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SAÚDE E ASPECTOS VOCAIS A voz é composta pelos 3F • Fluxo – Ar • Filtro – Cavidades de ressonância (cavidade oral, cavidade nasal, faringe, laringe – sub glote) • Fonte – Laringe LARINGE A laringe é responsável pela: Respiração – Permite a passagem do ar da via aérea superior para a via aérea inferior. Umidifica, aquece e filtra o ar e impede a penetração de corpos estranhos Deglutição – auxílio no fechamento da via aérea durante a deglutição. Fonação – função secundária. EMBRIOLOGIA DA LARINGE A laringe se forma entre a 4º e a 10º semana do desenvolvimento embrionário. As estruturas da laringe são derivadas dos arcos faríngeos II, III, IV, V e VI, exceto o I. ANATOMIA DA LARINGE A Laringe é uma unidade FUNCIONAL, formada por cartilagens, músculos, membranas e mucosas. OSSO HIÓIDE • Sustentação óssea da Laringe • Apoia os músculos da língua • Único osso do corpo que não se articula a outros ossos • Região superior da laringe • Formato de ferradura CARTILAGENS DA LARINGE Cartilagem Tireóidea – é a maior cartilagem da Laringe • Ímpar • Formada por duas lâminas (a união dessas lâminas forma a proeminência laríngea) Cartilagem Cricóidea – é a segunda maior cartilagem da Laringe • Ímpar • Possui um formato circular completo • Região anterior mais estreita – arco • Região posterior mais larga – lâmina, que serve de apoio para as cartilagens aritenóideas. Cartilagem Epiglótica – protege as vias aéreas inferior e abaixa e fecha o ádito da laringe • Cartilagem ímpar • Formato de folha Movimentação: • Deglutição – proteção das vias aéreas (retroversão) • Fala – acompanha a língua • Produção vocal – seu abaixamento contribui para o volume e a projeção Cartilagem Aritenóidea – apoiada sobre a base da cartilagem cricóidea, isso permite o deslizamento sobre essa, realizando a abertura e fechamento da prega vocal. Possui 3 processos: • Processo póstero-lateral • Processo medial • Processo antero-medial – onde estão inseridos o músculo vocal e o ligamento vocal. Cartilagem Corniculada – é uma cartilagem acessória, apoiada na cart. Aritenóidea. MEMBRANAS DA LARINGE Membrana tireo-hióidea – entre o osso hióide e a cart. tireóidea Membrana cricotireóidea – entre a cart. cricóidea e a cart. tireóidea Membrana tireóidea LIGAMENTOS DA LARINGE Ligamento cricotireóideo – entre a cart. cricóidea ea cart. tireóidea Ligamento hioepiglótico – entre o osso hióide e a cart. epiglótica MÚSCULOS EXTRÍNSECOS DA LARINGE Fixam a laringe no pescoço – abaixamento e elevação Músculos supra-hiódeos • M. Estilo-hióideo • M. Milo-hióideo • M. Gênio-hióideo • M. Digástrico Músculos infra-hióideos • M. Omo-hióideo • M. Esterno-hióideo • M. Esterno-tireóideo MÚSCULOS ÍNTRINSECOS DA LARINGE Possuem origem e inserção na laringe Funções – respiração, fonação e deglutição São músculos pares, exceto o m. aritenóideo ABDUZ – ABRE ADUZ – FECHA Tireoaritenóideo – TA Está inserido no processo/ligamento vocal da cart. aritenódeia. Possui duas fibras – músculo lateral e músculo vocal. Função – abduz, encurtamento e espessamento da PPVV e abaixa a laringe. Quando o TA se contrai, produz sons graves. Inervação – N. laríngeo inferior – ramo anterior Cricoaritenóideo posterior – CAP Função – único músculo abdutor (abre) as PPVV. Eleva, alonga e afila a PPVV, permitindo a respiração (músculo da vida) Inervação – N. laríngeo inferior – ramo anterior Cricoaritenóideo lateral – CAL Função – aduz (fecha) a PPVV Para um fechamento completo, aciono o CAL e os AA Inervação - N. laríngeo inferior – ramo anterior Aritenóideo – A Parte transversa e parte oblíqua