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SÍNDROMES EXANTEMÁTICAS

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SÍNDROMES EXANTEMÁTICAS 
 
 
ABRAHAM NUNES CEZAR SCHNEERSOHN1 
 
 
RESUMO 
 
Esta breve revisão de literatura tem como objetivo explanar e propiciar 
conhecimentos sobre os agentes etiopatológicos, manifestações clínicas e 
tratamento das síndromes exantemáticas. Para a elaboração deste, foram realizadas 
pesquisas em artigos nacionais e internacionais, diretrizes e casos clínicos, como 
objetivo de sistematizar de forma clara o supracitado. Será abordado de forma 
sucinta as causas e efeitos de doenças como varicela, sarampo, dengue, exantema 
súbito, eritema infeccioso, Kawasaki, mononucleose, rubéola, rash cutâneo 
medicamentoso, doença mão-pé-boca e escarlatina, tendo em vista corriqueira 
detecção dessas doenças em consultas médicas, especialmente na pediatria. 
Palavras-chave: Exantema. Escarlatina. Sarampo. 
 
ABSTRACT 
 
This brief literature review aims to explain and provide knowledge about 
etiopathological agents, clinical manifestations and treatment of exanthematic 
syndromes. For the preparation of this, research was carried out in national and 
international articles, guidelines and clinical cases, in order to clearly systematize the 
aforementioned. The causes and effects of diseases such as chickenpox, measles, 
dengue, sudden rash, infectious erythema, Kawasaki, mononucleosis, rubella, 
medicated skin rash, hand-foot-mouth disease and scarlet fever will be briefly 
addressed, with a common detection of these diseases in medical consultations, 
especially in pediatrics. 
Keywords: Rash. Scarlet fever. Measles. 
 
Data de Aprovação: 03 de abril de 2018. 
Disponibilidade: http://doi.org/10.29327/723689 
 
1 INTRODUÇÃO 
Síndromes exantemáticas são sinais e sintomas que se manifestam na pele 
mediante ao acometimento por agentes infecciosos, medicamentosos, vasculares, 
irritantes ou imunológicos. São mais comuns em crianças e possuem níveis de 
gravidade variáveis, albergando parte significativa nos atendimentos médicos. Tais 
manifestações, a despeito de certa similaridade entre as várias etiologias, podem ser 
identificadas e diferenciadas conforme o quadro clínico, história de exposição e 
características das lesões cutâneas associadas com demais apresentações 
sintomatológicas. Com base em pesquisas recentes e em coleta de dados do 
ministério da saúde, foi elaborado esse artigo, que traz dados epidemiológicos, 
 
 
 
http://doi.org/10.29327/723689
2 
 
semiológicos, clínicos e imagens ilustrativas com objetivo de corroborar os dados 
descritivos aqui abordados. É esperado que sejam elucidados os viés de 
confundimento, bem como proporcionado uma abordagem integrativa. 
Tendo em vista a trivialidade das admissões ambulatoriais e nos pronto 
atendimentos por ocasião de lesões cutâneas, é importante saber diferenciá-las, 
bem como associá-las com o quadro clínico geral do paciente, objetivando o 
diagnóstico preciso e precoce para consequente medida terapêutica a ser tomada. 
Doenças ocasionadas por agentes bacterianos, como escarlatina e impetigo 
requerem detecção precoce, logo que podem ocasionar lesões sistêmicas e 
comprometimento de órgãos específicos, culminando com substancial taxa de 
morbimortalidade. Quando o agente etiológico é viral, tende a apresentar quadro 
clinico autolimitado, embora possam surgir reações deletérias pós infecciosas, como 
danos cardíacos após infecção por coxsackie. Outrossim diz tocante aos exantemas 
resultantes de vasculites, como Kawasaki, que tem potencial de lesões coronarianas 
ou situações que envolve substâncias alergênicas globais ou idiossincráticas, com 
potencial evolução para choque anafilático e óbito, o que requer identificação e 
intervenção médica precoce. 
Por conseguinte, será abordado neste artigo os dados epidemiológicos, as 
principais semelhanças e diferenças e as medidas terapêuticas cabíveis de forma 
genérica e individualizada sobre as síndromes exantemáticas, para que ao final 
deste estudo, seja proporcionado um conhecimento sobre o tema, objetivando 
capacidade de diagnostico diferencial e possíveis intervenções. 
 
