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INFLUÊNCIA DA FAMÍLIA NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM ESCOLAR INFANTIL

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1 
 
INFLUÊNCIA DA FAMÍLIA NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM ESCOLAR 
INFANTIL 
INFLUENCE OF FAMILY IN SCHOOL CHILDREN LEARNING PROCESS 
Aldira Aparecida Pires de Melo 
Orientadoras: 
Lilian Sipoli Carneiro Cañete 
 Wany Sousa e Silva e Campos 
Curso: Sociedade Universitária Redentor – Faculdade Redentor 
Rua João Vicente Locha, 83 Telefone: (32) 3441-8054 
E-mail: aldirapmelo@hotmail.com 
RESUMO 
 
O presente estudo bibliográfico tem como tema “A influência da família no processo 
de aprendizagem infantil”. Considerando que a criança quando vai para a escola leva consigo 
todo um aprendizado cotidiano estimulado pela família e que, já na escola, a criança continua 
a ser influenciada pela família e pelos estímulos que lhe são ou não oferecidos no ambiente 
familiar, pretende servir de apoio aos profissionais que atendem à Educação Infantil, 
orientando-lhes sobre as interferências familiares e ajudando-lhes a identificar os reflexos 
desta na aprendizagem de seu aluno, pois o mesmo deve estar sempre preparado para 
identificar as necessidades do aluno e lidar diretamente com a família quando o 
relacionamento familiar estiver influenciando as atitudes, o comportamento e o aprendizado 
infantil. 
Palavras-chave: participação - família – educação infantil 
 
ABSTRACT 
 
This bibliographical study has as its theme "The influence of the family in children's 
learning process." Whereas when the child goes to school brings with it a whole learning 
everyday stimulated by the family and that already in school, the child continues to be 
influenced by family and stimuli which are not offered in the family, this is intended to serve 
support professionals who attend kindergarten, guiding him on interference and family 
helping you identify the reflections of the learning of their students, because it must always be 
prepared to identify student needs and deal directly with the family when family relationships 
are influencing the attitudes, behavior and learning in children. 
Keywords: participation - family – Upbringing 
2 
 
INTRODUÇÃO 
 
 
Considerando que o desenvolvimento físico, psíquico e social da criança depende em 
grande parte do seu relacionamento com os adultos e estes, não são só os da família, mas 
especialmente os da família, pois é a presença mais constante em sua vida, a análise das 
interações no seio do grupo familiar é fundamental, pois todo o crescimento e 
desenvolvimento é influenciado pela vivência dos pais. A função dos pais é dinâmica (êxitos e 
fracassos), as práticas educativas vão-se transformando ao longo das interações da família 
com a criança. Assim, as relações familiares, os mundos conhecidos da rotina da casa se 
tornam as primeiras referências da criança. “A criança é um agente ativo nessa interação, 
capaz de modificar o seu ambiente, como ser modificado por ele” (Marques. 1993). 
Ao entrar na escola, a criança deixa de participar apenas do mundo de seu lar e passa a 
conviver com outro mundo que lhe apresenta hábitos diferentes e que, ao mesmo tempo, lhe 
exige posturas diferentes. Por isso, a ida para a escola pode trazer problemas tanto para a 
criança quanto para os seus pais, que precisam identificar as mudanças ocorridas no 
comportamento de seu filho e incentivá-lo, pois é normal que a criança demonstre 
desinteresse em alterar sua rotina. Na escola, a criança enfrenta situações conflituosas que em 
família não lhes são comuns. Ela tem que dividir e compartilhar com outras crianças os 
brinquedos e objetos que antes utilizava sozinha; deve esperar sua vez e aprender a conviver 
com pessoas diferentes. Levando em conta que as outras crianças também estarão passando 
por essa ruptura com seu mundo, é natural que a criança apresente dificuldade de adaptação. 
 
