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Peça habeas corpus liberatório

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DORIO DE JANEIRO
Walter dos Santos Monteiro, casado, portador da cédula de identidade nº 14.968.118-45, CPF nº 221.653.511-3, advogado inscrito na OAB/RJ sob o nº 049807, residente e domiciliado nesta cidade, com escritório na Rua Perito Jacono Libório, 65 vem, respeitosamente, perante uma das Câmaras desse Egrégio Tribunal, com fundamento no art., LXVIII, da CRFB/88, impetrar ordem de
HABEAS CORPUS COM PEDIDO LIMINAR
Em favor de MICHAEL DA SILVA, brasileiro, estivador, divorciado, residente e domiciliado no endereço XXX, o qual se encontra recolhido no presídio XXX, pela prática dos crimes previstos nos arts. 16, § único, IV da Lei 10.826/03 e 28 da Lei 11.343/06, apontando como autoridade coatora o juízo da 22ª VARA CRIMINAL DA CAPITAL, pelos seguintes fatos e fundamentos.
DO PEDIDO LIMINAR
O constrangimento ilegal, no presente caso, é de meridiana clareza. O paciente está preso por ter sido flagrado, em sua casa, possuindo 03 (três) armas revólveres calibre 38 com numeração raspada, que foram encontradas guardadas dentro do armário de seu quarto, 50 (cinquenta) munições, encontradas em outro armário. Além disso encontraram em sua residência 01 (um) papelote de cocaína, de uso próprio do mesmo. 
A própria esposa do paciente foi a noticiante do crime, tendo sido ela quem conduziu os policiais até sua casa e consentiu a entrada e busca na residência. 
A prisão em flagrante, ora questionada, não observou a necessidade de presença do periculum libertatis, pelo que representa afronta ao princípio constitucional do estado de inocência. A manutenção de sua custódia, nestas condições, seria inegável abuso de poder, trazendo injustas aflições e dissabores ao paciente. 
DOS FATOS
O paciente foi preso em flagrante pela prática dos crimes previstos nos arts. 16, § único, IV da Lei10.826/03 e 28 da Lei 11.343/06. 
A esposa do paciente, Angelina da Silva, alegando estar assustada, dirigiu-se a delegacia e afirmou que o mesmo possuía armas de fogo com numeração raspada em sua residência, consentindo a entrada dos policiais a casa do casal, com o fim de efetuar buscas. 
Após realizaram buscas por todas as partes da residência, os policiais lograram êxito em localizar em seu interior, 3 (três) revólveres, calibre 38, com numeração de serie raspada e 50 (cinquenta) munições. Além de 0,9dg (nove decigramas) de cocaína. 
Perguntado quanto a posse do material encontrado, o paciente confessou a possa dos mesmos, tendo aduzido ter comprado as armas de um amigo e que o entorpecente era para seu próprio uso. 
Levado até a delegacia, foi devidamente lavrado o auto de prisão em flagrante e distribuído ao juízo da 22ª Vara Criminal da Capital. Foi devidamente encaminhado a esse o pedido de liberdade provisória, o qual foi negado pelo magistrado, em razão de entender tratar-se de crime grave e em razão do depoimento da esposa do paciente, que informou ser ele um homem agressivo. 
DOS FUNDAMENTOS
 O Paciente encontra-se preso desde o dia 10/05/2020 tendo como fundamento uma notícia crime realizada pela sua esposa. Conduzido até a Delegacia de Polícia, foi lavrado o Auto de Prisão em flagrante, pela posse de 03 (três) armas de fogo com numeração raspada e uso de substância entorpecente.
 Por esses motivos é que o presente Habeas Corpus visa fazer cessar a coação ilegal a liberdade ambulatorial do paciente, em razão dos crimes previstos nos arts. 16, § único, IV da lei 10.826/03 e 28 da lei 11.343/06.
 O Ilustre Magistrada, em sua decisão às fls. XXindeferiu o pedido de liberdade provisória pleiteado por esta defesa, informando que os fatos narrados no processo são graves, sendo prematura a reinserção do réu ao convívio social; que foram apreendidas 03 armas de fogo com numeração raspada, além de farta munição e 1 sacolé de cocaína.
Consoante dispõe a Constituição Federal em seu art. 5º, LXVIII: “conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder;”. 
O habeas corpus sempre será cabível quando houver lesão à liberdade de locomoção, o que ocorreu no presente caso. 
DA AUSÊNCIA DOS PRESSUPOSTOS DO ART. 312 DO CPP
 Como se sabe, não basta a existência de um auto de prisão em flagrante, como forma inicial do inquérito policial, revestido de todas as formalidades legais para que subsista o ato coativo, mas sim necessário se torna que se demonstre a necessidade da mantença daquela prisão em face dos requisitos objetivos e subjetivos autorizadores da prisão preventiva, o que não há no presente caso.