 
2 DOENÇAS EXANTEMÁTICAS 
 
Exantema pode ser definido com lesões cutâneas caraterizadas pela 
presença de máculas, pápulas, bolhas, vesículas, placas, eritemas, exulcerações ou 
mesmo nódulos, não podendo como tal ser classificado, lesões únicas ou isoladas. 
O tipo de lesão apresentado varia de acordo com o agente etiológico em associação 
com características individuais do paciente. Além dos aspectos visíveis, é importante 
atentar para quadro evolutivo previsto mediante cada suspeita, além da idade do 
individuo e possíveis fatores coadjuvantes primários ou secundários. 
 
2.1 CAUSAS VIRAIS 
O levantamento de dados epidemiológicos evidencia que cerca de 65% dos 
casos de crianças com síndromes exantemáticas apresentavam algum agente 
infeccioso como causa. Desses, 75% possuíam etiologia viral. Os demais 45% 
possuíam como fator de base, as reações alérgicas, medicamentosas, autoimunes e 
neoplásicas. 
Dentre as causas virais, podemos citar os exantemas presentes na doença 
mão-pé-boca, no eritema infeccioso, no exantema súbito, no rash cutâneo do 
dengue, na varicela zoster, no sarampo, na mononucleose e na rubéola. Embora 
possuem quadro clínico autolimitado, algumas dessas doenças podem resultar em 
danos cardíacos ou cerebrais de modo direto ou indireto. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
 2.1.1 Doença mão-pé-boca 
 Causada pelo vírus Coxsackie, da família dos enterovírus, manifesta-se por 
meio de lesões cutâneas predominantemente nas regiões plantares, palmares e orais, 
sendo nestas podendo evoluir para ulcerações dolorosas e expandirem para a região 
palatal e tonsilar, ocasionando odinofagia e sialorreia e naquelas, apresentarem 
lesões bolhosas pequenas, como apresentado na imagem 1. Em tese, essas 
manifestações são precedidas de sintomas febris e tendem a se tornarem evidentes 
após o abrandamento da febre. Existem, porém, embora raras, as situações em que 
há comprometimento do sistema nervoso central, com evolução grave e significativo 
índice de mortalidade. A transmissão se dá por via fecal-oral, e acomete 
principalmente crianças com menos de 5 anos de idade. 
 
 
Imagem 1 
(fonte: Vera Culley) 
 
 
 
2.1.2 Eritema infeccioso 
Já no eritema infeccioso, cujo agente etiopatogênico é o Parvovirus B19, 
inexistem sinais prodrômicos definidos e caracteriza-se pelo surgimento de lesões 
maculopapulares na região malar, conhecido como face esbofeteada, que podem 
progredir para tronco e membros, como mostra a imagem 2. Esse tipo de exantema 
tende a desaparecer no período de alguns dias e podem recidivar perante situações de 
exposição ao calor, irritantes e choro intenso, com predomínio na face. Além dessas 
manifestações mais comuns, pode correr o acometimento da medula óssea, 
acarretando uma crise aplásica transitória. A transmissão se dá por meio de gotículas 
de saliva e respiração e acomete principalmente crianças de idade entre 5 e 15 anos. 
4 
 
 
 
2.1.3 Exantema Súbito 
Esta afecção causada pelos herpes vírus tipo HHV-6 (A e B) e HHV-7, se 
caracteriza pelo sinal prodrômico proeminente: febra alta, por vezes superior a 40 
graus Celsius, que convalesce dando lugar ao exantema róseo não confluente iniciado 
no tronco (Imagem 3) com distribuição centrífuga e que desaparece rapidamente, sem 
deixar descamações. A esmagadora maioria dos casos evoluem de forma branda e 
benigna. Não obstante pode haver comprometimento do sistema nervoso central, 
resultando em encefalopatia e convulsões, em raras situações. Acomete mais crianças 
com idade entre 3 e 6 meses. 
 
