenvolvimento, corrigir falhas de mercado e garantir, mais do que a 
igualdade formal, a igualdade material entre os cidadãos. Ao buscar esse objetivo, no 
entanto, não se pode olvidar que, de certa maneira, os mesmos fatores que 
contribuem para excluir as pessoas do mercado miséria, ignorância, falta de educação 
formal - também contribuem para diminuir sua capacidade de influenciar o processo 
político. 
 
Nesse sentido, embora a análise econômica do direito não tenha a pretensão de 
explicar todo e qualquer comportamento do político, ela traz insights que permitem 
ao jurista perceber os motivos pelos quais a regulação nem sempre corrige as 
desigualdades provocadas por um mercado livre. Em uma sociedade cada vez mais 
especializada, ela destaca a atuação dos grupos de interesse e expõe os motivos pelos 
 
 
quais, no processo político, há situações em que uma maioria enganada é convencida 
a apoiar leis que, na verdade, lhe são prejudiciais. 
V. AS FALHAS PECULIARES DO SETOR DE RADIOFUSÃO BRASILEIRO 
1. AS ELITES POLÍTICAS 
AS ELITES POLÍTICAS (Pág. 131) CAPITULO 1 
SANKIEVICZ, Alexandre LIBERDADE DE EXPRESSÃO E PLURALISMO, SÃO PAULO, 
2011 
primeira característica marcante da A estrutura do setor de comunicação social 
brasileiro é o seu estreito vínculo com os grupos políticos nacionais e regionais. Em 7 
de dezembro de 1980, Elvira Lobato publicou no Jornal do Brasil, sob o título "No ar, 
a voz do dono", o resultado de uma pesquisa que mostrava o nome e a filiação 
partidária de 103 políticos de 16 estados que controlavam, direta ou indiretamente, 
emissoras de rádio e/ou televisão. À época, o art. 38, parágrafo único, do Código 
Brasileiro de Comunicação já determinava que não poderia exercer a função de 
diretor ou gerente de concessionária de serviço de radiodifusão quem estivesse no 
gozo de imunidade parlamentar ou de foro especial254 O vínculo entre radiodifusão 
e política, no entanto, perpassou os tempos do regime militar ingressando com 
facilidade no período democrático do país. Ao final do último governo militar, um dos 
temas que atraiu o interesse público foi o número elevado de outorgas de concessões 
de canais de rádio e televisão num período de tempo extremamente reduzido. Dados 
do Ministério das Comunicações divulgados à época e analisados por Lima revelaram 
que, enquanto em 1982 foram outorgadas 134 novas concessões, 80 em 1983 e 99 
em 1984, somente nos últimos 74 dias de seu governo, o general Figueiredo assinou 
91 decretos de concessões de canais de radiodifusão - ou mais de 1,22 decretos de 
outorga por dia. Segundo Lima, a maior parte dos beneficiados eram políticos que 
recorriam aos mais variados artifícios e obtinham o controle de emissoras de rádio e 
televisão por meio de parentes e/ou 
"testas de ferro". 
2. A PRESENÇA DE GRUPOS FAMILIARES 
A PRESENÇA DE GRUPOS FAMILIARES (Pág. 135) CAPITULO 2 
 
 
SANKIEVICZ, Alexandre LIBERDADE DE EXPRESSÃO E PLURALISMO, SÃO PAULO, 
2011 
A segunda característica peculiar do sistema de comunicação brasileiro é a presença 
de grupos familiares. Por quase sessenta anos, as Constituições impediram a 
propriedade de empresas de radiodifusão e jornalísticas por parte de pessoas jurídicas 
267. As sucessivas normas sempre tiveram a finalidade de permitir a identificação dos 
proprietários das empresas e impedir o controle do setor de comunicação social por 
estrangeiros 268. Não obstante, ao impedir a propriedade de pessoas jurídicas, a 
regra teve como efeito colateral a criação de um setor basicamente dominado por 
poucas famílias 269. A Emenda Constitucional n. 36/2002 e a Lei n. 10.610, de 2002, 
alteraram esse quadro, pois passaram a permitir a participação de pessoas jurídicas 
na formação do capital social das empresas de radiodifusão e jornalísticas, incluídas 
as de capital estrangeiro. A mudança legislativa, contudo, ainda não produziu 
significativa alteração no mercado de comunicação, fazendo com que o comando das 
empresas permaneça praticamente inalterada 270. Pesquisa realizada por Nuzzi, em 
1995, indicava que 90% da mídia brasileira eram sujeitas ao controle de apenas 15 
grupos familiares. Segundo Caparelli e Lima, por sua vez, os oito principais grupos do 
setor de rádio e televisão são: a) nacionais: a família Marinho (Globo), a família Saad 
(Bandeirantes) e a família Abravanel (SBT) e b) regionais: a família Sirotsky (RBS), a 
família Daou (TV Amazonas), a família Jereissati (TV Verdes Mares), a família Zahran 
(MT e MS) e a família Câmara (TV Anhanguera). Desses oito grupos, apenas dois não 
são sócios afiliados das Organizações Globo. Explicam Lima e Capparelli que aos oito 
grupos do setor de radiodifusão, que também atuam na produção de conteúdos e 
outras formas de imprensa escrita e eletrônica, devem ainda ser acrescentados outros 
cinco grupos familiares, a saber: Civita (Abril); Mesquita (Grupo OESP); Frias (Grupo 
Folha); Martinez (CNT) e Levy (Gazeta Mercantil). 
3. O PROCEDIMENTO PARA OUTORGA DE CONSESSÕES E PERMISSÕES DE RÁDIO E 
TELEVISÃO 
O PROCEDIMENTO PARA OUTORGA DE CONSESSÕES E PERMISSÕES DE RÁDIO E 
TELEVISÃO (Pág. 138) CAPITULO 3 
 
