Buscar

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZO DE DIREITO DA

Prévia do material em texto

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZO DE DIREITO DA... VARA CÍVEL DA COMARCA DE SANTARÉM-PA.
CLÁUDIA, brasileira, solteira, cabelereira, portadora da carteira de identidade nº..., expedida pelo..., inscrita no CPF/MF sob o nº..., conforme cópia dos documentos pessoais em anexo, endereço eletrônico..., residente e domiciliada na..., nº..., bairro..., em Santarém/PA, vem, por intermédio de seu advogado que este subscreve, conforme procuração anexa, com escritório situado na..., nº..., bairro..., Santarém/PA, para fins do artigo 106, I do Novo Código de Processo Civil, vem a este juízo, propor e requerer, com base nos artigos 5º, V da Constituição Federal, 186, 187 e 927 do Código Civil, a presente:
AÇÃO DE INDENIZAÇÃO C/C PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA POR DANOS MORAIS E ESTÉTICOS DECORRENTES DE ACIDENTE DE TRÂNSITO
Pelo rito comum, em face de PEDRO, brasileiro, solteiro, corretor de imóveis, portador da carteira de identidade nº..., expedida pelo..., inscrito no CPF/MF sob o nº..., endereço eletrônico..., residente e domiciliado na..., nº..., bairro..., em Santarém/PA, pelas razões de fato e de direito que passa a expor:
PRELIMINARMENTE
DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA:
A Requerente, por ser estudante, requer a V. Exª. Que sejam deferidos os benefícios da Gratuidade de Justiça, com fulcro na Lei 1060/50, com as alterações introduzidas pela Lei 7.510/86, por não ter condições de arcar com as custas processuais e honorários advocatícios sem prejuízo do próprio sustento e de seus familiares, conforme declaração de hipossuficiência em anexo.
I. DOS FATOS
A REQUERENTE relata que, em 20/3/2011, fora levada pelo REQUERIDO, corretor de imóveis, à cidade de Rurópolis - PA, para visitar um terreno posto à venda por Alfa Empreendimentos, e que, tendo chegado à cidade, Pedro colidira o carro que dirigia contra outro veículo, ao passar por cruzamento de via com sinalização semafórica com indicação luminosa de atenção (cor amarela). Como prova do acidente, em decorrência do qual sofrera diversos ferimentos no braço direito, incluindo-se o decepamento imediato do polegar da mão direita, como consta em Boletim de Ocorrência Policial e Perícia Médica em anexo. 
Ela relata, ainda, que, duas horas após o acidente, fora atendida em um hospital particular da referida cidade de Rurópolis, tendo permanecido ali internada durante 30 dias, em razão de complicações decorrentes da cirurgia a que se submetera. Arguiu, também, ter sofrido muita dor nos primeiros cinco dias de internação, e que, dez dias após a realização da cirurgia, informaram-lhe que, devido a processo infeccioso, poderia perder parte da mão direita, o que a deixara profundamente angustiada, fato que poderia ser comprovado pelas pessoas que a visitaram no hospital. 
A Autora comprova que o tratamento médico lhe custara R$ 20 mil (vinte mil reais) e argumentou que a ausência do polegar direito e a perda da mobilidade na mão a impossibilitavam de exercer a profissão de cabeleireira, que lhe proporcionava uma renda mensal de R$ 1.500 (mil e quinhentos reais), devidamente comprovada pela vítima mediante a apresentação do resumo contábil do salão em anexo. A REQUERENTE	, alega, ainda, que, além de não poder exercer atividade remunerada, ficara com profundas cicatrizes, decorrentes das lesões sofridas no acidente. Outrossim, argumenta que, Pedro, ao ser procurado por ela em sua residência, alegou que, por ser casado, pai de dois filhos em idade escolar, sem renda fixa, não dispunha de recursos financeiros para ajudá-la e que a interessada na venda do terreno era a proprietária, Alfa Empreendimentos.
II. DO DIREITO
A culpa pelo evento danoso é atribuída apenas e tão somente à inteira imprudência do Requerido, tendo em vista a inobservância dos seguintes preceitos dispostos no Regulamento do Código Nacional de Trânsito Brasileiro (Lei 9.503/97) nos artigos. 29, inciso II e 218, incisos I a III.
