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ESTO016-17 Fenômenos de transporte Profa. Dra. Juliana M. Prado CECS/UFABC juliana.prado@ufabc.edu.br mailto:juliana.prado@ufabc.edu.br Energia Introdução • Inúmeros processos industriais envolvem o uso e/ou a liberação de quantidades significativas de energia – Aquecimento/resfriamento de produtos – Bombeamento de líquidos – Geração de insumos: vapor, gás comprimido • Energia pode existir sob diferentes formas e pode ser transferida por diferentes mecanismos entre o sistema e a vizinhança O que é energia? • Propriedade termodinâmica (característica) de um sistema – Depende do estado termodinâmico, assim como pressão, temperatura, massa, volume, etc. – Propriedade extensiva • Níveis – Nível microscópico – Nível macroscópico • Pode ser quantificada (calculada indiretamente a partir de outras medidas) – A forma como pode ser quantificada depende do tipo de energia existente no sistema • Unidades – SI: Joule (1 J = 1 N.m = 1 kg.m2/s2) – Outras: quilowatt-hora (kWh), elétron-volt (eV), erg, BTU, caloria (cal) Energia interna (U) • Nível microscópico • Relacionada à estrutura (ligações) e grau de atividade (movimento e interações) molecular • Os movimentos de rotação e translação das moléculas têm energias cinéticas associadas, pois possuem velocidade: se manifestam em T Energia interna (U) • Forças intra e intermoleculares conferem ao sistema energia potencial: afetam P • Energia interna: composta pelas energias cinética e potencial do sistema em nível molecular (microscópico) • As variações de energia interna são medidas através de variações macroscópicas no sistema, como de temperatura (T), pressão (P) 𝑈 = 𝑈 𝑇, 𝑃,𝑀 (37) Energia externa • Energia macroscópica: relacionada ao movimento e à influência de alguns efeitos externos – Gravidade, magnetismo, eletricidade, tensão superficial • Energias mecânicas: macroscópicas • Energia cinética (EC): associada à velocidade (𝑣) do sistema 𝐸𝐶 = 1 2 𝑀𝑣2 • Energia potencial (EP): associada à posição do centro de massa do sistema sujeito a potencial externo – Quando campo gravitacional está presente 𝐸𝑃 = 𝑀𝑔ℎ – Outras expressões devem ser empregadas quando estão presentes outros campos como: elétrico, magnético, químico (consumo metabólico), elástico, etc. (38) (39) Energia total • Soma das várias parcelas de energia, macroscópicas e microscópicas 𝐸 = 𝑈 + 𝐸𝐶 + 𝐸𝑃 𝐸 = 𝑈 + 1 2 𝑀𝑣2 +𝑀𝑔ℎ 𝐸 = 𝑈 + 1 2 𝑣2 + 𝑔ℎ • Em geral, estamos interessados nas variações de energia do sistema, não em seu valor absoluto – O cálculo da energia sempre depende de um referencial (40) (41) (42) A energia acompanha o escoamento da matéria • Conforme um elemento de fluido entra ou deixa as fronteiras do volume de controle de um sistema, carrega consigo energia interna, cinética e potencial. Este escoamento de energia é igual ao produto da taxa de escoamento de massa pela energia por unidade de massa Û, ÊC, ÊP Ûe, ÊCe, ÊPe Ûs, ÊCs, ÊPs ^ ^ ^ e e e k e E M U E c E p ^ ^ ^ s s s k s E M U E c E p (43) (44) Energia trocada nos limites: Calor (Q) • Quando o sistema tem limites diatérmicos com o meio ambiente, a transferência de calor pode ocorrer da vizinhança para o sistema ou vice-versa através desses limites • A transferência de calor ocorre devido à existência de diferenças de temperatura entre o sistema e a vizinhança e não está associada à