 
SANKIEVICZ, Alexandre LIBERDADE DE EXPRESSÃO E PLURALISMO, SÃO PAULO, 
2011 
A política para a radiodifusão repercute diretamente no pluralismo externo, já que oaumento do número de opções comunicativas surgidas com a TV a cabo, via satélite 
e Internet no Brasil ainda não foi suficiente para modificar a atual estrutura de 
comunicação. Apenas 10% da população assistem às TVs de acesso condicionado (TVs 
pagas), somente 50% dos municípios brasileiros contam com alguma programação 
local de rádio e televisão e a grande maioria da população não lê jornais, livros e 
revistas ou tem acesso à Internet. A Constituição Federal de 1988 conferiu à União a 
competência para exploração direta, ou mediante concessão, permissão ou 
autorização, dos serviços de radiodifusão sonora de sons e imagens (art. 21, XII, "a"). 
Por sua vez, o art. 22, IV, da Constituição dispôs ser da União a competência privativa 
para legislar sobre telecomunicações e radiodifusão. A grande novidade do texto 
constitucional foi a atribuição ao Congresso Nacional de competência exclusiva para 
apreciar os atos de concessão e renovação de concessão das emissoras de rádio e 
televisão, antes processadas exclusivamente pelo Poder Executivo. Não houve, 
contudo, mudança substancial na legislação infraconstitucional sobre o tema. A 
legislação infraconstitucional permite a atribuição de um bem considerado público e 
escasso a particulares sem regras claras sobre a licitação. Segundo Lopes, os 
parâmetros estabelecidos pelo Decreto referem-se basicamente a capacidade técnica 
e financeira do interessado, havendo poucos requisitos referentes aos termos em que 
ocorrerá a prestação do serviço. De acordo com a autora, além de serem poucas as 
exigências relacionadas ao cumprimento do art. 221 da Constituição Federal, elas não 
são vinculantes para a delegação. Pelos termos do Decreto, o Ministro das 
Comunicações e o Presidente continuam com um grande poder discricionário sem 
qualquer parâmetro legal (lei em sentido estrito) para pautar sua atuação 24. 
3.1 TVs EDUCATIVAS 
TVs EDUCATIVAS (Pág.140) CAPITULO 3.1 
SANKIEVICZ, Alexandre LIBERDADE DE EXPRESSÃO E PLURALISMO, SÃO PAULO, 
2011 
 
 
No caso das TVs Educativas, dispõe o art. 14, $ 29, do Decreto-Lei n. 236/1967 que "a 
outorga de canais para a televisão educativa não dependerá da publicação do edital 
previsto no art. 34 do Código Brasileiro de Telecomunicações". Por sua vez, o art. 13, 
§ 1°, do Decreto n.52.79 5/63, com redação dada pelo Decreto n° 2.108/1996, 
estabelece que é "dispensável a licitação para outorga para execução de serviço de 
radiodifusão com fins exclusivamente educativos". Com base nessa regulação, o 
Ministério das Comunicações entende que a escolha do concessionário de TV 
educativa decorre exclusivamente do poder discricionário da Administração. O 
entendimento, contudo, afronta os arts. 21, XII, a, XXI, e 175 da Constituição Federal. 
3.2 REPETIDORAS E RETRANSMISSORAS DE TELEVISÃO 
REPETIDORAS E RETRANSMISSORAS DE TELEVISÃO (Pág. 142) CAPITULO 3.2 
SANKIEVICZ, Alexandre LIBERDADE DE EXPRESSÃO E PLURALISMO, SÃO PAULO, 
2011 
De acordo com o Decreto n. 5372005 o Serviço de Retransmissão de Televisão (RTV) 
destina-se a retransmitir, de forma simultânea ou não simultânea, os sinais de estação 
geradora de televisão para a recepção livre e gratuita pelo público em geral. O Serviço 
de Repetição de Televisão (RpTV) destina-se ao transporte de sinais de sons e imagens 
oriundos de uma estação geradora de televisão para estações repetidoras e 
retransmissoras ou, ainda, para outra estação geradora de televisão, cuja 
programação pertença à mesma rede. Ambos têm a finalidade de possibilitar que os 
sinais das estações geradoras sejam recebidos em locais por eles não atingidos 
diretamente ou atingidos em condições técnicas inadequadas. A definição de quem 
será o vencedor da outorga nesses casos também não se funda em lei e nem exige 
licitação. As autorizações são concedidas diretamente por portarias do Ministério das 
Comunicações e têm caráter precário, com prazo indeterminado para a extinção. 
Conforme o Decreto, portanto, o Ministério pode, a qualquer momento, cancelar as 
permissões ou mantê-las indefinidamente sem ser necessário que elas passem por 
qualquer processo de avaliação do serviço como requisito para a renovação das 
outorgas (art. 9° do Decreto). 
3.3 RÁDIOS COMUNITÁRIAS 
RÁDIOS COMUNITÁRIAS (Pág. 143) CAPITULO 3.3 
 
