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A criança e a interação com o meio ll

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A Criança e a 
Interação com o Meio
 O Meio e sua Dimensão Sociocultural
Responsável pelo Conteúdo:
Prof.ª Dr.ª Vanessa de Mattos
Revisão Textual:
Prof.ª Dr.ª Luciene Oliveira da Costa Granadeiro
Nesta unidade, trabalharemos o seguinte tópico:
• O Meio e sua Dimensão Sociocultural.
Fonte: Getty Im
ages
Objetivos
• Analisar a vertente interacionista, em especial, a sociointeracionista de Vygotsky e sua 
teoria acerca do desenvolvimento da criança via interação com o meio sociocultural; 
• Compreender a interação da criança com o meio na dimensão social, cultural e humana; 
• Analisar práticas pedagógicas que contemplem a relação da criança com o meio na pers-
pectiva sociocultural, em especial, os cantos de aprendizagem diversificada.
Caro Aluno(a)!
Normalmente, com a correria do dia a dia, não nos organizamos e deixamos para o úl-
timo momento o acesso ao estudo, o que implicará o não aprofundamento no material 
trabalhado ou, ainda, a perda dos prazos para o lançamento das atividades solicitadas.
Assim, organize seus estudos de maneira que entrem na sua rotina. Por exemplo, você 
poderá escolher um dia ao longo da semana ou um determinado horário todos ou alguns 
dias e determinar como o seu “momento do estudo”.
No material de cada Unidade, há videoaulas e leituras indicadas, assim como sugestões 
de materiais complementares, elementos didáticos que ampliarão sua interpretação e 
auxiliarão o pleno entendimento dos temas abordados.
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de 
discussão, pois estes ajudarão a verificar o quanto você absorveu do conteúdo, além de 
propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de 
troca de ideias e aprendizagem.
Bons Estudos!
 O Meio e sua Dimensão Sociocultural
UNIDADE 
 O Meio e sua Dimensão Sociocultural
Contextualização
Inúmeros pesquisadores têm se debruçado sobre os estudos acerca do desenvolvi-
mento psíquico e cognitivo. Nesta unidade, nós analisaremos como esse processo ocor-
re através da perspectiva sociointeracionista de Vygotsky. 
Aprofundaremos nossa análise sobre a passagem do desenvolvimento real da criança 
para o desenvolvimento potencial (ou proximal), ambos presentes na teoria vygostskya-
na chamada “Zona de Desenvolvimento Proximal”. Também analisaremos práticas pe-
dagógicas, como os “Cantos de Aprendizagem Diversificada”, buscando estabelecer o 
diálogo entre teoria e metodologia a partir de experiências vividas em escolas brasileiras. 
Para iniciarmos esta unidade, convidamos você a observar essas duas imagens e re-
fletir a partir do seguinte questionamento: Em qual delas a aprendizagem aparenta ser 
mais estimulante e instigante?
Figura 1
Fonte: Getty Images
Figura 2
Fonte: Getty Images
A resposta para esse questionamento você encontrará ao longo desta unidade. 
Vamos lá!
6
7
O Meio e sua Dimensão Sociocultural
Assim como Piaget, o psicólogo bielo-russo Lev Vygotsky (1896-1934) integra a via 
teórica interacionista. Ambos os autores são expoentes notórios dos estudos sobre o 
desenvolvimento mental e cognitivo do ser humano. 
Enquanto Piaget se debruçou sobre a análise do desenvolvimento psicológico via 
interação da criança com o meio físico, Vygotsky dedicou seus estudos à análise da 
linguagem e à dimensão sócio-histórica do processo de desenvolvimento intelectual do 
indivíduo, entendendo que o ser humano se forma a partir da incorporação da cultura. 
A análise de Vygotsky sobre o desenvolvimento da linguagem na criança levou o 
autor a buscar respostas a partir da observação da interação que a criança realiza com 
o meio social, cultural e humano. Para o autor, o indivíduo se desenvolve em uma con-
juntura dialética, organizada a partir da interação da criança com a sociedade em que 
ela está inserida. 
