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UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS FACULDADE DE ESTUDOS SOCIAIS CIÊNCIAS ECONÔMICAS Nascimento dos Estados Guilherme de Lima Massoto Manaus – AM Setembro 2020 Guilherme de Lima Massoto Nascimento dos Estados Trabalho de Graduação apresentada à Faculdade de Estudos Sociais da Universidade Federal do Amazonas como requisito para a 1° Avaliação da matéria de Instituições do Direito Público e Privado. Professor Diego Ramos Universidade Federal do Amazonas – UFAM Faculdade de Estudos Sociais – FES Manaus-AM Setembro 2020 Sumário 1 Introdução...............................................................................................................14 2. Modos Originários.................................................................................................15 2.1 Formação Espontânea................................................................................................................15 2.2 Formação Contratual..................................................................................................................15 2.2.1 Origem familiar....................................................................................................................16 2.2.2 Origem em atos de força.....................................................................................................16 2.2.3 Origem em causas econômicas............................................................................................16 2.2.4 Origem no desenvolvimento interno da sociedade.............................................................17 3. Modos Secundários..............................................................................................17 3.1 União..........................................................................................................................................18 3.2 Divisão........................................................................................................................................18 4. Modos Derivados..................................................................................................18 4.1 Colonização................................................................................................................................19 4.2 Concessão de soberania de direitos...........................................................................................19 4.3 Ato de governo...........................................................................................................................19 5 Conclusão...............................................................................................................19 6 Referências.............................................................................................................21 14 1 Introdução Os conceitos de Estado são variados e possuem, cada qual, divergências referentes às correntes doutrinárias ou ao ideário teórico dos que os propõe, bem como o momento histórico da concepção, entre outros fatores. Além disto, o Estado é um ente dotado de complexidade extrema, podendo ser analisado sob inúmeros enfoques, como político, jurídico, sociológico, etc. As principais teorias que versam sobre a noção de Estado determinam suas bases sobre de três elementos: território, população e governo. Quando as nômades sociedades primitivas, compostas de inúmeras famílias, possuindo uma autoridade própria que as dirigia, se alojaram em um território determinado, passaram a constituir um Estado. Este nasce com o estabelecimento de relações permanentes e orgânicas entre os três elementos: a população, a autoridade (ou poder político) e o território. A vida sedentária exige a exploração sistemática da terra, o aparecimento de atividades econômicas mais complexas que culminam no surgimento das primeiras cidades. A vida urbana marca o início da história e da civilização, termo cuja raiz é civitas, cidade. Por isso também política, a ciência do Estado, tem a sua raiz em polis. Só um fato é permanente e dele promanam outros fatos permanentes: o homem sempre viveu e sobreviveu em sociedade (Ubi societas, ibi jus). A sociedade só sobrevive pela organização, que supõe a autoridade e a liberdade como elementos essenciais, a sociedade que atinge determinado grau de evolução, passa a constituir um Estado. Para viver fora da sociedade, o homem precisaria estar abaixo dos homens ou acima dos deuses, como disse Aristóteles, e vivendo em sociedade, ele natural e necessariamente cria a autoridade e o Estado. Nesse contexto que temos o nascimento do Estado e suas diferenças de históricas de nascimento, basicamente, podemos diferenciar as origens do Estado como Originários, Secundários e Derivados. 