Comportamento humano nas organizações

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IBEC INSTITUTO BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO CONTINUADA
CHEILA APARECIDA DE CARVALHO
Comportamento Humano nas Organizações
Cláudio Queiroz
SÃO JOSÉ DOS CAMPOS, 2018
Cheila Aparecida de Carvalho
Mindfulness
Trabalho elaborado para o curso de pós graduação MBA em gestão de pessoas, para disciplina de Comportamento Humano nas Organizações.
São José dos Campos, 2017
SUMÁRIO
1. Introdução ........................................................................................................... 04 
3. Conclusão .......................................................................................................... 07
4. Referências ......................................................................................................... 08
INTRODUÇÃO
A técnica de Mindfulness surge em uma época de mudanças, inclusive na área de gestão de pessoas, onde descobrimos cada vez mais que falar sobre desempenho nas empresas vai muito a além de estratégias de treinamento, de motivação através de bonificações ou outras técnicas muito usadas há anos.
O modo de trabalho mudou, os colaboradores mudaram e com isso novas necessidades surgem, e o Mindfulness se difunde nas empresas a fim de suprir essas novas necessidades de uma forma diferente, através da meditação.
Tudo acontece ao mesmo tempo, estamos sempre fazendo múltiplas tarefas, enquanto escrevemos um texto, pensamos também em outra atividade que deve ser entregue, ou se você precisará fazer compras, em uma pausa olhamos as novidades e já lembramos de outra obrigação e nunca temos total atenção em uma tarefa, e a técnica de meditação busca recuperar essa prática.
Mindfulness ou atenção plena é um estado de consciência que envolve estar atento às experiências, momento a momento, de forma receptiva e sem julgamento. O construto Mindfulness tem recebido grande atenção nas pesquisas, em sua maioria em estudos clínicos e mais recentemente seu impacto no trabalho.
O conceito de Mindfulness tem como raiz as tradições contemplativas do Oriente e está mais frequentemente associado à prática formal de meditação (SHAPIRO et al., 2006). Refere-se à capacidade de prestar atenção no momento presente, a tudo que surgir interna ou externamente, sem sofrer a influência de julgamentos ou do desejo de que as coisas sejam diferentes (ROEMER & ORSILLO, 2010). Mindfulness envolve algumas características chaves: Primeira, uma consciência receptiva e o registro de experiências internas (emoções, pensamentos, intenções, comportamentos) e eventos externos. Segunda, o processamento mindful de informações é pré-conceitual, isto é, em um estado mindful, os indivíduos estão puramente observando o que está acontecendo sem avaliar, analisar ou refletir sobre isso. Terceira, Mindfulness se caracteriza por uma consciência orientada para o presente na qual os indivíduos focam nas experiências momento a momento ao invés de pensar sobre o passado ou fantasiar sobre o futuro. Quarta, Mindfulness é uma capacidade humana inerente e natural que varia de pessoa para pessoa e situações. Isto implica que a maioria das pessoas experimenta um estado mindful, de uma forma ou de outra, com maior ou menor intensidade (KABAT-ZINN, 2007), ou seja, visa tirar o indivíduo do piloto automático, algo tão comum nos tempos modernos, de múltiplas tarefas e bombardeio tecnológico.
A maioria dos pesquisadores tem concordado que mais de um processo está envolvido em Mindfulness, incluindo atenção, consciência, intenção, atitude, cognição e ação (REB et al., 2013).
No mundo empresarial, o conceito e a prática de Mindfulness enfocam na observação da realidade emocional na empresa, em evitar entendimentos estreitos, em buscar e enfatizar uma visão mais sistêmica, além de auxiliar na multitarefa constante (SIEGAL et al., 2011).
Recentemente, Mindfulness tem sido objeto de estudo da área da psicologia organizacional e do trabalho. Alguns estudos tem abordado o importante papel de Mindfulness no espaço de trabalho, na eficiência de atividades e na saúde física e psicológica (DANE & BRUMMEL, 2013; HÜLSHEGER et al., 2013; REB et al., 2013). 
Os seres humanos possuem uma afinidade, uma facilidade de contato com a atenção plena, sendo inerente a capacidade humana, variando na intensidade de acordo com as situações e pessoas (COHEN et al., 2005; HÜLSHEGER et al., 2013)
Uma considerável dimensão de estudos tem focado no vínculo entre Mindfulness e bem estar físico e psicológico. As pesquisas indicam que Mindfulness está positivamente relacionado à vitalidade, satisfação com a vida, qualidade de relacionamento interpessoal e com redução de depressão, ansiedade e estresse.
Alguns minutos por dia, de 5 a 20, não mais do que isso, já são suficientes para a prática dessa técnica. O praticante dever se concentrar em algo, por exemplo, sua respiração, batimentos cardíacos ou, até mesmo, um objeto. Quando perceber que está deixando outro pensamento entrar em sua mente e não está mais concentrado no item que escolheu como ponto focal, não se julgue, apenas tente suavemente retomar sua atenção àquilo que escolheu no início. Assim, em pouco tempo, o praticante começará a colher frutos desse exercício diário.