 
SANKIEVICZ, Alexandre LIBERDADE DE EXPRESSÃO E PLURALISMO, SÃO PAULO, 
2011 
As rádios comunitárias são um importante passo para a realização da democracia 
participativa e de um sistema aberto de liberdade de expressão. Representam 
também a concretização parcial do art. 223 da Constituição segundo o qual o serviço 
de radiodifusão observará o princípio da complementaridade entre os sistemas 
privados, público e estatal 280.Nos anos 1990, diversas associações civis que atuavam 
com rádios comunitárias pressionaram a Administração Pública para a edição de uma 
lei que conferisse maior segurança às rádios comunitárias. O resultado foi a aprovação 
da Lei n° 9.612/1998, que, apesar de constituir um avanço, é extremamente restritiva 
em relação ao funcionamento dessas entidades. Conforme o art. 1º da lei, o limite 
máximo de potência da antena de uma estação de rádio comunitária é de 25 watts e 
a altura do sistema irradiante não pode ser superior a trinta metros. Esse limite é 
ínfimo em relação à potência das emissoras comerciais. Apenas para exemplificar, a 
radio Transamérica opera em Brasília com autorização para uma antena com potência 
de 48.6kW. 
 
3.4 O PRAZO E A FORMA DE RENOVAÇÃO DAS CONSESSÕES E PERMISSÕES DE RÁDIO 
E TELEVISÃO 
O PRAZO E A FORMA DE RENOVAÇÃO DAS CONSESSÕES E PERMISSÕES DE RÁDIO E 
TELEVISÃO (Pág. 146) CAPITULO 3.4 
SANKIEVICZ, Alexandre LIBERDADE DE EXPRESSÃO E PLURALISMO, SÃO PAULO, 
2011 
Assim como no Brasil, no México existe um claro predomínio do modelo comercial 
nos meios eletrônicos, além de elevada concentração, particularmente, na televisão. 
Segundo Beatriz Solis Leree, ao longo de mais de quarenta anos, o processo de 
outorga de concessões no México realizou-se conforme políticas discricionárias que 
propiciaram uma relação de mútuas conveniências entre os industriais dos meios de 
comunicação e os governo 286. Embora o número de licenças seja alto, a maioria das 
empresas licenciadas é apenas repetidora, fazendo com que a audiência se divida 
praticamente entre apenas duas empresas: a Televisa e a TV Azteca. As duas empresas 
 
 
controlam juntas 95% da televisão mexicana, com 437 das 461 concessões existentes. 
Essa concentração, consoante Leree, ocorre a partir da titularidade de frequências, 
pela afiliação de empresas locais e pela associação para a transmissão de 
programação que, em resumo, geram uma oferta de programação limitada e um 
escasso crescimento das emissoras locais. 
 
4. A CONCENTRAÇÃO NO MERCADO BRASILEIRO DE COMUNICAÇÃO 
A CONCENTRAÇÃO NO MERCADO BRASILEIRO DE COMUNICAÇÃO (Pág. 149) 
CAPITULO 4 
SANKIEVICZ, Alexandre LIBERDADE DE EXPRESSÃO E PLURALISMO, SÃO PAULO, 
2011 
Em agosto de 2007, a Article 19 uma organização não governamental inglesa 
destinada a promover e defender a liberdade de expressão - divulgou um relatório 
preocupante sobre a concentração do mercado de comunicação brasileiro 290 
Segundo a organização, a situação do Brasil distancia-se dos padrões internacionais, 
haja vista a propriedade dos meios de comunicação estar demasiadamente 
concentrada nas mãos de poucos, o que constitui uma grave violação ao direito do 
público de receber informações de fontes variadas de comunicação. 
 
 
5. A INOPERÂNCIA DO CONSELHO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL 
A INOPERÂNCIA DO CONSELHO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL (Pág. 152) CAPITULO 5 
SANKIEVICZ, Alexandre LIBERDADE DE EXPRESSÃO E PLURALISMO, SÃO PAULO, 
2011 
De acordo com o art. 224 da Constituição Federal, o Conselho de Comunicação Social 
é órgão que, na forma da lei, é responsável por auxiliar o Congresso Nacional em 
matérias que envolvam a regulação do setor.O art. 2° da Lei n. 8.389/1991 atribuiu 
ao Conselho a realização de estudos, pareceres, recomendações e outras solicitações 
que lhe forem encaminhadas pelo Congresso Nacional a respeito do capítulo da 
Constituição referente à comunicação, em especial sobre a) liberdade de 
manifestação do pensamento, da criação da expressão e da informação; b) 
 