15 2. Modos Originários O modo de nascimento do Estado originário se define como o surgimento do Estado do próprio meio nacional, sem qualquer interferência de fator externo, sem provocação ou sustentação externa. Um grupo de indivíduos, organizados e homogêneos, que, num dado território determinado, organizam sua forma de governo e passam a apresentar as condições universais da ordem política e jurídica, ou seja, efetivam a soberania do grupo e criam as regras de direito. A formação é inteiramente nova, nasce diretamente da população e do país, sem derivar de outro já preexistente, ou seja, se daria quando, sobre um território que não pertencesse a nenhum Estado, uma população se organizasse politicamente. Atualmente, em que toda a superfície terrestre do planeta está dividida em Estados, é impossível esse processo de formação. 2.1 Formação Espontânea Dentro do modo de formação originária, há teorias que divergem entre si, para uma corrente de teóricos a formação natural ou espontânea do Estado: todas têm em comum a afirmação de que o Estado se formou naturalmente, não por um ato puramente voluntário, como consequência da conveniência em bando. 2.2 Formação Contratual Outros teóricos sustentam a formação contratual dos Estados, apresentando em comum, a crença em que foi a vontade dos homens, que levou à criação do Estado, algo além de uma simples consequência natural. Dentro da doutrina não-contratualistas, as causas apontadas como determinantes são a Origem familiar ou patriarcal, Origem em atos de força, Origem no desenvolvimento interno da sociedade e Origem em causas econômicas. 16 2.2.1 Origem familiar Esta teoria é a mais antiga utilizada para explicar a formação de um Estado, apoia-se na derivação da humanidade de um casal originário, sendo de fundo religioso. Sustenta a teoria que o Estado deriva de um núcleo familiar, cuja autoridade suprema pertenceria ao ascendente mais velho, o patriarca. O Estado seriam, assim, uma ampliação da família patriarcal. Grécia e Roma tiveram essa origem, segundo a tradição. O Estado de Israel é um exemplo típico pois originou-se da família de Jacob, conforme relato bíblico. A base sociologia se apoia na ideia que o núcleo social fundamental é a família e que cada família primitiva se ampliou e deu origem a um Estado 2.2.2 Origem em atos de força A teoria da força sustenta que a superioridade de força de um grupo social permitiu-lhe submeter um grupo mais fraco, nascendo o Estado dessa conjunção de dominantes e dominados. Para Oppenheimer, Estado foi criado para regular as relações entre vencedores e vencidos. Thomas Hobbes foi o principal sistematizador desta doutrina, para Hobbes no começo dos tempos modernos, no estado de natureza, os homens eram inimigos uns dos outros e viviam em guerra permanente. E como toda guerra termina com a vitória dos mais fortes, o Estado surgiu como resultado dessa vitória, sendo uma organização do grupo dominante para manter o domínio sobre os vencidos. 2.2.3 Origem em causas econômicas O Estado teria sido formadopara se aproveitar dos benefícios da divisão do trabalho, integrando-se as diferentes atividades profissionais, caracterizando-se assim, o motivo econômico. Entre as teorias que afirmam a origem do Estado por motivos econômicos, a de maior repercussão prática é a de Marx e Engels. Além de negar que o Estado tinha nascido com a sociedade, Engels 17 afirma que ele “é antes um produto da sociedade, quando ela chega a determinado grau de desenvolvimento”. Vale ressaltar que esses conceitos produzem um reflexo imediato em dois pontos fundamentais da teoria marxista do Estado: a qualificação deste como um instrumento da burguesia para exploração do proletariado e afirmação de que, não tendo existido nos primeiros tempos da sociedade humana, o Estado poderá ser extinto no futuro, uma vez que foi uma criação puramente artificial para satisfação dos interesses de uma pequena minoria. 2.2.4 Origem no desenvolvimento interno da sociedade A teoria se baseia na ideia do Estado como um germe, uma potencialidade, em todas as sociedades humanas, as quais, todavia, prescindem dele enquanto se mantêm simples e pouco desenvolvidas. Aquelas sociedades que atingem maior grau de desenvolvimento e alcançam uma forma complexa têm absoluta necessidade do Estado, e então ele nasce. Não há, portanto, a influência de fatores externos à sociedade, inclusive de interesses de indivíduos ou de grupos, mas é o próprio desenvolvimento espontâneo da sociedade que dá origem ao Estado. 3. Modos Secundários É considerado Estado secundário aquele que nasce da união ou da divisão de Estados. São casos de divisão quando uma determinada região ou província integrante de um Estado obtém a sua independência e forma uma nova unidade política (Estado) ou quando o Estado considerado é dividido desdobrando- se, assim, em Estados menores autônomos. Alguns autores não consideram a possibilidade de nascimento de novas Estados por divisão. 