Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Profa. Dra. Patricia Sampaio UNIDADE II Prevenção e Controle de Infecção em Instituição de Saúde Definição de vigilância epidemiológica Processo sistemático e contínuo de coleta, análise e interpretação de dados durante o processo de descrição e monitorização de um evento de saúde. Vigilância epidemiológica Lei nº 8.080/90, instrumento que normaliza as atividades de saúde em todo o país: “vigilância epidemiológica é o conjunto de ações que proporcionam o conhecimento, a detecção ou prevenção de qualquer mudança nos fatores determinantes e condicionantes de saúde individual e coletiva, com a finalidade de recomendar e adotar as medidas de prevenção e controle das doenças ou agravos”. Envolve três componentes fundamentais: Ações de planejamento Produção de conhecimento Implementação de medidas adequadas Vigilância epidemiológica não existe sem um sistema de informações que garanta um amplo conhecimento da situação que é posta sob observação. Porém, igualmente, não existe se estiver limitada apenas a isso. É necessário que esse conhecimento seja divulgado e posto a serviço da finalidade de prevenir e controlar aquela situação. Assim, os sistemas de vigilância epidemiológica envolvem, obrigatoriamente, a coleta e a análise de dados, por um lado, e, por outro, a ampla distribuição das informações analisadas, a todos que as geraram ou que delas necessitam para executar as ações de prevenção e controle. O comportamento epidemiológico das infecções hospitalares pode sofrer alterações – e é exatamente em razão deste fato que se deve manter vigilância epidemiológica destas. Essas alterações de comportamento epidemiológico podem tomar várias direções. Por exemplo: A incidência de infecções hospitalares em um determinado hospital ou serviço pode aumentar em razão de, por exemplo, se estar internando mais pacientes graves do que antes ou porque, no período considerado, se realizaram mais cirurgias de grande porte, ou mais cateterismos, ou porque a autoclave está desregulada e não foi ainda consertada, possibilitando a utilização de artigos contaminados. O primeiro objetivo da vigilância epidemiológica nas IRAS é a determinação do número e tipos de infecções endêmicas no hospital para que qualquer mudança seja prontamente reconhecida, permitindo a detecção precoce de surtos, possibilitando a implementação de medidas de controle. Importante Objetivos. Quais dados serão coletados. Quais serão as fontes de informação. Qual tipo de análise será realizado. Para quem será divulgada a informação. SVD X ITU: Passagem; Manipulação; Sistema (aberto ou fechado); Tempo de uso da sonda; Paciente. Fonte: https://www.drakeillafreitas.com.br/wp-content/uploads/2018/01/risco-de-ITU- aumenta-com-o-maior-tempo-de-uso-da-SVD.jpg SONDA VESICAL E INFECÇÃO URINÁRIA Vemos assim que o controle deste tipo de infecção hospitalar passa por um conjunto de decisões que são da responsabilidade de várias pessoas e instâncias do hospital: corpo clínico, CCIH, enfermagem, treinamento, administração, compras, etc. A vigilância epidemiológica deve prover informações que estas pessoas necessitam para tomar suas decisões. “Um sistema de informação para a ação”. Depende de: um subsistema produtor de dados; um processo de coleta e consolidação de dados; procedimentos de análise de dados e produção de informação; mecanismos de difusão da informação. Evidentemente, ao consolidar os dados epidemiológicos somos tentados a comparar com dados padrão. Embora esta atividade deva ser realizada com ressalvas, principalmente na escolha de indicadores adequados, a importância de se comparar taxas de infecção entre diferentes instituições está em alertar o programa de controle de infecção sobre “falhas”, que podem estar relacionadas às dificuldades com a metodologia empregada ou às medidas de controle insuficientes ou inadequadas. Fonte: Adaptado de: chartbycharts.com T a x a d e d e n s id a d e d e i n fe c ç ã o p o r 1 0 0 0 c a te te r- d ia 1,6 1,4 1,2 1,0 0,8 0,6 0,4 0,2 NHSN – Report 2009* HIAE – 2009 1,5 1,3 Interatividade A pielonefrite ocorre em menos do que 1% dos pacientes com bacteriúria. Cerca de 1% dos pacientes cateterizados desenvolverão bacteremia, especialmente por bactérias Gram negativas. Esta invasão da corrente sanguínea por bactérias Gram negativas tem, em 30 a 