 
Imagem 3 
(fonte: Scott Camazine / Science Source Roséole) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
2.1.4 Rash cutâneo do dengue 
Neste caso, além dos sintomas clássicos do dengue, causado por um flavivirus, 
podem surgir eritema ou erupções eritematosas de aspecto mosqueado na face, 
pescoço e tórax, coincidentes com o período pós febril, podendodesaparecer ou 
mesclar-se à erupção maculopapulosa (imagem4), típica por volta do sexto dia de 
doença. Esse tipo de exantema pode ser induzido através da prova do laço, em que se 
usa um manguito para compressão do membro superior e então identifica-se o 
surgimento de petéquias distalmente ao local comprimido. O vírus causador da doença 
é transmitido pelo vetor Aedes aegypti e não há predominância de faixa etária. 
Gubler DJ, Kuno G. Dengue and dengue hemor hagic fever. New York: CABI 
Publishing, 1997. 496 p. 
 
 
Imagem 4. 
(fonte: Jacob Frederik De Wolff) 
 
 
2.1.5 Varicela 
Causada pelo vírus Varicela zoster, acomete principalmente crianças e 
apresenta como sintomas iniciais intensa irritabilidade, febre, astenia e sintomas 
gripais que cedem dando origem ao exantema polimórfico, cuja apresentação se dá 
pelo surgimento inicial de máculas, que evoluem para pápulas, vesículas, pústulas e 
crostas (vide a imagem 5). O período de transmissão se dá antes dos sinais 
prodrômicos e segue até a evolução de todas as lesões cutâneas para crostas. O vírus 
pode ficar albergado no organismo e retomar atividade futuramente através do 
surgimento do herpes zoster. 
 
https://www.researchgate.net/profile/Jacob_De_Wolff2
6 
 
 
Imagem 5. 
(fonte: John-Kelly/Shutterstock) 
 
2.1.6 Sarampo 
Tendo como agente etiopatogêncio o paramixovirus, essa doença pode ter 
evolução grave e é passível de vacinação. Os sintomas iniciais são inespecíficos, 
como febre alta, odinofagia, tosse e conjuntivite. Posteriormente pode surgir o sinal de 
Koplick (Imagem 6) na cavidade oral próximo aos molares, que se caracteriza por uma 
mácula pálida circundada por enantema. Logo após, o exantema morbiliforme, inicia-
se com máculas irregulares associadas a pápulas, que adquirem coloração castanho-
acobreada e sofrem posterior descamação. Devido a alta contagiosidade, imunização 
ativa ou passiva, a doença tende a não ter predominância de acordo com a faixa 
etária, podendo acometer qualquer idade desde que não haja imunização prévia. 
 
 
Imagem 6. 
(fonte: MOSS W. Measles. Lancet 2017; 10111: 2490-2502) 
 
 
 
 
 
7 
 
 
 
2.1.7 Mononucleose 
Causada pelo vírus Epstein Barr, a mononucleose, também conhecida como 
doença do beijo, tende a iniciar sintomas inespecíficos, como odinofagia, 
adenomegalia e febre. A faringite costuma ser similar à de causa bacteriana, por 
apresentar exsudato acinzentado e quadro álgico intenso. A dor abdominal, pode estar 
presente e é indicativa de possibilidade de complicação com rotura esplênica. Outra 
característica importante é o sinal de Hoagland (edema palpebral). Quanto ao 
exantema, costuma ser rubeoliforme, rosado (Imagem 7) e costumeiramente surge 
após administração de penicilina. Isso torna-se um viés de confundimento, visto que 
após a administração do antibiótico, pode haver confusão entre a etiologia do 
exantema, ou seja, se é por reação alérgica ou por ocasião do EBV. Porém, neste, não 
há prurido como naquele. 
 
