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RECURSO EM SENTIDO ESTRITO RESE HEMELYN

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DO TRIBUNAL DO JÚRI DA COMARCA DE _________
Processo n.º:_______________________
VITOR, já qualificado nos autos da ação penal em epígrafe que lhe move o Ministério Público de _______, vem respeitosamente à presença de Vossa Excelência, por seu procurador que esta subscreve, com fundamento no art. 581, IV, Código de Processo Penal, apresentar:
RAZÕES DE RECURSO EM SENTIDO ESTRITO
em face da sentença de folhas ___, a qual pronunciou o réu pela prática das condutas descritas no art. 121, caput, do Código Penal Brasileiro.
Requer-se que, após análise do juízo de retratação, nos moldes do art. 589 do CPP e o trâmite legal, sejam os autos encaminhados ao Tribunal de Justiça de _____, para reforma da decisão recorrida.
Nestes termos,
pede deferimento.
Taió– SC, 06 de outubro de 2020.
Advogado(a)
OAB/SC Nº
EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE _______
Processo n.º: ___________________
Recorrente: VITOR
Recorrido: MINISTÉRIO PÚBLICO DE _______
RAZÕES DO RECURSO EM SENTIDO ESTRITO
Colenda Turma Criminal,
VITOR foi indevidamente pronunciado pelas condutas previstas no art. 121, caput, do Código Penal Brasileiro. No entanto, a respeitável decisão merece reforma conforme a seguir exposto.
DOS FATOS
Trata-se de ação penal contra VITOR, que foi denunciado pela prática das infrações previstas no art. 121, caput, do Código Penal Brasileiro.
Na exordial acusatória, consta que o réu, efetuou disparos de arma de fogo contra José, com a intenção de causar a morte deste. 
Ocorre que, por erro durante a execução, os disparos atingiram a perna de José e não o peito, como era pretendido. No momento dos disparos, após esgotar a munição disponível, Vitor fugiu do local e José conseguiu a ajuda de populares que o levaram ao hospital mais próximo, onde recebeu o devido atendimento médico, constatando-se que não havia risco de morte em face de inexistência de letalidade dos ferimentos produzidos pelos projéteis disparados. 
Porém, quando José já se encontrava no quarto do hospital, se recuperando e enquanto dormia, este foi picado por um escorpião, vindo a falecer no dia seguinte em razão do veneno do animal.
Descobertos os fatos, considerando que José estava no hospital somente em razão do comportamento criminoso de Vitor, o Ministério Público ofereceu denúncia em face do autor dos disparos pela prática do crime de homicídio consumado, previsto no Art. 121, caput, do Código Penal. 
Após regular prosseguimento do feito, na audiência de instrução e julgamento da primeira fase do procedimento do Tribunal do Júri, ao produzir a prova oral, o magistrado optou por iniciar a oitiva das testemunhas formulando diretamente suas perguntas, sem permitir às partes qualquer complementação, pois, segundo o magistrado "pouco importava quem faria as perguntas, já que as respostas não seriam mesmo diferentes", o que, a pedido do defensor público ficou devidamente registrado em ata. 
Após alegações finais orais das partes, Vitor, foi pronunciado por homicídio consumado, tal como consta na denúncia e intimado da pronúncia na data de 1º de outubro de 2020.
FUNDAMENTOS JURÍDICOS
DA IMPRONÚNCIA QUANTO AO CRIME DE HOMICÍDIO CONSUMADO
Conforme delineado no art. 414 do CPP, não se convencendo da materialidade do fato ou da inexistência dos indícios suficientes de autoria ou de participação, o juiz, fundamentadamente, impronunciará o acusado.
Sabe-se que de fato, Vitor, ao efetuar disparos de arma de fogo contra José, em direção ao seu peito, tinha a intenção de matá-lo. Todavia, os disparos de Vitor não foram suficientes para causar a morte de seu inimigo por circunstâncias alheias à sua vontade, já que os tiros atingiram a perna de José. 
José recebeu atendimento médico e já estava no quarto com curativos. Posteriormente, José veio a ser mordido por um escorpião, sendo que o veneno do animal causou, exclusivamente, sua morte. 
Sim, José só estava no hospital em razão dos disparos de Vitor, mas houve causa superveniente, relativamente independente, que por si só causou a morte de José. 
Desta forma, não foi de autoria do acusado Vitor a morte de José.
O acusado exercerá o seu direito de contraditório e ampla defesa, no caso de ratificação de decisão a que se recorre, porém o fará em cima de indícios insuficientes, indo de encontro ao Código de Processo Penal, em uma visão sistêmica, a própria Constituição, em clara violação ao princípio do in dubio pro reo, inclusive.
Neste sentido, decisão do egrégio Tribunal:
PENAL E PROCESSUAL PENAL. HOMICÍDIO QUALIFICADO. DECISÃO DE IMPRONÚNCIA. AUSÊNCIA DE INDICIOS SUFICIENTES DA AUTORIA. SENTENÇA MANTIDA.
1. Não cabe a pronúncia quando ausentes indícios de autoria suficientes para que seja o réu levado a Júri Popular.2. Recurso conhecido e não provido.
(Acórdão 957750, 20120110109997APR, Relator: JESUINO RISSATO, 3ª TURMA CRIMINAL, data de julgamento: 28/7/2016, publicado no DJE: 2/8/2016. Pág.: 224/230) (grifo nosso).
Embora a decisão de pronúncia seja fundada em mero juízo de probabilidade, e não de certeza, exige-se que os indícios de autoria sejam suficientes para demonstrar a viabilidade da acusação.
Diante de todo exposto, restou claro que as provas carreadas aos autos não foram capazes de propiciar indícios suficientes de autoria.
Sendo assim, imperioso que o presente Recurso em Sentido Estrito seja julgado procedente para, reformando a sentença de piso, declarar a impronúncia do acusado, com fulcro no art. 414, caput, do CPP.
DA DESCLASSIFICAÇÃO
Caso não se entenda pela impronúncia, cabe o pedido para a desclassificação de homicídio consumado para tentativa de homicídio (art. 14, II do CP). Pois como já mencionado, José recebeu atendimento médico e já estava no quarto com curativos. Posteriormente, José veio a ser mordido por um escorpião, sendo que o veneno do animal causou, exclusivamente, sua morte. 
Certo é que José só estava no hospital em razão dos disparos de Vitor, mas houve causa superveniente, relativamente independente, que por si só causou a morte de José. 
Diante disso, o resultado fica afastado, mas responde Vitor pelos atos já praticados, conforme previsão do Art. 13, § 1º, do Código Penal. 
Assim, por mais que José tenha falecido, Vitor deveria responder pelo crime de tentativa de homicídio. 
Seria totalmente equivoco condenar alguém de forma tão severa por um ato que nem foi verdade. Sendo assim, cabe a desclassificação do homicídio consumado para homicídio tentado.
Diante do exposto, imperioso que o presente apelo seja julgado procedente, havendo a devida desclassificação.
DO PEDIDO
Diante do exposto, conforme o art. 414 do Código de Processo Penal, requer conhecimento e provimento do presente recurso para que seja reforma a sentença proferida pelo juízo de origem, determinando a impronúncia do acusado quanto ao crime de homicídio consumado (art. 121, caput, CP.
Caso não seja este o entendimento sobre a matéria em tela, requer que seja desclassificado o crime de homicídio consumado para tentativa de homicídio do art. 14, II, do Código Penal.
Nesses termos,
pede deferimento.
Taió– SC, 06 de outubro de 2020.
Advogado(a)
OAB/SC Nº

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