Tanto Piaget quanto Vygotsky, pautaram suas análises no entendimento do de-
senvolvimento da inteligência humana. Ambos os autores partem da via interacio-
nista, que, como vimos na unidade de estudo anterior, tem como base a premissa 
de que o desenvolvimento humano ocorre através da relação entre o indivíduo e o 
meio. Assim, o “ser humano, na teoria interacionista, interage com o meio ambiente 
respondendo aos estímulos externos, analisando, organizando e construindo seu co-
nhecimento a partir do “erro”, através de um processo contínuo de fazer e refazer” 
(COLL, 1992, p. 164). 
O Interacionismo é sinônimo de Construtivismo, eles caminham juntos. Ambos pres-
supõem que o conhecimento é construído pela criança em interação e é aqui que os 
autores se complementam. Piaget privilegia a análise da interação da criança com o 
meio físico, como vimos ao longo da unidade anterior, e Vygotsky analisa a interação do 
indivíduo com o meio social e cultural. 
Em síntese, enquanto a teoria piagetiana pauta-se na interação entre o sujeito e o 
meio, a teoria sociointeracionista de Vygotsky (2009) propõe que o desenvolvimento 
da inteligência humana acontece através da interação social entre o indivíduo e o meio 
social, cultural e humano, inaugurando a via teórica sociointeracionista.
É importante frisar que ambos os autores são de suma importância para a compreen-
são do desenvolvimento psicológico, cognitivo e da aprendizagem da criança. Piaget nos 
ajuda a nortear nossas práticas pedagógicas em cada fase da vida da criança e Vygotsky 
nos orienta através da importância da interação social, cultural e humana. 
Dessa forma, podemos entender porque ambos os autores são atrelados à via intera-
cionista, bem como percebemos, ressalvadas as diferenças entre eles, que suas teorias 
são complementares no que tange à análise do desenvolvimento cognitivo. 
Vamos agora entender o pensamento de Vygotsky. Observe o vídeo a seguir para 
iniciarmos nossa análise.
7
UNIDADE 
 O Meio e sua Dimensão Sociocultural
Lev Vygotsky – Desenvolvimento da linguagem: https://youtu.be/_BZtQf5NcvE
Como pudemos notar, quando falamos de Vygotsky, a expressão principal para en-
tendermos sua teoria é interação social. Representante da via sociointeracionista, ele 
entende que o ser humano se desenvolve a partir das relações sociais intersubjetivas que 
se estabelecem. Em seus estudos, o autor apontou que o ser humano se efetiva enquanto 
tal, ou seja, constrói características humanas a partir da interação com o meio sociocul-
tural em que está inserido.
Em outros termos, os seres humanos herdam aspectos culturais, sociais e humanos 
de acordo com a sociedade em que está ligado e, repassa esses valores e características 
para os demais indivíduos. Dessa forma, a aprendizagem ocorre de modo significativo a 
partir da relação entre os indivíduos. 
Os estudos de Vygotsky partiram de suas análises no campo da linguagem e, prin-
cipalmente, do papel do desenvolvimento da fala na criança. Para o autor, a interação 
social via relação dialética entre a criança, a sociedade e a cultura eram o meio para 
entendimento do processo de desenvolvimento mental, cognitivo e de aprendizagem.
Como Desenvolver Habilidades Sociais em Crianças: http://bit.ly/33Mbj3Z
Assim, a possibilidade de aparecimento da linguagem, o desenvolvimento cognitivo, 
a estruturação do pensamento e demais habilidades que a criança venha a desenvolver 
são resultantes da interação social a que a criança tem contato. Observe o vídeo a seguir 
acerca da internalização da linguagem pela criança e como ela se processa.