transferência de massa • Convenção de sinais – Sinal positivo se adicionado ao sistema (provoca aumento de energia no sistema) – Sinal negativo se for liberado pelo sistema (provoca decréscimo de energia no sistema) • Não é função de estado (não é propriedade termodinâmica Energia trocada nos limites: Calor (Q) • A diferencial do calor é inexata: depende do caminho (processo) percorrido entre dois estados 1𝑄2 = 1 2 𝛿𝑄 • Obs: a diferencial de qualquer propriedade termodinâmica é exata 𝐸2 − 𝐸1 = 1 2 𝑑𝐸 • Pode haver várias correntes de calor entrando e/ou saindo do sistema 𝑄 = 𝑗 𝑄𝑗 (45) (46) (47) 𝑘 = condutividade térmica 𝐴 = área 𝑥 = distância ℎ = coeficiente convectivo de transferência de calor 𝑇𝑝 = temperatura da interface 𝑇∞ = temperatura do fluido 𝜀 = emissividade 𝜎 = constante de Boltzmann 𝑇𝑠 = temperatura da superfície Energia trocada nos limites: Calor (Q) • Calor se transfere pela fronteira do sistema através de três mecanismos: condução, convecção e radiação • Taxas de transferência de calor 𝑄 = 𝛿𝑄 𝑑𝑡 𝑄𝑐𝑜𝑛𝑑 = −𝑘𝐴 𝑑𝑇 𝑑𝑥 𝑄𝑐𝑜𝑛𝑣 = ℎ𝐴 𝑇𝑝 − 𝑇∞ 𝑄𝑟𝑎𝑑 = 𝜀𝜎𝐴 𝑇𝑠1 4 − 𝑇𝑠2 4 (48) (49) (50) (51) Energia trocada nos limites: Trabalho (W) • Definição mecânica de trabalho – Energia transferida a um corpo aplicando força ao longo de trajetória 1𝑊2 = 1 2 𝐹. 𝑑 𝑆 • Definição termodinâmica de trabalho – Forma de energia em trânsito não associada a transferência de massa e devido a uma diferença de potencial que não seja temperatura • Convenção de sinais – Sinal negativo se for realizado pelo sistema sobre a vizinhança (diminui energia do sistema) – Sinal positivo se for realizado pela vizinhança sobre o sistema (aumenta energia do sistema) • Não é função de estado (não é propriedade termodinâmica (52) Energia trocada nos limites: Trabalho (W) • A diferencial do trabalho é inexata: depende do caminho (processo) percorrido entre dois estados 1W2 = 1 2 𝛿W • 3 tipos – Trabalho de eixo ou mecânico – Trabalho de expansão – Trabalho associado ao escoamento de massa • Potência: taxa de realização de trabalho 𝑊 = 𝛿𝑊 𝑑𝑡 = 𝐹. 𝑣 • Unidades – SI: W = J/s = kg.m2/s3 (53) (54) Trabalho de eixo ou mecânico (WS) • Ocorre sem a deformação dos limites do sistema • O sistema inclui dispositivos do tipo: bomba, compressor, turbina, etc. • Potência de eixo 𝑊𝑆 = 𝜏𝜔 𝜏 = torque 𝜔 = velocidade angular 𝐹𝑡 = força aplicada 𝑅 = distância ao eixo de rotação (raio) 𝑣𝑡 = velocidade de rotação (55) (56) (57)𝜏 = 𝐹𝑡. 𝑅 𝜔 = 𝑣𝑡 𝑅 Trabalho de eixo ou mecânico (WS) • Potência elétrica 𝑊𝑆,𝑒 = 𝑈. 𝑖 U = diferença de potencial (tensão) i = corrente elétrica • Por conveniência o escoamento de energia elétrica será incluído no termo de trabalho mecânico • Pode haver várias correntes de trabalho de eixo entrando e/ou saindo do sistema 𝑊𝑆 = 𝑗 𝑊𝑆,𝑗 (59) (54) Trabalho de expansão ou contração (WEXP) • Com deformação dos limites de um sistema • Força aplicada sobre área resulta em variação de volume 𝑊𝑒𝑥𝑝 = 𝐹 𝑑𝐿 𝑑𝑡 𝑃 = 𝐹 𝐴 𝑊𝑒𝑥𝑝 = 𝑃𝐴 𝑑𝐿 𝑑𝑡 ESTADO 1 ESTADO 2 A = área do êmbolo L (60) (2) (61) Trabalho de expansão ou contração (WEXP) 𝑊𝑒𝑥𝑝 = 𝑃𝐴 𝑑𝐿 𝑑𝑡 𝑉 = 𝐴𝐿 𝑊𝑒𝑥𝑝 = 𝑃 𝑑𝑉 𝑑𝑡 (62) (63) (61) ESTADO 1 ESTADO 2 A = área do êmbolo L Trabalho de expansão ou contração (WEXP) • Expansão: quando o volume aumenta (dV > 0), o sistema realiza trabalho sobre a vizinhança ( 𝑊𝑒𝑥𝑝 < 0), então sinal deve ser negativo • Contração: quando o volume diminui (dV < 0), o sistema recebe trabalho da