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QUESTÃO 
SOCIAL NA 
CONTEMPO-
RANEIDADE
Me. Maria Cristina Araújo de Brito Cunha
Esp. Daniela Sikorski
GRADUAÇÃO
Unicesumar
Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário 
João Vivaldo de Souza - CRB-8 - 6828
Reitor
Wilson de Matos Silva
Vice-Reitor
Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor Executivo de EAD
William Victor Kendrick de Matos Silva
Pró-Reitor de Ensino de EAD
Janes Fidélis Tomelin
Presidente da Mantenedora
Cláudio Ferdinandi
NEAD - Núcleo de Educação a Distância
Diretoria Executiva
Chrystiano Minco�
James Prestes
Tiago Stachon 
Diretoria de Graduação
Kátia Coelho
Diretoria de Pós-graduação 
Bruno do Val Jorge
Diretoria de Permanência 
Leonardo Spaine
Diretoria de Design Educacional
Débora Leite
Head de Curadoria e Inovação
Tania Cristiane Yoshie Fukushima
Gerência de Processos Acadêmicos
Taessa Penha Shiraishi Vieira
Gerência de Curadoria
Carolina Abdalla Normann de Freitas
Gerência de de Contratos e Operações
Jislaine Cristina da Silva
Gerência de Produção de Conteúdo
Diogo Ribeiro Garcia
Gerência de Projetos Especiais
Daniel Fuverki Hey
Supervisora de Projetos Especiais
Yasminn Talyta Tavares Zagonel
Coordenador de Conteúdo
Maria Cristina de Brito Cunha
Design Educacional
Ana Claudia Salvadego
Iconografia
Amanda Peçanha dos Santos
Ana Carolina Martins Prado
Projeto Gráfico
Jaime de Marchi Junior
José Jhonny Coelho
Arte Capa
Arthur Cantareli Silva
Editoração
Melina Belusse Ramos
Qualidade Textual
Hellyery Agda, Daniela Ferreira dos Santos, 
Yara Martins Dias, Hellyery Agda g. Silva
Ilustração
Melina Belusse Ramos
C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância; SI-
KORSKI, Daniela; CUNHA, Maria Cristina Araújo de Brito. 
 Questão Social na Contemporaneidade. Daniela Sikorski; Maria Cristina Araú-
jo de Brito Cunha. 
 Reimpressão - 2018.
 Maringá-Pr.: UniCesumar, 2016. 
 569 p.
“Graduação - EaD”.
 1. Questão. 2. Social. 3. Contemporaneidade. 4. EaD. I. Título.
ISBN 978-85-459-0362-8
CDD - 22 ed. 300
CIP - NBR 12899 - AACR/2
Em um mundo global e dinâmi-
co, nós trabalhamos com prin-
cípios éticos e profissionalismo, 
não somente para oferecer uma 
educação de qualidade, mas, 
acima de tudo, para gerar uma 
conversão integral das pessoas 
ao conhecimento. Baseamo-nos 
em 4 pilares: intelectual, profis-
sional, emocional e espiritual.
Iniciamos a Unicesumar em 
1990, com dois cursos de gradu-
ação e 180 alunos. Hoje, temos 
mais de 100 mil estudantes es-
palhados em todo o Brasil: nos 
quatro campi presenciais (Ma-
ringá, Curitiba, Ponta Grossa e 
Londrina) e em mais de 300 
polos EAD no país, com de-
zenas de cursos de gradua-
ção e pós-graduação. Produ-
zimos e revisamos 500 livros 
e distribuímos mais de 500 
mil exemplares por ano. So-
mos reconhecidos pelo MEC 
como uma instituição de 
excelência, com IGC 4 em 7 
anos consecutivos. Estamos 
entre os 10 maiores grupos 
educacionais do Brasil.
A rapidez do mundo mo-
derno exige dos educado-
res soluções inteligentes 
para as necessidades de 
todos. Para continuar rele-
vante, a instituição de educa-
ção precisa ter pelo menos três 
virtudes: inovação, coragem e 
compromisso com a qualida-
de. Por isso, desenvolvemos, 
para os cursos de Engenharia, 
metodologias ativas, as quais 
visam reunir o melhor do ensi-
no presencial e a distância.
Tudo isso para honrarmos a 
nossa missão que é promover 
a educação de qualidade nas 
diferentes áreas do conheci-
mento, formando profissionais 
cidadãos que contribuam para 
o desenvolvimento de uma so-
ciedade justa e solidária.
Vamos juntos!
Diretoria Operacional 
de Ensino
Diretoria de 
Planejamento de Ensino
Seja bem-vindo(a), caro(a) aca-
dêmico(a)! Você está iniciando 
um processo de transformação, 
pois quando investimos em 
nossa formação, seja ela pes-
soal ou profissional, nos trans-
formamos e, consequentemen-
te, transformamos também a 
sociedade na qual estamos in-
seridos. De que forma o faze-
mos? Criando oportunidades 
e/ou estabelecendo mudanças 
capazes de alcançar um nível 
de desenvolvimento compatí-
vel com os desafios que surgem 
no mundo contemporâneo. 
O Centro Universitário Cesumar 
mediante o Núcleo de Educação 
a Distância, o(a) acompanhará du-
rante todo este processo, pois 
conforme Freire (1996): “Os ho-
mens se educam juntos, na trans-
formação do mundo”.
Os materiais produzidos ofe-
recem linguagem dialógica e 
encontram-se integrados à pro-
posta pedagógica, contribuin-
do no processo educacional, 
complementando sua forma-
ção profissional, desenvolven-
do competências e habilidades, 
e aplicando conceitos teóricos 
em situação de realidade, de 
maneira a inseri-lo no mercado 
de trabalho. Ou seja, estes ma-
teriais têm como principal ob-
jetivo “provocar uma aproxima-
ção entre você e o conteúdo”, 
desta forma possibilita o desen-
volvimento da autonomia em 
busca dos conhecimentos ne-
cessários para a sua formação 
pessoal e profissional.
Portanto, nossa distância nes-
se processo de crescimento e 
construção do conhecimento 
deve ser apenas geográfica. 
Utilize os diversos recursos pe-
dagógicos que o Centro Univer-
sitário Cesumar lhe possibilita. 
Ou seja, acesse regularmente 
o STUDEO – Ambiente Virtual 
de Aprendizagem, interaja nos 
fóruns e enquetes, assista às 
aulas ao vivo e participe das 
discussões. Além disso, lem-
bre-se que existe uma equipe 
de professores e tutores que 
se encontra disponível para sa-
nar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) 
em seu processo de aprendiza-
gem, possibilitando-lhe trilhar 
com tranquilidade e segurança 
sua trajetória acadêmica.
A
U
TO
R
Professora Esp. Daniela Si-
korski
Especialista em Política So-
cial e Gestão de Serviços So-
ciais pela Universidade Es-
tadual de Londrina (UEL) e 
graduação em Serviço Social 
pela Universidade Estadu-
al de Ponta Grossa (UEPG). 
Discente dos cursos de Ges-
tão Educacional (pós-gradu-
ação) e Processos Gerenciais 
(graduação) na Unicesumar. 
Tem experiência profissio-
nal na área de Serviço Social 
na Educação, Terceiro Setor, 
Responsabilidade Social e 
Gestão na Área da Saúde.
http://lattes.cnpq.
br/7555727127923107
A
U
TO
R
Professora Me. Maria Cristi-
na Araújo de Brito Cunha
Mestre em Gerontologia So-
cial pela Pontifícia Universi-
dade Católica de São Paulo 
(PUC/SP). Especialista em 
Administração de Recursos 
Humanos pela Universidade 
Federal da Paraíba (UFPB). 
Graduada em Serviço Social 
pela Universidade Federal 
do Amazonas (UFAM). Coor-
denadora do Curso de Servi-
ço Social no Núcleo de Edu-
cação a Distância (NEAD) 
Unicesumar.
http://lattes.cnpq.
br/5055081415728722
Seja bem-vindo(A)!
Esta etapa que iniciamos agora 
é muito importante, pois tra-
taremos da Questão Social e o 
Serviço Social. O objetivo é refle-
tirmos acerca do surgimento da 
questão social e as suas mani-
festações no meio urbano e 
rural, bem como a sua relação 
com o serviço social.
Nos países capitalistas, e isto 
não exclui o Brasil, podemos 
perceber a questão social como 
elemento fundante do serviço 
social, enquanto especialização 
ao trabalho humano.
Para a superação das proble-
máticas postas a partir das 
questões sociais é necessário 
APRESENTAÇÃO
QUESTÃO SOCIAL NA CONTEMPORANEIDADE
muita criatividade, com-
petência, leitura crítica e, 
sobretudo, a soma de esfor-
ços na mesma direção por 
parte de todos os envolvi-
dos: governo, organizações 
e diversos profissionais 
que atuam no mercado de 
trabalho. 
Todos necessitam da nítida 
compreensão de que a socie-
dade é dinâmica, a clareza de 
que o processo histórico nos 
diz muito sobre a sociedade 
que temos hoje, tanto nos 
fala dos avanços como nos 
sinalizam muito bem quanto 
às origens das problemáticas 
que enfrentamos, seja eco-
nômica como social. 
APRESENTAÇÃO
Os profissionais envolvidos 
diretamente com o trabalho 
com as demandas sociais que 
são geradas pelas expressões 
da questão social em nossa 
sociedade precisam ter claro 
que mesmo a questão social 
sendo a mesma ao longo dos 
tempos, ela assume caracte-
rísticasdiferentes em cada 
realidade, manifesta-se de 
formas diferentes de acordo 
com as relações sócio-econô-
micas estabelecidas e a cada 
dia novos conflitos surgem 
acrescentando novos ele-
mentos as questões sociais.
Estaremos juntos nas próxi-
mas páginas e buscaremos 
refletir acerca das questões 
sociais e suas expressões. Esses 
APRESENTAÇÃO
APRESENTAÇÃO
foram apenas questionamen-
tos iniciais. Sendo assim, bom 
trabalho, boa leitura, e apro-
veite este momento, pois as 
discussões propostas neste 
material darão o norte do 
agir profissional, bem como 
uma melhor compreensão 
de como surgiu a profissio-
nal e como hoje ela é gestada 
no contexto social.
Bons estudos!
Profª Daniela Sikorski.
Profª Maria Cristina A. B. 
Cunha.
