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livro Processo de Exportação e Importação
UNIASSELVI
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maior variedade de opções o consumidor tiver, melhor. Outra vantagem competitiva entre as nações é que, se um o país “B” produzir melhor café e o país “A” produzir melhor trigo, seguramente o país “A” acabará importando o café do país “B” e exportando trigo para esse país “B”, e o país “B” acabará importando o trigo do país “A” e exportando café para esse país “A”. Este exemplo pode ser aplicado perfeitamente ao caso de Brasil e Argentina, onde Brasil (por condições climáticas e culturais) é bem competitivo na produção de café, e a Argentina é um dos maiores produtores de trigo do mundo. Agora, imagine isso com os milhares e milhares de produtos que são comercializados ao redor do mundo todos os dias. O conceito vira uma matriz praticamente difícil de analisar, mas como conceito competitivo está comprovado que funciona, e pode ser interpretado como um derivado da “mão invisível do mercado”. Veremos um caso prático aplicado à história comercial recente do Brasil. Na década de 1970, a produção de soja do Brasil era dez vezes menor que a dos UNIDADE 1 | A IMPORTÂNCIA DAS EXPORTAÇÕES E IMPORTAÇÕES NO COMÉRCIO EXTERIOR DO BRASIL 28 Estados Unidos, inclusive importava-se este produto. E hoje? Graças à longa pesquisa desenvolvida pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o Brasil hoje pode produzir grandes extensões de hectares de soja onde antigamente era considerado impossível produzi-la. A produção de soja dessa época concentrava-se no Estado do Rio Grande do Sul, com clima mais frio que a média brasileira. Era considerado impossível produzi-la, dado que a soja é considerada uma leguminosa de clima mais frio, e as grandes extensões de soja dos estados de Mato Grosso, Goiás, Minas Gerais e Bahia, até finais do século XX, eram consideradas inviáveis para a produção deste grão. Graças às pesquisas da Embrapa, esse grão hoje pode ser produzido em climas mais quentes. Resultado? O Brasil, junto aos Estados Unidos e Argentina, são os maiores produtores e exportadores deste grão. Isto, no geral, quer dizer que se um país ainda não possuir a tecnologia necessária para produzir, a importação torna-se conveniente e necessária, isto permite aos países importadores adquirirem mercadorias de tecnologia de ponta. E se um país importador observar que tem potencial produtivo por meio de pesquisa e compra de tecnologia e assim produzir esses produtos que demandam alta inovação, talvez no futuro possa obter alta produtividade. Este é o caso da soja, em que, por meio do aprimoramento genético, o Brasil conseguiu se tornar um dos maiores produtores do mundo. Referente à questão da tecnologia, também podemos observar o caso dos produtos farmacêuticos. O país comprador poderá, com o decorrer dos anos, produzir os remédios demandados pelo cidadão. Porém, nesse espaço de tempo importará dos países que já dispõem da mercadoria pronta, caso exemplificado dos genéricos no Brasil. Nem sempre se pode suprir uma importação. O que podemos observar, muitas vezes, é que é mais barato comprar do que produzir. De acordo com as palavras do autor Maia (2007, p. 28): No começo do século XX, as indústrias americanas de seda se instalaram na China, porque devido à mão de obra mais barata, era conveniente produzir naquele país e vender nos Estados Unidos. Atualmente, estamos vendo a repetição desse fato. Indústrias dos principais países, com necessidade alta em mão de obra, foram instaladas na China para produzir a preços mais competitivos. Neste contexto, podemos compreender que o Brasil é um exportador de commodities ou produtos primários (minério de ferro, soja, petróleo bruto, óleo de soja e açúcar etc.) para a China. Logo, esse país, possuindo um parque fabril com capacidade de industrialização de matéria-prima, acabamos comprando de lá uma grande parte de nossas necessidades de produtos manufaturados de tecnologia média que, aliás, demandam