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(2020) Aula 5 - O positivismo como física social (1)

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O positivismo como “física social: 
a sociologia de Augusto Comte
Texto-Base: COMTE, Augusto. “O espírito positivo é mais apto que o 
espírito teológico-metafísico para organizar a sociedade e sistematizar a 
moral” In: Discurso sobre o Espírito Positivo (1844). São Paulo: Abril 
Cultural, 1978 (Os Pensadores). [Segunda Parte, p. 66-78]
(...) já que convém fixar uma época para impedir a divagação das
idéias, indicarei a data do grande movimento impresso ao espírito
humano, há dois séculos, pela ação combinada dos preceitos de
Bacon, das concepções de Descartes e das descobertas de Galileu,
como o momento em que o espírito da filosofia positiva começou a
pronunciar-se no mundo, em oposição evidente ao espírito teológico
e metafísico [p. 8]
Prof. Dr. Agnaldo de Sousa Barbosa
INTRODUÇÃO À SOCIOLOGIA
Leitura complementar: COMTE, Augusto. “Condições do estabelecimento do regime positivo”. In: Discurso sobre o 
Espírito Positivo (1844). São Paulo: Abril Cultural, 1978 (Os Pensadores). [Terceira Parte, p. 79-94]
COMTE, Augusto. “Primeira lição”. In: Curso de Filosofia Positiva (1830). São Paulo: Abril Cultural, 1978 (Os Pensadores). 
[p. 01-20]
O positivismo como “física social”
Contexto político-social dos escritos de 
Comte é de agitação e fervilhamento
revolucionário (1830-1848)
A burguesia avançava em sua busca por hegemonia 
política e ideológica e a classe operária começava a 
dar os passos importantes na sua organização
No âmbito do mundo natural, dois séculos depois
dos escritos de Descartes e Bacon, as ciências naturais
fizeram considerável progresso no conhecimento e
domínio das forças da natureza
 Não existia uma ciência para o conhecimento
sistematizado e domínio do mundo social
O positivismo como “física social”
Estado positivo como último estágio da construção 
do conhecimento 
1º. Estágio: TEOLÓGICO 
2º. Estágio: METAFÍSICO
estes são estágios necessários ao amadurecimento das 
formas de entendimento e explicação do mundo
 Filosofia POSITIVA marca o amadurecimento do 
espírito humano
 tem como máxima fundamental a idéia baconiana de 
que “somente são reais os conhecimentos que repousam 
sobre fatos observados” [p. 5]
3º ESTÁGIO
FÍSICA SOCIAL  FILOSOFIA POSITIVA 
POSITIVISMO  SOCIOLOGIA
Estágio mais elevando do conhecimento
O positivismo como “física social”
POSITIVO = “o REAL frente ao quimérico, o ÚTIL
frente ao inútil, o CERTO frente ao incerto”
Método: “[...] o espírito humano, reconhecendo a 
impossibilidade de obter noções absolutas, 
renuncia a procurar a origem e o destino do 
universo, a conhecer a causa mais íntima dos 
fenômenos, para preocupar-se unicamente em 
descobrir, graças ao uso bem combinado do 
raciocínio e da observação, suas leis efetivas, a 
saber, suas relações invariáveis de sucessão e 
similitude” [p. 04] 
O positivismo como “física social”
 Não se busca a essência das coisas, mas apenas a 
vinculação entre os fenômenos
“Quer se trate dos menores quer dos mais sublimes 
efeitos, do choque ou da gravidade, do pensamento 
ou da moralidade, deles só podemos conhecer as 
diversas ligações mútuas próprias à sua realização, 
sem nunca penetrar no mistério de sua produção” [p. 49] 
 “Nossas pesquisas positivas devem essencialmente 
reduzir-se, em todos os gêneros, à apreciação 
sistemática daquilo que é, renunciando a descobrir 
sua primeira origem e seu destino final...” [p. 49]
O positivismo como “física social”
Paradigma newtoniano da gravidade como fator 
modelar para a ciência moderna e também para a 
física social
O positivismo como “física social”
 Daí, ser propriedade fundamental da 
proposta positivista o vislumbramento das leis 
gerais da sociedade, fundamentado no 
conhecimento das “leis lógicas” dos 
fenômenos 
 Estática: condições orgânicas de que 
dependem determinadas funções (aptidão 
para agir) / Dinâmica: marcha efetiva do 
desenvolvimento humano (ação efetiva) [13-
15]
O positivismo como “física social”
 Positivismo representa a superação da 
exclusividade da estática (ordem) presidida pelo 
predomínio teológico, assim como a dissolução do 
“revolucionarismo” insustentável que caracteriza a 
preponderância do progresso [pp. 66-67]
 Positivismo busca “demonstrar de modo 
irrevogável que o progresso constitui, como a ordem, 
uma das duas condições fundamentais da civilização 
moderna” [p. 67] ---> ver p. 69
 Representa a conciliação entre a “conservação” e o 
“melhoramento” Progresso dentro da ordem sintetiza o que se entende por 
HUMANIDADE: dogma fundamental da sabedoria humana
O positivismo como “física social”
 Centralidade da MORAL / Crise moral na modernidade
 “A antipatia crescente que o espírito teológico 
inspirava justamente à razão moderna afetou 
gravemente muitas importantes noções morais, não 
somente relativas às maiores relações sociais, mas 
também concernentes à simples vida doméstica, e até 
mesmo à existência pessoal. Um cego ardor de 
emancipação mental levou, de resto, de maneira 
exagerada, a erigir algumas vezes o desdém passageiro 
por essas máximas salutares em uma espécie de louco 
protesto contra a filosofia retrógrada, donde pareciam 
emanar exclusivamente” [p. 73]
O positivismo como “física social”
 Centralidade da MORAL
 Assistência teológica não é indispensável à moral 
para Comte: cristianismo católico universalizou a moral
“Deve-se reconhecer, é verdade, que em geral a 
introdução de qualquer regra moral teve por toda parte 
de operar-se primeiramente sob inspirações 
teológicas(...).