Vygotsky (2): Ferramentas Psicológicas: https://youtu.be/ZvY8qbIuLvQ
Como é possível notar, a linguagem é o momento em que o pensamento se materia-
liza através das palavras, da língua e do discurso. Almeida e Juliasz afirmam: 
A palavra morre na linguagem interior, isto é, no pensamento. A lin-
guagem tem as funções de comunicação e de generalização, pois 
nomear o significado de cada palavra é fazer uma generalização, 
ao mesmo tempo em que nomear é um fenômeno do pensamento. 
( ALMEIDA; JULIASZ, 2014, p. 28) 
Para o Vygotsky(2009), a linguagem é o elemento fundamental na mediação en-
tre o conhecimento e o pensamento. É através dela que a comunicação ocorre, o ser 
humano se desenvolve e se humaniza. Dessa forma, “a linguagem da criança é social 
e não “socializada”, o que indicaria que houve uma linguagem anterior “não social” e 
que se tornou social com o desenvolvimento” (VYGOTSKY, 2009, apud ALMEIDA; 
JULIASZ, 2014, p. 28).
Em suma, a ausência da interação social impossibilita que o desenvolvimento da 
criança ocorra de acordo com os hábitos sociais e culturais dos seres humanos, portanto: 
8
9
(...) as habilidades cognitivas e as formas de estruturar o pensamen-
to do indivíduo não são determinadas por fatores congênitos. São 
isto sim, resultado das atividades praticadas de acordo com os hábitos 
sociais da cultura em que o indivíduo se desenvolve. Este processo 
é fundamental para a interiorização do conhecimento – ou transfor-
mação dos conceitos espontâneos e científicos – através do processo 
de tornar intrapsíquico o que antes era interpsíquico. Consequente-
mente, a história da sociedade na qual a criança se desenvolve e a 
história pessoal desta criança são fatores cruciais que vão determinar 
sua forma de pensar. (FERRARI, 2010)
O pensamento de Vygotsky pauta-se na premissa de que a cultura é uma constru-
ção histórica, realizada pelo homem ao longo de sua existência. Essa característica tem 
como base sua formação política e ideológica ligada ao marxismo. 
Marxismo: corrente teórica preconizada por Karl Marx e que entendia que as mudanças 
ocorridas na sociedade se davam pelas condições materiais que incidiam sobre a exis-
tência humana dos sujeitos.
Assim, tendo como base o marxismo, Vygotsky (2009) entendia que a formação do 
indivíduo é fruto das relações socioculturais que ele estabelece e que são essas relações 
que moldam e condicionam o desenvolvimento psicológico do indivíduo. Em suma, o 
ser humano se humaniza a partir das relações que estabelece no grupo social e cultural 
em que está inserido. 
O Boi-de-mamão, personagem do folclore de Santa Catarina, atraiu o interesse das 
crianças: http://bit.ly/2qnr0At
A análise feita pelo autor descartou a ideia de que há funções mentais imutáveis. Para 
Vygotsky (2009), o cérebro humano é um sistema aberto e passível de alteração ao lon-
go da vivência do indivíduo via interação social e cultural. O próprio desenvolvimento da 
fala ocorre através dessa interação. Todavia, não se trata de memorização de signos e 
símbolos e sim de elaboração e reelaboração feitas individualmente pela criança através 
da linguagem, via interação social e cultural.
Cantos de aprendizagem na educação infantil, disponível em: http://bit.ly/2MSY375
Outro ponto importante a destacar da obra de Vygotsky é entender os processos psi-
cológicos realizados por nosso cérebro para que o indivíduo possa se desenvolver e, aqui, 
chamamos a atenção para a Zona de Desenvolvimento Proximal. Vamos entendê-la!
