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13 2 - Pegas 2017 - cap 13

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PÊGAS, Paulo Henrique. Manual da Contabilidade Tributária. 9ª ed. São Paulo: Atlas, 2017. 
13 
O ICMS E O MODELO DE SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA 
OBJETIVO DO CAPÍTULO 
Trazer para o leitor a explicação sobre a substituição tributária, cada vez mais utilizada pelos estados para 
combater a sonegação e garantir maior arrecadação. Ao final do capítulo, será possível: 
a.Compreender o funcionamento do modelo de substituição tributária para o ICMS, inclusive desenvolvendo 
o raciocínio em relação aos registros contábeis. 
b.Identificar os contribuintes beneficiados e prejudicados com a adoção do modelo. 
c.Refletir sobre o tratamento contábil adequado para os contribuintes substituídos. 
13.1ASPECTOS INTRODUTÓRIOS 
Com o objetivo de tornar mais eficiente e eficaz a arrecadação do ICMS, a legislação instituiu a figura do 
substituto tributário, que é o contribuinte obrigado a calcular, cobrar e recolher o imposto que será devido nas 
operações posteriores. 
Em outras palavras, o que acontece é a antecipação do imposto, cobrado antes da existência do seu fato 
gerador que seria a venda ao consumidor final. Uma das justificativas para esta cobrança antecipada é a 
fiscalização, que seria prejudicada com o ICMS sendo devido em cada etapa da produção, como é o seu desenho 
original. 
Na ideia inicial da substituição tributária, seriam alcançadas apenas as mercadorias de pequeno valor e grande 
consumo, simplificando o processo de tributação e fiscalização. Por exemplo, nas vendas de cervejas e 
refrigerantes, o comerciante varejista não precisa calcular e recolher o ICMS, pois ele já foi recolhido pela 
indústria, que se encarrega de cobrar o imposto no momento da venda do produto ao estabelecimento comercial. 
Ocorre que o legislador ampliou excessivamente os produtos incluídos nesta sistemática, punindo alguns 
contribuintes, pois, vendendo mais caro ou mais barato o produto adquirido, o ICMS devido será sempre o mesmo. 
A substituição tributária foi regulamentada inicialmente pela Lei Complementar no 44/83, que atribuía ao 
produtor ou industrial, em relação ao imposto devido pelos comerciantes atacadistas e varejistas, a condição de 
contribuinte responsável pelo cálculo, cobrança e repasse do imposto ao estado. 
Posteriormente, o Convênio ICM/66, de 14/DEZ/88, regulamentou melhor a questão, citando textualmente 
(art. 25) que a lei poderia atribuir a condição de substituto tributário a: 
a.industrial, comerciante ou outra categoria de contribuinte, pelo pagamento do imposto devido na operação 
ou operações anteriores; 
b.produtor, extrator, gerador (inclusive de energia), industrial, distribuidor, comerciante ou transportador, 
pelo pagamento do imposto devido nas operações subsequentes. 
A substituição tributária foi definitivamente incorporada ao sistema tributário nacional pela Emenda 
Constitucional no 3/93, que acrescentou o § 7o ao art. 150 da Constituição de 1988: 
A lei poderá atribuir a sujeito passivo de obrigação tributária a condição de responsável pelo pagamento de 
imposto ou contribuição, cujo fato gerador deva ocorrer posteriormente, assegurada a imediata e preferencial 
restituição da quantia paga, caso não se realize o fato gerador presumido. 
Apesar de expressamente definido na Carta Magna, o modelo de substituição tributária ainda é objeto de 
debates e questionamentos judiciais. A maior parte dos contribuintes alega não existir ainda o fato gerador para 
pagamento do tributo referente ao contribuinte substituído. Serão apresentados e discutidos alguns aspectos 
relevantes sobre esse modelo e sua integração com a contabilidade tributária, não sendo objeto da obra a discussão 
jurídica. 
13.2CARACTERÍSTICA PRINCIPAL 
A principal característica da substituição tributária é a retenção (na maioria das vezes) do imposto pelo fabricante, 
no momento da venda para o atacadista, distribuidor ou comerciante varejista. A substituição tributária será 