2. CONCEITO E EVOLUÇÃO SOCIAL DA FAMÍLIA 
 
A família tem sofrido profundas transformações em sua estrutura, diversificando seu 
papel diante da evolução social. Durante muito tempo, nem foi objeto de estudos, no entanto é 
na instituição familiar que vivenciamos a primeira forma de amor com que se tem contato na 
vida. No antigo modelo tradicional, a família era extensa e patriarcal; os casamentos 
baseavam-se em interesses econômicos, e a mulher, era destinada a castidade, a fidelidade e a 
subserviência. Tratava-se de uma estrutura patriarcal e patrimonialista onde tudo, ou quase 
tudo, era permitido aos pais na criação de seus filhos e todas as relações tinham como 
principal objetivo a manutenção do patrimônio. Por isso, de acordo com Pereira (1995), era 
comum aos pais escolherem os maridos ou esposas para seus filhos e filhas e, as crianças 
3 
 
somente podiam fazer o que lhes fosse permitido. A educação era baseada, na maioria das 
vezes, no autoritarismo, na violência e na opressão. Os filhos não tinham vontade própria e 
deviam obedecer aos pais e aos mais velhos. 
No modelo tradicional de família cabia ao homem o sustento da mulher e dos filhos; 
além da manutenção e ampliação do patrimônio. Davies (1994), explicita que, nesse modelo 
tradicional a escola tinha o papel de ensinar e a família o papel de criar e educar sem 
interferência de outros entes. De acordo com o mesmo autor: 
 
“a escola também era opressora e para repassar os conhecimentos dos quais 
somente os professores, denominados mestres, eram detentores era permitido 
e recomendado „abusar‟ do autoritarismo e do uso de castigos físicos e 
psicológicos.” 
 
 Gokhale (1980), ao fazer uma breve retrospectiva histórica demonstrou que “a política 
autoritária predominante até os anos 60, não apenas do Brasil, mas em muitas partes do 
mundo, fez com que os jovens e, principalmente, as mulheres, se revoltassem contra todo 
poder instituído, inclusive o patriarcal.” 
 A partir disso, as mulheres começaram a assumir um papel de maior destaque tanto na 
família quanto na sociedade, seja trabalhando em empregos formais ou ajudando nas despesas 
domésticas. Com isso, aos poucos, esse modelo tradicional se rompeu e foram surgindo 
novos modelos de família, como bem ressalta Kaloustian (1988). 
 Segundo Almeida (1987): 
 
“com a revolução feminina a mulher passando a trabalhar fora, contribuindo 
para o sustento do lar e assumindo posições de maior relevância no mercado 
de trabalho, o homem passou a dividir a responsabilidade pela criação dos 
filhos e, isso, fez também com que o número de filhos de uma família se 
tornasse menor, devido, inclusive, às dificuldades advindas pela ausência da 
mãe, antes presença constante no lar.” 
 
 Gokhale (1980), relembra que a adoção de métodos contraceptivos também teve papel 
de destaque na diminuição do número de filhos de um casal, pois, trabalhando, colaborando 
com o sustento da família, podendo satisfazer suas necessidades e desejos de consumo, 
podendo evitar ou adiar a maternidade, a mulher passou a pensar em seu crescimento 
profissional dedicando muitas horas de seu dia à sua carreira. Assim, as famílias tornaram-se 
menores e a atenção dispensada pela mãe aos filhos também. A escola passou a desenvolver 
um papel de cooperação na educação dessas crianças, uma vez que os pais estavam cada vez 
mais ocupados no trabalho e na divisão de tarefas. 
4 
 
 Considerando que a família vem-se transformando através dos tempos, acompanhando 
as mudanças religiosas, econômicas e socioculturais do contexto em que se encontram 
inseridas, reconhece-se que os papéis dos entes familiares também sofreram alterações. Para 
Minuchin (1990), essa mudança atinge primeiramente os adultos da família, cujos papéis 
variam muito. O autor cita alguns desses papéis, caracterizando-os: 
 