Zona de desenvolvimento proximal
Para iniciarmos a análise desse tema, que é central no pensamento e no desenvol-
vimento da teórica de Vygotsky quanto ao desenvolvimento psicológico e cognitivo do 
indivíduo, observe a imagem a seguir:
9
UNIDADE 
 O Meio e sua Dimensão Sociocultural
Zona de desenvolvimento proximal: http://bit.ly/2VQxP9e
A zona de desenvolvimento proximal ou ZDP, grosso modo, consiste na passagem 
do saber do nível conhecido para o não conhecido. O autor considera que existem dois 
níveis de desenvolvimento: o real e o potencial. Observe o vídeo a seguir para adentrar-
mos a discussão desse conceito.
Vygotsky (3): Zona de Desenvolvimento Proximal: https://youtu.be/vUX3XJVPlWo
Como pudemos notar, o desenvolvimento real equivale às funções mentais que a 
criança já consegue desenvolver, resultado de processos de aprendizagens anteriores. 
Em linhas gerais, equivale ao que a criança já consegue fazer de modo independente. 
Como, por exemplo, podemos apontar a criança quando começa a engatinhar. Esse 
é o nível real, ou seja, aquilo que ela desenvolveu a partir de experiências e estímulos 
anteriores e que ela já consegue fazer sozinha, sem ajuda de um adulto. 
O desenvolvimento potencial equivale ao que a criança necessita de amadurecimento, 
estímulo e ajuda externa para poder realizar. Em outros termos, equivale ao que a crian-
ça ainda não sabe fazer sozinha e que necessita da mediação do adulto para realizar. 
A zona de desenvolvimento proximal, de acordo com Vygotsky (2009), consiste na 
mediação entre o desenvolvimento real e o potencial. Em outros termos, é: 
[...] a distância entre o nível de desenvolvimento real, que se costuma 
determinar através da solução independente de problemas, e o nível de 
desenvolvimento potencial, determinado através da solução de proble-
mas sob a orientação de um adulto ou colaboração com companheiros 
mais capazes. (VYGOTSKY 2009, 1994 apud MACIEL, 2000, p. 70)
Observe a imagem a seguir . Nela, 
uma criança é estimulada e guiada 
por um adulto nos seus primeiros 
passos. Essa criança já sabe enga-
tinhar (desenvolvimento real) e agora 
passa a ser estimulada a andar (de-
senvolvimento potencial). Em suma, 
é o exemplo da zona de desenvolvi-
mento proximal.
O desenvolvimento do indivíduo 
ocorre do meio interpsíquico (in-
teração social entre os indivíduos, 
exterior) para o meio intrapsíquico 
(individual do ser, interior). Logo, 
há a necessidade da relação entre 
os sujeitos para que o desenvolvi-
mento cognitivo aconteça.
Figura 3
Fonte: Getty Images
10
11
Crianças do projeto Parangolé: https://glo.bo/33Mz5gx
Conhecer a teoria da zona de desenvolvimento proximal da criança é importante 
para a determinação de quais tarefas e atividades ela está apta a realizar de forma 
autônoma e independente (conhecimento real) e o que ela pode vir a realizar (conhe-
cimento potencial). Esses dados são necessários enquanto norteadores do processo de 
ensino-aprendizagem, pois permitem a proposição de atividades que sejam adequadas e 
estimulantes para a criança. 
Vygotsky e o sistema escolar
Para Vygotsky (2009), a aprendizagem ocorre através de um processo sócio-his-
tórico e por isso só pode ocorrer através da interdependência entre quem ensina e 
quem aprende, via interação social entre os indivíduos. Dessa forma, a ausência dessas 
condições, ou de situações que possibilitem essas relações, implica a não realização 
da aprendizagem. 
Nesse sentido, a organização do espaço educativo é de suma importância para que o 
processo de aprendizagem se efetive e por isso tem sido objeto de estudo de inúmeros 
autores. Para Horn (2004), pesquisadora dessa temática, “é na relação com o ambiente 
que o indivíduo assume determinadas ações, considerando os recursos e as competências 
que já desenvolveu” (p. 17). Veja o vídeo a seguir. Observe a importância do planejamen-
to e organização do espaço para desenvolvimento da prática.