vizinhança ( 𝑊𝑒𝑥𝑝 > 0), então sinal deve ser positivo 𝑊𝑒𝑥𝑝 = 𝑃 𝑑𝑉 𝑑𝑡 • Para haver sentido físico é necessário inverter o sinal de 𝑊𝐸𝑋𝑃 𝑊𝑒𝑥𝑝 = −𝑃 𝑑𝑉 𝑑𝑡 𝑊𝑒𝑥𝑝 = − 𝑃 𝑑𝑉 𝑑𝑡 (65) (63) (64) Trabalho reversível e não reversível • O trabalho de compressão ou expansão de um gás em um dispositivo cilindro-êmbolo é reversível se a pressão que resiste à expansão/compressão for infinitesimalmente menor do que a que produz o deslocamento, de forma que pode-se reverter o processo, passando exatamente pelo mesmo caminho • Exemplo de trabalho não reversível: trabalho feito pelas pás de um ventilador sobre o gás • Obs: A expansão de um gás contra o vácuo não produz trabalho Representação gráfica do trabalho em um diagrama P vs. V • Partindodo estado i para chegar ao estado f: a) Expansão reduzindo a pressão b) Expansão i. P = cte (fornecendo calor) ii. V = cte (removendo calor) c) Expansão i. V = cte (removendo calor) ii. P = cte (fornecendo calor) < < < Representação gráfica do trabalho em um diagrama P vs. V • Partindo do estado i para chegar ao estado f: d) Expansão maximizando ou minimizando o trabalho produzido e) Contração aumentando a pressão (reversível em relação a “a”) f) Realizando um ciclo que produz trabalho líquido > < < Trabalho de escoamento (WESC) • Resulta do deslocamento de um fluido • O elemento de fluido exerce força sobre o sistema no ponto 1 para empurrar (deslocar) fluido imediatamente à sua frente na tubulação • O sistema exerce força sobre o elemento de fluido no ponto 2 para empurrar (deslocar) fluido imediatamente à sua frente na tubulação elemento de fluido 𝑀2 𝑀1 válvula 11V̂P 22V̂P Trabalho de escoamento (WESC) • O elemento de fluido exerce força sobre o sistema no ponto 1 para empurrar (deslocar) fluido imediatamente à sua frente na tubulação 𝑊1 = 𝐹1 𝑑𝐿1 𝑑𝑡 𝑊1 = 𝑃1 𝑉1 = 𝑃1 𝑉1 𝑀1 • O sistema exerce força sobre o elemento de fluido no ponto 2 para empurrar (deslocar) fluido imediatamente à sua frente na tubulação 𝑊2 = −𝐹2 𝑑𝐿2 𝑑𝑡 𝑊2 = −𝑃2 𝑉2 = −𝑃2 𝑉2 𝑀2 𝐹 = 𝑃. 𝐴 𝑉 = 𝐿. 𝐴 (66) (67) (2) (60) (60) (62) Trabalho de escoamento (WESC) • Generalizando, podemos representar o trabalho WESC resultante do escoamento de fluidos através dos limites do sistema usando um somatório das correntes de escoamento s s s s e e e e K k kk K k kkESC VPMVPMW 11 ˆˆ (68) Calor e trabalho • Transferência de calor e trabalho são formas pelas quais o sistema interage com a vizinhança • Calor e trabalho são fenômenos identificados nos limites do sistema, quando eles cruzam estes limites • Calor e trabalho estão associados a um processo, não a um particular estado do sistema • Calor e trabalho dependem do “caminho” percorrido pelo processo • A energia interna somente depende do estado termodinâmico da substância, ou seja, P, T, V, etc. • O sistema possui energia interna (propriedade termodinâmica), mas não possui calor e trabalho (energia em movimento) Entalpia (H) • Grandeza física que mede a máxima energia útil de um sistema termodinâmico, teoricamente passível de ser deste removida na forma de calor • Engloba não apenas a energia interna do sistema mas também a energia armazenada no conjunto sistema- vizinhança absorvida pelo sistema via trabalho realizado pela vizinhança sobre esse que impliquem a diminuição de seu volume 𝐻 = 𝑈 + 𝑃𝑉 𝐻 = 𝑈 + 𝑃 𝑉 𝐻 = 𝑈 + 𝑃𝑉 (69) (70) (71)
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