 
Imagem 7. Exantema da mononucleose. 
(fonte: Infectious mononucleosis – The New England journal of medicine) 
 
2.1.8 Rubéola 
Causada por um vírus da família Togaviridae e gênero Rubivirus, manifesta-se 
inicialmente por um leve mal-estar, febre baixa e irritação conjuntival e erupção 
cutânea similar a do sarampo, porém ausente de coalescência, como mostra a 
imagem 8. Inicia-se na região facial e cervical, espalhando então para o tronco e 
membros. Além disso podem surgir enantemas indolores seguidos de coalescência e 
evoluindo para formas eruptivas hiperemiadas e doloroas, podendo atingir a região 
posterior da faringe. Outro sinal que acompanha esta afecção é a linfadenomegalia 
cervical posterior e retroauricular. Esta doença possui importância vacinal tendo vista 
a teratogenicidade do vírus. Também não possui faixa etária predominante, podendo 
acometer qualquer pessoa não imunizada. 
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed?term=20505178
8 
 
 
 
 
Imagem 8. 
(fonte: National Center for Immunization and Respiratory Diseases - NCIRD). 
 
2.2 CAUSAS BACTERIANAS 
Já a respeito dos exantemas relacionados a infecções bacterianas, podemos 
citar a escarlatina e o impetigo. Ambos podem cursar com sintomas febris, embora 
mais acentuado na primeira e mais dependente de disseminação ou área 
comprometida no segundo. Outrossim diz tocante a possibilidade de bacteremia e 
septicemia, que podem ocorrer nas duas situações a depender de fatores 
imunológicos do paciente bem como virulência específica do patógeno envolvido. 
Requerem, portanto, tratamento com antibioticoterapia além da terapia de suporte 
individualizada. 
 
2.2.1 Escarlatina 
Causada pelo Strepotoccus pyogenes, especificamente do grupo A de 
Lancefield, nesta afecção o exantema surge em concomitância com a 
faringoamigdalite membranosa associada aos sintomas febris. O rash cutâneo 
apresenta-se com lesões puntiformes, disseminadas, em formato de luvas e botas com 
descamação posterior, como mostra a imagem 9. Uma das características que 
configuram o exantema escarlatiniforme é o aspecto de lixa, assim como a presença 
dos sinais de Pastia e Filatov, descritos como palor em regiões de dobras e perioral, 
respectivamente. Outro sinal presente é a língua em framboesa, que configura um 
aspecto pontilhado e saburroso. Se não tratado corretamente, pode evoluir com 
glomerulonefrite aguda, ou glomerulonefrite pós estreptocócica, febre reumática aguda 
e posterior cardiopatia reumática e coreia de Sydenham em indivíduos predispostos. 
Além disso, existem estudos que evidenciam a associação da doença com a desordem 
9 
 
psiquiátrica infantil denominada PANDAS (Pediatric Autoimmune Neuropsychiatric 
Disorders Associated with Streptococcal Infection), que se manifesta em crianças pré-
púberes com histórico de infecção estreptocócica e se traduz por meio de tiques, 
ideias obsessivas e compulsivas, irritabilidade e movimentos coreiformes. 
 