 “socialização da criança – relacionado com as atividades contribuintes para o 
desenvolvimento das capacidades mentais e sociais da criança; 
 cuidados às crianças, tanto físicos como emocionais – perspectivando o seu 
desenvolvimento saudável; 
 papel de suporte familiar – inclui a produçãoe/ ou obtenção de bens e serviços 
necessários à família; 
 papel de encarregados dos assuntos domésticos – onde estão incluídos os serviços 
domésticos, que visam o prazer e o conforto dos membros da família; 
 papel de manutenção das relações familiares – relacionado com a manutenção do 
contato com parentes e implicando a ajuda em situações de crise; 
 papéis sexuais – relacionados com as relações sexuais entre ambos os parceiros; 
 papel terapêutico – implica a ajuda e apoio emocional aquando dos problemas 
familiares; 
 papel recreativo – relacionado com o proporcionar divertimentos à família, visando o 
relaxamento e desenvolvimento pessoal.” 
 De todas essas inovações no modelo de família aumentaram os filhos de casais não 
casados e o divórcio ampliou a possibilidade dos filhos serem criados por apenas um dos pais, 
fazendo surgir um novo modelo de família: a família monoparental, consagrada 
posteriormente pela Constituição Federal de 1988. Em se tratando de Constituição Federal 
(2004), esta aborda a questão da família nos artigos 5º, 7º, 201, 208 e 226 a 230. Legitimando 
as inovações sociais, Por exemplo, no artigo 226 inaugura a união estável como um novo 
conceito de família (§ 3º) e privilegia a comunidade formada por qualquer dos pais e seus 
descendentes (§ 4º), a já tratada família monoparental. E ainda reconhece que: os direitos e 
deveres referentes à sociedade conjugal são exercidos igualmente pelo homem e pela mulher 
(§ 5º). 
Para Milano (1996): 
 
5 
 
“A Constituição Federal, além de reconhecer as mudanças estruturais no 
modelo de família, considerou a criança e o adolescente como sujeitos de 
direitos, o que nenhuma legislação anterior havia feito. Anteriormente ambos 
eram tratados como propriedade familiar, podendo a família utilizar 
quaisquer meios para a promoção de sua educação, não podendo a sociedade 
e o Estado intervirem nas questões familiares. Isso fez com que a família e a 
escola repensassem seus papéis, pois se antes podiam usar da plena 
autoridade e autoritarismo que possuíam para „criar‟ e „educar‟ seus filhos e 
alunos, o que envolvia violência e repressão”. 
 
Como sujeitos de direitos, crianças e adolescentes, podem manifestar vontades e ter 
garantias quanto à sua integridade física, moral e psíquica, o que faz com que algumas formas 
de educar sejam contrárias à lei. 
Para consagrar definitivamente as crianças e adolescentes como sujeitos de direitos, a 
Constituição Federal determinou a criação de uma legislação específica de proteção desses 
direitos. Assim, em 1990, surgiu em nosso ordenamento jurídico o Estatuto da Criança e do 
Adolescente, conhecido como ECA (Brasil. 1990), a lhes garantir direitos específicos e 
políticas públicas de tratamento. 
Segundo Milano (1996), esse estatuto contemplou amplamente a família, destinando-
lhe obrigações quanto à criação de seus filhos e pondo fim, ao menos legalmente, à educação 
pelo uso de castigos físicos. 
Para o mesmo autor, quanto à educação, o ECA (Brasil. 1990), inovou ao determinar 
que a família tem obrigação legal de matricular seus filhos na escola e cuidar de sua 
frequência às aulas, acompanhando a evolução de sua aprendizagem. 
O ECA (Brasil. 1990) dividiu a responsabilidade pelas crianças e adolescentes 
brasileiros entre a família, o Estado e a sociedade. Assim, de acordo com seu art. 4º: 
 
“É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do Poder 
Público assegurar, com prioridade absoluta, a efetivação dos direitos 
referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à 
profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à 
convivência familiar e comunitária.” (Brasil. 1990) 
 
A reestruturação inaugurada por essa nova legislação, na certa, trouxe benefícios à 
criança, pois garantiu-lhe direitos e fez com que Estado e comunidade assumissem 
responsabilidades na sua criação. Com isso, a família que não tem condições plenas de 
fornecer o necessário à manutenção do sustento e da saúde de seus filhos, pode exigir posturas 
sociais e políticas públicas que lhes garantam uma sobrevivência digna. 
6 
 