Função – aduz (fecha) as PPVV. Inervação – N. Laríngeo inferior – ramo posterior Cricotireóideo – CT Função: estira e tensiona a PPVV, produzindo um som agudo Movimento de Báscula – deslocamento da cart. tireóidea para baixo e a cart. cricóidea para cima em até 15º, estirando a PPVV. Inervação – N. Laríngeo superior – ramo externo Ariepiglótico – AE Função – abaixa a epiglote durante a deglutição, promovendo a retroversão. Tireoepiglótico – TE Função – auxilia a epiglote no retorno de sua posição normal após a contração do AE. REGIÕES LARÍNGEAS Glote – espaço entre os bordos superior e inferior das pregas vocais – onde estão as PPVV. Acima das PPVV – Supra glote Abaixo das PPVV – Sub glote MORFOLOGIA DA PREGA VOCAL Modelo anatômico corpo-cobertura de Minoro Hirano (1970) Esse modelo estratifica (camadas) a PPVV, e cada camada apresenta uma propriedade mecânica diferente. Epitélio - Revestimento • Tecido Epitelial Estratificado Pavimentoso • Não há glândulas mucosas Camada Superficial lâmina própria • Espaço de Reinke • Solta e flexível • Vibra mais intensamente durante a fonação Camada Intermediária lâmina própria • Mais densa • Fibras elásticas Camada Profunda LP • Fibras Colágenas – rígidas MECANISMO DE VIBRAÇÃO GLÓTICA É impossível observar o ciclo glótico a olho nu, pois é uma vibração muito rápida. É necessário um exame com luz estroboscópica Cada ciclo glótico é formado por quatro etapas: • Fase aberta – prega vocal está aberta • Fase de fechamento – prega vocal se fecha • Fase fechada – totalmente fechada • Fase de abertura – prega vocal se abrindo Para que aconteça a abertura, precisamos de um fluxo de ar que vem dos pulmões, promovendo a pressão subglótica, fazendo com que a prega vocal se abra. Esse efeito é chamado de Efeito de Bernoulli. Durante a respiração ocorre a passagem total do ar. AVALIAÇÃO CLÍNICA DA VOZ Voz normal x Disfonia Não existe voz normal Não há um consenso quanto aos conceitos de voz normal e disfonia Não existem padrões nem limites definidos O conceito de “normalidade” é amplamente influenciado pelo meio e mutável ao longo do tempo EUFONIA • Som de boa qualidade • Harmonia muscular • Produzida sem dificuldade pelo falante • Percebida sem esforço pelo ouvinte • Quando os atributos mínimos de • harmonia e conforto não são Quando esses atributos mínimos de harmonia e conforto não são respeitados, há uma DISFONIA Como julgar a normalidade de uma voz? 1. A voz é adequada para oferecer ao ouvinte inteligibilidade da fala? 2. Suas propriedades acústicas são esteticamente aceitáveis? 3. A voz preenche as demandas profissionais e sociais do falante? 4. Qual o grau de desconforto/esforço feito pelo próprio falante? VOZ NORMAL X VOZ ADAPTADA Substituir voz normal por voz adaptada, isso isenta a discussão da controvérsia sobre normalidade • Produção vocal de qualidade aceitável socialmente • Não interfere na inteligibilidade da fala • Permite o desenvolvimento profissional • Frequência, intensidade e modulação adequadas • Transmite a mensagem emocional correta DISFONIA “Representa toda e qualquer dificuldade na comunicação oral que impede a produção natural da voz “(Behlau & Pontes, 1995) É um distúrbio da comunicação oral no qual a voz não consegue cumprir seu papel básico de transmissão da mensagem verbal e emocional de um indivíduo. • Desvios na qualidade vocal (áspera, rouca, soprosa) • Esforço a emissão • Fadiga • Perda na potência da voz • Variações descontroladas de frequência • Falta de volume e projeção • Perda de eficiência vocal • Baixa resistência vocal • Sensações desagradáveis a emissão AVALIAÇÃO VOCAL Anamnese – durante toda a avaliação, devemos observar o uso da voz, a CPFA (coordenação pneumofonoarticulatória) e as habilidades de comunicação. Deve conter: • Ficha de identificação • Dados demográficos regulares • Quem encaminhou? • Telefones, e-mail e endereço• Nome dos acompanhantes ANAMNESE ESSECIAL • Queixa – a queixa é do paciente, então devemos sempre anotar o que o paciente diz “eu sou afônico” • Duração – quanto tempo você tem esse problema? • Sintomas – cansaço, ardência, dor, fadiga, coceira • Flutuação – acordo rouco, ao dormir, no final do dia, o dia todo, piora ou melhora quando... • Episódios anteriores – é a primeira vez ou já teve isso? • Uso da voz – professor, cantor, palestrante • Personalidade – alguém que fala muito, é mais desenvolto, calmo, nervoso, agitado. • Doenças - Parkinson, refluxo, rinite, sinusite, AVE, enxaqueca, usa medicamento • Tratamentos anteriores SINTOMAS VOCAIS Sintomas de alterações na qualidade vocal - Para o paciente, tudo é rouquidão ou afonia. É importante observar o que mudou na qualidade vocal habitual do indivíduo. Esses sintomas podem estar associados a lesões de massa. Sintomas de fadiga e esforço vocal – Para alguns pacientes a alteração vocal não é tão importante, mas o esforço ou cansaço associado a produção da voz podem modificar completamente o comportamento vocal, paciente pode referir cansaço progressivo, esforço para melhorar a projeção, ou a piora da voz em alguns determinados períodos (fendas ou DTM) Sintomas de presença de ar na voz – O paciente pode referir ar constante, ar no final das emissões ou ar nos agudos, quando canta (fendas glóticas- triangulares, tensão muscular, fenda fusiformes, AEM) Sintomas de perda de frequência da extensão vocal – Extensão vocal reduzida, tanto na região de agudos como na região dos graves - comuns em profissionais da voz (quadros inflamatórios, edemas, uso excessivo da voz) Sintomas de descontrole na frequência da voz – Desvios como quebras, falta de modulação, modulação excessiva, voz tremula (alterações neurológicas – disfonia espasmódica, tremor essencial ou distúrbios vocais emocionais) Sintomas de descontrole na intensidade vocal – Desvios, quebras com perda total na sonorização, dificuldade em modular a intensidade vocal (abuso, fadiga, distúrbios neurológicos) Sintomas de sensações desagradáveis a emissão – Dor a emissão a emissão vocal, dor muscular na cintura escapular ou face após fala prolongada, sensação de ardor, queimação ou corpo estranho na laringe (podem indicar tensão muscular ou lesões da região posterior, granulomas por RLF) AVALIAÇÃO CLÍNICA DO COMPORTAMENTO VOCAL É uma investigação básica sobre os principais parâmetros empregados pelo indivíduo em sua comunicação habitual. Objetivos: • Avaliar os parâmetros vocais – tipo de voz, frequência, intensidade, medidas fonatórias e CPFA • Descrição dos ajustes de trato vocal e do corpo empregado na produção de voz – alinhamento vertebral, posição do tórax e da cabeça, posição da laringe no pescoço, participação do vestíbulo na produção da voz, grau de abertura de boca. • Identificação dos comportamentos vocais negativos – descrição do perfil comunicativo do indivíduo, descrição dos hábitos vocais, emprego de diferentes vozes e identificação das habilidades gerais. Material necessário: • Gravador • Computador • Cronometro • Protocolos • Softwares Avaliar: • Parâmetros vocais • Dinâmica respiratória • Aspectos prosódicos • Estruturas da fonação • Funções neurovegetativas • Autoavaliação – protocolos QQV e IDV QUALIDADE VOCAL Conjunto de características que identificam uma voz, é a impressão criada por