18 3.1 União Nesse caso, dois ou mais Estados resolvem unir-se, para compor um novo Estado, perdendo sua condição de Estados a partir do momento em que se completar a união e integrando-se, a partir daí, no Estado resultante. Implica a adoção de uma Constituição comum, desaparecendo os Estados preexistentes que aderiram à União. O exemplo clássico de união é a formação dos Estados Unidos da América que se originou na união de treze colônias independentes administrativamente entre para formar um único Estado soberano e centralizado. 3.2 Divisão A divisão se define quando uma parte do território de um Estado se desmembra e passa a constituir um novo Estado. O Estado que teve seu território diminuído pelo fracionamento continua a existir, só se alterando a extensão territorial e o número de componentes do povo, uma vez que uma parcela deste sempre se integra no Estado recém-constituído. A parte desmembrada, que passou a constituir um novo Estado, adquire uma ordenação jurídica própria, passando a agir com independência, inclusive no seu relacionamento com o Estado do qual se desligou. Um exemplo clássico são territórios coloniais que, com a conquista da independência, por via pacífica ou violenta, ocorre o desmembramento e a consequente criação de novos Estados por formação derivada decorrente de movimentos separatistas. 4. Modos Derivados Segundo esta hipótese, o Estado pode surgir em consequência de movimentos exteriores, nas condições de colonização; de concessão de direitos de soberania; e de ato de governo. 19 4.1 Colonização Foi a forma primeiramente utilizada pelos gregos que povoaram as terras e criaram Estados ao longo do Mediterrâneo. Modernamente, temos os exemplos do Brasil e das demais antigas colônias americanas povoadas pelos ingleses, espanhóis e portugueses, as quais transformaram posteriormente em Estados livres. 4.2 Concessão de soberania de direitos Ocorria frequentemente na Idade Média, quando os monarcas, por sua livre vontade pessoal, outorgavam os direitos de autodeterminação aos seus principados, ducados e condados. Nos tempos atuais, a Irlanda, o Canadá e outras colônias da British Commonwealth of Nations caminham progressivamente para a sua completa independência, através de concessões feitas pelo governo inglês. 4.3 Ato de governo Se define como a forma pela qual o nascimento de um novo Estado decorre da simples vontade de um eventual conquistador ou de um governante absoluto. Napoleão I criou assim diversos Estados, tão-somente pela manifestação da sua vontade incontestável. 5 Conclusão Em suma, podemos dizer que os estados surgem invariavelmente desta vontade de unir-se e de cooperar em prol da manutenção do grupo formado que, em sua evolução, requer a identificação de um ordenamento composto de condutas em prol da coletividade exercidas, inicialmente pelo chefe do grupo, e, 20 num estágio mais avançado, de formação do estado, pelo órgão institucionalizado, ou seja, sem a vinculação ao agente responsável pela execução das atividades, mas sim ao centro de comando instituído, o governo. Evidentemente, a maneira mais definida de se afirmar a criação é o reconhecimento pelos demais Estados. Todavia, o reconhecimento não é indispensável, sendo mais importante que o novo Estado, apresentando todas as características que são comuns aos Estados, tenha viabilidade, conseguindo agir com independência e manter, internamente, uma ordem jurídica eficaz. 21 6 Referências ANDRADE, Luiz. Os modos de surgimento do Estado. Disponível em http://www.loveira.adv.br/material/tge2.htm . Acesso em 12/10/2020. CAMPOS, Diego Araújo. Reconhecimento de Estado. Disponível em http://diplomaticus.com.br/?cat=31 . Acesso em 12/10/2020. ENGELS, Friedrich. A Origem da Família, da Propriedade Privada e do Estado. Ed. Vitória, Rio de Janeiro, 1980. p. 102 – 160 PLATÃO, A República. PALLIERI, Giorgio Balladore. A Doutrina do Estado, vol I. Coimbra, Ed. Coimbra, 1969. DALLARI, Dalmo de Abreu. Elementos de Teoria Geral do Estado, 33ª ed., São Paulo: Saraiva, 2015. MALUF, Sahid. Teoria Geral do Estado (atualizador Miguel Alfredo Malufe Neto), 31ª ed., São Paulo: Saraiva, 2013. BASTOS, Celso Seixas Ribeiro. Curso de Teoria do Estado e Ciência Política, 6ª ed., São Paulo: Celso Bastos Editora, 2004. REALE, Miguel. O Estado Moderno (Liberalismo. Fascismo. Integalismo) - Problemas Políticos Contemporâneos, nº 1, 1ª ed., Rio de Janeiro: Livraria José Olympio, 1934. BOBBIO, Norberto. Estado, Governo e Sociedade: para uma teoria geral da política. 11 ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2004. AZAMBUjA, Darcy Teoria Geral do Estado, 35. ed. São Paulo: Globo. 1996. 1 Introdução 2. Modos Originários 2.1 Formação Espontânea 2.2 Formação Contratual 2.2.1 Origem familiar 2.2.2 Origem em atos de força 2.2.3 Origem em causas econômicas 2.2.4 Origem no desenvolvimento interno da sociedade 3. Modos Secundários 3.1 União 3.2 Divisão 4. Modos Derivados 4.1 Colonização 4.2 Concessão de soberania de direitos 4.3 Ato de governo 5 Conclusão 6 Referências
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