APRESENTAÇÃO
SUMÁRIO
UNIDADE I
QUESTÃO SOCIAL NO 
MUNDO
23 Introdução
27 Adquirindo Novos 
 Conhecimentos 
 e Recapitulando Alguns 
 Acontecimentos Acerca 
 da Questão Social no 
 Mundo
31 Questão Social e a 
 História
47 Revolução Industrial
59 Lei dos Pobres
78 Nova Lei dos Pobres 
 (Inglaterra - 1834)
SUMÁRIO
84 As Workhouses
105 Considerações Finais
129 Referências
134 Gabarito
UNIDADE II
PRODUÇÃO E REPRODUÇÃO 
DA QUESTÃO SOCIAL 
BRASILEIRA
139 Introdução
143 A Questão Social na 
 Sociedade Capitalista
162 A Questão Social no 
 Processo de 
 Industrialização do 
 Brasil
SUMÁRIO
183 A Questão Social no 
 Brasil nas Décadas de 20 
 e 30 (Século XX)
227 Considerações Finais
253 Referências
260 Gabarito
UNIDADE III
CONCEITUANDO A QUESTÃO 
SOCIAL
269 Reflexões Recentes
295 Questão Social e Nova 
 Questão Social - 
 Reflexões e Conceitos
333 Refletindo Sobre o 
 Objeto de Serviço Social
SUMÁRIO
345 Considerações Finais
372 Referências
380 Gabarito
UNIDADE IV
MANIFESTAÇÕES DA 
QUESTÃO SOCIAL 
BRASILEIRA SOB O OLHAR 
DO SERVIÇO SOCIAL
385 Introdução
389 Questão Social – Serviço 
 Social e Sua Intervenção
424 O Cenário Atual e suas 
 Incidências na Questão 
 Social
429 Considerações Finais
SUMÁRIO
459 Referências
462 Gabarito
UNIDADE V
BUSCANDO RESPOSTAS ÀS 
EXPRESSÕES DA QUESTÃO 
SOCIAL NO BRASIL
466 Introdução
470 Questão Social e Serviço 
 Social
505 A Família Atingida pelas 
 Questões Sociais – Breve 
 Explanação
531 Considerações Finais
558 Referências
563 Gabarito
564 Conclusão
U
N
ID
A
D
E I
Prof. Esp. Daniela Sikorski
Prof. Me. Maria Cristina A. de Brito Cunha
QUESTÃO SOCIAL 
NO MUNDO
OBJETIVOS DE 
APRENDIZAGEM
 ■ Atualizar os 
conhecimentos acerca de 
alguns acontecimentos 
históricos mundiais 
que contribuirão para 
o entendimento da 
questão social hoje e o 
serviço social.
U
N
ID
A
D
E I
Prof. Esp. Daniela Sikorski
Prof. Me. Maria Cristina A. de Brito Cunha
QUESTÃO SOCIAL 
NO MUNDO
PLANO DE ESTUDO
A seguir, apresentam-se os 
tópicos que você estudará 
nesta unidade:
 ■ Adquirindo novos 
conhecimentos e 
recapitulando alguns 
acontecimentos acerca 
da questão social no 
mundo.
 ■ Questão Social e a 
história
U
N
ID
A
D
E
 ■ Revolução Industrial
 ■ Lei dos Pobres
 ■ Nova Lei dos Pobres 
(Inglaterra – 1834)
 ■ Workhouses
I
Prof. Esp. Daniela Sikorski
Prof. Me. Maria Cristina A. de Brito Cunha
QUESTÃO SOCIAL 
NO MUNDO
QUESTÃO SOCIAL NO MUNDO
25
INTRODUÇÃO
Caro(a) aluno(a), atualmente, 
falamos muito em globalização 
e sistema capitalista, neolibera-
lismo, porém se observarmos o 
constante crescimento da eco-
nomia veremos que este avanço 
não contribuiu para amenizar 
ou eliminar as desigualdades e 
disparidades sociais presente 
na sociedade. Vemos a cres-
cente pobreza, ocasionada por 
falta de emprego, o que acaba 
desencadeando problemas habi-
tacionais, de saúde, assistência 
social, violência, entre outros.
O avanço econô-
mico não gerou avanço e 
QUESTÃO SOCIAL NO MUNDO
26
desenvolvimento social, e em 
alguns momentos até o agravou, 
deixando muitos indivíduos à 
mercê da própria sorte. Desta 
maneira, iniciamos nossa dis-
ciplina com reflexões acerca 
dos acontecimentos mundiais 
relacionados ao trabalho, princi-
palmente, a transição do sistema 
feudal para o capitalista, no qual 
veremos um pouco mais sobre 
a Revolução Industrial, a cria-
ção das Workhouses e a Lei dos 
Pobres de 1601 e 1834. 
Alguns pontos devem ser bem 
observados nesta unidade: a 
máxima do capital: aumentar 
o lucro, reduzindo as despesas, 
isso provocou no homem a ideia 
QUESTÃO SOCIAL NO MUNDO
27
de que para conseguir o que se 
queria (lucro) podia-se tudo, 
inclusive, passar por cima dos 
valores humanos. A distribuição 
de renda se torna concentrada 
nas mãos de poucos, propor-
cionando um desequilíbrio 
econômico e, por consequência, 
social, pois o indivíduo traba-
lhador mesmo cumprindo com 
suas funções, não possuía condi-
ções de no final do mês prover o 
necessário. E ainda com a ilusão 
de que vida próspera para todos 
estava na cidade, muitas famílias 
começam a abandonar o campo, 
depositando suas esperanças nos 
centros urbanos, acontecendo 
assim um aumento significativo 
QUESTÃO SOCIAL NO MUNDO
28
na demanda de mão de obra, o 
aumento da população urbana, 
e o retrato do despreparo das 
cidades no recebimento des-
tas famílias. Assim, agrava-se a 
questão social tanto na cidade 
quanto no campo.
Vamos aproveitar para somar-
mos conhecimento, muitos deles 
já se encontram na sua memória, 
basta fazer um pouco de esforço 
e retomar estes fatos. Sendo 
assim, vamos ativar a memória 
e mãos à obra!
QUESTÃO SOCIAL NO MUNDO
29
ADQUIRINDO NOVOS 
CONHECIMENTOS E 
RECAPITULANDO ALGUNS 
ACONTECIMENTOS 
ACERCA DA QUESTÃO 
SOCIAL NO MUNDO
Neste início de leitura, creio que 
seja pertinente um primeiro exer-
cício de reflexão, que consiste 
em refletir acerca da seguinte 
©
Ily
a B
oy
ko
QUESTÃO SOCIAL NO MUNDO
30
citação: “Aqueles que esquecem 
o passado estão condenados e 
repeti-lo” (SANTAYANA, 1905 
apud SCHIMDT, 1986, p.98).
O questionamento é: o que real-
mente quer dizer e o que significa 
para esta nossa discussão e, espe-
cificamente, para este capítulo a 
colocação deste autor? Aproveite 
este momento, pois nenhuma cita-
ção aparece em um texto por acaso 
ou mero enfeite, cada citação possui 
um significado e merece atenção, 
pois nos auxilia no entendimento 
do assunto, ela nos abre as portas 
da reflexão e do conhecimento.
Após este exercício, partiremos 
em um passeio histórico, reto-
mando conteúdos já vistos em 
QUESTÃO SOCIAL NO MUNDO
31
outras oportunidades, no pró-
prio curso de Serviço Social e até 
mesmo em nossa vida escolar do 
ensino médio ou cursinho pré-
-vestibular, o que muda agora é 
como nós estaremos analisando 
os acontecimentos históricos e 
o processo de surgimento das 
questões sociais no mundo 
(primeiramente). 
Estaremos mais que envol-
vidos com a questão histórica, 
aliás, ela (a história) é mais que 
necessária para que possamos 
compreender como e por que 
temos e vivenciamos o mundo 
como ele é hoje.
 Não podemos apenas passar 
uma “borracha” em tudo o que já 
QUESTÃO SOCIAL NO MUNDO
32
foi construído ou simplesmente 
achar que os acontecimentos pas-
sados não influenciam nas nossas 
vidas. Não podemos desconside-
rar as tentativas de melhorar as 
condições de vida realizadas por 
nossos antepassados, os erros e 
acertos e a busca constante por 
um mundo melhor e que aten-
desse as suas necessidades.
Desta maneira, aproximaremo-
-nos um pouco mais da história, 
no que se refere ao surgimento 
da questão social, as institui-
ções de apoio ao necessitado 
na Inglaterra (as Workhouses); 
estaremos ampliando nosso 
conhecimento acerca da cha-
mada Lei dos Pobres (Poor Law) 
QUESTÃO SOCIAL NO MUNDO
33
e ainda retomar alguns pontos 
no que se refere a Revolução 
Industrial.
Vamos, então, ampliar nosso 
conhecimento? Aproveitem a 
leitura!
QUESTÃO SOCIAL E A 
HISTÓRIA
Quando falamos em questão 
social não estamos abordando 
nenhum tema recente ou algo 
novo. O surgimento da ques-
tão social está inserido em um 
contexto histórico, ligado a umagama de relações – mais especi-
ficamente trabalhistas. Relações 
contraditórias, desiguais e que 
QUESTÃO SOCIAL NO MUNDO
34
geraram mudanças na reali-
dade social da época onde estava 
inserida. 
Assim, você pode compreen-
der que a questão social deve 
ser apreendida a partir de como 
as relações se configuram e se 
apresentam na sociedade e 
como acontece, o enfrentamento 
da questão social (quais media-
ções são buscadas) tanto no 
âmbito social quanto no âmbito 
político. 
QUESTÃO SOCIAL NO MUNDO
35
Tenha claro que neste momento, 
estaremos falando sobre uma 
realidade que não é a brasileira 
e sim inglesa, contudo, esta rea-
lidade nos serve de ponto de 
partida, pois muito dos seus fei-
tos refletiram em todo mundo e 
são percebidos até os dias atuais.
Em seguida, vamos ler um 
pouco mais sobre a Lei dos 
Pobres (Poor Law) (1601 e 
1834), uma vez que ela simboli-
zou um marco no enfrentamento 
das questões sociais da Inglaterra 
e contribuiu para reflexão his-
tórica da profissão.
É importante termos sempre 
em mente que a leitura não só 
amplia nosso conhecimento 
QUESTÃO SOCIAL NO MUNDO
36
como também contribui para 
nossa visão de homem e de 
mundo, sem contar que quem lê, 
escreve e reflete muito melhor, 
sem contar no aperfeiçoamento 
do vocabulário e melhora nos 
níveis de discussão.
Gosto sempre de começar o 
estudo sobre a questão social a 
partir da citação, a seguir, ela 
apresenta brevemente como a 
sociedade entendia o mundo e 
suas realações, leia atentamente 
e, em seguida, prosseguiremos:
Desde o final do século XIX, 
o mundo imaginava que o 
ano 2000 seria o coroamen-
to do processo civilizatório. 
Daí a grande questão so-
QUESTÃO SOCIAL NO MUNDO
37
cial do século XXI: impe-
dir que a desigualdade, já 
transformada em diferença 
nos dias atuais, chegue a se 
transformar em uma desse-
melhança. O século XVIII 
descobriu a igualdade dos 
direitos dos homens. O sé-
culo XIX iniciou a marcha 
para a sua construção. O sé-
culo XX descobriu e iniciou 
a marcha para a construção 
do direito à igualdade, até 
mesmo no consumo supér-
fluo. A revolução iluminis-
ta do século XVIII trouxe o 
sonho. A revolução indus-
trial do século XIX trouxe a 
possibilidade da igualdade 
QUESTÃO SOCIAL NO MUNDO
38
nos direitos. Com a revo-
lução consumista, o século 
XX trouxe a possibilidade 
de redefinição do propósito 
igualitário rumo ao direito à 
igualdade, no lugar de ape-
nas a igualdade ao direito. A 
humanidade, que buscava a 
igualdade dos direitos, pas-
sou a buscar a igualdade do 
consumo, no mundo capi-
talista ou socialista. Antes, o 
mundo se dividia em países, 
agora o mundo se divide em 
grupos sociais, os incluídos 
e os excluídos (BUARQUE, 
2004, p. 01-08).