 
Imagem 9. Exantema escarlatiniforme. 
(fonte: Centers for Disease Control and Prevention) 
 
2.2.2 Impetigo 
Embora seja diferente das demais doenças citadas, por apresentar não um 
exantema clássico, mas sim lesões bolhosas ou crostosas, focais ou disseminadas, 
possui uma importância clínica relevante, visto que requer tratamento com antibióticos 
e pode evoluir com complicações renais ou sepse. Causado pelo Streptococcus 
pyogens ou Staphilococcus aureus, as vezes torna-se difícil a identificação do 
patógeno de acordo com as características das lesões. Em se tratando da infecção 
estreptocócica, difere da escarlatina pelo aspecto das lesões e pela ausência de 
acometimento orofaríngeo. Costumeiramente apresenta-se como impetigo crostoso 
(imagem 10), o que não exclui a forma bolhosa (imagem 11). Já a respeito da infecção 
cutânea estafilocócica, é mais comum a apresentação bolhosa, idem ao primeiro, não 
excluindo a forma crostosa. Embora no caso da infecção estreptocócica poder, assim 
como na escarlatina, acometer os rins por meio de glomerulonefrite (GNPE), diferente 
daquela, não há associação com febre reumática e as demais complicações possíveis 
na escarlatina. Em ambas as enfermidades citadas neste tópico, a origem da infecção 
pode se dar por meio de lesões cutâneas pré-existentes, visto que esses patógenos 
são encontrados trivialmente na pele de pacientes hígidos. Embora possa surgir em 
pacientes de qualquer idade, existe uma maior incidência em crianças entre 2 e 6 
anos. 
 
 
10 
 
 
 
Imagem 10: impetigo crostoso. 
(fonte: Sociedade Americana de Doenças Infecciosas, SBP 2014). 
 
 
Imagem 11: impetigo bolhoso. 
(fonte: Clínica médica, volume 7: alergia e imunologia clínica, doenças da pele, 
doenças infecciosas e parasitárias. – 2. ed. – Barueri, SP: Manole, 2016). 
 
2.3 Doença Exantemática Vascular 
Quando a doença exantemática é de origem vascular, pode ter como base 
fatoresautoimunes ou pós infecciosos. Tem como causa principal a Doença de 
Kawasaki e requer tratamento de suporte, além da terapêutica especifica, com a 
administração de imunoglobulina IV e ácido acetilsalicílico. O rash cutâneo caracteriza-
se por ser polimorfo, podendo ser maculopapular, urticareiforme, morbiliforme ou 
escarlatiniforme, comprometendo principalmente o tronco e região perineal e é 
precedido por período febril intenso associado a outros sintomas constitucionais. 
Geralmente evolui com irritação conjuntival, eritema edemaciado e doloroso em 
regiões palmares e plantares com posterior descamação, surgimento de língua em 
11 
 
framboesa, enantema importante em mucosas (vide a imagem 12) e palidez 
periungeal. Doravante a evolução da afecção, podem surgir sintomas como artralgias e 
posterior acometimento de artérias coronarianas, visto que é uma vasculite de artérias 
de médio calibre, por meio da formação de microaneurismas e suas consequentes 
complicações, como tamponamento cardíaco e infarto. Sabe-se que a doença é mais 
incidente e prevalente em pacientes pediátricos da primeira infância e de origem 
asiática. 
 
 
Imagem 12. 
(fonte: Anais Brasileiros de Dermatologia) 
 
2.4 Reação Alérgica 
Quando o exantema tem como substrato as reações alérgicas de origem 
medicamentosa, irritativas, atópica ou contato por inoculações de alergênicos, toxinas 
ou picadas de inseto, é comum o surgimento de placas eritematosas pruriginosas em 
alto-relevo mais ou menos disseminadas (Imagem 13). O aparecimento das lesões 
tende a ocorrer de forma abrupta e progressiva. Além disso pode ocorrer outras 
manifestações mais sistêmicas, a depender a resposta anafilática individual, 
quantidade de alergênico envolvida, bem como a capacidade da substância de realizar 
tais reações. Essas lesões urticariformes costumam perdurar e causar intenso 
incômodo, até que haja intervenção medicamentosa com o objetivo de cessar a 
reação. Picadas de insetos, especialmente os que possuem capacidade de inocular 
substâncias, ácido metanoico das formigas por exemplo, podem culminar em 
aparecimento rápido das placas eritematosas pruriginosas com potencial envolvimento 
12 
 