“Art. 29. O trânsito de veículos nas vias terrestres abertas à circulação obedecerá às seguintes normas: [...]
II - o condutor deverá guardar distância de segurança lateral e frontal entre o seu e os demais veículos, bem como em relação ao bordo da pista, considerando-se, no momento, a velocidade e as condições do local, da circulação, do veículo e as condições climáticas; ”
“Art. 218. Transitar em velocidade superior à máxima permitida para o local, medida por instrumento ou equipamento hábil, em rodovias, vias de trânsito rápido, vias arteriais e demais vias: (Redação dada pela Lei nº 11.334, de 2006)
I- quando a velocidade for superior à máxima em até 20% (vinte por cento): (Redação dada pela Lei nº 11.334, de 2006)
Infração - média; (Redação dada pela Lei nº 11.334, de 2006)
Penalidade - multa; (Redação dada pela Lei nº 11.334, de 2006)
II- quando a velocidade for superior à máxima em mais de 20% (vinte por cento) até 50% (cinquenta por cento): (Redação dada pela Lei nº 11.334, de 2006). ”
Não resta dúvida que por imprudência, o Requerido infringiu as mais elementares normas de trânsito, tendo sido a sua ação culposa a causa exclusiva do evento danoso.
É sabido ainda que um dos principais, senão o principal direito preconizado por nossa Carta Magna é direito à vida. Resta claro no caso em análise, que tal direito foi violado, e que a REQUERENTE ainda sofre muito com a perda de sua mão, um membro do seu corpo, e importante instrumento de trabalho. Não há, vale salientar, nenhuma quantia no mundo que seja capaz de substituir ou pagar todo o sofrimento que Cláudia e seus familiares passaram e tem passado. A presente ação tem por finalidade apenas uma compensação por todo o mal sofrido, pois as sequelas e traumas decorrentes de tal fato, jamais serão apagadas da memória da mesma.
III DOS DANOS
III.I – ESTÉTICOS
Como comprovado nas provas anexados, a autora teve um dano de perda de polegar da mão, e no procedimento acabou por perder parte da mão direita, no qual os procedimentos médicos custaram R$ 20.000,00 (vinte mil reais), bem como não consegue exercer sua profissão de cabelereira, no qual recebia R$ 1.500,00 (mil e quinhentos reais), como prova-se em anexo
III.II - MORAIS
É comprovado ainda que, não resta dúvida que houve um constrangimento por todo o ocorrido, ficando internada por 30 dias, além de toda a angústia de lidar com uma perda de um membro e a aflição por todo o acidente e seus problemas. Como denotado por nossos julgadores, Vejamos: 
"RESPONSABILIDADE CIVIL - ATO ILÍCITO CONFIGURADO - DEVER DE INDENIZAR - DANO MORAL.
A reparação do dano moral desempenha uma função importante na tutela da personalidade e, quando se trate de lesão corporal que signifique atentado permanente e grave a integridade física, modificando de modo sensível o modo de vida da vítima, privando-lhe de certos prazeres e lhe causando particulares sofrimentos, correspondente a uma necessidade evidente."(Ap. Cível 1.670/86 - 3ª C. Cível - TAPR - J: 08/03/88 - unânime).
Levando em conta, portanto, a extensão das consequências do dano sofrido, o dano moral está, portanto, cristalino e comprovado devendo ser indenizado.
IV. DA RESPONSABILIDADE CIVIL DO RÉU
Sobre responsabilidade civil pelos danos causados, a melhor doutrina define que seu objetivo primordial é restaurar a harmonia moral e patrimonial sofrida, sendo assim, presentes neste caso, os pressupostos para a configuração da responsabilidade civil, sendo indiscutível a ação ilícita do requerido que dolosamente causou o evento danoso.
A Constituição Federal garante em seu art. 5º, inciso V, o direito a indenização por dano material e moral. Vejamos:
“Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: [...]
V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem; ”
Dispõe o artigo 927 do Código Civil:
“Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (Arts. 186 e 187), causar danoa outrem, fica obrigado a repará-lo”.
Parágrafo único. “Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.”
