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livro Processo de Exportação e Importação
UNIASSELVI
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No Brasil, diante da valorização do real (2010-2012), o país tinha a preocupação de que pudesse começar uma desindustrialização. Isto em decorrência de uma invasão de produtos industrializados bem mais baratos do que os produzidos no país, especialmente da China. Diante desta preocupação, os países podem decidir várias medidas que nem sempre protegem as indústrias de maior potencial, mas que acabam protegendo também aquelas menos competitivas. É importante fazer uma análise profunda para avaliar as políticas que ajudam somente as empresas mais competitivas. Acabamos de ver algumas situações dos motivos pelos quais os países, às vezes, ficam motivados em colocar dificuldades às importações. No entanto, quais as ferramentas que um país possui para fazer isso? As barreiras tarifárias e não tarifárias, como veremos na continuação. UNIDADE 1 | A IMPORTÂNCIA DAS EXPORTAÇÕES E IMPORTAÇÕES NO COMÉRCIO EXTERIOR DO BRASIL 34 4.2 MEIOS PARA IMPOR BARREIRAS ÀS IMPORTAÇÕES Quando houver ameaça das importações aos interesses produtivos, os países possuem ferramentas para proteger sua agricultura, agroindústria e suas diversas indústrias. Nesse sentido, alguns países são mais protecionistas que outros. Embora o Brasil não seja extremamente protecionista, o país considera-se uma economia altamente protecionista, se comparada com países como Chile e o México, situação que atrapalha os processos de importação do país. Como temos estudado, os países podem se proteger por meio de barreiras, sendo estas agrupadas em: barreiras tarifárias e barreiras não tarifárias. Como estas podem ser executadas? A seguir, vamos dar uma olhada na dinâmica destas barreiras por meio de casos práticos. Antidumping. No início deste século, o Departamento de Comércio dos EUA determinou que o camarão importado da China e do Vietnã estava com um preço menor no mercado americano do que os custos de produção desses países, prática conhecida como dumping. O dumping acontece quando a importação é o resultado de produtos com preço inferior ao do mercado do país de origem ou “abaixo” do custo de produção, como é o caso do camarão exposto anteriormente. Através desta justificativa de dumping, os EUA impuseram uma taxa adicional ao imposto de importação cobrado deste produto, sobretaxa conhecida como antidumping. Assim, o caso exposto é uma barreira antidumping, ou seja, uma barreira tarifária. É um antidumping, porque esta medida está justificada com a suposta existência de dumping no país de origem (exportador). Aumento da taxa de importação. Outro caso de barreira à importação é o exemplo da indústria automobilística do Brasil durante os anos 2009 até 2014, quando estava experimentando uma queda nas suas vendas decorrente do aumento da venda de carros importados. Neste caso o governo escolheu o aumento direto das taxas do imposto de importação para veículos importados, em alguns casos até 35%, aliás, o limite máximo da OMC. Este é um caso direto de barreira tarifária, através deste mecanismo os governos buscam: proteger as indústrias locais dos produtos estrangeiros e aumentar as receitas de impostos. Dependendo do nível da ameaça à produção local e à balança de pagamentos, a taxa da tarifa pode subir até 35%. O limite máximo de tarifa permitido pela OMC. Isto pode atrapalhar bastante a competitividade de longo prazo da indústria nacional, pois ela vai se amparar sobre preços de seus produtos relativamente altos, e o consumidor será diretamente afetado. Barreira não tarifária. O Brasil poderia considerar que os brinquedos com excesso de pintura vindos da China poderiam ser prejudiciais à saúde pública, especificamente de suas crianças. Sob esta justificativa, o país poderia bloquear as importações destes brinquedos até que possa ser demonstrado que estes não são prejudiciais à saúde pública. Esta seria uma barreira não tarifária “técnica”, TÓPICO 2 | AS IMPORTAÇÕES 35 “ecológica” ou “sanitária”? Este é um exemplo de barreira não tarifária sanitária. Por meio deste tipo de barreiras os países buscam manter o controle sanitário de possíveis ameaças à “saúde pública” em relação aos produtos importados. Assim como temos as barreiras sanitárias, também existem as seguintes: • Barreiras Técnicas. Nestas situações os governos buscam manter o controle técnico sobre produtos importados. Visando, muitas vezes, proteger a indústria nacional de produtos importados mais competitivos. Assim, os países exigem “certificações”, tais como: certificações à importação de carne bovina, e outros produtos, especialmente alimentos de consumo humano. Estas certificações visam avaliar o processo produtivo, devendo-se acrescentar mais um processo no momento de importar. • Quotas de Importação. Para controlar o volume de importação de certos produtos, os países podem impor quotas ou volumes de importação. Exemplo: o Brasil permite um volume limite de carros importados do México com taxa zero de importação, após esse limite, as importações desses carros deverão ter taxa de importação. Isto permite graus de protecionismo às montadoras de veículos instaladas no Brasil. Nestes exemplos analisamos algumas das ferramentas disponíveis que os países possuem com vistas a se proteger de ameaças de produtos importados. Ameaças que nem sempre são prejudiciais às economias, mas sim aos interesses particulares que bloqueiam o livre-comércio internacional. Observe que, dependendo do grau de proteção da barreira, elas aumentam a necessidade de atividades administrativas dos processos de exportação e importação, e, em algumas situações, até podem bloquear uma importação realmente necessária. 36 RESUMO DO TÓPICO 2 Neste tópico, você aprendeu que: • Toda importação é uma nacionalização de mercadorias vinda de outros países, e que os países precisam importar para: abastecer-se de recursos que não podem ser produzidos nacionalmente, para se abastecer de inovações e tecnologia, e para ter produtos diferenciados e diversos para melhorar a qualidade de consumo da população. • Qualquer pessoa física ou jurídica pode fazer acontecer a importação, e para poder fazer acontecer a importação é necessário se registrar no SISCOMEX. • Os processos brasileiros de importação possuem alguns empecilhos se comparados aos outros países mais abertos ao comércio internacional. Dificuldades que se apresentam diante do excesso de burocracia nos processos, assim como do desconhecimento técnico sobre a existência das barreiras tarifárias e não tarifárias. • Num mercado globalizado, as empresas estão obrigadas a ver opções de fornecedores e de aprimoramento de seus processos tanto no mercado interno como no externo. E você viu que grande parta da decisão, de importar ou não, fica em função da capacidade de melhorar o lucro destas mercadorias. • Ao abrir seu mercado nacional às importações, o país pode trazer mais vantagens do que desvantagens. Por meio das importações permite-se o acesso a novas tecnologias, produtos de qualidade (aumento da concorrência às empresas nacionais, o que é muito bom), produtos escassos no mercado nacional, produtos e insumos inexistentes, e maior poder de escolha aos consumidores. 37 1 Em um mundo globalizado, onde constantes trocas de mercadorias são realizadas a cada momento, será possível que um país possa decidir por não adquirir matéria-prima ou produtos originários de outros países? Fundamente sua resposta. 2 Indique e explique o porquê das principais dificuldades que inibem (atrapalham, reduzem) a realização das importações, tanto na parte administrativa como econômica. 3 Defina quais são as barreiras comerciais ao comércio internacional entre nações. 4 Qual é a importância da empresa se interessar em realizar importações? Argumente sua resposta. AUTOATIVIDADE 38 39 TÓPICO 3 DINÂMICA DA POLÍTICA BRASILEIRA DE COMÉRCIO EXTERIOR UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO Um eixo administrativo fundamental dos processos de exportação e importação concentra-se