de vias aéreas superiores, como edema de glote, a depender da resposta de cada 
paciente. Outro fator importante é que existem medicamentos capazes de causar 
reações cutâneas não exantemáticas, como o lítio, com lesões acneiformes, hiperemia 
por vasodilatadores ou mesmo equimoses por anticoagulantes, sendo que neste caso 
são provenientes de pequenos sangramentos. Não existe faixa etária mais 
predominante. Porém sabe-se que quanto mais grave for a anafilaxia em um primeiro 
contato, mais severo tende a ser o quadro em contatos subsequentes com o mesmo 
fator desencadeante. 
 
 
Imagem 13. Placas eritematosas. 
(fonte: Sociedade Brasileira de Dermatologia) 
 
3 EXAMES LABORATORIAIS 
 
Como pode ser notado, o diagnóstico das doenças exantemáticas requer uma 
boa avaliação clínica para sua detecção e diferenciação. Para isso, é necessário que 
seja feita uma boa anamnese, um exame físico pormenorizado, além de considerar 
fatores étnicos, etários, epidemiológicos e culturais. Porém, existem casos em que o 
diagnostico laboratorial pode ser recorrido, visto que devido a gravidade de algumas 
afecções citadas neste artigo, faz-se fundamental um diagnostico de certeza procedido 
de um acompanhamento médico. 
 
Embora boa parte das alterações laboratoriais encontradas sejam inespecíficas, 
alguns achados tornam mais sugestivos ou não, de uma doença especifica e pode 
13 
 
servir como fator prognóstico. Um exemplo claro é o aumento de segmentados em 
infecções bacterianas, a linfocitose ou linfopenia em quadros virais, a eosinofilia em 
quadros alérgicos ou parasitários, a plaquetopenia ou trombocitose em situações 
vasculares e autoimunes ou mesmo um hemograma dentro dos padrões de 
normalidade. Exames como VHS, são uteis na doença de Kawasaki, dosagem de IgE, 
nas reações alérgicas, pesquisa de anticorpos específicos para cada patógeno 
suspeito ou mesmo cultura de secreção orofaríngea em busca de achados inerentes 
infecção por estreptococos na escarlatina. 
 
3.1 Exames laboratoriais na doença māo pé boca 
Os exames laboratoriais podem vir com algumas alterações. No caso da doença 
mão-pé-boca, pode ser identificado uma leucocitose com desvio a esquerda, que tem 
valor inespecífico. Porém, pode ser realizado testes sorológicos para identificação do 
vírus, como o Coxsackievírus anticorpos IgG e IgM. 
Sakane PT, Bellizia Neto L, Marques HHS. Doenças exantemáticas. In: Grisi S, 
Escobar AM. Prática pediátrica. São Paulo. 1a ed. São Paulo: Atheneu, 2000. p. 385-
92. 
 
3.2 Exames laboratoriais no eritema infeccioso 
No caso do eritema infeccioso, o hemograma pode evidenciar uma redução nos 
níveis de hemoglobina da ordem de 1 a 2 g/dl e uma leucopenia significativa. Caso 
seja realizada uma contagem de reticulócitos, os valores podem vir inalterados na 
maioria dos casos. Porém, uma reticulocitopenia pode ser detectada em situações de 
evolução para crise aplásica, o que requer a realização de um exame citológico da 
medula, a critério médico. 
 
3.3 Exames laboratoriais no exantema súbito 
Em se tratando do exantema súbito, o hemograma também tende a ser 
inespecífico, apresentando leucopenia ou leucócitos normais. Pode ser realizado 
sorologia para detecção de anticorpos contra o herpes vírus tipo HHV-6 (A e B) e HHV-
7, embora a doença seja autolimitada e exames laboratoriais não são solicitados com 
frequência. 
 