Neste momento, vamos obser-
var o contexto histórico do 
QUESTÃO SOCIAL NO MUNDO
39
surgimento da questão social no 
mundo, observando que este não 
é um fenômeno exclusivamente 
brasileiro, ele se apresenta em 
todo o mundo, e em cada lugar 
assume características diferen-
ciadas conforme a realidade de 
cada lugar, de cada cultura. 
Destarte algumas colocações 
se fazem relevantes em relação 
aos direitos sociais no mundo 
do trabalho, uma vez que toda 
questão social surge de uma 
necessidade que foi ferida, ou 
melhor, que não está sendo 
sanada, isto necessariamente, 
implica na “violação de algum 
direito social”, contudo, fique 
atento: pois os direitos sociais 
QUESTÃO SOCIAL NO MUNDO
40
nem sempre foram assim enten-
didos, aliás, de todos os direitos, 
os sociais foram os últimos a 
serem reconhecidos.
Direitos Civis: Este elemento é 
composto dos direitos neces-
sários à liberdade individual, 
como liberdade de ir e vir, li-
berdade de imprensa, de pen-
samento e religiosa, o direito à 
propriedade, o de estabelecer 
contratos e o direito à justiça. 
As instituições mais intima-
mente ligadas aos direitos ci-
vis são os Tribunais de Justiça.
Direitos Políticos: Este elemen-
to diz respeito à participação 
QUESTÃO SOCIAL NO MUNDO
41
no exercício do poder – o direi-
to de votar e de ser votado. São 
instituições correspondentes 
aos direitos políticos do Parla-
mento e as instituições de go-
verno.
Direitos Sociais: O elemento 
social da cidadania se refere a 
tudo o que vai desde um mí-
nimo de bem-estar econômi-
co e segurança até o direito de 
levar a vida de acordo com os 
padrões que prevalecem na 
sociedade. As instituições mais 
ligadas a este elemento social 
são o sistema educacional e os 
serviços sociais.
Fonte: Adaptado de Dias (2005, 
p.124).
QUESTÃO SOCIAL NO MUNDO
42
Logo, começaremos pela 
IDADE MÉDIA. No final da 
Idade Média, o trabalho consis-
tia em uma estrutura familiar, 
esta estrutura que prevalecia 
na sociedade, em que o espaço 
temporal de trabalho era o dia, 
ou seja, o trabalhador iniciava 
suas atividades laborativas com 
o nascer do sol e parava seus tra-
balhos somente ao anoitecer. 
©
sh
ut
te
rs
to
ck
QUESTÃO SOCIAL NO MUNDO
43
Consideravam-se muito as for-
ças místicas da natureza, eram 
muito comum os trabalhado-
res se orientarem e regularem 
suas vidas a partir da natureza. 
O espaço físico do trabalho era 
o lar, a residência e os arredores 
da casa familiar (os agriculto-
res, os sapateiros e os alfaiates). 
É importante ressaltar como 
o trabalho feminino e o tra-
balho infantil estão presen-
tes nessa sociedade. As ne-
cessidades de sobrevivência 
e as obrigações servis con-
tribuem para isso. As crian-
ças, desde que já possam 
exercer alguma atividade 
laborativa, ingressam no 
QUESTÃO SOCIAL NO MUNDO
44
mundo do trabalho para au-
xiliar na economia familiar. 
Nessa lógica, quanto mais 
filhos, maior poderia ser o 
aproveitamento produtivo. 
Pelo menos era assim que se 
apresenta aquela socieda-
de e, de maneira não muito 
distante, podemos observar 
a mesma lógica sendo em-
pregada nas comunidades 
rurais mais atrasadas atu-
almente (SAUCEDO; NI-
COLAZZI Jr. In: GEDIEL, 
2001, p. 84). 
Com o passar dos tempos, o 
comércio e o constante cresci-
mento urbano vão ganhando 
destaque no final da Idade Média, 
QUESTÃO SOCIAL NO MUNDO
45
no qual gradativamente as cida-
des vão se tornando espaço de 
trabalho, pois é neste espaço que 
ocorrem as trocas (produtos agrí-
colas, artesanato etc.) e todo tipo 
de negócio. Estas transações ocor-
riam tanto durante o dia como a 
noite, em casa ou nas fábricas, rom-
pendo neste final da Idade Média 
toda estrutura feudal vigente, pois 
surge o sistema capitalista.
A evidência mais marcante, 
com o advento do sistema capi-
talista é a transformação das 
relações sociais, antes se tinha 
a relação senhor X servo, e com 
o novo sistema temos, o burguês 
X proletário. Outra caracterís-
tica é o início da produção em 
QUESTÃO SOCIAL NO MUNDO
46
larga escala, lembrando que 
antes as produções eram base-
adas na estrutura familiar sem 
muitos recursos. Priorizava-se 
o uso e, agora, a troca, apare-
cendo o que Marx chamava de 
mais valia. 
©User
QUESTÃO SOCIAL NO MUNDO
47
Relações estabelecidas ao lon-
go dos tempos. Perceba que 
sempre se apresentou uma 
constante oposição que pode-
mos resumir entre “opressores 
e oprimidos”.
Homem livre X Escravo
Patrício X Plebeu
Barão/Senhor X Servo 
Burguesia (patrão) X Proleta-
riado (empregado)
Fonte: Marx e Engels (1848, 
on-line)1.
QUESTÃO SOCIAL NO MUNDO
48
Outro aspecto que permanece 
com o sistema capitalista é que 
assim como na estrutura feudal, 
todos os membros da família 
eram trabalhadores, sujeitos 
aos mesmos trabalhos, sem dis-
tinção. O que diferenciava era 
que a grande busca por mulhe-
res e crianças se dava por conta 
do baixo custo da mão de obra 
(mulheres recebiam salários 
bem menores que os homens), 
representando uma maneira de 
baratear os custos de produção e 
outro motivo era que estes dois 
grupos (mulheres e crianças) 
eram “facilmente” disciplinados 
e fáceis de dominar.
QUESTÃO SOCIAL NO MUNDO
49
REVOLUÇÃO INDUSTRIAL
A Revolução Industrial começou 
na Inglaterra (XVIII), alterandoas 
relações e condições de trabalho, 
“inchando” as cidades com a vinda 
das famílias do campo em busca 
de condições melhores de vida.
Aumentar lucros e diminuir 
despesas, este era (é) o princípio 
do sistema capitalista, portanto, 
os proprietários buscam novas 
tecnologias para suas fábricas, 
exploram seus operários com 
carga horária de trabalho exorbi-
tante, salários irrisórios e locais 
insalubres, tudo isto para jus-
tificar o aumento da produção 
de mercadorias e o aumento do 
lucro para os proprietários.
QUESTÃO SOCIAL NO MUNDO
50
A questão social, originalmen-
te expressa no empobrecimen-
to do trabalhador, tem suas 
bases reais na economia capi-
talista. Politicamente, passa a 
ser reconhecida como proble-
ma na medida em que os tra-
balhadores empobrecidos, de 
forma organizada, oferecem 
resistência às más condições 
de existência decorrentes de 
sua condição de trabalhado-
res para o capital.
Fonte: Santos e Costa (2006, p. 
12, on-line)2.
QUESTÃO SOCIAL NO MUNDO
51
A partir deste cenário, origi-
nário da Revolução Industrial, 
vemos o aumento descontrolado 
da população das cidades. Os 
camponeses deslumbrados com 
a ideia de uma vida mais fácil 
e melhores salários na cidade, 
sem pensar muito abandonavam 
suas vidas no campo, contudo, ao 
chegarem à cidade o que encon-
travam era um cenário caótico 
e desesperador. 
©shutterstock
QUESTÃO SOCIAL NO MUNDO
52
Contribuindo para o cres-
cimento dos problemas 
sócio-econômicos, pois não havia 
emprego para toda a demanda 
que chegava na cidade, começa 
a aparecer em larga escala o pro-
blema do desemprego, fome, 
moradia (cortiços), prostitui-
ção, alcoolismo, sem contar 
na ausência de leis trabalhis-
tas que em muito facilitavam a 
exploração daqueles que ainda 
possuíam emprego. 
Neste contexto histórico, temos 
ainda a chamada Segunda Fase 
da Revolução Industrial (1871-
1914) que é compreendida pela:
 ■ Introdução de outras inova-
ções tecnológicas.
QUESTÃO SOCIAL NO MUNDO
53
 ■ Fonte de energia: não só o 
vapor, mas também a eletri-
cidade e o petróleo.
 ■ Criação de novas máquinas 
e ferramentas, com outra 
estrutura de trabalho que 
agora é colocada em prática: 
Avançada fragmentação de 
tarefas.
 ■ Ações eram repetidas infini-
tamente até alcançar maior 
produtividade. 
 ■ Para obter a colaboração dos 
funcionários foram estabele-
cidos remuneração e prêmios 
extras. 
Assim, o trabalhador tornou-
-se uma extensão da máquina, e 
QUESTÃO SOCIAL NO MUNDO
54
ainda hoje, vemos nitidamente 
os reflexos deste modelo de 
trabalho, um exemplo clássico 
deste formato é o apresentado 
no filme “Tempos Modernos” 
de Charlie Chaplin.
Na leitura complementar 
desta unidade, vamos relem-
brar alguns pontos acerca da 
©
sh
ut
te
rs
to
ck
QUESTÃO SOCIAL NO MUNDO
55
Revolução Industrial, procure 
olhar além do fato apresen-
tado, procure vivenciar a época, 
sentir o momento e tentar com-
preender a situação sentida por 
milhões de pessoas nesta fase da 
história, e assim entender um 
pouco mais sobre a concepção da 
questão social. Seu surgimento, 
organização e fatores que con-
tribuíram para seu agravamento 
na realidade apresentada. Faça 
uma boa leitura!
Entre os anos de 1855 e 1866, 
houve um aumento bem sig-
nificativo de “indigentes” na 
Inglaterra, esses não tinham 
alternativa que não fosse recorrer 
a caridade pública e acabavam 
QUESTÃO SOCIAL NO MUNDO
56
se submetendo aos serviços das 
workhouses, as quais veremos 
mais adiante. 
Cabe ressaltar que no campo 
a realidade não era muito dife-
rente que a realidade da cidade. 
No campo se agravou a questão 
da fome, as mulheres e crian-
ças foram os mais atingidos, já 
que a prioridade na alimentação 
era o homem, pois esse deveria 
estar bem alimentado para que 
pudesse trabalhar, e o restante 
da família vinha em “segundo 
lugar”.
Quando analisamos este 
contexto de crescimento do 
empobrecimento das famí-
lias tanto do campo quanto da 
QUESTÃO SOCIAL NO MUNDO
57
cidade, percebemos a origem do 
que hoje chamamos de questão 
social. 
Não esqueça que o sistema 
capitalista com seus crescen-
tes conflitos de classes gerou o 
agravamento das desigualda-
des sociais. O que trouxe à tona 
a discussão acerca da questão 
social, isso se deu a partir dos 
problemas dos trabalhadores, 
a crescente miséria, a insatisfa-
ção com as condições sociais, 
as lutas por melhorias urbanas, 
estes pontos quando problema-
tizados ganham na sociedade da 
época um caráter político.