40% das vezes, origem no trato urinário. Entre os fatores de risco para bacteriúria, destacam-se: I. Sexo feminino. II. Duração da cateterização (especialmente se a permanência do cateter for maior que 6 dias). III. Portador de Diabetes Mellitus. IV. Erros na técnica de inserção e manipulação do cateter. Interatividade Assinale a alternativa que indica as afirmativas corretas. a) Somente a afirmação I. b) Somente as afirmações III e IV. c) Somente as afirmações I, II e IV. d) Somente as afirmações II, III e IV. e) Todas as afirmações estão corretas. Resposta Assinale a alternativa que indica as afirmativas corretas. a) Somente a afirmação I. b) Somente as afirmações III e IV. c) Somente as afirmações I, II e IV. d) Somente as afirmações II, III e IV. e) Todas as afirmações estão corretas. A comparação entre indicadores de infecção hospitalar entre diferentes instituições deve ser aceita com reservas, uma vez que importantes variáveis frequentemente não são controladas: o grau de aderência da equipe de saúde; a sensibilidade e a especificidade dos métodos de coleta de dados varia substancialmente de um hospital para o outro; a metodologia utilizada para a produção da informação pode não ser comparável; padrões diferenciados de desenvolvimento socioeconômico e cultural que, necessariamente, afetam padrões de organização de serviços, perfis de chefia e de profissionais de saúde. Tabela 1 – Número de transplantes hepáticos, número de pacientes com IH e taxa de infecção IH por 100 IH: infecção hospitalar. Procedimentos realizados no HC/UFMG, no período de 2000 a 2005 Fonte: Adaptado de: http://rmmg.org/content/imagebank/ imagens/v18n4a04-tab01.jpg Ano Nº de transplantes Nº de pacientes com IH Nº IH Taxa de IH por 100 procedimentos N % do total N % N % 2000 28 9,0 20 13,7 36 13,0 128,5 2001 43 13,9 24 16,4 53 19,2 123,3 2002 30 9,6 19 13,1 47 17,0 156,7 2003 56 18,0 21 14,4 34 12,3 60,7 2004 83 26,7 28 19,2 34 12,3 40,9 2005 71 22,8 34 23,3 72 26,1 101,4 Total 311 100 146 100 276 100 88,7 Existem vários métodos de vigilância das infecções hospitalares. Eles diferem quanto a: sistema de busca de casos (ativo ou passivo); o período de observação (contínuo ou intermitente); retrospectivo ou prospectivo; abrangência (eventos sentinela, global ou amostragem); A escolha depende da adequação dos recursos e da instituição a ser avaliada. Busca passiva de casos: a identificação e notificação dos casos de infecção hospitalar é tarefa de responsabilidade da própria equipe de atendimento ao paciente. Constitui o método mais antigo, de menor custo e maior simplicidade. Porém, com sensibilidade extremamente baixa, variando de 14 a 34%, pois depende fundamentalmente da motivação e do conhecimento da equipe de atendimento para notificar, sendo a ausência de uniformidade de critérios seu principal fator limitante. Os sistemas ativos de vigilância requerem um contato, com intervalos regulares, entre os profissionais que fazem o controle de infecções e as fontes de informação, constituídas pelas equipes de atendimento, laboratório e demais serviços de apoio. Os sistemas ativos de coleta de informação permitem um melhor conhecimento do comportamento dos agravos à saúde, tanto em seus aspectos quantitativos quanto qualitativos. No entanto, são geralmente mais dispendiosos, necessitando também de uma melhor infraestrutura do serviço de controle. Os métodos de vigilância direcionada acompanham uma determinada topografia, um grupo específico de pacientes ou concentram esforços em uma unidade previamente definida. Esta metodologia foi desenvolvida visando reduzir o tempo despendido em atividades de vigilância em hospitais com programas adequados de controle, concentrando esforços em áreas prioritárias ou em ações integradas que possibilitem maiores resultados. Os métodos de vigilância retrospectiva (pela revisão de prontuário) se realizam após a alta ou óbito do paciente. Esta metodologia não permite a detecção de surtos, promove o isolamento da equipe em relação aos outros profissionais da instituição, sendo sua indicação limitada. A utilização de um método constante permite maior confiabilidade das informações. Taxa de ICS Primária Associada ao uso do CVC (*) Todos os pacientes internados na unidade Fonte: Adaptado de: https://encrypted- tbn0.