aquela voz. Ela identifica o indivíduo e traz informações das dimensões biológicas, psicológica e socioeducacionais. PRINCIPAIS TIPOS DE VOZ • Rugosa (rouca) – irregularidade na vibração das PPVV • Áspera • Soprosa • Sussurrada • Fluída • Gutural • Comprimida • Tensa-estrangulada • Bitonal • Diplofônica • Polifônica • Monótona • Trêmula • Pastosa • Branca • Crepitante • Infantilizada • Feminilizada • Virilizada • Presbifônica • Hipernasal • Hiponasal • Nasalidade mista AVALIAÇÃO PERCEPTIVA AUDITIVA Avaliação da qualidade vocal – avaliação perceptivo auditivo. Faço essa avaliação escutando a voz É utilizada a Escala GRBASI – avalia prioritariamente a FONTE – Laringe G – Grau geral da disfonia: presença ou ausência de disfonia e qual o grau (leve, moderada, grave) R – Rugosidade: irregularidade na vibração das ppvv (rouco) B – Soprosidade: passagem de ar junto com a vibração (quando você sussurra, sua voz está soprosa) A – Astenia: fraqueza na voz S – Tensão: tensão na voz (uma pessoa que tem uma voz astênica não possui tensão na voz) I – Instabilidade A soprosidade e a tensão estão bem relacionadas, se o paciente tem um fechamento glótico incompleto ele faz força para tentar fechar, causando uma tensão A instabilidade é pior do que a tensão Presbifonia - alteração vocal por conta do envelhecimento (rugosidade e soprosidade) Grau de pontuação: 0 – Normal/ausente: nenhuma alteração vocal percebida pelo ouvinte 1 – Leve: alterações vocais discretas ou quando há dúvida da presença ou não de alteração 2 – Moderado: quando a alteração é evidente 3 – Intenso: alteração vocal extrema. FOCO RESSONANTAL Avaliação do filtro – ressonância Esperamos que a ressonância seja equilibrada – a voz se projeta em todas as cavidades, com flexibilidade para diferentes ajustes e o foco esteja no trato vocal, onde predomina a amplificação da voz. Temos o foco de ressonância na cavidade nasal, cavidade oral, laringe (mais baixa) e na faringe (posterior). À medida que fazemos ajustes motores diferentes (língua para trás/para frente), teremos vozes com impressões acústicas diferentes. FOCO LARÍNGEO Voz presa na garganta, sem projeção. Há uma tensão na região cervical. Pobreza de harmônicos, som abafado. FOCO FARÍNGEO Voz metálica, estridente e tensa. FOCO LARINGOFAÍNGEO Concentração de energia em conjunto nas estruturas da laringe/faringe e possui uma voz comprimida ou tensa-estrangulada. FOCO ORAL Articulação exagerada. FOCO NASAL Hiponasal – pouco ar saindo pelo nariz (nariz entupido) Hipernasal – excesso de ar passando pela cavidade nasal (fanho) SENSAÇÃO DE FREQUÊNCIA (PITCH) Sensação física da frequência – normal, aguda ou grave SENSAÇÃO DE INTENSIDADE (LOUDNESS) Sensação psicofísica da intensidade – adequada, aumentada ou reduzida. CAPE-V (CONSENSO DE AVALIAÇÃO PERCEPTIVOAUDITIVA DA VOZ) O CAPE-V é uma escala visual analógica que avalia: • Grau geral da disfonia • Rugosidade • Soprosidade • Tensão • Pitch • Loudness Escuto a voz e marco na “régua” (0 a 100) DI – Discreta MO – Mooderada AC – Acentuada Circular a letra (C) se o parâmetro é avaliado como consistente – presente durante todas as tarefas; Circular a letra (I) se o parâmetro é avaliado como intermitente – presença assistemática do desvio; AVALIAÇÃO DO COMPORTAMENTO VOCAL 1. Tipo de voz e grau de alteração (vogal sustentada) Utiliza a escala GRBASI para avaliar o tipo de voz e o CAPE-V para avaliar o grau de alteração. 