utilizada somente para os produtos previstos na legislação aplicada a cada estado da Federação, sujeitos ao regime. 
Assim, cada estado define os produtos que serão cobrados de forma antecipada em seu território. 
No Rio de Janeiro, por exemplo, o refrigerante é um produto com substituição tributária, o que significa que 
as indústrias localizadas no estado devem recolher o ICMS próprio e também o ICMS (presumido) dos 
comerciantes varejistas localizados no Rio de Janeiro ou nos estados que façam parte do Protocolo para aplicação 
deste regime nas operações interestaduais. 
Assim, mesmo que o leitor beba um refrigerante em local escondido, adquirido em um pequeno bar, terá a 
convicção da tributação do ICMS sobre aquele produto, pois o recolhimento foi feito pela indústria, no momento 
da venda para o distribuidor, que se encarregou de revender o produto para o bar. 
Suponha que a Cia. Sol seja uma indústria de cervejas localizada no estado do Rio de Janeiro e venda seu 
produto para três contribuintes, sendo um localizado no próprio estado do Rio, outro no estado de São Paulo e um 
terceiro contribuinte localizado na Bahia. Caso o estado da Bahia não faça parte do protocolo para recolhimento 
do ICMS pelo regime de substituição tributária para esse produto, a Cia. Sol não deverá reter o ICMS na condição 
de substituto da empresa lá localizada. Contudo, deverá reter e recolher o imposto dos outros dois contribuintes, 
recolhendo ao estado de São Paulo a parte do contribuinte lá localizado. O recolhimento deve ser feito no agente 
arrecadador designado por aquele estado, pois este dinheiro para lá será destinado. 
13.3CONTRIBUINTES 
No sistema de substituição tributária existem o contribuinte substituto e o contribuinte substituído. Por exemplo, 
quando uma indústria de sorvete vende seus produtos para uma rede de supermercados, ela já cobra o ICMS que 
seria devido por ocasião da venda do sorvete para o consumidor final. Assim, a indústria é o contribuinte 
substituto. O supermercado, o substituído. O consumidor final não é nem substituto e nem substituído. Na prática, 
é ele quem assume o ônus do imposto. 
O contribuinte substituído não será responsável, caso o contribuinte substituto não recolha o imposto retido 
na operação de venda com este contribuinte. Ele somente será responsabilizado se o ICMS não for retido na 
operação, o que poderá ser facilmente identificado através da nota fiscal. 
13.4FATO GERADOR PRESUMIDO 
Nas vendas de produtos sujeitos a substituição tributária, verifica-se a existência de duas realidades distintas, 
sobretudo por este regime abranger duas operações, quais sejam: a operação própria, onde existe o fato gerador; 
e as operações posteriores, onde o fato gerador ainda irá acontecer. 
Sobre a operação própria do contribuinte substituto, não há questionamento, pois o fato gerador ocorreu de 
forma efetiva, fazendo nascer a obrigação tributária de pagar o imposto. 
Por outro lado, nas operações subsequentes, ainda não se verifica a ocorrência concreta da hipótese de 
incidência, abstratamente prevista na Lei. Neste caso, cobra-se o tributo de forma antecipada, sem, no entanto, 
observar o acontecimento do fato gerador efetivo da obrigação tributária. Na realidade, presume-se que essa 
hipótese de incidência (revenda) irá ocorrer no futuro. 
De forma mais didática, suponha a existência de duas empresas: a Cia. Balão, que é uma indústria, e a Cia. 
Bucha, que vem a ser um supermercado, sendo ambas localizadas no mesmo estado, com alíquota de 12% para 
um determinado produto. A margem de lucro definida em Lei para fins de substituição tributária será 20%. 
Caso a Cia. Balão venda mercadorias por R$ 2.000 para a Cia. Bucha, a primeira deverá recolher o ICMS 
próprio e o ICMS Substituição Tributária. 
O ICMS próprio será de R$ 240 (12% sobre R$ 2.000), admitindo que a empresa não possua crédito do 
imposto. Este valor é devido, não há dúvida, pois existiu o fato gerador que foi a venda do produto da indústria 
para o comércio. 
O ICMSSubstituição Tributária será recolhido também pela Cia. Balão, pelo valor de R$ 48. O cálculo foi 
feito da seguinte forma: 
 