 
 
 
14 
 
3.4 Exames laboratoriais no dengue 
O hemograma pode apresentar importante fator preditivo e prognóstico. Visto 
que esta arbovirose pode cursar com trombocitopenia, a contagem de plaquetas é 
primordial para estadiamento do nível de gravidade e possibilidade de hemorragias. 
Outrossim diz respeito ao hematócrito, que em seu aumento prediz possibilidade de 
desidratação e perda de plasma para o terceiro espaço, indicando gravidade do 
quadro e necessidade de internamento para medidas terapêuticas mais agressivas. Os 
testes sorológicos com detecção de IgM e IgG podem ser realizados a partir do quinto 
dia de sintomas, o que não exclui ou confirma diagnóstico, visto que existem cinco 
sorotipos diferentes e estes podem contribuir para resultados em falsos positivo e 
negativo. 
 
3.5 Exames laboratoriais na varicela 
Testes sorológicos e hemograma podem ser solicitados mediante suspeita de 
varicela. Não obstante, o diagnóstico clínico tende a ser conclusivo, deixando os 
exames laboratoriais para segundo planto. De qualquer forma, a sorologia para o vírus 
Varicela zoster pode vir positivada em pacientes expostos por vacinação ou 
imunização ativa. Quanto ao hemograma, também pode apresentar resultados 
inespecíficos. 
 
3.6 Exames laboratoriais no sarampo 
Quando a suspeição é referente ao sarampo, o hemograma pode revelar 
leucopenia, linfocitose relativa, neutropenia absoluta e trombocitopenia. Visto que o 
paramixovirus pode causar quadros de hepatite, quando existir essa suspeita, é 
importante que seja realizados testes de função hepática, para verificação de aumento 
de transaminases. Na fase aguda, a realização de testes sorológicos como ELISA ou 
imunofluorescência direta e inibição da hemaglutinação para detectar a presença de 
IgM. Outro exame possível é por meio do isolamento viral ou transcrição reversa (RT)-
PCR, sendo, portanto, mais específico. 
 
3.7 Exames laboratoriais na mononucleose 
Um achado frequente no hemograma de pacientes acometidos por 
mononucleose é a atipia linfocitária. Além desta, pode estar presente também uma 
leucocitose, basofilia e trombocitopenia. Os testes sorológicos podem evidenciar a 
presença de anticorpos heterófilos ou anticorpos específicos. Ademais, a detecção 
viral pode se dar por meio de antígenos virais, DNA viralou PCR. 
15 
 
3.8 Exames laboratoriais na rubéola 
No que se refere a rubéola, a leucopenia é um achado frequente no 
hemograma, que também pode ter a presença de plasmócitos, que são células 
habitualmente teciduais e não aparecem no sangue periférico em circunstâncias 
normais. Quanto a sorologia, a detecção de anticorpos IgM específicos para rubéola, 
sugere infecção aguda ou recente, visto que a presença de IgG, prediz imunidade 
permanente oriunda de vacinação ou imunização por contato prévio. 
 
3.9 Exames laboratoriais na escarlatina 
O hemograma pode evidenciar leucocitose com neutrofilia e desvio à esquerda, 
além de eventual eosfinofilia. Além de testes sorológicos e pesquisa de anti-
streptolisina-A (ASLO), pode ser realizada a cultura de orofaringe para detecção do 
Streptococcus Beta hemolítico do grupo A de Lancefield. Exames de VHS, fator 
reumatoide, função renal e urina de 24h podem ser requisitados conforme dados 
clínicos evolutivos e a critério médico. 
 
3.10 Exames laboratoriais no impetigo 
No impetigo, o hemograma pode evidenciar leucocitose leve com desvio nuclear 
à esquerda. A velocidade de hemossedimentação (VHS) pode estar aumentada. Além 
desses exames, podem ser requisitados a cultura das secreções para detecção do 
patógeno específico. 
Veronesi R. Infecções estafilocóccicas e estreptococcias. In: Veronesi R, Focaccia R. 
Tratado de infectologia. 3 ed. São Paulo, SP: Atheneu; 2005. 
 