QUESTÃO SOCIAL NO MUNDO
58
[...] a questão social, origi-
nalmente expressa no em-
pobrecimento do trabalha-
dor, tem suas bases reais na 
economia capitalista. Poli-
ticamente passa a ser reco-
nhecida como problema na 
medida em que os indivídu-
os empobrecidos, de forma 
organizada, oferecem resis-
tência as más condições de 
existência decorrentes de 
sua condição de trabalha-
dores para o capital. No per-
curso do desenvolvimento 
do capitalismo atravessado 
por lutas sociais entre capi-
tal e trabalho constituem-se 
respostas sociais mediadas 
QUESTÃO SOCIAL NO MUNDO
59
ora por determinadas or-
ganizações sociais, ora pelo 
Estado, em um processo im-
pulsionado pelo movimen-
to de reprodução do capital 
(SANTOS; COSTA, 2006, 
p. 3, on-line)2.
Tudo isto gera uma grande insa-
tisfação e, descontentamento, 
originando assim a organização 
dos operários, processo este que 
não ocorreu do dia para noite.
Sendo assim, quem inter-
veio neste contexto foi a Igreja 
Católica. Com vistas a “recu-
perar” e melhorar os efeitos 
trágicos que caiam sobre a classe 
trabalhadora. Ela atuaria no 
espaço entre:
QUESTÃO SOCIAL NO MUNDO
60
A recusa do Estado em as-
sumi-la e a incapacidade 
das chamadas ‘classes infe-
riores’ de decidir sobre seu 
destino. Nesse sentido, ela 
lançará mão de um conjun-
to de procedimentos e es-
tratégias de forte conteúdo 
moralizador, atuando basi-
camente em três níveis: [...] 
assistência aos indigentes 
por meio de técnicas que 
antecipam o trabalho social 
no sentido profissional do 
termo; o desenvolvimento 
de instituições de poupança 
e de previdência voluntária 
que apresentam as premis-
sas de uma sociedade se-
QUESTÃO SOCIAL NO MUNDO
61
gurancial; a instituição da 
proteção patronal, garantia 
da organização racional do 
trabalho e, ao mesmo tem-
po, da paz social (CASTEL, 
1998 p. 319).
LEI DOS POBRES
Na Inglaterra por volta do final 
do reinado de Elizabeth, os seus 
parlamentares da época percebe-
ram a necessidade de melhorar a 
política que estava relacionada ao 
auxílio aos mais pobres do país.
Logo, no ano de 1597, é implan-
tada uma nova lei que ordenava 
que as paróquias nomeassem o 
que chamaram de “inspetores” 
QUESTÃO SOCIAL NO MUNDO
62
dos pobres, esses tinham como 
função encontrar trabalho para 
aqueles que estivessem sem ocu-
pação. Os inspetores dos pobres 
tinham ainda como tarefa a cons-
trução de “paróquias-abrigo”, 
essas deveriam contar com hos-
pitais e asilos.
QUESTÃO SOCIAL NO MUNDO
63
As “paróquias-abrigo” eram 
utilizadas para acolher aqueles 
que não possuíam condições de 
garantir a sua própria subsistên-
cia. Esse projeto era financiado 
com fundos públicos, dando 
origem ao que chamamos na 
história deste país (Inglaterra) 
de “bem-estar social” inglês.
No ano de 1601, todas as 
medidas, gradativamente san-
cionadas nesse sentido, foram 
organizadas em um estatuto 
que se chamou de Primeira Lei 
dos Pobres (Poor Law) man-
tida, basicamente, inalterada até 
1834.
A Lei dos Pobres de 1601 
foi estimulada pelas cir-
QUESTÃO SOCIAL NO MUNDO
64
cunstâncias econômicas e 
pelo aumento populacional 
da Inglaterra em relação a 
épocas anteriores, que le-
vou à expansão da pobreza. 
O homem pobre, destituí-
do de seus direitos, não ti-
nha trabalho, alimentação 
e moradia, nem condições 
para alimentar seus filhos, 
constituindo-se desta forma 
em um problema de ordem 
social (DORIGON, 2006, p. 
119, on-line)4.
Conforme explanação de 
Dorigon (2006, on-line)4, a Lei 
dos Pobres erafinanciada pelo 
imposto fundiário, estabe-
lecendo para quem não tinha 
QUESTÃO SOCIAL NO MUNDO
65
meios de subsistência, o direito 
à assistência social. Acontecia a 
partir dos seguintes princípios:
a. Obrigação de socorro aos 
necessitados.
b. Assistência pelo trabalho.
c. Taxa cobrada para o socorro 
dos pobres (poor tax).
d. Responsabilidade das 
paróquias pela assistência de 
socorros e de trabalho.
QUESTÃO SOCIAL NO MUNDO
66
A Lei dos Pobres foi pensada a 
partir do aumento da popula-
ção carente no país, oriunda da 
expansão do sistema capitalista, 
o que afetou a estabilidade da 
ordem econômica. Claro que 
a lei não foi pensada somente 
por pura preocupação da classe 
dominante com os mais neces-
sitados e afetados pelo sistema, 
por trás dessa ideia encontra-se 
a intenção desta classe burguesa 
em controlar este segmento da 
população.
Dorigon (2006, p. 64, on-line)4 
diz que:
Essa lei definiu algumas es-
tratégias: trabalho como 
punição para o desocupa-
QUESTÃO SOCIAL NO MUNDO
67
do e para o pobre que tinha 
capacidade; pagamento em 
dinheiro, considerado uma 
pensão, para aqueles que 
não podiam trabalhar; proi-
bição do auxílio ao mendi-
go e ao frequentador casu-
al dos asilos, que buscavam 
auxílio apenas naquele mo-
mento.
QUESTÃO SOCIAL NO MUNDO
68
É essencialmente na Lei dos 
Pobres que a medicina ingle-
sa começa a tornar-se social, 
na medida em que o conjunto 
dessa legislação comportava 
um controle médico do pobre. 
A partir do momento em que o 
pobre se beneficia do sistema 
de assistência, deve, por isso 
mesmo, submeter-se a vários 
controles médicos. Com a Lei 
dos Pobres aparece, de manei-
ra ambígua, algo importante 
na história da medicina social: 
a ideia de uma assistência con-
trolada, de uma intervenção 
médica que é tanto uma ma-
neira de ajudar os mais pobres 
a satisfazer suas necessidades 
de saúde, sua pobreza não 
QUESTÃO SOCIAL NO MUNDO
69
permitindo que o façam por 
si mesmos, quanto um con-
trole pelo qual as classes ricas 
ou seus representantes no go-
verno asseguram a saúde das 
classes pobres e, por conse-
guinte, a proteção das classes 
ricas. Um cordão sanitário au-
toritário é estendido no inte-
rior das idades entre ricos e po-
bres: os pobres encontrando a 
possibilidade de se tratarem 
gratuitamente ou sem grande 
despesa e os ricos garantindo 
não serem vítimas de fenôme-
nos epidêmicos originários da 
classe pobre.
Fonte: Foucault (1982, on-li-
ne)3.
QUESTÃO SOCIAL NO MUNDO
70
Depreende-se que a Lei 
visava evitar futuros pro-
blemas sociais. Tendo em 
vista o número significati-
vo de pobres desocupados 
em condições degradantes, 
buscava a repressão à men-
dicância e à vagabundagem 
e a minimização da miséria.
Perceba que já nesta época, as 
iniciativas de sanar as proble-
máticas sociais eram permeadas 
de interesses pessoais da classe 
dominante, podemos imaginar 
que muitos poucos políticos da 
época, possuíam a real preocu-
pação com o agravamento de 
tais problemáticas que assola-
vam a vida daqueles que foram 
QUESTÃO SOCIAL NO MUNDO
71
atingidos da pior forma pela ins-
tauração crescente do sistema 
capitalista, a estes não restou o 
acompanhamento do progresso 
nacional, muito menos a socia-
lização dos ganhos financeiros 
gerados por tal sistema.
Conforme vimos até agora, 
você percebeu alguma seme-
lhança com os dias atuais? Al-
guma semelhança com o nos-
so país?
QUESTÃO SOCIAL NO MUNDO
72
Perceba que estamos discutindo 
neste momento o que aconteceu 
no século XVII. Hoje no século 
XXI, como percebemos as ações 
de tentativas de resolver as ques-
tões sociais em nosso país?
Logo, podemos ver a seguinte 
questão acerca da Lei dos Pobres 
(Poor Law):
Ela era, ao mesmo tempo, 
marcada por um sentimen-
to de caridade cristã e por 
um violento preconceito 
social. A ideia de que a es-
mola é uma ação piedosa e 
redime os pecados levava 
à distribuição ampla e in-
discriminada de ajuda: mas 
não excluía, absolutamen-
QUESTÃO SOCIAL NO MUNDO
73
te, a desconfiança e o te-
mor em relação aos que re-
cebiam. Daí as alternâncias 
de fraqueza e rigor na apli-
cação dessa lei: em geral, o 
rigor venceu. Pretendiam 
fazer desaparecer a perigo-
sa classe de mendigos pro-
fissionais, que tivera, em 
meados do século XVI, um 
desenvolvimento temível. 
A obrigatoriedade do tra-
balho, imposta a todos as-
sistidos, exceto quando suas 
doenças os tornavam abso-
lutamente incapazes, era re-
forçada por severas penali-
dades: chicote, no primeiro 
delito de vadiagem ou en-
QUESTÃO SOCIAL NO MUNDO
74
vio a casa de correção; em 
caso de reincidência, chico-
te e marca de ferro (MAN-
TOUX, 1989, p. 443, on-li-
ne, grifos do autor)5.
Era objetivo da Lei dos Pobres 
eliminar os “vagabundos” e men-
digos que perambulavam pelas 
ruas. Deixava claro que a Igreja 
deveria administrar os auxílios 
aos necessitados, bem como rea-
lizaria o recolhimento das taxas 
dos locatários e as utilizava con-
forme exposta na figura a seguir:
QUESTÃO SOCIAL NO MUNDO
75
Figura 1 - Lei dos Pobres 
(1601) - Utilização das taxas e 
sua aplicabilicadade
1. Trabalho com os órfãos.
2. Com crianças cujos pais trabalhavam e não tinham com quem 
deixá-los, muito menos cuidá-los no trabalho.
3. Aquisição de materiais para que o pobre pudesse trabalhar, 
por exemplo: lã, linho e �ador para produção. 
4. Oferta de auxílio àqueles impossibilitados de trabalhar (cegos, 
idosos, pessoas com de�ciência, entre outros casos).
5. Poderia ainda ser provido casas que serviriam de asilos ou 
poorhouses, que depois passariam a ser as Workhouses, conheci-
das como casas de correção e instrução, que tinham como 
propósito fornecer acomodação e ao mesmo tempo trabalho.
Fonte: a autora (2016).