 
propaganda comercial de tabaco, bebidas alcoólicas, agrotóxicos, medicamentos e 
terapias nos meios de comunicação social; c) diversões e espetáculos públicos; d) 
produção e programação das emissoras de rádio e televisão; e) monopólio ou 
oligopólio dos meios de comunicação social; f) finalidades educativas, artísticas, 
culturais e informativas da programação das emissoras de rádio e televisão; g) 
promoção da cultura nacional e regional, e estímulo à produção independente e à 
regionalização da produção cultural, artística e jornalística; h) complementariedade 
dos sistemas privado, público e estatal de radiodifusão; i) defesa da pessoa e da 
família de programas ou programações de rádio e televisão que contrariem o disposto 
na Constituição Federal; j propriedade de empresa jornalística e de radiodifusão 
sonora e de sons e imagens; 1) outorga e renovação de concessão, permissão e 
autorização de serviços de radiodifusão sonora e de sons e imagens; m) legislação 
complementar quanto aos dispositivos constitucionais que se referem à comunicação 
social. 
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS 
CONSIDERAÇÕES FINAIS (Pág. 153) CAPITULO 6 
SANKIEVICZ, Alexandre LIBERDADE DE EXPRESSÃO E PLURALISMO, SÃO PAULO, 
2011 
Como exceção da Internet, pode-se dizer que o mercado de comunicação, em razão 
de suas próprias características, possui altas barreiras de entrada. Quando uma nova 
emissora ou jornal entram no mercado, o único jeito de conquistar a audiência é 
investir na programação. Como um conteúdo de qualidade, porém, geralmente é 
custoso, e a audiência para uma nova empresa é baixa, a receita da firma será zero ou 
próxima disso. Para evitar o ciclo vicioso no qual o conteúdo de baixo orçamento 
resulta em baixa audiência a qual por sua vez proporcionará uma programação de 
baixo orçamento -, uma nova emissora ou jornal devem manter seus investimentos 
em programação de qualidade, a despeito de inicialmente as receitas advindas da 
audiência não cobrir seus custos. O risco de investir em custos irrecuperáveis assim é 
elevado, mas apenas agindo desse modo é possível a um novo canal ou jornal entrar 
num "ciclo virtuoso", no qual maiores audiências levam a maiores orçamentos para 
investimento em conteúdo e assim sucessivamente. 
 
 
 
VI. A REGULAÇÃO DO PLURALISMO NO SETOR DE RADIOFUSÃO 
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS 
CONSIDERAÇÕES INICIAIS ( Pág. 157) CAPITULO 1 
SANKIEVICZ, Alexandre LIBERDADE DE EXPRESSÃO E PLURALISMO, SÃO PAULO, 
2011 
Mesmo se sabendo que a intervenção regulatória é imperfeita e possui também 
falhas, no decorrer do presente trabalho, constatou-se ser possível introduzir 
reformas no mercado de comunicação de modo a conseguir a ampliação das 
possibilidades de participação e comunicação de diferentes grupos sociais. Dignas de 
nota foram as propostas de correção das falhas de mercado e de diminuição dos 
custos de manifestação a fim de ampliar a capacidade de expressão de todos aqueles 
que a valorizem. Outra importante constatação repousou sobre o fato de que, à 
medida que se reduzem os obstáculos tecnológicos e econômicos à participação do 
cidadão nos debates comunicativos, essas dificuldades não podem ser substituídas 
por outras de natureza jurídica, que acabem por produzir um efeito semelhante. 
Igualmente relevante foi a necessidade de introdução de medidas regulatórias que 
diminuam a influência excessiva de alguns grupos de interesse nos processos 
comunicativos e reduzam a possibilidade de captura dos órgãos governamentais por 
autoridades públicas ou por grupos políticos específicos. 
 
 
2. É POSSIVEL ADOTAR MODELOS REGULATÓRIOS RADICALMENTE DISTINTOS? 
 
2.1 A REGULAÇÃO DOS CANAIS DE RÁDIO E TELEVISÃO PELO SISTEMA DE 
PROPRIEDADE 
A REGULAÇÃO DOS CANIAS DE RÁDIO E TELEVISÃO PELO SISTEMA DE PROPRIEDADE 
(Pág. 158) CAPITULO 2.1 
SANKIEVICZ, Alexandre LIBERDADE DE EXPRESSÃO E PLURALISMO, SÃO PAULO, 
2011 
Costuma-se afirmar que o sistema de outorgas no setor de radiodifusão é essencial 
para a preservação e a defesa do interesse público em uma área considerada 
 