Por outro lado, essa legislação, se não for bem interpretada, retira dos pais a obrigação 
de primar pela boa formação de seus filhos sob a alegação da responsabilidade de outros 
entes. Esse problema é atualmente enfrentado pelas escolas, pois, muitos pais alegam que 
perderam o controle sobre a criação de seus filhos com o excesso de proteção legislativa e 
delegam, cada vez mais, a função educadora à escola. 
É importante, no entanto, ressaltar que a família é a entidade responsável pela criação 
e educação de seus filhos, sendo os outros entes (sociedade e Estado) apenas colaboradores. 
Segundo Marques (1993): 
 
“à escola cabe complementar a educação dada pela família – seja ela 
tradicional, monoparental ou mista – ensinando a criança conceitos básicos 
de ética e cidadania, não podendo assumir responsabilidade integral na 
formação do caráter e de convicções que devem ser familiares, tais como a 
religião.” 
 
Independente da evolução social e das modificações no modelo de família, esta ainda é 
e sempre será o ente responsável pela formação da personalidade e do caráter da criança. Por 
isso, é a família que deverá fornecer as bases educacionais e todo o apoio necessário à escola 
para que a criança tenha um pleno desenvolvimento escolar, social e de caráter. 
Para Serra (1999), a família tem como função primordial a de proteção, tendo 
sobretudo, potencialidades para dar apoio emocional para a resolução de problemas e 
conflitos, podendo formar uma barreira defensiva contra agressões externas. 
Segundo Pereira (1995), (...) “a família constitui o primeiro, o mais fundante e o mais 
importante grupo social de toda a pessoa, bem como o seu quadro de referência, estabelecido 
através das relações e identificações que a criança criou durante o desenvolvimento”. 
 
3. A FAMÍLIA E A APRENDIZAGEM INFANTIL 
 
 “A educação infantil começa antes da ida da criança para a 
escola. A família é o primeiro suporte para essa educação, é ela que lhe 
satisfaz as necessidades básicas para sua sobrevivência, além de ser a 
responsável pelo desenvolvimento das qualidades instrumentais (percepção, 
motricidade, linguagem). Algumas dessas aprendizagens sociais são a 
linguagem, a capacidade de relacionamento entre os objetos, os 
acontecimentos ou as ações, etc.” (Kaloustian. 1998) 
 
A família, como dito anteriormente, é o primeiro e o principal espaço de formação da 
criança. É em casa que se inicia o processo de aprendizagem. A criança aprende a alimentar-
se, a tomar cuidados com a higiene pessoal, a evitar perigos, etc. Sua formação social é 
7 
 
intensa desde cedo, pois os pais começam a estipular horários, locais de passeio e até mesmo 
a estimular a convivência com determinados grupos sociais. Ao mesmo tempo, também desde 
cedo, a família começa a auxiliar na formação da personalidade da criança ensinando-lhe o 
que pode ou não ser feito, corrigindo erros, incentivando acertos, dando-lhe conselhos, etc. 
Para Gokhale (1980), independente de ser a família formada por pais e filhos, por um 
dos pais e seus filhos, entre outros, é nela que a criança vivencia experiências que contribuirão 
para a construção de seus valores éticos e morais. 
Quando a criança atinge a idade escolar, a família procura a escola que melhor atenda 
às suas necessidades e a criança é matriculada na Educação Infantil. Nessa fase, pode-se ter a 
impressão que a responsabilidade familiar é dividida com a escola. Entretanto, isso não 
acontece, pois a criança pode sentir-se insegura diante de um mundo novo e desconhecido, 
exigindo da família maior atenção e dedicação nesse momento marcante e determinante de 
toda a sua vida escolar. 
Segundo Cordié (1996), a convivência com pessoas que não lhe são próximas, a trocade experiências com outras crianças, entre outras coisas que não faziam parte de sua rotina 
podem tornar a chegada na escola um momento muito difícil e decisivo para a criança. 
Importante ressaltar que esse momento é crucial para a definição da futura vida escolar da 
criança, pois, de acordo com Cury (2003), é nessa fase que a criança aprende a gostar ou não 
da escola. Uma situação que lhe cause um trauma pode torná-la uma criança com frequentes 
problemas na escola. 
Com o apoio da família preparando e orientando para essa nova fase, essa ruptura com 
seu mundo particular e seguro da exclusividade de atenção que a criança vivencia em seu lar 
pode ser mais tranquila, estimulando o prazer pelas atividades escolares. 
Já na escola, depois dessa fase de adaptação, a família continua a ter papel relevante na 
educação infantil, pois ela pode influenciar no processo de aprendizagem. Essa participação 
se torna mais efetiva à medida que os pais participam de reuniões, conhecem o projeto 
político-pedagógico da escola e se inteiram das necessidades escolares de seus filhos. 
 De acordo com Marques (1993): 
 