QUESTÃO SOCIAL NO MUNDO
76
Segundo Dorigon (2006, p. 65, 
on-line)4:
A Lei dos Pobres de 1601 
delegava autoridade legisla-
tiva para o estabelecimento 
nas paróquias destas insti-
tuições, que poderiam unir 
duas ou mais igrejas que 
iriam organizar as casas de 
trabalho para abrigar os po-
bres, dar-lhes assistência, 
mas também ter lucros com 
eles, conforme o parágrafo 
primeiro da Lei dos Pobres 
de 1601. Todavia, embora 
muitas igrejas buscassem 
ganhar mais dinheiro com o 
trabalho dos pobres, grande 
parte dos que se abrigavam 
QUESTÃO SOCIAL NO MUNDO
77
nessas instituições eram do-
entes, idosos e crianças, cujo 
trabalho dava pouco lucro, 
o que os levava a fugir das 
suas responsabilidades.
Com todas estas medidas toma-
das para a redução do número 
de pobres no país, logo, questio-
namentos sobre a sua efetividade 
começaram a surgir, uma vez que 
a quantidade de ociosos aumen-
tou significativamente. Isto de 
deu por volta do século XVIII. 
Bem como a atuação da Igreja 
também começou a ser inda-
gada, mediante certos tipos de 
medidas tomadas, como você 
pode verificar a seguir:
QUESTÃO SOCIAL NO MUNDO
78
Cada paróquia achava que 
só tinha que socorrer seus 
pobres, excluindo os re-
cém-chegados, que consi-
deravam intrusos: alias, é 
provável que algumas paró-
quias tenham tentado de-
sembaraçar-se dos encar-
gos de sua competência às 
custas de outras paróquias, 
mais ricas ou menos avaras 
(MANTOUX, 1989, p. 443-
444, on-line)5.
Todas estas discussões e análi-
ses fizeram com que acontecesse 
a revisão e reformulação da Lei 
dos Pobres de 1601. Repensou-se 
o auxílio ao pobre, a sua admi-
nistração, devendo-se agora 
QUESTÃO SOCIAL NO MUNDO
79
“ajudar” realmente e apenas 
aquele que necessitasse e puni-
ria aqueles que se recusassem a 
trabalhar. Intensificou-se a cria-
ção de instituições que visavam 
retirar o pobre da rua, dar-lhe 
educação e proporcionar-lhe 
trabalho, para que recuperasse 
sua condição.
©
sh
ut
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rs
to
ck
QUESTÃO SOCIAL NO MUNDO
80
NOVA LEI DOS POBRES 
(INGLATERRA - 1834)
Após os motivos explicitados 
acima, a Lei dos Pobres de 1601 
foi reformulada e em 14 de agosto 
de 1834 foi criada a Nova Lei 
dos Pobres (Reinado de George 
III), e com ela, podemos perce-
bera situação, segundo Trindade 
(1998, p. 29):
A Nova Lei dos Pobres [...], 
um estatuto de insensibili-
dade incomum, deu aos tra-
balhadores (da Inglaterra) 
o auxílio-pobreza somente 
dentro das novas workhou-
ses (onde tinham que se se-
parar da mulher e dos filhos 
para desestimular o hábito 
QUESTÃO SOCIAL NO MUNDO
81
sentimental e não malthu-
siano de procriação impen-
sada) e retirou a garantia pa-
roquial de uma manutenção 
mínima. Nessas ocasiões em 
que a miséria batesse à por-
ta, sequer vestígios de cida-
dania se preservariam: ‘[...] 
os indigentes abriam mão, 
na prática, do direito civil 
da liberdade pessoal devi-
do ao internamento na casa 
de trabalho, e eram obriga-
dos por lei a abrir mão de 
direitos políticos que pos-
suíssem. Essa incapacidade 
permaneceu em existência 
até 1918’ (grifos do autor).
QUESTÃO SOCIAL NO MUNDO
82
Podemos dizer que a Primeira 
Lei dos Pobres sucumbiu pelo 
fato de muitas pessoas que 
podiam trabalhar e que se 
negavam devido ao auxílio da 
Igreja, o que gera uma nova 
questão social.
Uma das 
funções da 
Nova Lei dos 
Pobres era 
selecionar e 
nomear os 
c h a m a d o s 
comissários, 
que deve-
riam atuar na 
administra-
ção do auxílio 
QUESTÃO SOCIAL NO MUNDO
83
aos pobres e necessitados, con-
forme o que pregava a lei.
Os intitulados comissários 
tinham poder para execu-
tar regras, ordens e regula-
mentação da administra-
ção do auxílio aos pobres e, 
além disso, coordenar casas 
que serviriam como abrigo, 
a educação das crianças e 
a administração das paró-
quias. Desta forma, enten-
de-se que o objetivo maior 
dessa lei era administrar o 
auxílio aos pobres da In-
glaterra, bem como impe-
dir o homem produtivo de 
reivindicar ajuda, prover 
refúgio para o doente e de-
QUESTÃO SOCIAL NO MUNDO
84
samparado, formando um 
grupo para gerenciar as ins-
tituições que estavam sendo 
organizadas e executar a lei, 
como estabelece o parágra-
fo 15 da lei de 1834 (DORI-
GON, 2006, p. 67, on-line)4.
Os comissários eram selecio-
nados pela comissão real for-
mada por um grupo de pesso-
as ligadas diretamente ao rei. 
Era função dos comissários 
administrar fazendo cumprir 
a Lei dos Pobres de 1834, ele-
gendo os guardiões para cada 
Workhouse, os quais cumpri-
ram as ordens estabelecidas 
QUESTÃO SOCIAL NO MUNDO
85
pela Lei. Os comissários deve-
riam de tempos em tempos vis-
toriar cada Workhouse e emitir 
relatórios sobre a administra-
ção geral relacionada a todos 
os procedimentos desenvolvi-
dos dentro de cada instituição.
Fonte: Adaptado de Dorigon 
(2006, p. 123, on-line)4.
A Lei dos Pobres de 1834 ampliava 
a lei dos pobres de 1601, contava 
com propósitos mais definidos 
para a administração do auxílio 
aos pobres e o controle dos gas-
tos em todos os aspectos. Para 
tanto, as Workhouses foram 
organizadas para que se cum-
prisse os objetivos previstos na 
QUESTÃO SOCIAL NO MUNDO
86
Lei e atendesse as necessida-
des da população pauperizada 
daquele país. No próximo tópico, 
veremos um pouco mais sobre 
Workhouse e suas funções.
AS WORKHOUSES
Agora, aprenderemos um pouco 
mais sobre as Workhouse.
As Workhouses eram gran-
des casas fundadas para 
fornecer moradia, trabalho 
e educação ao homem des-
tituído, mas apto a desen-
volver um ofício e ingressar 
na sociedade de trabalho 
requisitada pela indústria. 
Esta nova organização exi-
QUESTÃO SOCIAL NO MUNDO
87
gia uma nova concepção de 
trabalho, pois a forma como 
o homem se organizava na 
manutenção de sua vida já 
não respondia aos interes-
ses produtivos. Tal concei-
to de trabalho era diferente 
do até então vigente, tendo 
por objetivo adaptar o tra-
balhador às novas necessi-
dades produtivas. Algumas 
das Workhouses foram or-
ganizadas pela união de 
várias igrejas para dividir 
melhor os custos, isto por-
que muitas cidades peque-
nas não tinham condições 
de manter uma instituição 
desse porte. Outras eram 
QUESTÃO SOCIAL NO MUNDO
88
construídas em terras com-
pradas pela comissão real 
10 ou em prédios que cor-
respondessem às exigên-
cias da lei para abrigar os 
que necessitavam, confor-
me previa o parágrafo 23 da 
Segunda Lei dos Pobres, de 
1834 (DORIGON, 2006, p. 
125, on-line)4.
Pudemos perceber a partir do 
exposto ao longo do texto que 
com a Revolução Industrial ocor-
reram mudanças nas relações de 
trabalho; mudanças significati-
vas na vida do trabalhador em 
virtude do processo crescente 
do capitalismo; houve avan-
ços, mas, também se instaurou 
QUESTÃO SOCIAL NO MUNDO
89
muitas dificuldades e problemas, 
sobretudo, a exploração de mão 
de obra do homem, da mulher 
e da criança.
Na medida em que os pro-
blemas sociais e econômicos 
se agravavam, medidas eram 
tomadas com vistas a seu enfren-
tamento, foram encontradas 
diversas saídas para sanar ou 
minimizar algumas problemá-
ticas, dentre elas, a criação das 
Workhouses. 
As Casas de Trabalho 
(Workhouses) foram esta-
belecidas em Inglaterra no 
século XVII. Segundo a Lei 
dos Pobres adaptada, em 
1834, só era admitida uma 
QUESTÃO SOCIAL NO MUNDO
90
forma de ajuda aos pobres: 
o seu alojamento em casas 
de trabalho com um regi-
me prisional; os operários 
realizavam aí trabalhos im-
produtivos, monótonos e 
extenuantes; estas casas de 
trabalho foram designa-
das pelo povo de “bastilhas 
para os pobres” (DICIO-
NÁRIO..., on-line, grifos do 
autor)6.
Dentro das suas atribuições era 
ainda missão da Workhouse 
atuar junto aos indivíduos 
empobrecidos e desajustados 
socialmente educando-os para 
o trabalho, desenvolvendo uma 
ação que auxiliasse a introduzir 
QUESTÃO SOCIAL NO MUNDO
91
e/ou reintroduzir também a 
sociedade. Estes indivíduos 
(homens, mulheres crianças e 
idosos) eram tidos muitas vezes 
como pessoas sem moral, assim 
o trabalho da workhouse con-
templava a tarefa de torná-los 
novas pessoas, homem perante 
a si mesmo e a sociedade. De 
acordo com Bresciani (1986, p. 
10), as workhouses objetivavam 
“transformar vagabundos em 
trabalhadores”.
Os espaços que onde se insta-
lavam estas casas, muitas vezes 
eram alugados, e quando se tra-
tava de alimentação não havia 
nada de excesso ou exagero, ser-
via-se apenas o necessário para 
QUESTÃO SOCIAL NO MUNDO
92
subsistência daquele que lá se 
encontrava. Devido a sua efici-
ência, por volta de 1830 havia na 
Inglaterra centenas de workhou-
ses atuando junto à assistência ao 
pobre e desocupado. Contudo,
[...] as Casas de Traba-
lho (Workhouses) deviam 
ser lugares, pouco atraen-
tes para que seus ocupan-
tes procurassem sair de lá 
o mais rápido possível. Não 
deviam se sentir conforta-
dos em suas instalações, a 
vida em família e a boa re-
feição representavam privi-
légios, a merecida recom-
pensa aos que ocupam seus 
dias com o trabalho produ-
QUESTÃO SOCIAL NO MUNDO
93
tivo. Mesmo a disciplina e a 
intensidade do trabalho lá 
dentro, deveriam ser sensi-
velmente mais rigorosas do 
que nas fábricas, de forma 
a atuarem como estímulo a 
busca de emprego (BRES-
CIANI, 1986, p. 44).
A s 
©
sh
ut
te
rs
to
ck
QUESTÃO SOCIAL NO MUNDO
94
Workhouses possuíam rotinas 
bem definidas, bem como pro-
cedimentos estabelecidos e que 
deveriam ser seguidos por todos 
os que lá se encontravam, por 
exemplo, processo de higieni-
zação; saúde; padronização dos 
dormitórios; seguimento de uma 
religião; trabalhos distintos para 
mulheres, homens e idosos; edu-
cação para crianças.