BASE: R$ 2.000 × 1,20 = R$ 2.400 × 12% = R$ 288 
MENOS O ICMS (PRÓPRIO) PAGO PELA CIA. BALÃO = R$ 240 
ICMS DEVIDO COMO SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA = R$ 48 
Assim, a nota fiscal de venda da Cia. Balão para a Cia. Bucha será emitida pelo valor total de R$ 2.048, sendo 
feito o destaque na nota fiscal tanto do ICMS próprio (valor de R$ 240) como o da Cia. Bucha, no valor de R$ 
48, sendo retido e recolhido pela Cia. Balão. Os registros contábeis da venda nas duas empresas são os seguintes: 
CIA. BALÃO: 
DÉBITO: Caixa R$ 2.048 
CRÉDITO: Receita de Vendas R$ 2.000 
CRÉDITO: ICMS ST a Recolher R$ 48 
DÉBITO: ICMS s/ Vendas 
CRÉDITO: ICMS a Recolher R$ 240 
CIA. BUCHA: 
DÉBITO: Estoques R$ 2.048 
CRÉDITO: Caixa R$ 2.048 
A substituição tributária não alterou o resultado da operação de venda da Cia. Balão para a Cia. Bucha.A 
empresa substituta apenas assume a obrigação de ser a responsável pelo recolhimento do ICMS que seria devido 
pelo varejista. Este, por sua vez, não terá ICMS a Recuperar, já que o fato gerador foi presumido, ou seja, uma 
provável venda do produto adquirido pelo preço total estimado de R$ 2.400. 
O problema é que nem sempre a venda ocorre exatamente pelo valor presumido pelo legislador. Em alguns 
casos, a venda nem acontece. 
Se houver devolução de vendas, a Cia. Balão poderá registrar a parcela devolvida no ativo, como ICMS a 
recuperar. Caso a venda não seja realizada em virtude de perda, roubo, quebra ou extravio, a Cia. Bucha poderá 
pedir restituição ao estado, referente ao ICMS cobrado na aquisição da mercadoria. 
13.5IPI, FRETE, DESCONTO E O CÁLCULO DO ICMS ST 
A base de cálculo do ICMS contempla os gastos com frete e seguro, quando incluídos na nota fiscal, além de 
considerar os descontos incondicionais, aqueles descritos no documento fiscal. Já o IPI não faz parte da base do 
ICMS, pelo menos nas operações entre empresas contribuintes do imposto para comercialização ou 
industrialização. 
Então, admita uma venda de mercadoria da indústria X, localizada em São Paulo, para o comércio W, 
localizado no Rio de Janeiro, por R$ 17.000, cujo valor apresenta a seguinte composição: 
»(+) Preço de Venda R$ 15.000 
»(+) Frete e Seguro R$ 1.000 
»(–) Desconto Incondicional R$ (500) 
»(+) IPI R$ 1.500 
PREÇO FINAL R$ 17.000 
A base do ICMS, no caso, seria R$ 15.500, pois considera frete, seguro e o desconto. Apenas o IPI, dentre os 
itens descritos, fica de fora da base. O ICMS próprio, no caso, seria R$ 1.860 (12% de R$ 15.500). 
Já a base para aplicação da Margem de Valor Agregado (MVA) para fins de cálculo do ICMS ST contempla 
frete, seguro e o IPI, não deduzindo o desconto incondicional. Portanto, admitindo que o produto vendido pela 
indústria X seja objeto de substituição tributária e que a MVA seja 40%, o cálculo do ICMS ST seria a seguinte: 
BASE DA SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA 
(+) Preço de Venda R$ 15.000 
(+) Frete e Seguro R$ 1.000 
(+) IPI R$ 1.500 
BASE P/ APLICAÇÃO MVA R$ 17.500 
Margem de Valor Agregada 40% – R$ 7.000 
BASE DA SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA R$ 24.500 
Alíquota Interna do estado do RJ 18% 
ICMS TOTAL R$ 4.410 
ICMS ST (ICMS TOTAL menos ICMS PRÓPRIO) R$ 2.550 
(R$ 4.410 – R$ 1.860) 
13.6OS ESTADOS E OS PRODUTOS ESCOLHIDOS PARA FINS DE 
SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA 
Cada um dos 27 estados da Federação tem liberdade para definir as mercadorias que serão tributadas no modelo 
de substituição tributária. 
Se as operações mercantis fossem realizadas apenas dentro de cada estado, não haveria problema. Todavia, 
em função da extensão geográfica do Brasil, as operações interestaduais são comuns, trazendo para o ICMS um 
modelo complicado de controle e cálculo sobre as operações. 
Com a substituição tributária, a situação piora, pois um estado não é obrigado a considerar o mesmo produto 
tributado em outro estado por esta sistemática, sendo necessário celebrar acordos (convênios ou protocolos) para 
regulamentar a questão. Os protocolos são celebrados no CONFAZ. 
13.7CONFAZ 
O Conselho Nacional de Política Fazendária (CONFAZ) tem por finalidade principal promover ações necessárias 