Existem vários processos que podem ser melhorados pela atenção plena nas organizações, incluindo evitar simplificar interpretações, maior estrutura de resiliência e preocupações com falhas, além de busca de um entendimento da relação entre Mindfulness e os processos de tomada de decisão nas organizações, pela melhora na capacidade de distinguir (FIOL & O’CONNOR, 2003). Além disso, os efeitos de Mindfulness na eficiência nas atividades de trabalho também vêm sendo objeto de pesquisa, que tem demonstrado que Mindfulness está relacionado positivamente com acurácia de julgamento, resolução de problemas e eficiência acadêmica, assim como melhoria na retenção de equipes e um aumento significativo no comprometimento com o trabalho.
Para os líderes, a técnica que cria um distanciamento dos pensamentos ajuda a trazer equilíbrio e com isso um ambiente de trabalho melhor, porque o líder é o grande responsável por parte do clima da empresa. Um líder que é inconstante, cheio de inseguranças, passa isso para a equipe e as coisas tendem a dar errado.
Para os colaboradores, é uma ótima forma de manter o foco e aprender a lidar com as distrações diárias que surgem ao longo do dia e podem atrasar o trabalho e torna-lo menos produtivo. Um estudo de Harvard, publicado em 2010, mostra que, de todo o tempo que permanecemos acordados, quase a metade dele (47%) é gasto com a mente no “mundo da Lua”. Ficamos dispersos.
Além disso, a meditação ajuda a dividir os grandes problemas em pequenas partes, o que ensina muito sobre processos e sobre dar pequenos passos cautelosos para a resolução de algum problema, sem agir impulsivamente.
A prática consiste em promover a conexão total entre o corpo e a mente por meio de exercícios, auxiliando a pessoa a atingir o autoconhecimento, viver melhor suas emoções e melhorar os relacionamentos. Assim, é possível conseguir ter um maior discernimento nas tomadas de decisão, o que é bem vantajoso no ambiente de trabalho.
É importante que a meditação não seja imposta aos colaboradores. Ela deve ser incentivada e oferecida como uma ferramenta para lidar com o estresse cotidiano.
CONCLUSÃO
A técnica é capaz de oferecer inúmeros benefícios para colaboradores e empresas, sendo a solução para muitas adversidades. Veja alguns exemplos de como a meditação pode ajudar:
· Contribui para aflorar os sentimentos positivos, em detrimento dos negativos;
· Aumenta o foco e a concentração nas atividades;
· Ajuda no gerenciamento das emoções;
· Melhora o relacionamento entre os colaboradores, uma vez que promove o desenvolvimento da empatia;
· Possibilita que os colaboradores vivam cada dia do trabalho como se fosse único, com o seu maior potencial;
· Ajuda a promover uma maior lucidez nas tomadas de decisão;
· Beneficia a criatividade, logo, ajuda a lidar melhor com os imprevistos;· Diminui o nível de estresse;
· Promove um aumento da produtividade, por um baixo custo.
Conclui-se que utilizando a prática do Mindfulness pode-se contribuir para melhorar os resultados empresariais e do clima organizacional, possibilitando ainda um ambiente mais harmônico na empresa.
REFERÊNCIAS
SHAPIRO, Shauna; IZETT,Christin. La meditación: una herramienta universal para el cultivo de la empatía. In: HICKS, Steven; BIEN, Thomas (Ed.). Mindfulness y Psicoterapia. Barcelona: Kairós, 2010.
SHAPIRO, S.; CARLSON, L.E.; ASTIN, J.A.; FREEDMAN, B. Mechanisms of Mindfulness. Journal of Clinical Psychology, v.62, 373-386, 2006.
ROEMER, L.; ORSILLO, S. A prática da terapia cognitivo-comportamental baseada em mindfulness e aceitação. Porto Alegre: Artmed, 2010.
HÜLSHEGER, Ute R.; ALBERTS, Hugo J. E. M.; FEINHOLDT, Aline; LANG, Jonas W.B. Benefits of Mindfulness at Work: The Role of Mindfulness in Emotion Regulation, Emotional Exhaustion, and Job Satisfaction. Journal of Applied Psychology, v. 98, n. 2, p.310–325, 2013. 
KABAT-ZINN, Jon. La Pratica del Atención Plena. Barcelona: Kairós, 2007.
REB, Jochen; NARAYANAN, Jayanth; HO, Zhi Wei. Mindfulness at Work: Antecedents and Consequences of Employee Awareness and Absent-mindedness. Research Collection Lee Chian School of Business. Singapore: Institutional Knowledge at Singapore Management University, 2013.
SIEGEL, Ronald; GERMER, Christopher; OLENDZKI, Andrew. Mindfulness: ¿Qué es? ¿Donde surgió?. In: Fabrizio Didonna (Ed.). Manual Clínico de Mindfulness. Bilbao, Desclée de Bower, p.73-102, 2011.
DANE, Erik.; BRUMMEL, Bradley. Examining workplace mindfulness and its relations to job performance and turnover intention. Human Relations, v.67, p.105-128, 2013.
COHEN-KATZ, Joanne; WILEY, Susan; CAPUANO, Terry; BAKER, Debra; SHAPIRO, Shauna. The effects of Mindfulness-bases stress reduction on nurse stress and burnout, part II and III. Holistic Nurse Practice, v.19 (1), p.26–35, 2005.
FIOL, M.; O’CONNOR, E. Waking up! Mindfulness in the Face of Bandwagons. The Academy of Management Review, Vol. 28, No. 1, 2003.