Conhecer e compreender 
como o trabalho acontecia nas 
Workhouses é muito interessante, 
a seguir, você terá uma breve 
noção de como era operaciona-
lizada uma destas instituições, 
acredito que você conseguirá 
fazer as devidas reflexões tanto 
QUESTÃO SOCIAL NO MUNDO
95
quanto a Lei dos Pobres, quanto 
do trabalho desenvolvido pelas 
Workhouses. O exemplo que uti-
lizaremos é o da Workhouse de 
St. Marylebone, de Londres, fun-
dada em 1730 e que em seu início 
se destinava ao abrigamento 
apenas para que os pobres per-
noitassem. “Com o tempo, sua 
abrangência foi ampliada e ela 
foi requisitada com maisinten-
sidade, passando a abrigar em 
tempo integral homens, mulhe-
res e crianças” (DORIGON, 
2006, p. 132, on-line)4.
QUESTÃO SOCIAL NO MUNDO
96
Na tabela, a seguir, você poderá 
verificar melhor como as pessoas 
eram acolhidas, o que faziam, 
qual a sua rotina etc. Embora, 
todas as Workhouse fossem 
parecidas, a de St. Marylebone 
destacava-se, pela sua gestão, 
rigor e organização.
QUESTÃO SOCIAL NO MUNDO
97
Tabela 1 - Como funcionava a Workhouse St. Marylebone
AO CHEGAR À 
INSTITUIÇÃO
Os “internos” passavam por um processo de higie-
nização, pois devido à sua permanência nas ruas fi-
cavam expostos a todos os tipos de enfermidade. 
Eram lavados com água quente e sabão, as roupas 
eram levadas para serem esterilizadas.
UNIFORME
Enquanto estivessem na instituição, no período no-
turno usavam um “camisolão” de lã, e para o período 
diurno recebiam um uniforme, que todos deveriam 
usar, até mesmo para serem identificados e distin-
guidos quando estivessem fora da Workhouse. O uso 
do uniforme pelos internos nas Workhouses relacio-
na-se com a concepção do homem que se pretendia 
formar - um homem disciplinado, organizado, ordei-
ro e obediente às regras.
QUESTÃO SOCIAL NO MUNDO
98
DORMITÓRIOS
Homens e mulheres ficavam separados. As crianças 
eram divididas em grupos de vinte e acompanha-
das por quatro mulheres. As camas eram formadas 
de colchão e travesseiro. Nas paredes dos dormitó-
rios havia textos bíblicos e os dez mandamentos, e 
as orações noturnas eram obrigatórias. Os quartos 
eram organizados de forma que as camas ficassem 
todas visíveis aos olhos dos guardiões, o que denun-
cia o controle da ordem a partir de uma disciplina 
severa. As inscrições bíblicas nas paredes, por exem-
plo: “Deus é bom”; “Deus é justo” e “Deus é amor” - 
apontam que esse controle também passava pela 
religião, que, em consonância com a ordem posta, 
exigia um homem moralizado.
QUESTÃO SOCIAL NO MUNDO
99
ROTINA
O despertar ocorria às 7h, em seguida, se dirigiam 
ao refeitório e se alimentavam, sendo essa refei-
ção considerada o café da manhã. Logo, após, os 
internos eram encarregados de desenvolver diver-
sos tipos de trabalho, na maioria, relacionados à 
manutenção da Workhouse, além de obterem uma 
aprendizagem destinada à execução de um ofício.
MULHERES
Designadas para os trabalhos domésticos, na co-
zinha ou na lavanderia, ou seja, a elas era destina-
da a manutenção relacionada à higienização da 
Workhouse, bem como os cuidados com a alimenta-
ção e indumentária de todos que ali se instalavam. 
Também poderiam executar outras atividades, por 
exemplo, escolher pequenos pedaços de corda ve-
lha, usados para preencher buracos nas laterais dos 
navios de madeira.
QUESTÃO SOCIAL NO MUNDO
100
HOMENS
Destinados aos trabalhos árduos, como quebrar pe-
dras, moer grãos com pesados moinhos, triturar os-
sos para servirem de fertilizantes e rachar madeira. 
No entanto, o ponto axial nessas atividades era a or-
dem e a disciplina, em uma reprodução do que seria 
a sua vida no mundo das fábricas.
IDOSOS
O trabalho era mais ameno. Na maioria das vezes 
cabia-lhes a colheita de carvalho, o que não dispen-
sava a mesma prática disciplinadora adotada pela 
instituição, tendo em vista a docilização do homem, 
independentemente da sua idade.
DOENTES
Não tinham obrigação de desenvolver nenhum tra-
balho; eram encaminhados às enfermarias, onde o 
médico promoveria todos os procedimentos, até 
mesmo o internamento, se fosse o caso, mas sem-
pre tendo em conta o seu restabelecimento para ser 
reintegrado ao trabalho.
Fonte: Adaptado de Dorigon (2006, p.132-140, on-line) 4.
QUESTÃO SOCIAL NO MUNDO
101
Por fim, ainda tem nos registros 
que:
De 1897 a 1901, a Workhou-
se de St. Marylebone passou 
por novas orientações. Foi 
organizado um espaço para 
berçário e jardim de infân-
cia. Homens velhos e doen-
tes foram separados dos de-
mais em um bloco exclusivo, 
buscando-se dessa forma 
uma organização mais ade-
quada, para livrar crianças e 
homens saudáveis de possí-
veis contaminações.
De 1914 a 1915 essa casa re-
cebeu outras funções: aco-
lher os refugiados da Guer-
ra Belga. De 1918 a 1921 foi 
QUESTÃO SOCIAL NO MUNDO
102
utilizada como quartel de de-
tenção militar, e na Primei-
ra Guerra Mundial serviu a 
propósitos do exército. Na 
Segunda Guerra Mundial 
foi destinada a ser um centro 
de recreação para trabalha-
dores civis, e após a guerra 
serviu de abrigo para pesso-
as deslocadas e excluídas do 
seu continente. Em 1965, a 
Workhouse de St. Maryle-
bone foi fechada, seus ocu-
pantes foram enviados para 
outros lugares e, posterior-
mente, edificou-se no local 
a Escola Politécnica de Lon-
dres, [...]. (DORIGON, 2006, 
p.140, on-line)4.
QUESTÃO SOCIAL NO MUNDO
103
E, então, o que você achou? 
Conseguiu ter uma ideia de como 
funcionava uma Workhouse? 
Espero que tenha lhe auxiliado. 
Sendo assim, vamos dar conti-
nuidade e ver outro exemplo da 
tratativa das questões sociais.
Agora, podemos analisar muito 
brevemente a questão da assis-
tência na França, percebemos 
a partir das decisões do Barão 
de Gérando, esse apresenta uma 
proposta para a assistência ao 
“indigente”. Esta assistência con-
sistia em aplicar como estratégia 
de ação, a doação de donativos, 
porém, tão ação não acontecia de 
maneira imediata, estabeleceu 
que o profissional responsável, 
QUESTÃO SOCIAL NO MUNDO
104
por tal função deveria estar atento 
às condições de cada indivíduo 
e sua família, não de maneira 
aleatória, e sim, estando atento 
às necessidades (permanente ou 
provisória, ou por má-formação 
da moral) de tais pessoas neces-
sitadas de auxílio. 
Desse modo, exercia um 
controle efetivo sobre o pro-
cesso de seleção e distribui-
ção, na medida em que uti-
lizava a prestação da ajuda 
como instrumento de recu-
peração moral, submetendo 
o serviço de socorros a boa 
conduta do assistido. Assim, 
o ‘visitador do pobre’ reali-
zava uma intervenção fun-
QUESTÃO SOCIAL NO MUNDO
105
dada em uma relação pesso-
al, com acompanhamento, 
onde procurava fazer um 
diagnóstico e solucionar 
os problemas individuais. 
Essa forma de atuação, se-
gundo Castel, dará origem 
ao trabalho social profissio-
nalizado. Convém ressaltar 
que essa maneira de abor-
dar a assistência, ou seja, a 
corrente da scientific chari-
ty se expandirá pelos países 
anglo-saxônicos durante a 
segunda metade do século 
XIX. Nessa mesma direção, 
segue o case work, que sur-
ge nos Estados Unidos em 
sua instituição formal no 
QUESTÃO SOCIAL NO MUNDO
106
início do século XX, a partir 
de uma necessidade de cen-
tralizar novamente a inter-
venção social entre o agen-
te e os beneficiários. Essas 
constatações indicam, mes-
mo para pensadores exter-
nos ao circuito profissional 
do Serviço Social, evidên-
cias históricas na relação 
entre a questão social e as 
origens do Serviço Social 
(SANTOS; COSTA, 2006, 
p. 6, on-line, grifos do au-
tor)2.
QUESTÃO SOCIAL NO MUNDO
107
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Para encerrarmos esta unidade, 
deixo o seguinte questiona-
mento: como o homem sendo 
um animal racional, que pro-
cura inúmeras saídas para que 
suas necessidades sejam supri-
das, permitiu que a disparidade 
social chegasse a tal ponto? 
Quem sancionou a supremacia 
de uns poucos indivíduos sobre 
muitos, dando-lhes permissão 
para explorá-los, em nome do 
ganho capital? Pense nisto.
Tenha sempre presente que o 
mundo que temos hoje, é parte 
de um processo histórico, aquilo 
que temos é reflexo de um pas-
sado, assim como o futuro será 
QUESTÃO SOCIAL NO MUNDO
108
reflexo da história que cons-
truirmos hoje. Por isso é que 
precisamos estar atentos aos 
fatos históricos. 
O que seria do mundo sem a 
organização dos proletários e a 
Revolução Industrial? Todas as 
mobilizações, rebeliões e revolu-
ções? Não falo, aqui, das mortes 
e opressões, das dores geradas 
pela violência que muitos acon-
tecimentos geraram, falo do 
ideal, do sonho e da luta pelos 
direitos. Estes despertam no 
ser humano aforça intrínseca 
que habita em todo ser humano 
ameaçado.
Pudemos ainda refletir acerca 
da relação capital trabalho e o 
QUESTÃO SOCIAL NO MUNDO
109
surgimento do sistema capita-
lista em substituição ao sistema 
feudal. Os avanços e dificulda-
des gerados pelo mesmo.
Tivemos a oportunidade de 
aprofundamos nossa ideia sobre 
a Revolução Industrial e conhe-
cermos um pouco mais sobre 
as políticas de assistência na 
Inglaterra e na França. Como 
lidavam com os seus pobres, 
indigentes e desocupados, as 
estratégias de enfrentamento 
dos diversos problemas sociais 
da época.
Ao tratarmos da Lei dos Pobres 
de 1601 e 1834, pudemos ter 
noção de como a classe domi-
nante enxergava a sociedade e 
QUESTÃO SOCIAL NO MUNDO
110
suas diferenças, isto fica claro 
quando passamos a conhecer 
um pouco mais as Workhouses 
(casas de trabalho), isto revela 
que as contradições, diferença e 
o sentimento de “superioridade 
social” 
Revolução Industrial  
A substituição das ferramentas 
pelas máquinas, da energia hu-
mana pela energia motriz e do 
modo de produção doméstica 
pelo sistema fabril constituiu 
a Revolução Industrial; revolu-
ção, em função do enorme im-
pacto sobre a estrutura da so-
ciedade, em um processo de 
transformação acompanhado 
por notável evolução tecnoló-
gica.