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcT BJA0UA3MWSyGIDO9MQSpWSXRFjoI Tynpv_RUY9eHv8ZSXFOsJ - Total de eventos (ICS primárias com comprovação laboratorial) no período (n) - Taxa de ICS primária com comprovação laboratorial (microbiologia) (nº de eventos/1000 cateteres-dia) - Média da taxa de ICS Outros fatores que podem afetar a taxa de IRAS 15 12 9 6 3 0 2011/01 2011/02 2011/03 2011/04 2011/05 2011/06 2011/07 2011/08 2011/09 5 4 3 2 1 0 Interatividade A NHSN lançou a campanha Protecting 5 Million Lives, que constitui um grupo de intervenções baseadas em evidência para pacientes com Cateter Venoso Central-CVC que, quando adotadas conjuntamente, obtêm melhores resultados do que quando adotadas individualmente. Assinale a alternativa correta quanto às medidas que compõem esse pacote. a) Higienização das mãos e antissepsia. b) Precauções máximas de barreira na passagem do cateter. c) Escolha do sítio de inserção adequado. d) Reavaliação diária da necessidade de manutenção do cateter, com pronta remoção dos desnecessários. e) Todas as alternativas anteriores estão corretas. Resposta A NHSN lançou a campanha Protecting 5 Million Lives, que constitui um grupo de intervenções baseadas em evidência para pacientes com Cateter Venoso Central-CVC que, quando adotadas conjuntamente, obtêm melhores resultados do que quando adotadas individualmente. Assinale a alternativa correta quanto às medidas que compõem esse pacote. a) Higienização das mãos e antissepsia. b) Precauções máximas de barreira na passagem do cateter. c) Escolha do sítio de inserção adequado. d) Reavaliação diária da necessidade de manutenção do cateter, com pronta remoção dos desnecessários. e) Todas as alternativas anteriores estão corretas. Investigação e controle de surtos Endemia “endemeion” = habitar um lugar É a ocorrência de uma determinada doença, em humanos distribuídos em espaços delimitados e caracterizados, acometendo sistematicamente por um largo período de tempo, com incidência constante, permitidas as variações sazonais, doenças habitualmente presentes em população definida. Epidemia “epidemeion” = visitar É a manifestação, em uma coletividade ou região, de um grupo de casos de alguma enfermidade que excede claramente a incidência prevista (níveis endêmicos máximos). Exemplo: o aparecimento de um único caso de doença transmissível que durante um lapso de tempo prolongado não havia afetado uma população ou que invade pela primeira vez uma região requer notificação imediata e uma completa investigação de campo pode ser suficiente para caracterizar uma epidemia. Epidemia X Endemia No ano de 2010 foram registrados 241 casos de coqueluche, que não configuraram epidemia. Motivo: a série histórica de 10 anos indicava entre 63 e 1.200 casos/ano. Um caso de varíola no Brasil será considerado epidemia. Motivo: a varíola está há anos erradicada no Brasil. Surto Ocorrência de dois ou mais casos epidemiologicamente relacionados (restrita a um espaço extremamente delimitado: um hospital, um quartel, um colégio, um edifício, um bairro...) Exemplo: diarreia na enfermaria, meningite em uma escola. Em surtos epidêmicos, o caso inicial responsável pela introdução da doença no grupo atingido recebe a denominação caso-índice. Atenção As epidemias não constituem fenômeno exclusivamente quantitativo. Frequentemente verificamos, nesses episódios, modificações na distribuição etária da doença, na forma de transmissão e nos grupos de maior risco. As doenças podem sofrer variações de forma regular e irregular. Regulares: Variações cíclicas: flutuações na incidência de uma doença, ocorridas no período maior do que um ano. Variações sazonais: variações na incidência de uma doença cujos ciclos coincidem com as estações do ano – dentro do período de um ano. Irregulares: Variações irregulares: alterações inusitadas na incidência das doenças. Variação Sazonal É particularmente importante na análise da avaliação do possível papel de vetores na determinação da ocorrência de doenças, uma vez que a proliferação de vetores no ambiente, e, portanto, a intensidade da transmissão da doença, geralmente está relacionada a condições de umidade e temperatura do ar. Pode também estar relacionada à atividade das pessoas. Exemplo: o aumento de tétano acidental em período de férias escolares ou elevação de acidentes de carro em feriados. Prevalência X Incidência Casos novos + antigos Casos novos Fonte: Autoria própria Definição Aumento estatisticamente significativo de uma determinada infecção acima dos valores máximos esperados ou limite superior endêmico. É preciso que haja vigilância e controle: coleta de dados bioestatísticos, cálculo de coeficientes, adoção de um limiar epidêmico convencionado e acompanhamento permanente da incidência através de diagramas de controle. Normalmente envolve populações que têm maior risco (UTI adulto e neonatal, unidade de transplantes). Interatividade Entre as recomendações da Anvisa sobre “Infecção Relacionada à Assistência à Saúde – IRAS”, em relação às medidas de prevenção de infecções relacionadas ao uso de cateteres venosos centrais: I. Utilização de gaze ou curativo estéril transparente semipermeável para cobrir o sítio de inserção. II. Remoção de todo e qualquer cateter assim que não for essencial para o tratamento. III. Utilização sempre de clorexidina 2% para a desinfecção da pele antes da inserção do cateter. IV. Utilização de antimicrobianos sistêmicos ou intranasais rotineiramente. Interatividade Assinale a alternativa correta. a) Apenas as afirmativas I e II estão corretas. b) Apenas as afirmativas II e III estão corretas. c) Apenas as afirmativas II, III e IV estão corretas. d) Apenas as afirmativas I, II e IV estão corretas. e) Todas as afirmativas estão corretas. Resposta Entre as recomendações da Anvisa sobre “Infecção Relacionada à Assistência à Saúde – IRAS”, em relação às medidas de prevenção de infecções relacionadas ao uso de cateteres venosos centrais: I. Utilização de gaze ou curativo estéril transparente semipermeável para cobrir o sítio de inserção. II. Remoção de todo e qualquer cateter assim que não for essencial para o tratamento. Alternativa correta: a) Apenas as afirmativas I e II estão corretas. Fonte: Adaptado de: Smeltzer SC, Bare BG. Textbook of Medical- Surgical Nursing. 10th Ed. Philadelhia: Lippincott Williams & Willkins, 2003. Por definição, todos os surtos hospitalares são passíveis de prevenção, o que ressalta a importância da investigação. Esterilização Agentes infecciosos • Bactérias • Fungos • Vírus • Riquétsias • Protozoários Tratamento de doenças incomuns Porta de saída • Excreções • Secreções • Pele • Gotículas Sinalização do meio Fármacos antimicrobianos Lavagem das mãos Cobrir as secreções Descarte do lixo IsolamentoEsterilização Cuidados com alimentos Lavagemdas mãos Cobrir potenciais pontos de entrada Precauções universais Controle do luxo de ar Modo de transmissão • Contato direto • Ingestão • Fômites • Pelo ar Reservatório • Pessoas • Equipamentos • Água Reconhecimento de pacientes de alto risco Hospedeiro suscetível • Imunissupressão • Diabete • Cirurgia • Queimaduras • Idosos Porta de entrada • Membranas mucosas • Trato GI • Trato GU • Trato respiratório • Pele rompida Competências da CCIH: Fonte: Adaptado de: Sinnecker, 1976. Incidência máxima Epidêmico Limiar In c id ê n c ia e m n ív e l e p id ê m ic o C o e fi c ie n te s d e i n c id ê n c ia Progressão Regressão Egressão Tempo Decréscimo da incidência endêmica In c id ê n c ia n ív e l e n d ê m ic o Fonte progressiva: transmissão direta ou indireta de um mesmo indivíduo colonizado ou com infecção para um suscetível Introdução, numa escola, de uma criança no período de incubação do sarampo. Tão logo tenhamos o início do período de transmissibilidade e ultrapassado um intervalo de tempo equivalente ao período mínimo de incubação, será possível observar o aparecimento de novos casos entre os contatos suscetíveis. Fonte: Adaptado de MMWR, 20: 26, 1971. Casos 30 25 20 15 10 5 0 18 20 22 24 26 28 30 1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 3 5 7 9 11 13 15 Out Nov Dez Jan Figura 9 Casos de sarampo distribuídos por data de início dos sintomas Fonte comum: os microrganismos são transportados pela água, alimento, ar ou introduzidos por inoculação ao mesmo tempo para uma ampla gama de indivíduos que participaram, horas antes, de uma mesma refeição contaminada por estafilococos. Fonte: Adaptado MMWR,18:295. Figura 8 Casos de toxiinfecção alimentar por estafilococos distribuídos por período de incubação. Nashville, Tennessee, EUA; 1969 25 20 15 10 5 0 C a s o s 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 Período de incubação (em horas) Quando investigar A incidência excede a frequência usual de forma estatisticamente