à elaboração de políticas e harmonização de procedimentos e normas inerentes ao exercício da competência 
tributária dos estados e do Distrito Federal. 
O CONFAZ é composto por alguns representantes do Ministério da Fazenda e um representante de cada 
estado, que é o Secretário de Fazenda. O órgão é responsável pela celebração de convênios e protocolos entre os 
estados, inclusive em relação ao processo de substituição tributária. 
O Convênio é um acordo entre os estados-membros e se dá quando é homologado por todos e para todos ele 
tem a mesma validade. O Protocolo é quando o acordo é apenas entre alguns estados, desde que não interfiram 
em outros. No caso da ST, só há convênio se todas as 27 unidades federativas participarem. Senão, o documento 
será um protocolo. 
13.8EXEMPLO REAL DE PROTOCOLO 
O Protocolo ICMS no 20 (sorvetes), publicado no Diário Oficial da União em 11/JUL/05, pode ser utilizado como 
exemplo de como funciona esse processo no mundo real. 
O protocolo original, que entrou em vigor em SET/05, foi assinado apenas pelos representantes dos estados 
do PR, MG, RJ e SP. Posteriormente, foram incluídos no Protocolo no 31/05 os estados de AL, AP, ES, DF, PB, 
PE, PI, RN, RS, RO, SC, SE e TO. Depois, outros estados também entraram. 
Considerando apenas o protocolo, suponha uma grande indústria de sorvetes localizada no estado do Rio 
Grande do Norte e que venda seus produtos para todo o Nordeste do país. 
Nas vendas para o próprio estado e para os estados de Alagoas, Sergipe, Paraíba, Pernambuco e Piauí, que 
participam do convênio, a empresa deverá reter e recolher o ICMS do contribuinte seguinte, utilizando a alíquota 
vigente no estado do contribuinte substituído. 
Já nas vendas aos demais estados da região (BA, MA e CE) não caberia retenção de ICMS ST naquele ano 
(2005), pois os três estados não participavam do protocolo. 
Na última alteração disponível (protocolo no 100/13), 22 estados participavam do Protocolo no 20/05. 
São exemplos de protocolos referendados no CONFAZ: 
a.Protocolo no 18/85 – PILHAS E BATERIAS ELÉTRICAS. Inicialmente o Protocolo no 18/85 incluiu 
apenas os estados do RJ, AM e SP nessas operações. Atualmente, todos os estados participam deste 
protocolo. 
b.Protocolo no 44/02 – MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO. Inicialmente o Protocolo no 32/92 incluiu os 
estados do RJ, SP, MG, MS, SC, PR e RS. Posteriormente, muitos outros estados foram incluídos no acordo. 
13.9EXEMPLO DE SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA COM VENDA FINAL POR 
PREÇO MENOR QUE O DEFINIDO EM LEI 
Para o leitor compreender o tratamento tributário e contábil quando a venda final é realizada por um preço 
diferente daquele utilizado na base de cálculo do ICMS ST, será apresentado um exemplo numérico. 
A Cia. Barreto é uma indústria de bebidas. Efetuou uma venda para a Padaria Portugal Ltda. (que será 
chamada de Cia. Portugal) de 600 unidades de refrigerantes por R$ 600, com preço unitário de R$ 1. O ICMS 
(será utilizada alíquota de 20%) de R$ 120, devido pela Cia. Barreto, está incluído no preço. 
A contabilização natural na Cia. Portugal seria o registro da mercadoria por R$ 480 e o ICMS a recuperar por 
R$ 120, pois no momento da venda haveria incidência de ICMS e poderia ser compensado o valor pago na compra. 
Ocorre que o refrigerante é um produto com ICMS, devendo este ser recolhido pelo vendedor, que assume a 
figura do SUBSTITUTO TRIBUTÁRIO. 
A Cia. Barreto irá acrescentar no preço dos refrigerantes o ICMS da Cia. Portugal, que estará isenta do 
recolhimento do imposto quando revender a mercadoria. A margem de lucro aplicada será de 25% (o preço de 
venda sugerido ou a margem de lucro, que pode ser prevista em lei). O ICMS devido como substitutoserá 
calculado da seguinte forma: 
Valor da Venda R$ 600 (R$ 1,00 cada) 
Margem de Lucro – 25% R$ 150 (R$ 0,25 cada) 
Preço de Venda R$ 750 (R$ 1,25 cada) 
Alíquota de ICMS – 20% R$ 150 
(–) ICMS já pago na compra R$ 120 
ICMS substituto cobrado do comprador (Cia. Portugal) R$ 30 
A contabilização para as duas empresas seria feita da seguinte forma: 
CIA. BARRETO 
VENDA DOS REFRIGERANTES 
DÉBITO: Bancos 630 
CRÉDITO: Receita de Vendas 600 
CRÉDITO: ICMS SUBSTITUTO a Recolher 30 
 