A Revolução Industrial aconte-
ceu na Inglaterra na segunda 
metade do século XVIII e en-
cerrou a transição entre feu-
dalismo e capitalismo, a fase 
de acumulação primitiva de 
capitais e de preponderância 
do capital mercantil sobre a 
produção. Completou ainda o 
movimento da revolução bur-
guesa iniciada na Inglaterra no 
século XVII.
Etapas da industrialização
Podem-se distinguir três perí-
odos no processo de industria-
lização em escala mundial:
1760 a 1850 – A Revolução se 
restringe à Inglaterra, a “ofici-
na do mundo”. Preponderam 
a produção de bens de consu-
mo, especialmente têxteis, e a 
energia a vapor. 
1850 a 1900 – A Revolução es-
palha-se por Europa, Améri-
ca e Ásia: Bélgica, França, Ale-
manha, Estados Unidos, Itália, 
Japão e Rússia. Cresce a con-
corrência, a indústria de bens 
de produção se desenvolve, 
as ferrovias se expandem; sur-
gem novas formas de energia, 
como a hidrelétrica e a deriva-
da do petróleo. O transporte 
também se revoluciona, com 
a invenção da locomotiva e do 
barco a vapor. 
1900 até hoje – Surgem con-
glomerados industriais e mul-
tinacionais. A produção se au-
tomatiza; surge a produção em 
série; e explode a sociedade 
de consumo de massas, com a 
expansão dos meios de comu-
nicação. Avançam a indústria 
química e eletrônica, a enge-
nharia genética, a robótica. 
  
Artesanato, manufatura e ma-
quinofatura
O artesanato, primeira forma de 
produção industrial, surgiu no 
fim da Idade Média com o re-
nascimento comercial e urba-
no e se definia pela produção 
independente; o produtor pos-
suía os meios de produção: ins-
talações, ferramentas e maté-
ria-prima. Em casa, sozinho ou 
com a família, o artesão realiza-
va todas as etapas da produção. 
A manufatura resultou da am-
pliação do consumo, que levou 
o artesão a aumentar a produ-
ção e o comerciante a dedicar-se 
à produção industrial. O manu-
fatureiro distribuía a matéria-
-prima e o artesão trabalhava 
em casa, recebendo pagamen-
to combinado. Esse comercian-
te passou a produzir. Primei-
ro, contratou artesãos para dar 
acabamento aos tecidos; de-
pois, tingir; e tecer; e finalmen-
te fiar. Surgiram fábricas, com 
assalariados, sem controle so-
bre o produto de seu trabalho. 
A produtividade aumentou por 
causa da divisão social, isto é, 
cada trabalhador realizava uma 
etapa da produção. 
Na maquinofatura, o trabalha-
dor estava submetido ao regi-
me de funcionamento da má-
quina e à gerência direta do 
empresário. Foi nesta etapa 
que se consolidou a Revolução 
Industrial. 
[...]
Revolução Social
A Revolução Industrial con-
centrou os trabalhadores em 
fábricas. O aspecto mais im-
portante, que trouxe radical 
transformação no caráter do 
trabalho, foi esta separação: 
de um lado, capital e meios de 
produção (instalações, máqui-
nas e matéria-prima); de outro, 
o trabalho. Os operários passa-
ram a assalariados dos capita-
listas (donos do capital). 
Uma das primeiras manifesta-
ções da Revolução foi o desen-
volvimento urbano. Londres 
chegou ao milhão de habitan-
tes em 1800. O progresso des-
locou-se para o norte; centros 
como Manchester abrigavam 
massas de trabalhadores, em 
condições miseráveis. Os arte-
sãos, acostumados a controlar 
o ritmo de seu trabalho, agora 
tinham de submeter-se à dis-
ciplina da fábrica. Passaram a 
sofrer a concorrência de mu-
lheres e crianças. Na indústria 
têxtil do algodão, as mulheres 
formavam mais de metade da 
massa trabalhadora. Crianças 
começavam a trabalhar aos 6 
anos de idade. Não havia ga-
rantia contra acidente nem in-
denização ou pagamento de 
dias parados neste caso. 
A mecanização desqualificava 
o trabalho, o que tendia a redu-
zir o salário. Havia frequentes 
paradas da produção, provo-
cando desemprego. Nas novas 
condições, caíam os rendimen-
tos, contribuindo para reduzir 
a média de vida. Uns se entre-
gavam ao alcoolismo. Outros 
se rebelavam contra as máqui-
nas e as fábricas, destruídas 
em Lancaster (1769) e em Lan-
cashire (1779). Proprietários e 
governo organizaram uma de-
fesa militar para proteger as 
empresas. 
A situação difícil dos campone-
ses e artesãos, ainda por cima 
estimulados por ideias vindas 
da Revolução Francesa, levou 
as classes dominantes a cria-
rem a Lei Speenhamland, que 
garantia subsistência mínima 
ao homem incapaz de se sus-
tentar por não ter trabalho. Um 
imposto pago por toda a comu-
nidade custeava tais despesas. 
Havia mais organização entre os 
trabalhadores especializados, 
como os penteadores de lã. 
Inicialmente, eles se cotizavam 
para pagar o enterro de 
associados; a associação passou 
a ter caráter reivindicatório. 
Assim, surgiram as tradeunions, 
os sindicatos. Gradativamente, 
conquistaram a proibição do 
trabalho infantil, a limitação do 
trabalho feminino, o direito de 
greve.  
Fonte: Chaves (2014, on-line)7.
1. Antes mesmo da Revolução 
Industrial, a pobreza e a mi-
séria eram cultivadas e utili-
zadas como forma de manter 
as desigualdades existentes 
e o “status quo” das camadas 
dominantes. A pobreza e os 
demais problemas sociais 
eram tratados como um 
problema de ordem:
a. Natural, individual e moral, 
suas causas eram associadas 
à preguiça e à incapacidade 
como características inatas 
aos não integrados. 
b. Natural, coletiva e amoral, 
suas causas eram associadas 
à superinteligência e à capa-
cidade como características 
natas aos não integrados. 
c. Adquirida, individual e con-
tagiosa, suas causas eram 
associadas à preguiça e à in-
capacidade como caracterís-
ticas natas aos integrados. 
d. Natural, individual e moral, 
suas causas eram associadas 
sobra de talento pessoal e 
profissional.
e. Sobrenatural, individual e le-
gal, suas causas eram associa-
das à vontade plena de Deus.
2. Lei que se tornou referência 
no enfretamento das ques-
tões sociais na Inglaterra e 
acabou sendo incorporada 
por outros países europeus:
a. Lei Áurea.
b. Lei de Diretrizes e Bases.
c. Lei dos Pobres.
d. Leis de Bem-Estar Social. 
e. Lei dos Miseráveis.
3. Aponte, a seguir, a alternati-
va que não condiz com as es-
tratégias adotadas na Lei dos 
Pobres:
a. Trabalho como punição para 
o desocupado e para o pobre 
que tinha capacidade. 
b. Pagamento em dinheiro, 
considerado uma pensão, 
para aqueles que não podiam 
trabalhar.
c. Proibição do auxílio ao men-
digo e ao frequentador casu-
al dos asilos, que buscavam 
auxílio apenas naquele mo-
mento.
d. Proibição de gerar mais fi-
lhos, sendo adotado como 
punição para aqueles que 
não obedecessem a Lei, a en-
trega do filho ao Estado.
e. As formas de “proteção” assis-
tencial na Lei dos Pobres va-
riavam da mera distribuição 
de alimentos, passando pelo 
complemento de salários até 
o recolhimentoem asilos e 
reclusão nas workhouses.
4. A definição a seguir diz res-
peito a que instituições do sé-
culo XVII: “casas correcionais”, 
com o objetivo de atender e 
formar a camada aleijada da 
sociedade:
a. Hospitalhouse.
b. Workhouses.
c. Carhouse.
d. Horsehouse. 
e. Churchouse.
5. A proposta de uma “nova 
tecnologia de assistência” na 
França, que consistia em dis-
tribuir donativos aos indigen-
tes, não de forma aleatória, 
mas examinando cuidadosa-
mente quais as suas necessi-
dades (permanentes ou oca-
sionais), criou um novo tipo 
de profissional chamado de:
a. Fiscalizador do pobre.
b. Condutor do pobre.
c. Visitador do pobre. 
d. Criador do pobre.
e. Gerenciador do pobre
MATERIAL 
COMPLEMENTAR
P e l l e : O 
Conquistador
O filme “Pelle – O 
Conquistador” se 
passa no século 
XIX, onde pai e 
filho saem da 
Suécia e vão para 
Dinamarca, pois estão em 
busca de melhores condições 
de vida. Começam a trabalhar 
em uma fazenda, na condição 
de escravos, sob condições 
precárias. O pequeno Pelle 
aprende a língua do país e 
sonha em busca de uma vida 
melhor para ele e seu pai.
Comentário: O filme retrata 
MATERIAL 
COMPLEMENTAR
muito bem as mudanças 
sociais do século XIX, podendo 
ser percebido claramente 
as transformações advindas 
com a Revolução Industrial. 
O pai de Pelle tem uma 
atuação emocionante, como 
incentivador, contudo, se 
utiliza da violência física como 
método de educar o pequeno 
Pelle. Para ampliarmos nosso 
conhecimento, podemos 
utilizar vários recursos, um deles 
são os filmes cinematográficos. 
Logo, para refletir mais sobre 
a Revolução Industrial, você 
poderá assistir ao filme “Pelle: 
O Conquistador”.
MATERIAL 
COMPLEMENTAR
Apresentação: Para saber mais 
sobre a realidade inglesa, 
relatos e acontecimentos 
abordados no ponto Lei dos 
Pobres, leia o texto: “A grande 
diáspora irlandesa” de Pierre 
Joannon, acessando ao link:
Disponível em: <http://www2.
uol.com.br/historiaviva/
reportagens/a_grande_
diaspora_irlandesa_imprimir.
html>.
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2016.
GABARITOGABARITO
1. C
2. C
3. D
4. B
5. C
U
N
ID
A
D
E II
Prof. Esp. Daniela Sikorski
Prof. Me. Maria Cristina A. de Brito Cunha
PRODUÇÃO E REPRO-
DUÇÃO DA QUESTÃO 
SOCIAL BRASILEIRA
OBJETIVOS DE 
APRENDIZAGEM
 ■ Retomar alguns 
acontecimentos 
históricos brasileiros que 
possibilitarão ao aluno a 
melhor compreensão da 
questão social e o serviço 
social.