significativa. Há suspeita de que os casos sejam devidos a uma fonte comum de infecção. Os casos se apresentam de maneira mais grave que a habitual. A infecção é desconhecida. O mecanismo de transmissão não está suficientemente esclarecido. Três são as fontes de informação para a CCIH sobre a ocorrência de um surto. São elas: 1. Médicos e enfermeiros da unidade envolvida; 2. Vigilância epidemiológica realizada pelos profissionais da CCIH; 3. Laboratório de microbiologia. Surtos: como investigar? (CDC,1992) Primeira etapa: confirmar a existência do surto A clínica não é uma ciência exata. Logo, um conjunto de casos identificados preliminarmente como um surto pode estar incorretamente diagnosticado ou diagnosticado por diferentes critérios. Portanto, uma das primeiras tarefas de uma investigação é confirmar se, de fato, estamos diante de um surto. Em algumas ocasiões verificaremos um verdadeiro surto; em outras, confirmaremos a ocorrência de casos esporádicos de uma mesma doença, porém não relacionados entre si, ou ainda vários casos não relacionados de uma mesma doença. Pseudo-surtos Vale assinalar que, mesmo quando os números forem maiores do que os normalmente esperados, não estaremos obrigatoriamente frente a um surto, pois outros fatores podem alterar a capacidade de detecção: elevação da sensibilidade do sistema de coleta da informação, modificação da definição de caso, maior adesão ao sistema de vigilância dos profissionais envolvidos, mudanças nas técnicas laboratoriais, qualificação dos profissionais para a identificação de casos. Segunda etapa: verificar o diagnóstico Esta etapa está estreitamente ligada àquela destinada à confirmação do surto; na prática, são levadas a efeito simultaneamente. Seu objetivo é o de certificar-se de que o surto foi corretamente diagnosticado, buscando, por exemplo, excluir erros de laboratório que possam ter elevado artificialmente o número de casos. Se os dados do laboratório são inconsistentes com os achados clínicos, as técnicas laboratoriais devem ser revistas. Terceira etapa A: definir caso Entende-se por definição de caso a padronização de um conjunto de critérios com o objetivo de decidir se um determinado paciente deve ser classificado como caso. A definição de caso inclui critérios clínicos, laboratoriais e epidemiológicos; estes últimos devem sempre considerar um conjunto de restrições relativas ao tempo, espaço e pessoa, decorrentes da investigação do surto. Terceira etapa B: identificar e contar os casos As investigações efetuadas durante um surto constituem importante fonte adicional de informação relativa a casos não diagnosticados ou não notificados. Permitem também conhecer melhor o espectro clínico da doença pelo estudo mais detalhado dos contatos e, muitas vezes, da própria fonte de infecção. Um dos instrumentos que facilitam essa etapa é a ampla divulgação entre médicos, pessoal de enfermagem e de laboratório, das características do surto e da importância de sua completa investigação. No final dessa etapa, deve-se elaborar uma lista com todos os casos identificados, colocando-se nas colunas o nome ou iniciais dos pacientes e as principais características a serem analisadas. Quarta etapa: analisar os dados disponíveis Nesta etapa, a análise dos dados disponíveis deve ser efetuada de maneira que possam ser elaboradas hipóteses com vistas à identificação das fontes e modos de transmissão, assim como a determinação da duração da epidemia. Relativas ao tempo: 1. Qual foi o período exato do início e a duração da epidemia? 2. Conhecido o diagnóstico, qual foi o período provável de exposição? 3. A transmissão durante a epidemia se deu por veículo comum, pessoa a pessoa ou ambas as formas? Quais são as características da curva epidêmica? Relativas ao lugar: 1. Qual é a distribuição espacial dos casos? (Por enfermaria ou por andar do prédio onde funciona o hospital). 2. Quais são as taxas de ataque por local de ocorrência? Segundo os atributos das pessoas: 1. Identificar características comuns dos pacientes envolvidos no possível surto. 2. Avaliar possíveis fatores de risco envolvidos. 