alto grau de mão de obra. TÓPICO 2 | AS IMPORTAÇÕES 29 Acabamos de ver alguns exemplos da vantagem competitiva das nações, colocando em contexto algumas situações específicas do Brasil. No geral, qual o posicionamento da balança comercial do Brasil? Ou seja, qual é o saldo líquido entre o total de exportações e importações do Brasil? No próximo subtópico vamos estudar a dinâmica da balança comercial do país. DICAS Você sabe quais são as pesquisas em andamento por parte da Embrapa? Convido você a acessar o seguinte site onde podemos observar como este centro de pesquisa ajuda a gerar competências à agroindústria brasileira: <https://www.embrapa.br/>. 3.2 SALDO ENTRE EXPORTAÇÕES E IMPORTAÇÕES Além dos fatores que interferem positiva ou negativamente na decisão de importar, devemos analisar as vantagens de uma boa gestão do comércio exterior. A chave não está em proibir as importações, mas sim manter na média um saldo positivo entre o que se exporta e importa. Isto pode ser difícil de atingir, mas não é impossível. Neste sentido, por questões econômicas externas e internas, haverá anos em que o país ficará obrigado a importar mais do que realmente está exportando, mantendo sempre uma perspectiva de longo prazo para sustentar uma média de saldo positivo da balança comercial do país. A seguir, vamos observar um histórico da balança comercial dos últimos anos para termos uma ideia aproximada da quantidade de exportações e importações realizadas no Brasil. UNIDADE 1 | A IMPORTÂNCIA DAS EXPORTAÇÕES E IMPORTAÇÕES NO COMÉRCIO EXTERIOR DO BRASIL 30 QUADRO 2 - HISTÓRICO DA BALANÇA COMERCIAL JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ TOTAL - ANO DE 2014 - SALDO -4.059 -2.125 111 505 712 2.365 1.575 - - - - - -916 EXP. 16.026 15.934 17.628 19.724 20.752 20.467 23.025 - - - - - 133.526 IMP. 20.085 18.059 17.517 19.219 20.40 18.102 21.450 - - - - - 134.472 - ANO DE 2013 - SALDO -4.040 -1.279 162 -889 763 2.308 -1.838 1.223 2.143 -225 1-739 2.654 2.561 EXP. 15.967 15.549 19.320 20.631 21.822 21.134 20.807 21.424 20.996 22.821 20.861 20.846 242.178 IMP. 20.007 16.828 19.158 21.620 21.059 18.826 22.705 20.201 18.853 23.046 19.122 18.192 239.617 - ANO DE 2012 - SALDO -1.306 1.706 2.022 879 2.960 805 2.872 3.225 2.553 1.659 -185 2.250 19.438 EXP. 16.141 18.028 20.911 19.586 23.215 19.353 21.003 22.381 19.998 21.783 20.472 19.749 242.580 IMP. 17.448 16.322 18.889 18.687 20.255 18.548 18.131 19.156 17.445 20.104 20.658 17.499 223.142 - ANO DE 2011 - SALDO 398 1.195 1.549 1.861 3.520 4.458 3.135 3.874 3.074 2.355 582 3.819 29.790 EXP. 15.214 16.732 19.286 20.173 23.209 23.689 22.252 26.159 23.286 22.140 21.773 22.128 256.041 IMP. 14.816 15.537 17.737 18.312 19.689 19.261 19.117 22.285 20.212 19.785 21.191 18.309 226.251 FONTE: <http://www.portalbrasil.net/economia_balancacomercial.htm>. Acesso em: 10 fev. 2016. Ao analisar o quadro acima, pode-se verificar que o saldo da balança comercial brasileira é positivo na maioria dos meses, conseguindo assim manter uma média positiva. Porém, se observarmos bem, a partir do ano 2014 a balança comercial vem decrescendo, refletindo isto em parte na queda da taxa de câmbio do real versus o dólar. Até o começo do ano 2014, o dólar estava se mantendo no patamar de R$ 2,00 a R$ 2,50 por dólar, no entanto, com as perspectivas de queda nos preços das commodities e da crise política, o real acabou o ano de 2015 em quase R$ 4,00 por dólar. Esse superávit na balança comercial, até o ano de 2014, significou que o valor das exportações foi maior que o valor das importações, embora a diferença não seja tão expressiva assim. E isso é normal, visto que: • Quando há um aumento nas exportações, haverá também um aumento nas importações, pois ao exportar maiores quantidades, as empresas demandam de maiores quantidades de bens de capital, tecnologia e insumos importados. • A CHAVE, como já foi exposto anteriormente, é manter um “bom” saldo positivo dessa balança comercial, pois assim acumulam-se reservas para garantir o pagamento das obrigações em moeda estrangeria