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livro Processo de Exportação e Importação
UNIASSELVI
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os mesmos direitos; esse fato ajuda muito, especialmente, quando apresenta-se uma briga internacional entre um país de menor peso com um de maior força econômica. DICAS Sugerimos o acesso ao site da OMC. Lá você encontrará a lista completa, com todos os países participantes do acordo. <http://www.wto.org/spanish/thewto_s/whatis_s/ tif_s/org6_s.htm>. Neste ponto talvez você esteja se perguntando: quais são as funções da OMC? Sua principal função é a de supervisionar corretas práticas de comércio internacional entre países, respeitando os acordos com os quais os mesmos países membros têm se comprometido. E para fazer cumprir isso existem uma série de atividades importantes que a OMC deve cumprir perante seus países membros. Desde a sua criação a OMC possui como principais atividades: • A negociação da redução ou eliminação dos obstáculos ao comércio e acordos sobre as normas pelas quais se rege o comércio internacional. • A administração e a vigilância da aplicação das normas acordadas na OMC que regulam: o o comércio de mercadorias e serviços; o os aspectos de direito de propriedade intelectual relacionados ao comércio. • A vigilância e o exame das políticas comerciais dos seus membros, bem como a consecução da transparência nos acordos regionais e bilaterais. • A solução de controvérsias entre os membros sobre a interpretação e aplicação dos acordos. • O fortalecimento da capacidade dos funcionários públicos dos países em desenvolvimento em assuntos relacionados com o comércio internacional. • A prestação de assistência no processo de adesão dos países que ainda não são membros da organização. TÓPICO 3 | DINÂMICA DA POLÍTICA BRASILEIRA DE COMÉRCIO EXTERIOR 43 • A realização de estudos econômicos e a coleta e difusão de dados comerciais em apoio às demais atividades principais da OMC. A explicação e difusão ao público de informação sobre a OMC, sua missão e suas atividades. FONTE: Adaptado de: <https://www.wto.org/spanish/thewto_s/whatis_s/what_we_do_s.htm>. Acesso em: 14 fev. 2016. No que tange aos processos comerciais entre países, objetivo de estudos deste caderno, podemos dar uma olhada às controvérsias que surgirem entre os países membros, que logo são encaminhadas à OMC. Estas disputas são analisadas por meio do Mecanismo de Solução de Controvérsias da OMC, que busca reforçar a observância das normas comerciais multilaterais e a adoção de práticas compatíveis com os acordos negociados. Assim, o sistema administrativo da OMC permite soluções aos conflitos comerciais entre países, isto é finalizado por meio de um acordo entre as partes em contenda. Acordo que deverá estar alinhado aos princípios de livre-comércio e medidas compensatórias assinado entre os países membros da OMC. Segundo Thorstensen (2012, p. 371): O que se afirma é que, agora, a OMC ‘tem dentes’. Tal afirmação significa que, agora, a OMC tem poder para impor as decisões dos painéis e permitir que os membros que ganhem a controvérsia possam aplicar retaliações aos membros que mantenham medidas incompatíveis com as regras da OMC. Tal retaliação, por exemplo, pode ser efetuada através do aumento de tarifas para os bens exportados pelo membro infrator, em um valor equivalente ao das perdas incorridas. 2.2 CASO PRÁTICO DE DISPUTA ARBITRADA PELA OMC Um caso prático de solução de conflito arbitrado pela OMC foi a disputa entre o Brasil e os Estados Unidos. O Brasil estava sendo prejudicado comercialmente, os EUA estavam aplicando medidas antidumping às importações de suco de laranja vindas do Brasil, ou seja, os EUA estavam sobretaxando esse produto. Nesse contexto, os EUA reclamavam que seus produtores locais, especialmente da Florida e da Califórnia, estavam sendo prejudicados porque os exportadores brasileiros estavam exportando o suco de laranja com preços menores aos praticados no país de origem. Ou seja, o Brasil supostamente estava exportando o suco de laranja com preços menores aos que estavam sendo praticados no mercado nacional brasileiro, um suposto dumping ou prática comercial desleal por parte dos exportadores brasileiros. 