“A família é uma fonte de ajuda ativa para a criança se for "saudável", se for 
um grupo bem organizado e estável, onde o sistema de autoridade seja claro 
e aceitável, onde a comunicação seja aberta, e onde os membros exerçam 
controle e apoio. É na família que se gera o prazer, a alegria que a criança 
sente à sua volta, indispensável ao seu desenvolvimento”. 
 
8 
 
O apoio dos pais é de suma importância tanto na participação efetiva na escola quanto 
auxiliando nas atividades levadas para casa, onde os mesmos devem mostrar-se sempre 
interessados no bom desenvolvimento da criança. 
Marques (1993), define a participação presencial da família na escola, e vice-versa, 
como vínculos suplementares, ou seja, pessoas que convivem em ambiente diferentes, mas 
são impelidas a se relacionar devido a um indivíduo que transita entre os dois contextos, no 
caso a criança. 
O convívio familiar influencia sobremaneira o desenvolvimento escolar da criança, em 
especial na educação infantil, pois nessa fase a criança não apresenta, ainda, maturidade para 
dissociar o contexto escolar do contexto familiar. 
 Abordando os aspectos pedagógicos da família, Nogueira (1998) explica que a 
participação dos pais na vida escolar dos filhos pode influenciar de modo efetivo o 
desenvolvimento escolar dos filhos. 
 Sabendo que a educação não começa na escola, que esse início se dá no seio da 
família, onde a criança passa por várias fases de desenvolvimento afetivo e cognitivo, 
precisando sentir-se suprida em suas necessidades básicas, é importante para o 
desenvolvimento da criança, que ela encontre um ambiente estável, onde o amor e a atenção 
sejam base para uma estruturação emocional e intelectual dentro de parâmetros que 
possibilitem progresso na ação educacional. 
 Para Lobo (1997): 
 
“o amor, a atenção e o apoio são a melhor educação e o melhor meio de dar 
segurança e confiança a uma criança, isto é, a melhor maneira de fazê-la 
feliz e de dar a ela uma oportunidade justa para desenvolver suas 
potencialidades”. 
 
 A educação e a formação da criança estão diretamente vinculadas à participação dos 
pais nesse processo, uma vez que para interpretar o mundo, toda criança precisa do apoio 
deles. 
 A relação família-criança é um dos elementos que determinam um bom rendimento 
escolar, pois é na família que as crianças encontram os exemplos a serem seguidos e, 
principalmente, é na família que a criança recebe educação para a vida: com limites, atenção, 
bons ou maus exemplos, etc. 
 
 
 
9 
 
4. O PAPEL DA ESCOLA 
 
 ”A Educação Infantil é um dos períodos mais significativos da 
vida da criança, pois lhe apresenta um mundo diferente do que ela está 
acostumada e lhe proporciona novas experiências, ao mesmo tempo em que 
marca o começo de sua independência em relação à família”. (Marques. 
1993) 
 
 Nesse período a criança passa a receber influências de outras crianças e de 
comportamentos diferentes dos vivenciados em família. Tudo o que ela aprendeu no convívio 
familiar passará a ser utilizado na convivência com outras pessoas. Ela começará a trocar 
experiências, ter que dividir, ganhar e perder em situações que antes só lhes eram favoráveis. 
A rotina escolar é diferente da rotina familiar e essas mudanças são muito significativas para a 
criança. Por isso, a parceria entre a família e a escola é tão importante. 
 Relembrando que os papéis da família e da escola, antes prioritariamente repressores, 
modificaram-se ao longo das últimas décadas e que uma das principais diferenças, segundo 
Costa (2000), “refere-se à transmissão do conhecimento, pois antigamente, essa transmissão 
dava-se apenas na escola, a agência por excelência destinada à transmissão dos 
conhecimentos acumulados pela sociedade”, enquanto que à família cabia ensinar valores e 
padrões de comportamento. Nesse ínterim, cabia à escola ensinar e à família educar na 
verdadeira acepção dos termos. 
 Ainda segundo o autor: 
 