Conforme se pode verificar, o juiz fundamentou sua decisão baseado na gravidade do crime objeto do auto de prisão em flagrante. É de sabença de todos, que a opinião do julgador sobre a gravidade em abstrato do crime não constitui motivação idônea a ensejar uma prisão cautelar. A esse respeito ver o verbete da Súmula do STF nº 718.
 Percebe-se então, que os fundamentos subjacentes ao ato decisório emanada do ilustre magistrado, que manteve a prisão cautelar do ora paciente, fundamentando na gravidade do crime em questão, conflitam com os estritos critérios que a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal consagrou nessa matéria. Tal fundamentação não pode ser aceita por ausência de respaldo legal.
O Supremo Tribunal Federal tem advertido que a natureza da infração penal não se revela circunstância apta, por si só, para legitimar a prisão cautelar daquele que sofre a persecução criminal instaurada pelo Estado, conforme vemos abaixo:
PRISÃO CAUTELAR. INCONSISTÊNCIA DOS FUNDAMENTOS EM QUE SE APÓIA A DECISÃO QUE A DECRETOU: GRAVIDADE OBJETIVADO CRIME, NÃO-VINCULAÇÃO DO RÉU AO DISTRITO DA CULPA E RECUSA DO ACUSADO EM APRESENTAR A SUA VERSÃO PARA OSFATOS DELITUOSOS. INCOMPATIBILIDADE DESSES FUNDAMENTOS COM OS CRITÉRIOS FIRMADOS PELO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL EM TEMA DE PRIVAÇÃO CAUTELAR DA LIBERDADE INDIVIDUAL. DIREITO DO INDICIADO/RÉU DE NÃO SER CONSTRANGIDO A PRODUZIR PROVAS CONTRA SI PRÓPRIO. DECISÃO QUE, AODESRESPEITAR ESSA PRERROGATIVA CONSTITUCIONAL, DECRETA A PRISÃO PREVENTIVA DO ACUSADO. INADMISSIBILIDADE. NATUREZA JURÍDICA E FUNÇÃO DAPRISÃO CAUTELAR. DOUTRINA. PRECEDENTES. MEDIDA CAUTELAR DEFERIDA. A privação cautelar da liberdade individual qualquer que seja a modalidade autorizada pelo ordenamento positivo (prisão em flagrante, prisão temporária, prisão preventiva, prisão decorrente de decisão de pronúncia e prisão resultante de condenação penal recorrível) não se destina a infligir punição antecipada à pessoa contra quem essa medida excepcional é decretada ou efetivada. É que a ideia de sanção é absolutamente estranha à prisão cautelar (carcer ad custodiam), que não se confunde com a prisão penal (carcer ad poenam). Doutrina. Precedentes. A utilização da prisão cautelar com fins punitivos traduz deformação desse instituto de direito processual, eis que o desvio arbitrário de sua finalidade importa em manifesta ofensa às garantias constitucionais da presunção de inocência e do devido processo legal. Precedentes. A gravidade em abstrato do crime não basta, por si só, para justificar a privação cautelar da liberdade individual do suposto autor do fato delituoso. O Supremo Tribunal Federal tem advertido que a natureza da infração penal não se revela circunstância apta a legitimar a prisão cautelar daquele que sofre a persecução criminal instaurada pelo Estado. Precedentes.(Informativo do STF nº 549 Transcrições).
 Vale mencionar que trata-se de réu primário e de bons antecedentes, com residência e domicílio certo no distrito da culpa. A assim não há fundamentação idônea para manter a custódia cautelar como garantia da aplicação da lei penal e conveniência da instrução criminal.
 O crime tem pena mínima de 3 anos, e provavelmente, se condenado, a pena não sairá do mínimo legal, cabendo assim a substituição por pena restritiva de direitos, por se tratar de réu primário e de bons antecedentes, e não ser o crime praticado com violência ougrave ameaça. É a aplicação do princípio da homogeneidade que regem as prisões cautelares, que nos informa que a medida cautelar a ser adotada deve ser proporcional a eventual resultado favorável ao pedido do autor, não sendo admissível que a restrição, durante o curso do processo, seja mais severa que a sanção a ser aplicada caso o pedido seja julgado procedente. (RANGEL, Paulo. Direito Processual Penal. 15ª ed., pág. 659-660)
 Diante do exposto, requer o acolhimento do pedido liminar e no mérito a concessão do Habeas Corpus, com a consequente expedição do alvará de soltura, por se tratar e medida da mais inteira justiça.
Nestes Termos, Pede Deferimento
Rio de Janeiro, 15 de maio de 2020. 
Walter dos Santos Monteiro
OAB/RJ 000.000

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