Os preceitos morais, como todos os outros, 
foram, cada vez mais, levados a uma consagração 
puramente racional, na medida em que o vulgo 
se tornou capaz de apreciar a influência real de 
cada conduta sobre a existência humana, 
individual ou social” [p. 72]
O positivismo como “física social”
Moral religiosa é contrária à essência da vida 
social moderna  objetivo é a salvação 
pessoal/individual
Nela, a sociedade é entendida como “simples 
aglomeração de indivíduos”, de reunião “tão 
fortuita quanto passageira”, na qual os 
homens estão “ocupados cada um com a sua 
própria salvação” [p. 77]
O positivismo como “física social”
 Racionalização da MORAL, conservando aspectos 
positivos da moralidade cristã e outras perspectivas
 “Cumprindo assim o grande ofício social que o 
catolicismo não mais exerce, esse novo poder moral 
utilizará cuidadosamente a feliz aptidão da filosofia 
correspondente para incorporar espontaneamente a 
sabedoria de todos os diversos regimes anteriores (...). 
Quando a astronomia moderna afastou 
irrevogavelmente os princípios astrológicos, não 
deixou de conservar preciosamente todas as noções 
verdadeiras obtidas sob seu domínio – o mesmo 
aconteceu com a química em relação à alquimia” [p. 76]
O positivismo como “física social”
Ao contrário da moral católica, o positivismo prevê a 
primazia da sociedade sobre o indivíduo
“...o homem propriamente dito não existe, existindo 
apenas a Humanidade, já que o nosso desenvolvimento 
provém da sociedade” [p. 77]
Experiência positiva leva a formação de uma moral 
essencialmente humana
 Idéia de FELICIDADE está associada ao BEM PÚBLICO
“Não somente a ativa procura do bem público será, sem 
cessar, considerada como o modo mais próprio de 
assegurar comumente a felicidade privada graças a uma 
influência ao mesmo tempo mais direta e mais pura e, 
finalmente, mais eficaz” [p. 77]
O positivismo como “física social”
Noção de felicidade vinculada a bem público se 
sobrepõe ao parâmetro pessoal de felicidade
Felicidade deixa de ocupar a dimensão sobrenatural 
da “vida eterna” e passa a ter o sentido de felicidade 
terrena [p. 78]
 Idéia de SOLIDARIEDADE tem lugar central na 
organização social positivista
Prevalência da “ligação de cada um a todos, sob uma 
multidão de aspectos diferentes, de maneira a tornar 
involuntariamente familiar o íntimo sentimento de 
solidariedade social, convenientemente desdobrado 
para todos os tempos e lugares” [p. 77]
O positivismo como “física social”
Ideia de harmonia socialfundada no 
cumprimento de papel prescrito pela 
moral
 “Seu primeiro e principal resultado 
social consistirá em formar 
solidamente uma ativa moral universal, 
prescrevendo a cada agente, individual 
e coletivo, as regras de conduta mais 
conformes à harmonia fundamental”
[p. 86]
O positivismo como “física social”
TRABALHO é expressão privilegiada da solidariedade 
 daí, qualquer trabalho ser digno de 
reconhecimento
 “Aliando-se e aplicando-se por sua natureza a todos 
os trabalhos práticos, tendem, ao contrário, a 
confirmar ou mesmo inspirar o gosto por eles, quer 
enobrecendo seu caráter habitual, quer adoçando suas 
consequências penosas. Conduzindo, de resto, a uma 
sadia apreciação das diversas posições sociais e das 
necessidades correspondentes, predispõe a perceber 
que a felicidade real é compatível com todas e 
quaisquer condições, desde que sejam desempenhadas 
com honra e aceitas convenientemente” [p. 85]
O positivismo como “física social”
Saber positivo reforça o gosto pelo trabalho prático, 
reforçando também a aceitação dos “lugares sociais” 
e seus papéis definidos
 “Esta [a educação metafísica], a que reconhecemos 
o exercício duma ação social muito perturbadora 
para as classes letradas, tornar-se-ia muito mais 
perigosa se fosse estendida aos proletários, onde 
desenvolveria, além do desgosto pelas ocupações 
materiais, ambições exorbitantes” [p. 85]
O positivismo como “física social”
Poder político: política popular adequada 
só é possível com o POSITIVISMO
Saber positivo rompe com o engodo da 
perspectiva de participação no poder 
político
Substituição por um “programa social”, 
mais afeito aos interesses reais do 
proletariado [p. 85]
O positivismo como “física social”
Ao invés da “vã e tempestuosa 
discussão dos direitos”, a “a fecunda e 
salutar apreciação dos diversos deveres 
essenciais”
Ao invés da “posse direta do poder 
político” a “indispensável participação 
contínua no poder moral”  Exigência 
aos governos o cumprimento dos 
deveres essenciais [p. 86-87]
O positivismo como “física social”
“Se o povo está agora e deve permanecer a 
partir desse momento indiferente à posse 
direta do poder político, nunca pode renunciar 
à sua indispensável participação contínua no 
poder moral. Este é o único verdadeiramente 
acessível a todos, sem perigo algum para a 
ordem universal, muito pelo contrário: traz-
lhe grandes vantagens cotidianas, autorizando 
cada um, em nome duma comum doutrina 
fundamental, a chamar convenientemente as 
mais altas potências a seus diversos deveres 
essenciais”. [p. 86]

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