REGISTRO DA DESPESA COM ICMS 
DÉBITO: Despesa de ICMS 
CRÉDITO: ICMS a Pagar 120 
CIA. PORTUGAL (Desconsiderando a necessidade do registro de ICMS ST) 
COMPRA DOS REFRIGERANTES 
DÉBITO: Estoques 
CRÉDITO: Bancos 630 
A Cia. Barreto registrou o ICMS da mesma forma que as indústrias registram o IPI, sendo apenas o 
contribuinte responsável. A despesa pertence à empresa que está adquirindo o refrigerante, no caso, a Cia. 
Portugal. Esta, por sua vez, registra a mercadoria pelo preço pago, pois não possui imposto que será objeto de 
recuperação no momento da venda da mercadoria. 
Apenas para concluir o raciocínio, suponha que a Cia. Portugal tenha vendido todas as unidades adquiridas 
da Cia. Barreto pelo preço promocional de R$ 1,20. Sua receita de vendas seria R$ 720 (600 unidades × R$ 1,20), 
enquanto o custo das vendas, R$ 630. No caso, a empresa teria obtido um lucro de R$ 90, que não representa 
exatamente o ganho obtido com a mercadoria menos o ICMS. Veja a explicação: 
Lucro da Cia. Portugal com os Refrigerantes, SEM Substituição Tributária 
Compra R$ 1,00 × 600 unidades = R$ 600 
Venda R$ 1,20 × 600 unidades = R$ 720 
Lucro R$ 0,20 × 600 unidades = R$ 120 
Imposto sobre Circulação de Mercadorias – 20% = (R$ 24) 
LUCRO BRUTO = R$ 96 
Acontece que o lucro da empresa foi R$ 90 e não R$ 96, como seria caso tivesse realizado o processo normal 
do ICMS. A despesa com o imposto seria registrada por R$ 144 (20% da venda de R$ 720), sendo deduzido o 
ICMS pago na aquisição de R$ 120 (R$ 20% sobre R$ 600), restando um recolhimento de R$ 24, em vez dos R$ 
30 que foram recolhidos pela Cia. Barreto e acrescidos no preço da mercadoria. 
Caso a venda fosse efetuada por um valor maior que R$ 1,25, a Cia. Portugal estaria pagando alíquota efetiva 
menor de ICMS, por ter vendido os refrigerantes por preço maior que o preço presumido em lei. 
Não há previsão legal para a recuperação do valor pago a maior de ICMS, em virtude de venda por valor 
menor que a base de cálculo do ICMS Substituição Tributária. Também não faz sentido a exigência de 
recolhimento complementar, no caso de a venda ser realizada por um valor maior que o utilizado como base de 
cálculo. 
Todavia, no final de OUT/16, o STF (RE 593.849/MG) entendeu que os contribuintes têm o direito de restituir 
os valores de ICMS pago a maior na sistemática da substituição tributária “para frente”. 
13.10INDUSTRIAL, ATACADISTA OU DISTRIBUIDOR E VAREJISTA 
Nas operações envolvendo contribuintes distribuidores ou atacadistas, a recomendação é que o ICMS seja cobrado 
integralmente pela indústria, sendo o distribuidor ou atacadista também considerado contribuinte substituído, 
apenas intermediário e não final. O atacadista ou distribuidor, no caso, deverá adquirir a mercadoria por um preço 
mais elevado, pagando todo o ICMS ST cobrado pela indústria e repassar (diretamente) parte do ICMS ST ao 
varejista. 
Será apresentado a seguir um exemplo, aproveitando as sugestões do Manual de Substituição Tributária da 
Secretaria de Receita do Estado do Rio de Janeiro. 
Suponha três empresas no mercado de tintas, sendo a Cia. Rosa (indústria), Cia. Lilás (distribuidor) e Cia. 
Cinza (varejista), todas localizadas no estado do Rio de Janeiro, cuja alíquota de ICMS (para fins didáticos) será 
de 18%. A margem de valor agregado para tinta será definida em 30%. 
A Cia. Rosa vende tinta para a Cia. Lilás por R$ 1.000, concedendo-lhe um desconto comercial 
(incondicional) de R$ 100. Em seguida, a Cia. Lilás, que adquiriu a tinta por R$ 900, a revende para a Cia. Cinza 
por R$ 1.000. Por sua vez, a Cia Cinza irá revender a tinta aos consumidores finais pelo preço sugerido, ou seja, 
R$ 1.300. 
Se fosse adotado o processo normal do ICMS conforme estudado no Capítulo 12, o recolhimento de ICMS 
seria realizado da seguinte forma: 
Cia. Rosa (Indústria) – R$ 162 (18% sobre R$ 900) 
Cia. Lilás (Distribuidor) – R$ 18 (18% sobre R$ 1.000 menos R$ 162) 
Cia. Cinza (Varejista) – R$ 54 (18% sobre R$ 1.300 menos R$ 180) 
 