O artigo 186 do Código Civil prescreve:
“Art. 186. Aquele que por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.”
No caso em exame, é notório que a culpa foi exclusivamente do Requerido, pela inobservância de um dever que deveria conhecer e observar, devendo, portanto, conforme a lei repará-lo e indenizá-lo e ainda ser responsabilizado civilmente sobre tal conduta culposa.
V. DA ANTECIPAÇÃO DE TUTELA
Como já demonstrado Nobre Julgador, a Requerente vem sofrendo prejuízos irreparáveis ou de difícil reparação, tornando necessário lhe ser concedido os efeitos antecipados da tutela.
Neste caso, os requisitos para a concessão do pedido formulado são a existência de plausibilidade do direito afirmado pelo Requerente (fumus boni iuris) e a irreparabilidade ou difícil reparação desse direito (periculum in mora).
O fumus boni iuris (fumaça do bom direito), pode ser comprovado a partir do B. O., cópia anexa, comprovantes das despesas hospitalares e com medicamentos, bem como das cirurgias, além do comprovante da renda mensal que dispunha do seu trabalho de cabelereira.
Com efeito, o periculum in mora, está evidente, pois a Requerente precisou se submeter a cirurgia na mão, pois a demora poderia levar o infeccionamento maior e o estado poderia piorar ainda mais, e, a mesma, também não pode ficar sem os remédios indicados para o tratamento e alívio das dores fortes que esta sente, o que representa um gasto com o qual a família da Requerente não tem condições de arcar, porém sem o qual ela não pode ficar, para não interromper o tratamento
Ante ao exposto, leva a requerer de Vossa Excelência, que seja concedida a liminar no sentido de “mandar” o Requerido arcar com as despesas que a Requerente vem tendo com os medicamentos, cirurgias, internação e com o trabalho, como dispõe os arts. 294 e 300 do Código de Processo Civil (Lei nº 13.105 de 2015) in verbis:
“Art. 294. A tutela provisória pode fundamentar-se em urgência ou evidência.
Parágrafo único. A tutela provisória de urgência, cautelar ou antecipada, pode ser concedida em caráter antecedente ou incidental.
“Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo. ”
VI. DOS PEDIDOS
EX POSITIS, estando demonstradas as razões de fato e de direito que constituem os fundamentos da presente demanda, passamos a requerer a V. Excelência:
1 - Inicialmente, seja deferida a Requerente “Inaudita altera pars”, tutela de urgência, no sentido de “mandar” o Requerido arcar com as despesas que a Requerente vem tendo com medicamentos, com o tempo de internação e cirurgia, bem como o trabalho profissional.
2 - A concessão dos benefícios da Assistência Judiciária Gratuita a Requerente, uma vez que não possui condições financeiras para arcar com as despesas processuais sem prejuízo dos seus sustentos e de seus familiares;
3 - A citação do Requerido, nos termos do artigo 242, do Código de Processo Civil, para que querendo, possa contestar a presente ação no prazo da lei, sob pena de revelia e confissão “ficta”;
4 - Informa a autora, nos termos do art. 319, VII, CPC, que não tem interesse na realização da audiência de tentativa de autocomposição.
5 - A oitiva das testemunhas, cujo rol em anexo se encontra, bem como, protesta por outros meios de provas em direito admitidas e em momento oportuno;
6 - Julgar procedente a presente ação, condenando o Requerido ao pagamento das seguintes verbas indenizatórias, com juros e correção monetária;
6.1 No valor de R$ 15.000,00 (vinte mil reais), referente à indenização pelos danos morais;
6.2 No valor de R$ 20.000,00 (vinte mil reais), correspondente às despesas com o tratamento, até o presente momento, conforme comprovantes, a serem apuradas pelo contador judicial;
7.3 No valor de R$ 7.500,00 (sete mil e quinhentos reais), referente às despesas com o prejuízo do trabalho interrompido por não poder exercer sua profissão;
Dá-se a causa o valor de R$ 42.500,00 (quarenta e dois mil e quinhentos reais).
Nestes termos,
Pede e espera deferimento.	
Cidade, __ de _______ de 20--.
_____________________________________
Advogado

Continue navegando