“atualmente, a família tem passado para a escola a responsabilidade de 
instruir e educar seus filhos e espera que os professores transmitam valores 
morais, princípios éticos e padrões de comportamento, desde boas maneiras 
até hábitos de higiene pessoal. Justificam alegando que trabalham cada vez 
mais, não dispondo de tempo para cuidar dos filhos. Além disso, acreditam 
que educar em sentido amplo é função da escola.” 
 
 Contraditoriamente a essa expectativa em relação à função da escola, Di Santo 
(2005)
1
, as famílias, sobretudo as desprivilegiadas, não valorizam a escola e o estudo, que 
antigamente eram visto como um meio de ascensão social. 
 Segundo Alves Pequeno (2004)
2
 “a escola, por sua vez, afirma que o êxito do processo 
educacional depende, e muito, da atuação e participação da família, que deve estar atenta a 
todos os aspectos do desenvolvimento do educando.” 
 
 
1
 htpp://www.centrorefeducacional.com.br/famesco.htm - 18k- 
2
 htpp:// www.centrorefeducacional.pro.br/famiescola.htm - 43k 
10 
 
 As relações entre a escola e a família, além de supostos ideais comuns, baseiam-se na 
divisão do trabalho da educação das crianças e envolvem expectativas recíprocas. Na verdade, 
conforme afirma a psicopedagoga Neide Noffs
3
: 
 
“(...) os papéis que pais e professores desempenham na primeira infância, na 
educação e no desenvolvimento da criança, estão muito próximos e devem 
mesmo ser complementares. Pode-se dizer que a família é o primeiro 
'ensinante', pois são os pais que transmitem os valores com os quais desejam 
formar o filho para a vida. À escola cabe ampliar as ações que se iniciaram 
na família” 
 
 Para que a relação família-escola seja produtiva, não basta que a família se disponha a 
fornecer o apoio necessário ao desenvolvimento escolar de seu filho, “a escola deve 
contemplar em seu projeto político-pedagógico a participação da família através de reuniões, 
projetos comunitários, voluntariado, etc.” (Davies. 1994), pois, especialmente de 0 aos 6 anos, 
quando a criança vai para a escola, a tarefa de educar está intimamente ligada aos cuidados 
que a criança exige, mas não se resume a isso. O tempo todo, com suas atitudes, pais e 
professores estão educando as crianças, pois, segundo Cury (2003), estas observam suas 
posturas diante de situações cotidianas e acabam por „imitar‟ determinados comportamentos 
de ambos, assimilando-os como exemplos. Além disso, a escola deve contemplar a 
participação da família em conselhos administrativos possibilitando aos pais interferir 
diretamente no funcionamento da escola, apresentando sugestões e tomando decisões quanto 
ao planejamento de atividades e a realização de políticas escolares. 
 Os pais podem e devem ser chamados pela escola a interferiremnas questões de 
comportamento e ética e, até mesmo, na disposição das disciplinas. Além disso, a escola pode 
oferecer palestras, cursos e outros momentos que possibilitem a interação entre as famílias 
para a troca de experiências. 
 A família pode contribuir muito com a organização escolar oferecendo, inclusive, 
serviços voluntários nas escolas que enfrentam dificuldades. Conforme Gokhale (1980): 
 
“tudo isso depende da estruturação do projeto político-pedagógico da escola, 
que deve reconhecer a importância da participação familiar e utilizar todos 
os recursos disponíveis para proporcionar oportunidades de contato com os 
pais, passando-lhes informações e solicitando-lhes sugestões e decisões”. 
 