A organização do espaço interfere na aprendizagem: https://youtu.be/37vaPoMG99k
O desenvolvimento psicológico e cognitivo da criança acontece através da intera-
ção dela com o meio social e cultural, via intermediação de outros indivíduos, como 
já pudemos notar. Assim, a organização do espaço educativo contribui para essa in-
teração tanto em relação ao 
espaço quanto em relação 
às demais pessoas. Um am-
biente adequado, instigan-
te e desafiador estimula a 
função mental e cognitiva 
da criança e dá condições 
para que ocorra o proces-
so de aprendizagem. Des-
sa forma, a criança estaria 
continuamente alcançando 
novos níveis de desenvolvi-
mento através da superação 
do nível efetivo em que ela 
se encontra. 
Figura 4
Fonte: helioteixeira.org
11
UNIDADE 
 O Meio e sua Dimensão Sociocultural
A zona de desenvolvimento proximal, à medida que se realiza na interação social e 
cultural da criança, possibilita que o processo de aprendizagem se torne efetivo, ou seja, 
que possa ser internalizado pela criança levando-a à capacidade de ter autonomia. De 
acordo com Rego: 
O desenvolvimentopleno do ser humano depende do aprendizado que 
realiza num determinado grupo cultural, a partir da interação com outros 
indivíduos da sua espécie. Isto quer dizer, por exemplo, um indivíduo cria-
do numa tribo indígena, que desconhece o sistema de escrita e não tem 
nenhum tipo de contato com um ambiente letrado, não se alfabetizará. 
O mesmo ocorre com a aquisição da fala. A criança só aprende a falar se 
pertencer a uma comunidade de falantes, ou seja, as condições orgâni-
cas (possuir o aparelho fonador), embora necessárias, não são suficientes 
para que o indivíduo adquira a linguagem. (REGO, 1995, p. 71) 
O espaço escolar ganha um lugar de destaque para o processo de desenvolvimento 
cognitivo da criança. Ele passa a ser visto como espaço algo dinâmico, rico em expe-
riências e estimulante para a criança. Nesse sentido, alunos e professores possuem 
papéis ativos nesse processo, bem como se tornam parceiros no processo de apren-
dizagem da criança.
Figura 5
Fonte: Getty Images
Ao professor cabe estimular e mediar essa interação, proporcionando atividades que 
sejam desafiadoras e que levem à cooperação, divisão, diálogo, interação, colaboração 
e autonomia na criança. Passemos a analisar práticas pedagógicas que dialogam com o 
sociointeracionismo de Vygotsky. 
O sociointeracionismo na prática: 
cantos de aprendizagem diversificada
Para iniciar a análise dessa prática pedagógica, observe o vídeo a seguir. Ele consiste 
em um relato de experiência sobre cantos de aprendizagem diversificadas realizados em 
uma escola de educação infantil da cidade de São Paulo.
12
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Cantos de atividades diversificadas: https://youtu.be/yahDTxt63e8
Agora que vimos que essa prática já é feita e tem dado certo, vamos conhecê-la.
Os cantos de aprendizagem diversificada consistem na organização do espaço esco-
lar, normalmente a sala de aula, em pequenos núcleos de atividades. Os espaços são 
pensados, divididos e organizados para realização de diversas atividades de modo a que 
mobilize uma ou mais habilidades no aluno.
Eles são dispostos na sala de aula e possibilitam que situações de aprendizagem 
diferentes possam acontecer simultaneamente no mesmo espaço, sempre sob o olhar, 
atenção e mediação do professor. Veja a seguir, um modelo de sala de aula organizada 
com cantos de aprendizagem diversificada.