 
estratégica em qualquer nação. De maneira geral, dois são os argumentos para 
justificar esse sistema: o primeiro, já visto no capítulo III, refere-se à escassez do 
espectro radioelétrico e a possibilidade de interferência ; o segundo estaria na 
especial capacidade da radiodifusão para influenciar as mentes e os corações 
humanos. Para inúmeros autores, o rádio e a televisão desempenhariam um papel 
muito mais importante na formação educacional e cultural da população do que 
jornais, livros e revistas, pois seriam veículos mais importantes e eficientes de 
disseminação da língua, das manifestações culturais e da valorização dos hábitos e 
costumes nacionais. A televisão, por meio de documentários e mesmo novelas, 
também se colocaria como a principal alternativa a leitura como forma de aprender 
sobre o nosso passado e histórico cultural. 
2.2 A CRIAÇÃO DE UM ESPECTRO RADIOELÉTRICO LIVRE 
A CRIAÇÃO DE UM ESPECTRO RADIOELÉTRICO LIVRE (Pág. 162) CAPITULO 2.2 
SANKIEVICZ, Alexandre LIBERDADE DE EXPRESSÃO E PLURALISMO, SÃO PAULO, 
2011 
Imagine vários estudantes universitários em uma aula de engenharia, cada um deles 
com o seu respectivo laptop. Na universidade, um sistema wireless possibilita a pronta 
conexão de todos os aparelhos com a Internet. Todos estão conectados à rede pela 
mesma faixa de frequência, mas nenhum dos computadores produz interferência na 
atividade do outro nem um estudante consegue ver a caixa de correio eletrônico de 
seu colega. Por que não há interferência, já que todos dividem a mesma frequência? 
Muitos de nós ainda pensamos que uma coordenação do governo é necessária para 
evitar a interferência no espectro radioelétrico e, consequentemente, o caos. Essa 
ideia é errada. As ondas de rádio não precisam da ajuda de um sistema de concessões 
para fazer o seu trabalho, pois hoje podem funcionar exatamente como pessoas em 
uma festa. Quando estamos em um salão lotado, embora estejamos rodeados por 
uma imensa variedade de sons, conseguimos nos concentrar e dialogar com apenas 
uma ou um número reduzido de pessoas. Equipamentos eletrônicos atualmente 
podem funcionar de forma bastante semelhante, pois podem ser configurados para 
ouvir e comunicar assim como as pessoas em uma festa, focadas apenas em uma 
conversa específica. O melhor exemplo dessa tecnologia está no Wi-fi. Esse é o nome 
 
 
popular de uma tecnologia que reúne um conjunto de protocolos que juntos 
permitem aos computadores compartilhar a mesma faixa de frequência. Os dados 
trafegam compartilhando a mesma banda e cada computador, em razão de seu 
protocolo, sabe quais dados deve ou não processar. 
 3. POLÍTICAS PARA O MODELO REGULATÓRIO ATUAL 
POLÍTICAS PARA O MODELO REGULATÓRIO ATUAL (Pág. 168) CAPITULO 3 
SANKIEVICZ, Alexandre LIBERDADE DE EXPRESSÃO E PLURALISMO, SÃO PAULO, 
2011 
Não se pode negar um aspecto eminentemente especulativo para o tópico inicial do 
presente capítulo. Não há exemplos históricos de um sistema de radiodifusão 
regulado pelo sistema de propriedade e nem o autor pode dizer nada sobre os custos 
técnicos relacionados à implementação de um sistema como esse. Ademais, não se 
pode afirmar com absoluta certeza que o desenvolvimento da tecnologia nos 
proporcionará um espectro radioelétrico praticamente ilimitado para a transmissão e 
divulgação de mensagens e quais seriam os custos envolvidos nesse processo. Poder-
se-ia também argumentar que o fim do uso das concessões como moeda de troca 
política, da renovação praticamente automáticadas outorgas atuais e de tantas 
outras falhas de governo e mercado relacionadas ao sistema brasileiro de concessões 
poderiam ser obtidas simplesmente com a melhora da atual regulação, e não com 
uma completa transformação do modelo regulatório 318. Finalmente, ainda que haja 
alternativas radicalmente diferentes para a estruturação do mercado de 
comunicação, a simples regulação pelo sistema de propriedade ou o mero 
desenvolvimento da tecnologia não seriam capazes de eliminar, por si só, os riscos 
para a democracia de um sistema de comunicação envolvido com o sistema político, 
demasiadamente concentrado, com pouca discussão sobre temas de interesse 
público, entre outros problemas. Os tópicos seguintes, desse (art. 54, I, a, e II, b). De 
um contrato de concessão, não necessariamente decorre um favor da União, 
podendo-se argumentar inclusive que seria necessária uma lei ordinária para definir 
o sentido da expressão "favor decorrente de contrato com pessoa jurídica de direito 
público". Aliás, isso restou expresso no art. 24 da Constituição de 1891, que veio a ser 
regulado pela Lei n. 35, de 26 de janeiro de 1892. 
3.1 A PROPRIEDADE DAS EMPRESAS DE RADIODIFUSÃO POR POLÍTICOS 
 