2. Pitch (fala espontânea ou sequência automática) Pode ser adequado, agudo ou grave 3. Modulação da fala (fala espontânea ou sequência automática) Pode ser adequada, excessiva, restrita (voz monótona) ou repetitiva 4. Loudness (fala espontânea ou sequência automática) Pode ser adequada, aumentada ou reduzida 5. Ataque vocal (como inicia a fala – fala espontânea ou sequência automática) Pode ser isocrônico (normal), brusco ou soproso/aspirado 6. Ressonância (fala espontânea ou sequência automática) Pode ser equilibrada, hiponasal, hipernasal, oral, faríngea, laringo-faríngea ou laríngea. 7. Pronúncia(fala espontânea Pode ser normal, presença de sotaque ou regionalismo. 8. Articulação (fala espontânea ou sequência automática) Pode ser precisa/adequada, imprecisa, travada, restrita ou exagerada 9. Distúrbio articulatório (fala espontânea) Se sim, as estruturas fonoarticulatórias (lábios, língua, palato duto, palato mole, mandíbula, dentes e oclusão) podem ser adequadas ou inadequadas. 10. Diadococinesia – verifica o ritmo e a precisão da fala /a/ /pa/ /ta/ /ka/ /pataka/ 11. Velocidade da fala (fala espontânea) Pode ser normal, reduzisa, aumentada ou muito variada 12. Respiração (fala espontânea) Modo – misto/buco-nasal, nasal exclusivo, bucal/oral Tipo – superior/clavicular, médio/toráxico, inferior/abdominal ou completa 13. CPFA (fala espontânea) Pode ser adequada ou inadequada 14. Tempo máximo de fonação – TMF Em quantos segundos faz pronúncia sem usar o ar de reserva Normalidade: • homens = 20s • mulheres = 14s • valores <10s = alteração • crianças = conforme a idade Relação s/z • normalidade = 0,8s a 1,2s • acima de 1,2s = escape aéreo a fonação • abaixo de 0,8s = hipercontração glótica na fonação 15. Laringe em repouso Posição no pescoço – pode ser normal elevada abaixada Rigidez nas membranas laríngeas e dor ao toque 16. audição/compreensão oral Pode ser normal ou perda auditiva SÍNDROME DE TENSÃO MUSCULOESQUELÉTICA – STME O aumento da tensão dos músculos extrínsecos resulta em elevação da laringe no pescoço, em alguns casos essa tensão é tão intensa que o conjunto de manifestações passa a se chamar SÍNDROME DE TENSÃO MUSCULOESQUELÉTICA (STME) ou disfonia por tensão muscular e inclui diversos prejuízos vocais. CLASSIFICAÇÃO Primária – há lesões na estrutura laríngea. Há aumento de tensão generalizada em toda a musculatura laríngea intrínseca e extrínseca simultaneamente, associando-se a postura laríngea alterada. Secundária – apresentam reações teciduais. A STME também é classificada em tipo “I” e tipo “II”. No tipo “I”, ao exame otorrinolaringológico, a laringe apresenta-se estruturalmente normal, porém, com fenda posterior à fonação e rigidez da musculatura supra-hioidea à palpaçã. O tipo “II” pode ser subdivido em A e B. O tipo A assemelha-se à primeira categoria, porém, com lesão organofuncional estabelecida. No tipo B, a laringe encontra-se elevada no pescoço, com presença de fenda posterior, além de alterações em local fora da laringe como a mandíbula, entre outras. Pode haver mudanças difusas em toda extensão das pregas vocais e episódios de laringite crônica. SINAIS E SINTOMAS Sintomas: • compressão mediana das pregas vocais, causando diminuição do ângulo de abertura; • constrição global mediana (aproximação das pregas vestibulares) ou anteroposterior do vestíbulo; • presença de fendas triangulares; • elevação da laringe e • ataques vocais bruscos. Sinais: • elevação da caixa torácica e dos ombros; • aumento da massa muscular do pescoço e da nuca; • travamento mandibular; • distensão venosa; • tensão da musculatura supra-hioidea; • cabeça hiperestendida; • respiração curta e comprimida; • expressão facial restrita e tensa; • esforço global excessivo e não eficiente. O prejuízo na produção vocal está relacionado a: • inadequação