Figura 6
Fonte: Getty Images
Esses micropolos de aprendizagem são organizados a partir da identificação dos 
níveis de desenvolvimento cognitivo dos alunos, privilegiando tanto o nível de desenvol-
vimento real quanto o potencial, como proposto por Vygotsky (2009). Dessa forma, eles 
devem oferecer tanto conforto e tranquilidade quanto situações instigadoras e desafiado-
ras para as crianças, como apontam Moreira e Consiglio:
[...] espaços de brincadeiras, planejados para permitir que a criança 
aprenda a brincar autonomamente e a se socializar com o grupo. Nes-
ses espaços há constante presença de desafios, superação, conflitos e 
prazer para que as crianças façam por si só suas próprias descober-
tas e escolhas, brincando à sua maneira. (MOREIRA, CONSIGLIO, 
2012, p. 7). 
Essa organização do espaço educacional privilegia a interação social e cultural, es-
timulando o desenvolvimento psicológico e cognitivo da criança. De acordo com Horn 
(2004), “o espaço é socialmente construído, refletindo normas sociais e representações 
culturais que o tornam neutro e, como consequência, retrata hábitos e rituais que con-
tam experiências vividas” (p. 26).
13
UNIDADE 
 O Meio e sua Dimensão Sociocultural
Os cantos de aprendizagem diversificada possibilitam que as crianças tenham acesso 
à diversidade cultural via interação social com os demais colegas. Para Vygotsky (2009), 
a cultura é resultado do processo de desenvolvimento sócio-histórico do homem e por 
isso está presente em tudo, tanto no âmbito material quanto imaterial. Assim, a inte-
ração social e cultural da criança também está condicionada pelo espaço e estabelece 
interação ativa com o sujeito via atividades que possam desenvolver suas habilidades. 
Observe a imagem a seguir.
http://bit.ly/32smlLM
Essa atividade foi realizada em uma escola pública na cidade de Vila Velha no Espí-
rito Santo. Nela, a professora aproveitou o espírito da Copa do Mundo e realizou uma 
atividade com as crianças contemplando a diversidade cultural. Ao longo do semestre 
letivo, os alunos realizaram pesquisas sobre a cultura, localização geográfica, história, 
alimentação, idioma e demais aspectos de vários países. Confeccionaram bandeiras, fi-
zeram apresentações artísticas e montaram estandes para cada uma delas. É a interação 
social e cultural na prática e a reelaboração dos cantos de aprendizagem diversificada. 
De acordo com a diretora da escola em que o projeto foi realizado, 
[É] Por meio de conhecer, descobrir, interagir, crescer e apropriar-se 
de novos repertórios de forma prazerosa, rica e envolvente, o projeto 
vem proporcionar as crianças o contato com outras culturas e, con-
sequentemente, com o novo, favorecendo o desenvolvimento da tole-
rância ao diferente e reforçando a autoestima e a identidade de cada 
um”, comentou a diretora da escola, Marcela Merçon. (PREFEITURA 
DE VILA VELHA, 2018)
A aprendizagem pautada nos cantos de aprendizagem diversificada possibilita a cria-
ção da autonomia na criança tendo em vista que ela requer que o desenvolvimento da 
criança se realize via zona de desenvolvimento proximal. Desse modo, a atividade se 
inicia através da proposição de tarefas que a criança consegue realizar sozinha (desen-
volvimento cognitivo real) e atividades que ela necessita de auxílio externo, as quais 
virão da mediação do professor (desenvolvimento cognitivo potencial). A disposição dos 
materiais de forma acessível é uma forma de estimular o desenvolvimento da criança. De 
acordo com Poliana e Isidio (2011): 
Como a proposta dos cantos visa estimular o desenvolvimento da 
autonomia da criança é fundamental que todo material e objetos dis-
poníveis na sala de aula estejam ao alcance delas, possibilitando-as, o 
livre acesso ao que desejam manipular de acordo com a proposta do 
educador. (p. 64)
Cantos de atividades diversificadas: http://bit.ly/31noVkJ
A liberdade de escolha, oriunda da organização acessível aos materiais, possibilita o 
desenvolvimento da autonomia da criança, bem como abre espaço para a construção do 
conhecimento pela troca de experiências. 