 
A PROPRIEDADE DAS EMPRESAS DE RADIODIFUSÃO POR POLÍTICOS (Pág. 168) 
CAPITULO 3.1 
SANKIEVICZ, Alexandre LIBERDADE DE EXPRESSÃO E PLURALISMO, SÃO PAULO, 
2011 
Dispõe o art. 54 da Constituição que os deputados e senadores não poderão I - desde 
a expedição do diploma: a) firmar ou manter contrato com pessoa jurídica de direito 
público, autarquia, empresa pública, sociedade de economia mista ou empresa 
concessionária de serviço público, salvo quando o contrato obedecer a cláusulas 
uniformes; b) aceitar ou exercer cargo, função ou emprego remunerado, inclusive os 
de que sejam demissíveis ad nutum, nas entidades constantes da alínea anterior; e II 
desde a posse: a) ser proprietários, controladores ou diretores de empresa que goze 
de favor decorrente de contrato com pessoa jurídica de direito público, ou nela 
exercer função remunerada; b) ocupar cargo ou função de que sejam demissíveis ad 
nutum, nas entidades referidas no inciso I, a; c) patrocinar causa em que seja 
interessada qualquer das entidades a que se refere o inciso I, 9. 
3.2 A REGULAÇÃO DA CONCENTRAÇÃO 
A REGULAÇÃO DA CONCENTRAÇÃO (Pág. 171) CAPITULO 3.2 
SANKIEVICZ, Alexandre LIBERDADE DE EXPRESSÃO E PLURALISMO, SÃO PAULO, 
2011 
A realização do pluralismo nos meios de comunicação é um objetivo muito mais 
político do que econômico 326 Entretanto, sua realização hoje depende também das 
forças de mercado, já que a maioria das fontes de comunicação de massa são 
empresas privadas. Tendo isso em consideração, um importante passo a ser adotado 
para realizar o pluralismo nos meios de comunicação é a adoção de medidas que 
impeçam demasiada concentração econômica, pois uma mídia concentrada é capaz 
de esconder do público mais fatos do que uma mídia descentralizada. Para atingir esse 
fim, alguns países impõem limites à quantidade de cotas/ações que alguém pode ter 
de uma única entidade de comunicação. Esses limites geralmente são estipulados 
para emissoras de televisão e estabelecem o percentual máximo de cotas ou ações 
que uma única pessoa pode ter da companhia com o objetivo de criar uma estrutura 
de propriedade mais fragmentada. Na França e Espanha, por exemplo, ninguém pode 
 
 
ter mais de 49% das ações com direito a voto de uma emissora de televisão 327. Em 
Portugal, os concessionários de televisão detentores de canais comerciais de 
cobertura nacional estão sujeitos à forma de sociedade anônima ou cooperativa, na 
tentativa de que um controle descentralizado da propriedade contribua para o 
pluralismo de vozes na esfera pública. Há também normas que criam transparência 
para a população, pois obrigam a divulgação dos nomes dos detentores das maiores 
participações sociais das empresas jornalísticas e dos operadores de televisão. 
3.3 A CRIAÇÃO DE TVs PÚBLICAS 
A CRIAÇÃO DE TVs PÚBLICAS (Pág. 178) CAPITULO 3.3 
SANKIEVICZ, Alexandre LIBERDADE DE EXPRESSÃO E PLURALISMO, SÃO PAULO, 
2011 
Considere uma entidade de comunicação que não precise se preocupar com o lucro 
ou que não necessite divulgar programas formatados para incentivar o público a 
consumir os produtos dos patrocinadores e anunciantes. Imagine uma entidade que 
possa agir sem a pressão por maximização de audiência ou vendagem de jornais e 
revistas. Imagine que não seja necessário a essa entidade agradar a um público médio 
ou evitar assuntos polêmicos capazes de deixar desconfortável parcela da audiência. 
Em princípio, essa entidade estaria em melhor situação para optar por programações 
voltadas para segmentos da população geralmente excluídos por canais privados de 
comunicação, tais como adultos desempregados ou minorias raciais, étnicas e 
religiosas. Ela também conseguiria analisar com mais profundidade e extensão 
problemas vividos por determinada comunidade. Poderia, por exemplo, divulgar 
documentários sobre as razões do trabalho escravo e da violência em vez de se 
restringir à divulgação da notícia sobre trabalho escravo e atos violentos. Poderia 
expor com profundidade os impactos negativos do jeitinho brasileiro, por mais que 
isso deixasse desconfortável grande parcela da população. No mais, essa entidade não 
teria ainda nenhum incentivo para dar prioridade a programas que não tendessem a 
oferecer mais externalidades positivas, tais como aqueles voltados à discussão sobre 
temas de interesse público. 
 