das funções respiratórias; • uso incorreto das caixas de ressonância; • hipertensão lingual, glótica e da musculatura cervical. Disfonias hiperfuncionais podem estar relacionadas a desequilíbrios da musculatura craniocervical. Por meio de avaliação criteriosa, é possível determinar se a disfunção vocal altera o comportamento dos músculos cervicais e verificar a possível influência sobre a postura corporal e vice-versa. A reabilitação da produção vocal, enfocando a musculatura extrínseca da laringe e de outros grupos musculares cervicais, associada à reeducação respiratória e à correção de desvios posturais, pode reduzir o tempo de terapia. A instalação da STME ocorre de forma lenta e progressiva, o grau de alteração geralmente é compatível com a história clínica e com os dados da avaliação fonoaudiológica realizada. Embora a STME se enquadre como uma subclassificação das disfonias psicogênicas, não ocorre supressão dos sintomas com manipulação sintomática. A STME sofre influência de fatores externos como estresse no trabalho, problemas familiares, preocupações profissionais, além de fatores intrínsecos, referentes à personalidade do sujeito que podem levar ao aumento de tensão, como o perfeccionismo e a ansiedade. Os pacientes apresentam hipertensão muscular durante a fala, sem associação direta com afecções laríngeas. A incoordenação ou contração excessiva dos músculos associados à produção da voz pode-se manifestar em qualidade vocal rouca, comprimida ou tenso-estrangulada, hiperadução das pregas vocais e das bandas ventriculares, constrição esfinctérica da laringe, com predomínio de ataques vocais bruscos, ressonância laringofaríngea e aumento do número de quebras de voz. Também são observados desvios de pitch e loudness para ambos os extremos, além de sintomas como dor na região do pescoço e/ou fadiga ou, até mesmo, afonia. Em casos de fadiga da musculatura da laringe, é coerente haver aumento de esforço na produção vocal e estresse mecânico resultante da colisão entre as pregas vocais durante a fonação excessiva, causando a morte de células epiteliais e a separação das fibras de colágeno e elastina da membrana basal. Posteriormente, em virtude do aumento de vibração, pode ocorrer aumento da pressão intravascular e consequente extravasamento de eritrócitos e variação da dinâmica dos fluidos na estrutura da prega vocal. Esses processos alteram as propriedades biomecânicas do tecido como a viscosidade e, portanto, têm capacidade de causar mudança nas características vibratórias. Isso deslocaria o limiar de pressão fonatória e causaria instabilidade à fonação com quebras de voz. Esse processo resulta em sintomas como desconforto, dor ou sensação de voz arranhada. Outro sinal comumente encontrado na STME é a língua em posição rebaixada e hipertensa, apoiada firmemente contra os arcos dentais, com o rebordo lingual marcado e sulcado pelos dentes. A língua se liga à laringe por meio do osso hioide e movimenta- -se constantemente durante a fala. Dessa maneira, sua posição hiperfuncional posteriorizada ocasiona ressonância horizontal posterior. Os sintomas vocais da STME tendem a amenizar em períodos de maior repouso e menor estresse. O diagnóstico da STME é difícil, uma vez que há possibilidade de as pregas vocais apresentarem aspecto normal ao exame otorrinolaringológico, mas com quadro sintomático de disfonia inexplicável e persistente. Algumas vezes, inclusive, ocorre erro no diagnóstico em função da similaridade dos sintomas com outros tipos de disfonia, como a disfonia espasmódica de adução. FENDAS GLÓTICAS Disfonias funcionais são causadas por