44 UNIDADE 1 | A IMPORTÂNCIA DAS EXPORTAÇÕES E IMPORTAÇÕES NO COMÉRCIO EXTERIOR DO BRASIL Após vários anos de negociações perante a OMC, o Brasil demonstrou que não estava praticando dumping, e os Estados Unidos tiveram que levantar a medida antidumping que tinha sido imposta às importações de suco de laranja. Eis um caso de arbitragem da OMC entre países membros. Além do caso entre Brasil e os EUA, existem outros, os quais você pode estudá-los acessando o site da OMC: <https://www.wto.org/spanish/tratop_s/dispu_s/dispu_status_s.htm>. DICAS Para saber mais sobre o caso de arbitragem do suco de laranja entre os EUA e o Brasil, acesse o seguinte artigo de opinião: <http://oglobo.globo.com/economia/brasil-eua- encerram-disputa-na-omc-por-suco-de-laranja-7618140>. 3 ESTRUTURA DO COMÉRCIO EXTERIOR DO BRASIL Depois de ter revisado algumas questões do contexto histórico atual das organizações internacionais responsáveis pela supervisão do comércio entre as nações, vamos abordar a questão da estrutura do comércio exterior do Brasil. O país, para poder se relacionar melhor comercialmente em função de seus interesses, precisa de políticas e ferramentas públicas que permitam e incentivem a capacidade comercial internacional da economia brasileira. Conforme estudamos, perante uma economia globalizada os países são interdependentes tanto em questões comerciais como em questões financeiras. Nesse contexto, é inviável que o Brasil incentive somente as “exportações”. As políticas e ações governamentais de comércio exterior devem abranger tanto as exportações quanto as importações, visando ter sempre um posicionamento positivo na balança comercial (exportações menos importações). Nesse contexto, cabe ao governo oferecer condições favoráveis para que as empresas que atuam no comércio exterior possam planejar e executar operações comerciais que ajudem a dinâmica empresarial e a economia como um todo. Por meio dessas condições favoráveis o governo pode oferecer mecanismos e instrumentos de apoio ao comércio exterior. Ferramentas governamentais que servem para formalizar e incentivar práticas favoráveis nos processos comerciais internacionais, na área administrativa, fiscal/tributária, cambial, financeira, logística, entre outras, conforme podemos observar a seguir. Mecanismos e instrumentos de apoio ao comércio exterior por parte do Estado TÓPICO 3 | DINÂMICA DA POLÍTICA BRASILEIRA DE COMÉRCIO EXTERIOR 45 • Administrativa: determina normas e regulamentos que permitem o controle necessário das operações e propiciem racionalização e condições ideais de competição. • Fiscal/Tributária: utilizar medidas que: o desonerem exportações; o diferenciem as importações. Isso, por meio de adequação de alíquotas de tributos ou adoção de regimes aduaneiros especiais, tais como: entreposto industrial e zona franca. Regime especial é um tratamento operacional e tributário diferenciado, de modo a facilitar, racionalizar ou desonerar determinadas operações sob interesse particular, a exemplo da não incidência de tributos na importação de insumos utilizados ou a serem utilizados em produtos exportados ou a exportar. • Financiamento: oferece ou facilita a oferta de linhas de crédito que estimulem as exportações (custos competitivos), complementadas por instrumentos de garantia de crédito (aspecto muito importante em virtude das dificuldades de capital das empresas brasileiras, que se acentuam no comércio internacional, que contempla quantidade maior de tarefas e giros financeiros geralmente mais longos). • Cambial/Monetária: procura manter equilibrado o valor da moeda, gerando segurança aos segmentos envolvidos com comércio exterior. • Promoção: colabora no auxílio da localização de parceiros comerciais com o menor custo possível. • Infraestrutura: oferece meios físicos eficientes. • Logística: propicia integração