3.4 O USO DO V- CHIP CONTROLANDO DE FORMA INDIRETA O CONTEÚDO 
 
 
O USO DO V-CHIP CONTROLANDO DE FORMA INDIRETA O CONTEÚDO (Pág. 183) 
CAPITULO 3.4 
SANKIEVICZ, Alexandre LIBERDADE DE EXPRESSÃO E PLURALISMO, SÃO PAULO, 
2011 
O Violence-chip é um pequeno dispositivo eletrônico instalado nas televisões para 
possibilitar aos pais o bloqueio de programas de acordo com uma prévia lista de 
classificação. Esse mecanismo não impede as emissoras de continuar a produzir e 
divulgar os programas que desejam. O único aspecto modificado é o aumento da 
capacidade dos pais para, no exercício do poder familiar - arts. 1.630 e a recepção 
1.643, I, do CC-, bloquear de conteúdos que eles consideram inadequados para suas 
crianças e adolescentes. É inevitável a constatação de que diversas famílias divergem 
sobre o modo adequado de educar os seus filhos e que a educação irá depender de 
diversos aspectos, tais como a religião, a classe econômica e mesmo a localização 
geográfica, haja vista os jovens nos centros urbanos, via de regra, serem criados de 
uma maneira considerada mais liberal do que os do interior. Segundo Gibbons, a 
multiplicidade de valores existentes em uma sociedade plural inevitavelmente 
aumenta a probabilidade de que mensagens transmitidas ofendam pessoas em algum 
lugar, não havendo uma resposta fácil para os limites da criatividade e da liberdade 
de expressão diante da sensibilidade da audiência349 A inexistência de um código 
moral universal ou um padrão único que possa ser aplicado a qualquer tipo de 
programação ou para todo o público torna difícil para boa parte da população confiar 
em poucos servidores públicos para distinguir de maneira adequada as cenas oriundas 
de um documentário sobre o holocausto e do filme "Clube da Luta", embora ambos 
tragam cenas violentas, ou discriminar de maneira razoável cenas de um programa 
sobre educação sexual e o último filme pornô. 
 3.5 A GARANTIA DE DIREITOS DE ACESSO AOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO 
A GAERANTIA DE DIREITOS DE ACESSO AOS MEIOS DE COUNIAÇÃO (Pág. 186) 
CAPITULO 3.5 
SANKIEVICZ, Alexandre LIBERDADE DE EXPRESSÃO E PLURALISMO, SÃO PAULO, 
2011 
 
 
Uma das questões fundamentais relacionadas ao pluralismo refere-se à possibilidade 
de o falante acessar os meios de comunicação a fim de transmitir sua própria 
mensagem. O direito geral de acessar a mídia como fórum democrático de discussão,no entanto, não confere direitos subjetivos de acesso ao cidadão, pois o mero desejo 
de usar os meios de comunicação de massa para transmitir uma mensagem particular 
considerada importante não é motivo suficiente para que o discurso de uma pessoa 
tenha prioridade sobre outra. A liberdade de expressão não confere a particulares o 
direito de exigir que terceiros veiculem sua própria mensagem. 
 
Em princípio, cada indivíduo deve suportar o custo de veiculação de suas próprias 
ideias e opiniões, cabendo ao Estado, como ente regulador, intervir para diminuir 
esses custos, e não a terceiros suportá-los. Nessas situações, ainda que o acesso seja 
concedido, ou para viabilizar a diversidade de perspectivas ou para permitir a 
indivíduos o exercício do direito de resposta, isso ocorrerá às custas de outras pessoas 
que poderiam ter usado a mídia em seu lugar (custo de oportunidade). Tal situação 
não deixa de levantar complexos problemas relacionados à liberdade de expressão, 
na medida em que os limites dos direitos de acesso são heteronormamente definidos 
em benefício de uns em detrimento de outros. De um lado, há editores reclamando 
sobre o comprometimento de sua autonomia quando são obrigados a publicar ou 
transmitir opiniões que não desejam e, de outro, há cidadãos reclamando que 
editores impedem a comunicação de suas mensagens e a diversidade de opiniões. 
3.5.1 DIREITO DE ANTENA 
DIREITO DE ANTENA (Pág.187) CAPITULO 3.5.1 
 
O direito de antena assegura a concessão de espaço na mídia a entidades 
representativas da sociedade civil. Em diferentes países, o direito de antena adquire 
alcance mais ou menos alargado consoante abranja diferentes titulares provenientes 
de distintos sistemas de ação social. Em Portugal, por exemplo, o art. 40 da 
Constituição confere aos partidos políticos, às organizações sindicais, profissionais e 
representativas das atividades econômicas, bem como a outras organizações sociais 
de âmbito nacional, de acordo com a sua relevância e representatividade, tempos de 
 
 
antena no serviço público de rádio e de televisão. Em países como Alemanha, França, 
Espanha, e Holanda, existem previsões similares que possibilitam uma maior 
participação da sociedade civil na mídia 357 No Brasil, o direito de antena é restrito 
aos partidos políticos, conforme o art. 17, § 39, da Constituição, que confere a essas 
entidades acesso gratuito à rádio e à televisão na forma da lei. De acordo com o art. 
45 da Lei n. 9.096/1995, a propaganda partidária, gravada ou ao vivo, será realizada 
entre 19h30min e 22h, vedada a propaganda paga. Além disso, a Lei n. 9.504/1997 
regula a propaganda eleitoral. 
 