3.11 Exames laboratoriais na doença de Kawasaki 
Já no que diz tocante à doença de Kawasaki, é fulcral um acompanhamento 
médico associado a exames laboratoriais, de imagem e eletrocardiográficos. O 
hemograma evidencia leucocitose com acentuado desvio à esquerda, anemia 
normocítica leve e trombocitose (≥ 450.000/μL). Há também a elevação do VHS ou 
proteína C reativa (PCR). O ECG pode sugerir arritmias, hipertrofia ventricular 
esquerda, bem como diminuição de voltagem. Já ecocardiograma é importante para 
detecção de aneurisma coronariano, peri ou miocardite e regurgitação valvular, que a 
depender da dimensão, pode ser identificado na ausculta. Outro exame de imagem 
importante é a arteriografia coronariana, para que se possa dimensionar a extensão e 
magnitude dos aneurismas. 
 
16 
 
3.12 Exames laboratoriais nas reações alérgicas 
Já nos casos de farmacodermia e reações alérgicas que cursam com exantema, 
é comum a presença de eosinofilia no hemograma. A dosagem de IgE também pode 
ser útil na detecção de alergias. Existem exames específicos para identificação dos 
alérgenos. Porém, nem sempre os pacientes conseguem sugerir quais os fatores 
causais ou substâncias desencadeantes para que sejam agregadas aos testes 
cutâneos específicos. 
 
Como visto, existem vários métodos para diagnostico de doenças exantemáticas. 
Embora o diagnóstico seja primordialmente clínico, a vinculação com exames 
laboratoriais, exames de imagem e eletrográficos propiciam um direcionamento mais 
incisivo, além de possibilitar predições a respeito da gravidade e acompanhamento 
do quadro evolutivo, tornando possível a tomada de medidas interventivas precoces. 
 
 
4 CONCLUSÃO 
 
Mediante tamanhas semelhanças em congruência com dados clínicos, 
epidemiológicos e laboratoriais peculiares, as doenças exantemáticas perduram 
como importante fator de confundimento na área e visão biomédica. As lesões são 
costumeiramente precedidas de sinais constitucionais associados a apresentações 
idiossincráticas e evoluções clínicas ramificadas. Avaliando as variadas formas, 
dimensões e métodos expansivos dos exantemas, é possível atingir um diagnóstico 
sólido. Visto que acometem preferencialmente crianças, com exceção das 
farmacodermias e rash cutâneo do dengue, as síndromes exantemáticas causam 
desconforto, irritabilidade e estigmas em seus portadores. Ainda que autolimitadas, 
em sua maioria, cursam tangenciando complicações graves e potencialmente letais. 
Tais desfechos desfavoráveis comumente vêm vinculados a diagnóstico tardio ou 
tratamento relapso. As evidências de que as intervenções antecipadas são 
favoráveis se dão não só pelas possibilidades de estabelecimento de medidas 
terapêuticas eficazes como também pela sua aplicação precoce. É notório que o 
tratamento para essas afecções, quando iniciados de maneira tenra, na ausência de 
complicações em potencial ou já estabelecidas, resulta em um sucesso terapêutico 
mais promissor. Outrossim diz tocante as sequelas ocasionadas por um sinergismo 
entre acompanhamento obsoleto e uma diagnose tardia. Perante todas as 
peculiaridades inerentes a cada doença abordada, é imprescindível um 
direcionamento diagnóstico com associação laboratorial coerente, além do raciocínio 
prognóstico cauteloso e conduta intervencionista resolutiva. 
 
 
Declaro que não há conflitos de interesses. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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	SÍNDROMES EXANTEMÁTICAS
	RESUMO
	ABSTRACT
	2 DOENÇAS EXANTEMÁTICAS
	4 CONCLUSÃO
	REFERÊNCIAS

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