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DIREITO PENAL Inf. 662 STJ Na aplicação do art. 97 do Código Penal não deve ser considerada a natureza da pena privativa de liberdade aplicável, mas sim a periculosidade do agente, cabendo ao julgador a faculdade de optar pelo tratamento que melhor se adapte ao inimputável. Terceira Seção, EREsp 998.128-MG, Rel. Min. Ribeiro Dantas, Terceira Seção, por unanimidade. Código Penal Art. 97 - Se o agente for inimputável, o juiz determinará sua internação. Se, todavia, o fato previsto como crime for punível com detenção, poderá o juiz submetê-lo a tratamento ambulatorial. Teoria geral da pena: Medidas de segurança É uma espécie de sanção penal. Pressupõe agente inimputável ou semi-imputável. O CP adotou o sistema vicariante ou duplo binário. Obs.: Durante o cumprimento de pena privativa de liberdade, o fato de ter sido imposta ao réu, em outra ação penal, medida de segurança referente a fato diverso não impõe a conversão da pena privativa de liberdade que estava sendo executada em medida de segurança. Não há, neste caso, ofensa ao sistema vicariante, porquanto a medida de segurança refere-se a um fato específico e a aplicação da pena privativa de liberdade correlaciona-se a outro fato e delito (Inf. 579, STJ). II. Finalidade A finalidade essencial é preventiva: visa impedir que o sujeito inimputável volte a delinquir (alto grau de periculosidade). III. Espécies de medida de segurança Espécies de medidas de segurança previstas no art. 96 do CP: medidas de segurança detentiva: internação em hospital de custódia e tratamento psiquiátrico ou, à falta, em outro estabelecimento adequado. Aplica-se a crimes apenados com reclusão. medidas de segurança restritiva: é o tratamento ambulatorial. Aplica-se a crimes apenados com detenção, salvo se a periculosidade do agente justificar que ele seja submetido a uma internação. Código Penal Art. 97 - Se o agente for inimputável, o juiz determinará sua internação. Se, todavia, o fato previsto como crime for punível com detenção, poderá o juiz submetê-lo a tratamento ambulatorial. Inf. 662 STJ Na aplicação do art. 97 do Código Penal não deve ser considerada a natureza da pena privativa de liberdade aplicável, mas sim a periculosidade do agente, cabendo ao julgador a faculdade de optar pelo tratamento que melhor se adapte ao inimputável. Terceira Seção, EREsp 998.128-MG, Rel. Min. Ribeiro Dantas, Terceira Seção, por unanimidade. STJ: inimputável submetido à medida de segurança de internação em hospital de custódia não pode cumprir no estabelecimento prisional comum, sob a justificativa de que não há vagas ou recursos. IV. Pressupostos da medida de segurança São pressupostos da medida de segurança: prática de fato previsto como crime/contravenção: fato típico e ilícito, mas não culpável. periculosidade do agente: o agente poderá ser inimputável ou semi-imputável: oinimputável: sentença absolutória imprópria. osemi-imputável: o indivíduo deverá ser condenado. O fato de ser semi-imputável impõe a redução da pena de 1/3 a 2/3, mas é possível que, caso se mostre necessário, o juiz substitua a pena por medida de segurança. Para o semi-imputável há uma condenação. A medida de segurança decorrente de condenação para o semi-imputável gerará reincidência. Caso seja fruto de absolvição imprópria, não gerará reincidência. V. Duração da medida de segurança Art. 97, § 1º, do CP: a medida de segurança tem prazo mínimo, que varia de 1 a 3 anos, e será por tempo indeterminado. Nesse prazo mínimo, é possível a detração. Prazo máximo: STF: 30 anos. O mesmo das penas privativas de liberdade. STJ: Súmula 527➔ o tempo de duração da medida de segurança não deve ultrapassar o limite máximo da pena abstratamente cominada ao delito praticado. VI. Perícia médica A perícia médica se realiza após o término do prazo mínimo (1 a 3 anos). Se não for constatada a cessação da periculosidade, a perícia deve ser realizada de ano em ano. As novas perícias podem ser antecipadas pelo Juiz da execução, mas jamais poderão ser adiadas para depois de um ano. Art. 43 da LEP: médico particular pode acompanhar a execução da medida. Havendo divergência entre as opiniões do perito oficial e a do médico particular, o juiz poderá ficar com uma ou com outra, a depender da que a melhor o convencer (43, § único). O juiz pode, inclusive, determinar a realização de outra perícia. VII. Desinternação ou liberação condicional A liberação é sempre condicional, eis que averiguada a cessação da periculosidade, deve ser determinada a desinternação (se internado) ou a liberação (se tratamento ambulatorial) do agente pelo período de 1 ano. Dentro de 1 ano, se