U
N
ID
A
D
E II
Prof. Esp. Daniela Sikorski
Prof. Me. Maria Cristina A. de Brito Cunha
PRODUÇÃO E REPRO-
DUÇÃO DA QUESTÃO 
SOCIAL BRASILEIRA
PLANO DE ESTUDO
A seguir, apresentam-se os 
tópicos que você estudará 
nesta unidade:
 ■ A questão social na 
sociedade capitalista
 ■ A questão social 
no processo de 
industrialização do Brasil
 ■ A questão social nas 
décadas de 20 e 30 
(século XX)
PRODUÇÃO E REPRODUÇÃO DA QUESTÃO SOCIAL BRASILEIRA
141
INTRODUÇÃO
Caro(a) aluno(a), nesta uni-
dade, trabalharemos alguns 
pontos relacionados à questão 
social na sociedade capitalista, 
trazendo elementos que auxilia-
rão no entendimento da questão 
social no processo de industria-
lização do Brasil, dando enfoque 
a questão social nas décadas de 
20 e 30 (século XX).
Como eram as relações estabe-
lecidas no Brasil nestes períodos 
e como se deu o agravamento 
das questões sociais, sabendo 
que o processo de industria-
lização gera uma demanda 
excedente de mão de obra, 
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ocasionando a competição e a 
exploração dos trabalhadores. 
Nesta época, consta a inexistên-
cia das leis trabalhistas, que vem 
a surgir mais tarde com objeti-
vos principalmente de acalmar 
os ânimos exaltados dos tra-
balhadores, procurando evitar 
possíveis rebeliões e ameaça à 
classe dominante.
No campo a situação foi agra-
vada, tanto pela exploração, 
quanto pelo êxodo. Veremos que 
a questão social no Brasil primei-
ramente era tratada como caso de 
polícia, no qual aqueles pobres, 
desocupados eram tidos como 
os principais responsáveis pela 
sua condição inexistiam a ideia 
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de que os problemas sociais eram 
oriundos das contradições do sis-
tema que se instaurava no país. 
Na era Vargas inicia-se a refle-
xão de outro sentido para as 
questões sociais, este passa a 
ser tratado como caso de polí-
tica, começa-se a gerar formas 
de enfrentamento as proble-
máticas existentes, mas ainda 
não com seu sentido totalmente 
ligado a noção de direito, esta 
noção ainda contemplava os 
ideais burgueses, pois se sen-
tiam ameaçados pela população 
vulnerabilizada. Criam-se estra-
tégia de enfrentamentos, mais 
para sossegar os medos bur-
gueses do que para atender a 
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demanda necessitada de assis-
tência, contudo é um começo, e, 
hoje, podemos ver o aperfeiçoa-
mento de algumas leis e medidas 
trabalhistas tomadas naquela 
época, que de certa forma con-
tribuíram para a regulação das 
relações trabalhistas e sociais 
brasileiras.
Bons estudos!
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A QUESTÃO SOCIAL NA 
SOCIEDADE CAPITALISTA
A história revela que mesmo o 
homem sendo um ser de rela-
ções e em constante evolução, 
foi capaz de gerar entre a sua 
própria espécie a segregação 
e divisão, instaurando a “ver-
dade” de que uns “abençoados” 
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são melhores e ”superiores” que 
outros coitados. 
O progresso econômico e 
social da humanidade foi capaz 
de produzir também a aliena-
ção, a exploração de uns poucos 
sobre muitos, bem como a divi-
são desigual de bens e lucros, 
gerando assim as desigualdades 
de problemáticas sociais, estas 
questões foram sendo cada vez 
mais agravadas com o passar do 
tempo, crescia na mesma pro-
porção que a industrialização e 
aumento do lucro. 
O avanço veio à custa daque-
les que eram obrigados a vender 
a sua força de trabalho, já que 
estaera a única coisa que tinha 
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a oferecer em troca do mínimo 
para garantir a sua subsistência. 
Alegre aquele que ainda possuía 
este recurso, e não dependia ape-
nas da caridade alheia. 
O operário se torna mais 
pobre quanto mais rique-
za produz, quanto mais 
aumenta a produção em 
poderio e em extensão. O 
operário converte-se em 
mercadoria cada vez mais 
barata à medida que cria 
mais mercadorias. O valor 
crescente do mundo das 
coisas determina a propor-
ção direta da desvaloriza-
ção do mundo dos homens. 
O trabalho produz não só 
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mercadorias; se produz a si 
mesmo e ao operário como 
mercadorias; e o faz na pro-
porção em produz às mer-
cadorias em geral (MARX, 
2004, p. 68).
Marx, em sua 
obra “O Capital” 
(1985), já aponta 
esta explora-
ção do patrão 
sobre o empre-
gado, aponta a 
retirada da mais 
valia, com vistas 
à acumulação do 
capital; no qual, 
gradativamente, 
poucos vão ©shutterstock
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acumulando muito enquanto 
muitos cada dia mais expe-
renciam a dor da exploração, 
miséria e desigualdade.
A relação de exploração do 
trabalho vivo pelo capital é 
uma relação social de pro-
dução historicamente deter-
minada, na qual os trabalha-
dores são despossuídos dos 
meios de produção e obri-
gados a vender sua força de 
trabalho. É no mercado que 
são encontrados os capita-
listas dispostos a comprar tal 
mercadoria para valorizá-la 
no processo de produção e 
realizá-las continuamente 
como capital.
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Quando o capitalista gasta 
a soma inicial de dinheiro 
com o objetivo de autovalo-
rizar o dinheiro acumulado 
primitivamente, ele acaba 
por transformar os meios de 
produção e a capacidade de 
trabalho em capital. As mer-
cadorias compradas pelo ca-
pitalista não são capital por 
natureza ou por suas carac-
terísticas físicas próprias; 
elas se tornam capital em 
relações históricas e sociais 
determinadas (CASTELO 
BRANCO, 2006, p. 144).
Logo, podemos dizer que as 
relações que se estabelecem 
assim, desta forma desigual e 
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tão conflituosa entre o capi-
tal e o trabalho é que acabam 
por configurar as questões 
sociais, onde o sistema eco-
nômico se encontra.
A partir do exposto, vamos 
entender uma das fontes das 
desigualdades presentes há tem-
pos na sociedade, aonde o valor 
de troca vai dando lugar ao valor 
de uso. Entendamos um pouco 
mais o que significa o termo 
mais valia, de acordo com Karl 
Marx (2003):
A teoria marxiana da mais-
-valia consiste não só em 
perceber o trabalho como 
fonte geradora do valor, 
mas, principalmente, em 
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perceber que existe uma 
dupla natureza do trabalho 
– concreto e abstrato – e 
uma diferença de magnitu-
de do valor de troca e do va-
lor de uso da força de traba-
lho, o que significa dizer que 
o trabalhador não recebe o 
valor integral da jornada de 
trabalho, mas tão somente 
uma fração da mesma. 
“O possuidor do dinheiro 
pagou o valor diário da 
força de trabalho; pertence-
lhe, portanto, o uso dela 
durante o dia, o trabalho 
de uma jornada inteira. A 
manutenção quotidiana 
da força de trabalho custa 
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apenas meia jornada, e o 
valor que sua utilização 
cria em um dia é o dobro 
do próprio valor-de-troca” 
(MARY, 2003, P.227, grifos 
do autor).
Além da exploração do homem 
pelo homem, por conta do 
sistema, gerando assim os pro-
blemas sociais, vemos também 
nesta relação à alienação do 
homem.
Procure neste momento esta-
belecer uma busca científica, 
pois esta discussão já foi estabe-
lecida em outras oportunidades, 
em outras disciplinas, tais como 
sociologia, psicologia social, filo-
sofia, entre outros momentos em 
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que pudemos analisar a aliena-
ção advinda a partir do sistema 
capitalista.
Lembre-se que existem vários 
tipos de alienação. Ela pode ser 
religiosa, filosófica, política e 
sócio-econômica. Percebemos 
que a partir das obras marxianas, 
inúmeras críticas à alienação, e 
Marx (2003) aponta que esta é 
revestida de várias formas, ou 
seja, a alienação social e econô-
mica acontece por meio da: 
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Figura 1 - Tipos de Alienação
1. Separação entre o homem e o trabalho que 
desempenha na sociedade, quando este o priva do 
processo de decisão de como e o quê fazer.
2. Quando o homem é apartado do produto de seu 
trabalho, quando isso acontece ele se torna impossi-
bilitado de exercer controle sobre o que é feito, sobre 
o que é resultado de seu trabalho, caracterizando 
assim a exploração. 
3. Quando o homem por meio do processo competiti-
vo se afasta de seus iguais.
Fonte: Adaptado de Marx (2003).
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O sistema prega que o homem 
deve sempre fazer o seu máximo, 
alcançar o topo, de forma que este 
doe toda a sua energia e concen-
tre todo seu potencial para que 
o lucro (que não será partilhado 
com ele) seja aumentado, vendo 
assim a lógica do capitalismo 
aumentar os lucros e reduzir as 
despesas. O homem acredita 
que se fizer o seu melhor, não 
se importando com os demais 
poderá ingressar na parte da pirâ-
mide onde só poucos têm acesso.
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É importante ter em mente que 
não se pode intervir junto aos 
problemas que não se conhece, 
para tanto é preciso conhe-
cer a história, dialogar com os 
pensadores e teóricos e, assim, 
formularmos nossos concei-
tos e ideias acerca da questão 
social, este momento sinaliza o 
início do processo de desaliena-
ção. Já parou para pensar nisto? 
Então, vamos continuar nossa 
Nós teríamos alguma saída 
para os problemas sociais exis-
tentes em nosso país e no mun-
do? Qual seria a estratégia de 
ação?
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empreitada. Retomar nosso 
estudo.
Os trabalhadores percebendo 
todo este movimento explo-
ratório ligado à exploração e 
acumulação desigual de capi-
tal resolve se organizar em 
movimentos reivindicatórios, 
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movimentos de luta, buscando 
melhores condições de vida e 
trabalho, sem contar na solu-
ção dos problemas sociais que 
se alastrava nas diversas reali-
dades, tanto do campo quanto 
da cidade.
 Desta maneira, partindo desta 
nova organização que surgia na 
sociedade começa a se perce-
ber a implantação de políticas 
sociais pelo mundo, por volta 
do final de século XIX (Europa 
e Estados Unidos), e no Brasil a 
partir de 1930. 
Porém, devemos estar atentos 
para que não reduzamos as polí-
ticas sociais apenas ao ângulo 
da reprodução da exploração 
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capita-
l i s t a , 
t e m o s 
a i n d a 
que con-
siderar 
a rea-
l i d a d e 
da cor-
relação 
de for-
ças sociais existentes, e até 
mesmo da contradição visível 
do próprio sistema. A classe tra-
balhadora deve ser vista como 
sujeito, como ator e protago-
nista, uma vez que buscam seus 
direitos, que se criem e se efetive 
as políticas sociais criadas para 
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responder a demanda surgida a 
partir do agravamento das ques-
tões sociais.
Quando falamos na ação do 
Estado na elaboração de políticas 
sociais não podemos concebê-
-la unicamente como uma ação 
autônoma e beneficente deste, 
tais ações revelam muitas vezes 
“[...] o resultado de concretas, 
prolongadas e muitas vezes vio-
lentas demandas das classes 
populares” (VILAS, 1978, p. 7).
Vamos dar início a nossa refle-
xão acerca da questão social 
no Brasil, é necessário que isto 
dê de forma tranquila, logo se 
algo ficar meio confuso em seu 
entendimento

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