TOTAL RECOLHIDO: R$ 234, representando 18% sobre R$ 1.300 
Mas a tinta é objeto de substituição tributária. Logo, a indústria deverá cobrar o ICMS que seria devido nas 
etapas posteriores e repassar este valor ao fisco estadual. Vamos ver como seria este procedimento na Cia. Rosa: 
PREÇO DE VENDA (SEM DESCONTO) R$ 1.000 
(+) MARGEM DE VALOR AGREGADA (30%) R$ 300 
BASE DE CÁLCULO DO ICMS ST R$ 1.300 
ALÍQUOTA – 18% R$ 234 
(–) ICMS (PRÓPRIO) DEVIDO PELA CIA. ROSA R$ 162 
ICMS SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA R$ 72 
 
VALOR DA VENDA DA TINTA PARA A CIA. LILÁS: 
R$ 1.000 (preço normal) – R$ 100 (desconto) + R$ 72 (ICMS ST) = R$ 972 
Portanto, a Cia. Rosa vende a tinta com o ICMS calculado, presumindo o fato gerador nas etapas posteriores, 
utilizando a margem de lucro definida em lei. Importante destacar que a empresa deverá recolher dois documentos 
distintos: um com seu ICMS próprio, que seria R$ 162, admitindo não haver créditos para deduzir; e outro, no 
valor de R$ 72, na condição de substituto tributário em relação às etapas seguintes de comercialização do produto. 
O distribuidor, por outro lado, não pode comprar a tinta por R$ 972 e revender por R$ 1.000, pois, se assim o 
fizer, estará ele, distribuidor, assumindo todo o ICMS ST recolhido antecipadamente pela Cia. Rosa. No caso, a 
Cia. Lilás deverá cobrar da Cia. Cinza a diferença entre o valor pago a mais por causa do ICMS ST e o valor do 
ICMS que seria devido por sua operação mercantil normal. Veja o cálculo: 
(+) ICMS ST PAGO NA COMPRA DA CIA. ROSA R$ 72 
(–) ICMS QUE SERIA DEVIDO PELA CIA. LILÁS R$ 18 
ICMS A SER COBRADO DA CIA. CINZA (VAREJISTA) R$ 54 
VALOR DA VENDA DA TINTA PARA A CIA. CINZA: 
R$ 1.000 (preço normal) + R$ 54 (ICMS ST) = R$ 1.054 
Observe que a Cia. Lilás comprou efetivamente a mercadoria por R$ 972 e revendeu por R$ 1.054, não tendo 
que efetuar qualquer recolhimento de ICMS, além de não ter direito a utilizar crédito do imposto. O lucro na 
operação, portanto, foi R$ 82. Se o processo fosse normal, o resultado seria composto pelo lucro na operação de 
R$ 100 (R$ 1.000 de venda menos R$ 900 de compra) menos o imposto de R$ 18 (18%), dando o mesmo valor 
de R$ 82. 
Por fim, a Cia. Cinza (varejista) adquire a tinta por R$ 1.054 e revende por R$ 1.300, obtendo um lucro de 
R$ 246. Também esta empresa não precisa efetuar qualquer registro do ICMS pelo fato de adquirir o produto já 
com o ICMS retido (e recolhido) pelo contribuinte substituto principal (Cia. Rosa), com um pedaço transferido 
pelo substituto intermediário (Cia. Lilás). 
13.11A CONTABILIDADE NA EMPRESA SUBSTITUÍDA 
Nas empresas substituídas, a proposta de ignorar o ICMS no registro contábil nos casos de substituição tributária 
não é totalmente pacífica, embora seja defendida por alguns estudiosos da ciência contábil. Existe outra corrente 
que entende, com bons argumentos, que o não registro do ICMS a Recuperar, do ICMS a Pagar e, principalmente, 
do ICMS sobre vendas no resultado poderia causar perda de qualidade na informação na empresa substituída. Isso 
pode ocorrer (principalmente) nos grandes estabelecimentos comerciais que adquirem elevadas quantidades de 
produtos com substituição tributária. 
A reclamação inicial é que a omissão da parcela do ICMS pago na aquisição da mercadoria (que aqui se refere 
ao ICMS ST e não àquele ICMS normal incluído na nota fiscal, que é repassado indiretamente à etapa seguinte) 
pode distorcer a informaçãotransmitida pela demonstração do resultado do exercício. 
Suponha que a Cia. Campos seja uma grande rede de supermercados e apresente receita de vendas de R$ 
1.000, sendo metade de vendas de produtos com tributação normal do ICMS e o restante de produtos oriundos de 
substituição tributária. Se o valor informado de ICMS sobre vendas fosse R$ 60, o leitor poderia ser induzido a 
uma informação equivocada e precipitada de que a tributação média sobre o consumo da empresa em análise 
estaria em 6%. Seria um sonho um percentual médio tão baixo. Mas, se o ICMS ST fosse reconhecido, a alíquota 
apresentada estaria mais próxima da realidade. 
Observe nas tabelas seguintes como seria a apresentação do resultado considerando o ICMS ST dentro do 
resultado da empresa substituída (no caso, a Cia. Campos) e como funciona sem a apresentação desta informação. 
Para fins de simplificação, utilizaremos alíquota constante de ICMS de 12% e custo das mercadorias vendidas 
exatamente pela metade da venda do supermercado. 
DRE da Cia. CAMPOS SEM CONSIDERAR O REGISTRO DO ICMS ST 
DRE X1 Cia. 
CAMPOS 
PRODUTOS COM PROCESSO 
NORMAL 
PRODUTOS COM SUBSTIT. 
TRIBUTÁRIA 
TOTAL 
RECEITA BRUTA 500 500 1.000 
(–) ICMS S/ 
VENDAS 
(60) 0 (60) 
RECEITA LÍQUIDA 440 500 940 
(–) CMV (250) (310) (560) 
LUCRO BRUTO 190 190 380 
DRE da Cia. CAMPOS CONSIDERANDO O REGISTRO DO ICMS ST 
DRE X1 Cia. 
CAMPOS 
PRODUTOS COM PROCESSO 
NORMAL 
PRODUTOS COM SUBSTIT. 
TRIBUTÁRIA 
TOTAL 
RECEITA BRUTA 500 500 1.000 
(–) ICMS S/ 
VENDAS 
(60) (60) (120) 
RECEITA LÍQUIDA 440 440 880 
(–) CMV (250) (250) (500) 
LUCRO BRUTO 190 190 380 
 