o agente praticar fato indicativo de persistência de sua periculosidade, a medida de segurança é reestabelecida. Este fato não precisa ser típico, podendo ser fato atípico, desde que indique a persistência de sua periculosidade (ex.: furto de uso ou autolesão). A jurisprudência dos Tribunais Superiores têm admitido a desinternação progressiva: passagem da internação para o tratamento ambulatorial antes da definitiva liberação do agente. VIII. Reinternação do agente Em qualquer fase do tratamento ambulatorial, o juiz pode determinar a internação se essa se mostrar necessária para fins curativos. Não se trata de regressão-sanção. A finalidade é curativa. IX. Conversão da pena em medida de segurança Na hipótese de superveniência da doença mental durante a execução da pena (o agente era imputável), a pena será convertida em medida de segurança. Quando isso ocorre, há duas consequências diversas: Anomalia passageira: o condenado a quem sobrevier doença mental será internado em Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico. ➢A medida de segurança imposta é reversível. ➢O tempo da internação é computado como cumprimento de pena. ➢Deve observar a pena imposta: o tempo de internação não pode ultrapassar a pena imposta na sentença. Anomalia irreversível: o juiz, de ofício, a requerimento do ministério público, da defensoria pública ou da autoridade administrativa, poderá determinar a substituição da pena por medida de segurança. ➢A medida de segurança imposta é irreversível. ➢A internação não é computada como pena, ou seja, a pena é substituída por medida de segurança. ➢STJ: a medida de segurança não poderá ultrapassar o período da pena imposta na sentença penal condenatória. Se persistir a periculosidade do agente após cumprida a medida de segurança, deverá haver a busca da interdição do indivíduo no juízo cível. X. Extinção da punibilidade e medida de segurança Extinta a punibilidade, não se impõe medida de segurança nem subsiste a que tenha sido imposta. Portanto, possíveis a prescrição da pretensão punitiva e a da pretensão executória. Na sentença absolutória imprópria, não há fixação de prazo máximo, mas apenas o mínimo. Diante disso, existem 3 correntes sobre o assunto: 1ªC: não se aplica a prescrição da pretensão executória em sede de medida de segurança; 2ªC: STJ ➔ a prescrição da pretensão executória é possível, calculando com base na pena máxima estabelecida no delito. 3ªC: a prescrição da pretensão executória é regulada pela duração máxima da medida de segurança, que seria de 30 anos. No caso do réu semi-imputável, a sentença é condenatória, ou seja, o juiz aplica uma pena e depois substitui a pena privativa de liberdade por medida de segurança (art. 98), caso constate que o réu necessita de especial tratamento curativo. Logo, existe uma pena concretamente aplicada, que será utilizada no cálculo da prescrição. XI. Medida de segurança preventiva Existe medida de segurança provisória ou preventiva? Art. 319, VII, CPP➔ estabelece como medida cautelar diversa da prisão a internação provisória do acusado desde que preenchidos os seguintes requisitos: crimes praticados com violência ou grave ameaça; peritos concluírem ser inimputável ou semi-imputável e; houver risco de reiteração. Inf. 662 STJ A reincidência de que trata o § 4º do art. 28 da Lei n. 11.343/2006 é a específica. Art. 28.Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo, para consumo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar será submetido às seguintes penas: I - advertência sobre os efeitos das drogas; II - prestação de serviços à comunidade; III - medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo. § 4º Em caso de reincidência, as penas previstas nos incisos II e III do caput deste artigo serão aplicadas pelo prazo máximo de 10 (dez) meses. Não obstante a existência de precedente em sentido diverso (AgRg no HC 497.852/RJ, Rel. Ministra Laurita Vaz, Sexta Turma, julgado em 11/06/2019, DJe 25/06/2019) – em que a reincidência genérica era pela prática dos delitos de roubo e de porte de arma –, em revisão de entendimento, embora não conste da letra da lei, forçoso concluir que a reincidência de que trata o § 4º do art. 28 da Lei n. 11.343/2006 é a específica. Fundamento: interpretação topográfica, essencial à hermenêutica ➔ os parágrafos não são unidades autônomas, estando vinculadas ao caput do artigo a que se referem. Desse modo, condenação anterior por crime de roubo não impede a aplicação das penas do art. 28, II e III, da Lei n. 11.343/2006, com a limitação de 5 meses de que dispõe o § 3º do referido dispositivo legal.
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