3. Quais características distinguem os indivíduos atingidos da população não atingida? Quinta etapa: desenvolver hipóteses Devem estar voltadas à identificação da fonte de infecção, modos de transmissão e tipos de exposição associadas ao risco de adoecer. Podemos gerar hipóteses de diferentes maneiras, porém as mais utilizadas levam em consideração o conhecimento científico disponível e a descrição minuciosa da doença na busca de diferenciais de risco, segundo variáveis relativas ao tempo, espaço e pessoa. Sexta etapa: testar hipóteses Nas investigações epidemiológicas de campo podem ser testadas hipóteses, fundamentalmente, de duas maneiras: 1. Comparando as hipóteses com os fatos, quando estes já se apresentam bem estabelecidos; 2. Aplicando a metodologia epidemiológica analítica, com objetivo de quantificar as associações e explorar o papel do aleatório nessas associações. Sétima etapa: avaliar medidas de prevenção e controle Como já foi salientado anteriormente, os surtos apresentam características que tornam indispensáveis a aplicação, tão rápido quanto possível, de medidas de controle. Isso muitas vezes ocorre antes mesmo de identificarmos perfeitamente as fontes de infecção e os modos de transmissão, utilizando, num primeiro momento, tão somente os resultados preliminares da investigação. Oitava etapa: comunicar a todos os interessados os resultados Esta é forma de disseminar os conhecimentos produzidos a partir de uma análise abrangendo todasas etapas da investigação, inclusive aqueles resultantes das pesquisas por ela induzidas. Fonte: Adaptado de: https://image.slidesharecdn.com/saudepublica- 170626132455/95/investigao-epidemiolgica-de-casos-surtos-e- epidemias-13-638.jpg?cb=1498483856 Investigação epidemiológica Questões a serem respondidas Informações produzidas Trata-se realmente de casos da doença que se suspeita? Confirmação do diagnóstico Quais são os principais atributos individuais dos casos? Identificação de características biológicas, ambientais e sociais A partir do quê ou de quem foi contraída a doença? Fonte de infecção Como o agente da infecção foi transmitido aos doentes? Modo de transmissão Outras pessoas podem ter sido infectadas/afetadas a partir da mesma fonte de infecção? Determinação da abrangência de transmissão A quem os casos investigados podem ter transmitido a doença? Identificação de novos casos/contatos/comunicantes Que fatores determinam a ocorrência da doença ou podem contribuir para que os casos possam transmitir a doença a outras pessoas? Identificação de fatores de risco Durante quanto tempo os doentes podem transmitir a doença? Determinação do período de transmissibilidade Como os casos encontram-se distribuídos no espaço e no tempo? Determinação de agregação espacial e/ou temporal dos casos Como evitar que a doença atinja outras pessoas ou se dissemine na população? Medidas de controle Medidas de controle Epidemias de fonte comum são mais facilmente controladas. Treinamento dos profissionais. Isolamento e sinalização dos pacientes. Funcionários exclusivos. Uso racional de antimicrobianos. Fonte: https://passevip.com.br/wp-content/uploads/2017/06/hosp-6-1.jpg Interatividade As técnicas atuais tornaram indispensável o uso de dispositivos intravasculares. São indicados para a administração de soluções endovenosas, medicamentos, sangue, nutrição parenteral e monitorização hemodinâmica. Pelo uso difundido e gravidade das infecções de cateteres intravasculares, a adoção de medidas preventivas tornou-se essencial. Assinale a alternativa incorreta quanto a essas medidas. a) Anotar a data e hora de inserção em local de fácil visualização (cateteres periféricos). b) Cateteres Venosos Centrais (CVC) – devem ser realizados curativos diários, após o banho, com aplicação de um antisséptico e cobertura. Interatividade c) Utilizar o cateter de nutrição parenteral apenas para este fim. d) Não está indicada a troca rotineira de cateter periférico. e) Os curativos para cateteres intravenosos, com filmes semipermeáveis transparentes, estão disponíveis no mercado e facilitam a inspeção do seu sítio de inserção. Resposta As técnicas atuais tornaram indispensável o uso de dispositivos intravasculares. São indicados para a administração de soluções endovenosas, medicamentos, sangue, nutrição parenteral e monitorização hemodinâmica. Pelo uso difundido e gravidade das infecções de cateteres intravasculares, a adoção de medidas preventivas tornou-se essencial. Assinale a alternativa incorreta quanto a essas medidas. d) Não está indicada a troca rotineira de cateter periférico. ATÉ A PRÓXIMA!
Compartilhar