Analise as duas situações e verifique se há coerência em modificar o procedimento adotado em caso de 
tributação normal. Entendo que não. Prefiro a 2a opção, mas para isso a recomendação seria reconhecer o ICMS 
a Recuperar e a Pagar em uma conta denominada ICMS a Apropriar. Vamos desenvolver outro exemplo na 
sequência para completar o raciocínio. 
A Cia. Barra é uma empresa distribuidora, que adquire suas mercadorias por R$ 100 e revende por R$ 150, 
com ICMS de 12% tanto na compra como na venda. Apesar da simplicidade do processo contábil e embora ele já 
tenha sido apresentado em outros lugares aqui no livro, faço questão de repetir, pela relevância do tema. Alegria! 
PELA AQUISIÇÃO DAS MERCADORIAS 
DÉBITO: Estoques 88,00 
DÉBITO: ICMS a Recuperar 12,00 
CRÉDITO: Disponibilidades 100,00 
PELA REVENDA DAS MERCADORIAS 
DÉBITO: Disponibilidades 
CRÉDITO: Receita Bruta 150,00 
 
DÉBITO: Custo das Vendas 
CRÉDITO: Estoques 88,00 
 
DÉBITO: Despesa de ICMS 18,00 
CRÉDITO: ICMS a Recuperar 12,00 
CRÉDITO: ICMS a Pagar 6,00 
Agora, admita que o produto revendido pela Cia. Barra passe a ser objeto de substituição tributária e que a 
margem de valor agregada seja exatamente de 50%, trazendo um recolhimento de ICMS ST no valor de R$ 6 a 
ser feito pela indústria na venda para a Cia. Barra. Assim, a empresa distribuidora compraria a mercadoria por R$ 
106 e revenderia por R$ 150, sem precisar pagar mais nada de ICMS. Veja o registro contábil sugerido: 
PELA AQUISIÇÃO DAS MERCADORIAS 
DÉBITO: Estoques 88,00 
DÉBITO: ICMS a Apropriar 18,00 
CRÉDITOS: Disponibilidades 106,00 
PELA REVENDA DAS MERCADORIAS 
DÉBITO: Disponibilidades 
CRÉDITO: Receita Bruta 150,00 
 
DÉBITO: Custo das Vendas 
CRÉDITO: Estoques 88,00 
 
DÉBITO: Despesa de ICMS 
CRÉDITO: ICMS a Apropriar 18,00 
Observe que o registro segue o mesmo modelo anterior, com a única diferença de que desaparecem as contas 
ICMS a Recuperar e ICMS a Pagar, substituídas aqui pela conta ICMS a Apropriar. Mesmo que a empresa 
revendesse a mercadoria por um preço maior ou menor, não haveria alteração na despesa de ICMS, que 
permaneceria em R$ 18. 
13.12A DISTRIBUIDORA, A CONTABILIDADE E O ICMS ST 
O caso da Cia. Barra, com a forma alternativa de contabilizar a operação explicada no tópico anterior, é 
fundamental para não aumentar, de forma equivocada, as bases de PIS e COFINS nas empresas distribuidoras e 
atacadistas. 
Pelos números trabalhados no exemplo, dificilmente o ICMS ST seria R$ 6, pois a indústria teria que 
substituir, no caso, o distribuidor e o varejista, aplicando provavelmente uma margem de valor agregado maior. 
Admita, para fins de simplificação, que a margem de valor agregado do exemplo anterior fosse 100%, 
elevando o valor do ICMS ST para R$ 12. O industrial substitui as empresas comerciais, mas cobra todo o valor 
do distribuidor, que é a empresa com que tem contato. Neste caso, a distribuidora repassaria ao varejista o ICMS 
que a ele pertence, R$ 6. 
Se a revenda da Cia. Barra para o varejista passar a R$ 156, por conta do ICMS ST, aumentam as bases de 
PIS e COFINS, em relação à posição anterior. Contudo, a forma de registro contábil pode ser decisiva para não 
aumentar as bases das contribuições. 
Veja a seguir a contabilização sugerida para o mesmo exemplo da Cia. Barra, mas considerando que a 
aquisição foi por R$ 112, incluindo R$ 12 de ICMS ST, sendo R$ 6 da empresa e R$ 6 que pertencem ao varejista 
e foram cobrados pela indústria ao distribuidor. 
PELA AQUISIÇÃO DAS MERCADORIAS 
DÉBITO: Estoques 88,00 
DÉBITO: ICMS a Apropriar 18,00 
DÉBITO: ICMS ST a Repassar 6,00 
CRÉDITO: Disponibilidades 112,00 
PELA REVENDA DAS MERCADORIAS 
DÉBITO: Disponibilidades 156,00 
CRÉDITO: ICMS ST a Repassar 6,00 
CRÉDITO: Receita Bruta 150,00 
 