comportamento vocal inadequado. As fendas glóticas são as alterações posturais das PPVV, sendo um tipo de disfonia funcional. No fechamento glótico normal há uma coaptação glótica completa, não deixando nenhum espaço entre as PPVV, principalmente no sexo masculino. TIPOS DE FENDAS GLÓTICAS As fendas glóticas são divididas conforme a sua forma geométrica. FENDAS TRIANGULARES Estão relacionadas a insuficiência muscular, tanto por hiperfunção quanto hipofunção dessa musculatura. Fendas triangulares posteriores – formam um triangulo na parte posterior da prega vocal. Está restrita a uma região na área respiratória da laringe, essa fenda é considerada uma fenda fisiológica que representa o padrão laríngeo feminino e quase nunca interferena qualidade vocal. Quando os homens apresentam esse tipo de fenda triangular posterior geralmente tem uma laringe de padrão feminino e tamanho reduzido. Nas mulheres não há alterações vocais, mas podem ter um aumento do fluxo de ar e um TMF reduzido. Não há indicação de fonoterapia. Fendas triangulares médio-posteriores – Formam um triângulo na parte médio- posterior da prega vocal. Ela está contida no teço médio das PPVV, na região posterior. Nesse tipo de fenda há uma contração excessiva da musculatura intrínseca da lainge (hipercinesia). Tem um predomínio da função do CAP – único abdutor da laringe. É uma fenda típica da disfonia por tensão muscular e será precursora dos nódulos vocais. Há alterações vocais, podendo ser uma voz soprosa, rugosa ou áspera, dependendo das alterações orgânicas e secundárias. Além disso, há um TMF encurtado e um ataque vocal brusco. O volume e a extensão vocal estão diminuídos e há sinais de STME. Apresentam fadiga vocal, incoordenação pneumofonoarticulatória e incoordeação fonodeglutitória. Fendas triangulares ântero-posteriores – formam um triângulo na região ântero- posterior, pegando toda a extensão da prega vocal. É a menos comum das fendas triangulares, tem um predomínio da hipocinesia (pouca contração das PPVV). Apresentam alterações vocais, podendo ser uma voz soprosa de grau variado, intensidade e projeção restrita, TMF encurtado. É comum nos casos de disfonias por Parkinson. FENDAS FUSIFORMES Possuem a forma de um fuso com maior separação em sua região mediana. Fendas fusiformes anteriores – Possuem um fechamento dos 2/3 terços posteriores. Há uma deficiência na contração do músculo CT. Apresentam alterações vocais como uma frequência discretamente elevada (porção vibrante da PV é reduzida) e uma voz soprosa, já que possui um escape de ar importante. Fenda fusiforme antero-posterior – É aberta ao longo de toda a prega vocal e está relacionada a alterações estruturais. Ao realiza a contração, há uma hipercontrição para fechar essa PV, podendo ocorrer a formação de nódulos ou pólipos. Fenda fusiforme posterior – Possui muita rigidez nas pregas vocais, principalmente na região anterior. FENDAS PARALELAS São fendas relativamente incomuns e não há alterações vocais específicas. FENDAS DUPLAS São fendas triangulares médio-posteriores com lesão de mucosa (nódulo). Desaparecem rapidamente durante a fonoterapia, pois há a reabsorção da lesão de massa. FENDAS EM AMPULHETA São semelhantes as fendas duplas pois há duas aberturas, porém não há presença de nódulos e sim uma alteração mínima de cobertura. FENDAS IRREGULARES As fendas irregulares apresentam uma forma irregular e são comuns nos casos de pacientes que fizeram radioterapia ou que possuem alterações estruturais mínimas de cobertura, câncer ou pós operatório de lesões laríngeas.
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