 Segundo Almeida (1987), “o trabalho dos pais integrado à escola torna-se essencial 
para que ambos falem a mesma linguagem, auxiliando na aprendizagem do educando”. 
 
3
 http://revistacrescer.globo.com/Crescer/0,19125,EFC406301-2216,00.html' 
11 
 
 Para Costa (2000)
4
, “é importante que os pais participem constantemente das 
atividades proporcionadas pela escola, incentivando seus filhos para o mesmo, pois esta união 
de esforços enriquecerá todo o processo de ensino-aprendizagem”. 
 Para Di Santo (2005), é papel da escola instruir os pais acerca do comportamento 
adequado na orientação das atividades escolares e mesmo nas atividades cotidianas que 
auxiliem no desenvolvimento da aprendizagem. 
 
Dúvidas e esclarecimentos também cabem à escola que, por ter uma equipe 
especializada, deveria ter condições de promover debates, ensinar, orientar, 
trocar informações sobre os mais diversos assuntos de interesse da 
comunidade escolar
5
. 
 
 À escola cabe planejar os objetivos, transformando a realidade num processo contínuo 
e dinâmico, com uma proposta pedagógica coerente com a sua clientela, reconhecendo que a 
aprendizagem é constituída na interação do conhecimento, na realidade e vivência no âmbito 
familiar. 
 
CONCLUSÃO 
 
 Assim como toda a sociedade, família e escola sofreram, ao longo dos anos, profundas 
mudanças em sua estrutura. Essas mudanças fizeram alterar ao longo dos anos os papéis da 
escola e da família na educação infantil. A escola deixou de ser apenas responsável pela 
alfabetização e o repasse de conhecimentos para se tornar educadora, desempenhando ao lado 
dos pais a função de fornecer à criança uma boa formação global. 
 Os pais estão cada vez mais comprometidos com assuntos externos à educação dos 
filhos, o que faz com que parte dessa tarefa seja delegada à escola. Os meios de comunicação, 
a capacidade de consumo e as diversas interferências na educação infantil também são 
notórias no decorrer do desenvolvimento escolar. Por isso, conclui-se que uma relação 
produtiva entre a escola e a família inclui ganhos para a família (coesão, empoderamento.) 
para a escola (eficácia), para os estudantes (o sucesso de todos) e para a sociedade (a 
construção democrática a partir da base e do cotidiano). 
 
4
 http://www.escola2000.org.br/pesquise/texto/textos_art.aspx?id=3 
5
 Ibidem. Ibdem. 
http://www.escola2000.org.br/pesquise/texto/textos_art.aspx?id=3
12 
 
 As escolas devem se adaptar a essa nova função de educadora solicitando e 
possibilitando uma participação ampla da família no contexto escolar, uma vez que a função 
primordial de educar é da família e que a escola deve ser coadjuvante nesse processo. 
 Sendo a Educação Infantil um marco na vida escolar da criança, é preciso que o 
profissional dessa modalidade esteja preparado para lidar com as famílias, consciente de que 
nem todas terão a mesma reação diante da solicitação de sua participação ativa na vida escolar 
de seu filho. 
 Através do estudo realizado, pode-se perceber que alguns pais sentem realmente a 
necessidade dessa interação com a escola e, por isso, se tornam mais fáceis de lidar. Outros, 
entretanto, precisam ser conscientizados de sua importância para o desenvolvimento da 
aprendizagem de seu filho. 
 Por isto a função da escola não é fácil e exige habilidade para lidar com estas 
situações. É preciso buscar formas de atrair os pais à escola fazendo-os sentirem-se 
imprescindíveis na formação de seu filho, não somente na formação do caráter e do 
comportamento, mas na formação plena e global deste como indivíduo. 
 A Educação Infantil marca a chegada da criança na escola, sendo fator determinante 
de seu futuro como aluno. Por isso, pais e escola devem estimular a criança em suas primeiras 
aprendizagens escolares para que o ambiente escolar seja prazeroso para a criança. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
13 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
ALARCÃO, Isabel. Professores Reflexivos em uma Escola Reflexiva. 2 ed. São Paulo: 
Cortez, 2003. 
 
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