DÉBITO: Custo das Vendas 
CRÉDITO: Estoques 88,00 
 
DÉBITO: Despesa de ICMS 
CRÉDITO: ICMS a Apropriar 18,00 
O ideal seria fazer o destaque na nota fiscal referente ao ICMS ST repassado ao varejista, demonstrando 
claramente que o valor de R$ 6 não pertence ao distribuidor e está sendo transferido ao varejista, mas não sob o 
fenômeno jurídico da repercussão e sim como o ICMS que seria devido por ele, varejista. 
Admitindo, para fins didáticos, que o varejista fosse tributado pelo lucro real e revendesse a mercadoria 
exatamente por R$ 200 (preço sugerido na MVA), a base de PIS e COFINS seria R$ 50, sendo R$ 200 da venda 
menos R$ 150 da compra e não R$ 156, que teria sido o valor pago. 
Relembrando o exemplo numérico das Cias. Rosa, Lilás e Cinza, os registros contábeis na Cia. Lilás seriam 
os seguintes: 
PELA AQUISIÇÃO DAS MERCADORIAS 
DÉBITO: Estoques 738,00 
DÉBITO: ICMS a Apropriar (162,00 + 18,00) 180,00 
DÉBITO: ICMS ST a Repassar 54,00 
CRÉDITO: Disponibilidades 972,00 
PELA REVENDA DAS MERCADORIAS 
DÉBITO: Disponibilidades 1.054,00 
CRÉDITO: ICMS ST a Repassar 54,00 
CRÉDITO: Receita Bruta 1.000,00 
 
DÉBITO: Custo das Vendas 
CRÉDITO: Estoques 738,00 
 
DÉBITO: Despesa de ICMS 
CRÉDITO: ICMS a Apropriar 180,00 
Entendo que essa é a forma de registro adequada, pois a receita da Cia. Lilás não foi R$ 1.054 e sim R$ 1.000. 
E, com isso, as bases de PIS e COFINS seriam menores, no caso R$ 1.000, que foi a receita efetivamente auferida. 
Deixo o tema para reflexão, apenas ilustrando como a nossa contabilidade tributária é rica em detalhes e como 
uma boa gestão tributária pode ser fundamental para o bom desempenho de uma entidade empresarial. 
13.13DECISÃO POLÊMICA DO STF PODE REVOLUCIONAR O MODELO 
DE ST 
Foi concluído no final de OUT/16 o julgamento pelo Supremo Tribunal Federal (STF) do Recurso Extraordinário 
no 593.849 (Repercussão Geral), que discute o direito à restituição do ICMS pago no sistema de substituição 
tributária. 
Finalizado o julgamento, por maioria de votos, o plenário do STF definiu que os estados devem restituir o 
ICMS ST pago a maior, quando comprovado que o preço final de venda da mercadoria foi inferior à base de 
cálculo presumida pelo regime da substituição tributária. 
Quanto aos efeitos da decisão, o plenário decidiu que o direito de restituição só se aplica aos fatos geradores 
posteriores à data do julgamento (19/OUT/16). Em relação aos fatos geradores passados, só terão direito à 
restituição os contribuintes que já possuem ações em curso discutindo o tema,que não tenham transitado em 
julgado. 
Teremos que aguardar o efeito prático de tal decisão. Contudo, espera-se mais um processo complicado no 
arcaico e mal estruturado sistema tributário nacional. Há muitos casos, hoje, de vendas de mercadorias por valor 
inferior ao que foi projetado nas margens agregadas definidas em lei para o processo de substituição tributária. 
Por outro lado, existem muitos casos em que as vendas acontecem por valor maior que o que foi cobrado na ST. 
Nestas situações, o Estado poderia fazer, teoricamente, a cobrança do imposto complementar. E fica a pergunta: 
como ficam as empresas tributadas pelo SIMPLES NACIONAL? 
Na prática, a decisão do STF praticamente põe fim ao modelo atual de substituição tributária do ICMS.

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