14
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Cantinho da Natureza: http://bit.ly/2Mp6esL
A atividade “Cantos de Aprendizagem Diversificada” é uma prática, dentre inúmeras 
outras, que demonstra a aplicabilidade da teoria de Vygotsky. Ela pode ser expandida 
ou reelaborada de acordo com as necessidades pedagógicas de cada grupo de alunos. 
Nesta unidade, pudemos aprender sobre a interação da criança com o meio via pers-
pectiva sociocultural de Vygotsky. Passemos agora a analisar como a criança percebe e 
constrói a noção de espaço, tempo e quantidade, tema de nossa próxima unidade.
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UNIDADE 
 O Meio e sua Dimensão Sociocultural
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Vídeos
Pensadores na Educação: Vygotsky
Para conhecer mais sobre a trajetória intelectual de Vygotsky (2009), veja vídeo abaixo.
https://youtu.be/BS8o_B5M9Zs
Educação Infantil – Organização dos espaços físicos e dos materiais
Para conhecer o uso dos cantos de aprendizagem diversificada e a discussão sobre diver-
sidade cultural, veja o vídeo abaixo.
https://youtu.be/WfvxOty5Tkg
 Leitura
A organização dos cantos temáticos na educação infantil
Para saber mais sobre os cantos de aprendizagem diversificada, leia: BARBOZA, K. C. 
A.; VOLPINI, M. N. A organização dos cantos temáticos na educação infantil. 2015.
http://bit.ly/2BsaXmY
16
17
Referências
ALMEIDA, R. D. de; JULIASZ, P. C. S. Espaço e tempo na educação infantil. São 
Paulo: Contexto, 2014.
COLL, C. As contribuições da psicologia para a educação: teoria genética e aprendizagem 
escolar. In: LEITE, L. B. (Org).Piaget e a escola de Genebra. São Paulo: Cortez, 1992.
FERRARI, M. Lev Vygotsky. O teórico do ensino como processo social. Especial Nova 
Escola, São Paulo, n. 43, 16 jul. 2012b. Edição especial grandes pensadores. Disponí-
vel em: <http://revistaescola.abril.com.br/edicoes-especiais/022.shtml#>. Acesso em: 
18 jul. 2019.
FARINA, M. Psicodinâmica das Cores em Comunicação. São Paulo: Edgard Blucher 
LTDA, 2005. 
HORN, M. G. S. Sabores, cores, sons, aromas: a organização dos espaços na educa-
ção infantil. Porto Alegre: Artmed, 2004.
MACIEL, I. M. (org). Psicologia e educação: novos caminhos para a formação. Rio de 
Janeiro: Ciência Moderna, 2000. 
MOREIRA, A. M.; CONSIGLIO, I. L. da S. Creches enquanto espaço de aprendiza-
gem: desafios, limites e possibilidade do trabalho com cantos no desenvolvimento de 
crianças do berçário In: VI Colóquio Internacional Educação e Contemporaneidade. 
São Cristóvão-SE. 20 a 22/09/2012. Disponível em: <http://www.educonufs.com.br/
cdvicoloquio/eixo_10/PDF/5.pdf>. Acesso em: 27 jan. 2019.
POLIANA, H.; ISIDIO, I. O design e a organização do espaço pedagógico na educação 
infantil: o educador e os cantos de atividades diversificadas. In: Cadernos da escola 
de comunicação. Curitiba, 11: 57-69. Disponível em: <http://apps.unibrasil.com.br/
revista/index.php/comunicacao/article/viewFile/1018/863>. Acesso em: 27/01/2019. 
REGO, T. C. Vygotsky: uma perspectiva histórico-cultural da educação. Rio de Janeiro: 
Vozes, 1995.
VYGOTSKY, L. A construção do pensamento e da linguagem. São Paulo: Martins 
Fontes, 2009.
17

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