 
3.5.2 DIREITO DE RESPOSTA E RETIFICAÇÃO 
DIREITO DE RESPOSTA E RETIFICAÇÃO ( Pág. 189) CAPITULO 3.5.2 
SANKIEVICZ, Alexandre LIBERDADE DE EXPRESSÃO E PLURALISMO, SÃO PAULO, 
2011 
O art. 5°, V, da Constituição Federal assegura "o direito de resposta proporcional ao 
agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem" causados pela 
notícia. Para boa parte da doutrina, constitui esse direito basicamente uma reação ao 
uso indevido da mídia ostentando típica natureza de desagravo. É meio de proteção 
da honra individual, da reputação e da imagem que se soma à pretensão de danos 
morais e materiais decorrentes do exercício da liberdade de expressão 360. Embora 
o direito de resposta implique uma restrição à liberdade editorial das entidades de 
comunicação, encontra também forte justificação no fato de que as lesões resultantes 
do discurso devem ser combatidas, preferencialmente, por meio de mais discurso. No 
mais, pode ainda ser justificado pela corrente que defende a incidência dos direitos 
fundamentais nas relações privadas, haja vista a existência de uma relação 
comunicativa entre os indivíduos e meios de comunicação fortemente marcada pela 
desigualdade. E ainda mais um meio para garantir o pluralismo e a diversidade de 
ideias para que a sociedade possa, por si mesma, julgar a verdade. Tendo isso em 
vista, é essencial destacar que a função do direito de resposta vai muito além da 
reparação do dano individual, pois a sociedade também possui direito à diversidade 
de informação. 
3.5.3 DIREITO DE COMPRA DE ESPAÇO PUBLICITÁRIO 
 
 
DIREITO DE COMPRA DE ESPAÇO PUBLICITÁRIO (Pág. 192) CAPITULO 3.5.3 
SANKIEVICZ, Alexandre LIBERDADE DE EXPRESSÃO E PLURALISMO, SÃO PAULO, 
2011 
No início da década de 1970 nos Estados Unidos, o Democratic National Committee 
tentou comprar das emissoras CBS e ABC espaço publicitário para divulgar uma 
propaganda contra a guerra do Vietnã. Ambas as emissoras negaram a venda, o que 
levou o comitê ao Judiciário pleitear proteção com base na primeira emenda. Segundo 
o autor, as emissoras violavam sua liberdade de expressão quando, em razão do 
conteúdo do anúncio, negavam a venda de espaço publicitário disponível 
regularmente para qualquer anunciante. Seria o clássico caso de censura, com uma 
única diferença: exercida nesse caso por entidades privadas, e não pelo governo. 
Por maioria, a Suprema Corte Americana negou o pleito, pois não poderia o governo 
impor controle editorial sobre o que será divulgado pela mídia e ao mesmo tempo 
considerá-la responsável pelo conteúdo eventualmente ilícito das mensagens 
transmitidas. Aceitou também o argumento dos réus no sentido de que uma política 
com essa finalidade poderia prejudicar mais do que beneficiar a liberdade de 
expressão. O direito de comprar espaço publicitário permitiria aos mais ricos 
influenciar de forma desequilibrada a agenda política e, assim, poderia colocar em 
risco a própria diversidade e imparcialidade exigida dos canais de comunicação. No 
mais, permitiria ao Estado controlar diretamente o conteúdo do que seria divulgado, 
pois caberia a ele decidir diuturnamente sobre as pessoas que teriam direito de 
acesso. 
3.6 A REGULAÇÃO DA OBJETIVIDADE E DO PLURALISMO INTERNO 
6 A REGULAÇÃO DA OBJETIVIDADE E DO PLURALISMO INTERNO (Pág. 195) 
CAPITULO 6 
 
No site o processo que leva à produção de determinado artigo é totalmente 
transparente, pois todos os debates travados entre os redatores daquele conteúdo e, 
consequentemente, as divergências manifestadas podem ser acessados pelo 
internauta. No mercado tradicional de comunicação social é necessário criar outros 
mecanismos de controle para assegurar a credibilidade à informação. 
 
 
Esse rol adquire importância instrumental, pois visa a proteger os mecanismos 
necessários à divulgação de ideias e à formação da opinião pública. 
3.6.1 DOS DEVERES DOS JORNALISTAS 
DOS DEVERES DOS JORNALISTAS (Pág. 195) CAPITULO 3.6.1 
 
De quem informa, a doutrina exige objetividade, veracidade e oportunidade. 
Totalmente implícito ao dever de objetividade encontra-se o imperativo de não 
fabricar ou encenar fatos; Sobressalta ainda o imperativo de verificar as informações 
adquiridas, procurando fontes fieis e diversificadas de informações . 
A obrigação do jornalista, evidentemente não libera a obrigação do meio de 
comunicação de zelar pela objetividade da informação como gestor e administrador 
da mensagem que o jornalista produz. A veracidade informativa não deve ser 
confundida como verdade absoluta. 
O conceito de veracidade no campo da comunicação social deve ser harmonizado com 
as condições concretas que o jornalista e as empresas de comunicação são 
submetidas, pois um erro de informação pode levar o jornalista a ser punido. 
No Brasil é o Código de Ética que trata dos deveres dos jornalistas. O código de ética 
diz no Art. 2° que: A divulgação da informação, precisa e correta, é dever dos meios 
de divulgação pública, independente da natureza de sua propriedade. E diz também 
no Art. 9° que é dever do jornalista: Divulgar todos os fatos que sejam de interesse 
público; Lutar pela liberdade de pensamento e expressão; Defender o livre exercício 
da profissão; Valorizar, honrar e dignificar a profissão;

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