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Prática Penal - PA - Recurso de Apelação - Ariádne dos Passos de Oliveira Silva

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EXCELENTISSÍMO(A) SENHOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DA 2ª VARA
CRIMINAL DA CIRCUNSCRIÇÃO JUDICIÁRIA DE CEILÂNDIA – DF
 
 
 
 
 
Processo nº: 
 
CARLINHOS, já devidamente qualificado nos autos em epígrafe, por seu advogado ao final assinado, mui respeitosamente à presença de Vossa Excelência, com fulcro no art. 593, I do Código de Processo Penal, interpor o presente 
 
RECURSO DE APELAÇÃO 
 
requerendo seja recebido nos termos das inclusas razões, e após o regular processamento do feito sejam os autos encaminhados ao Egrégio Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios com as homenagens de praxe. 
 
Nestes termos, pede deferimento. 
 
Local, 12/05/2020. 
 
ADVOGADO OAB 
 
 
EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO DISTRITO FEDERAL E DOS TERRITÓRIOS 
 
 
Processo: 
Apelante: 
Apelado: 
 
RAZÕES DE APELAÇÃO 
 
COLENDA TURMA, 
EMÉRITOS JULGADORES 
 
I – DOS FATOS 
O apelante foi denunciado às fls. xx com incurso nas sanções do art. 121, § 2º, II do Código Penal. 
Narra a exordial acusatória que no dia 08/05/2019, o denunciado se envolveu em uma briga de trânsito ceifando a vida de Amadeu. 
A denúncia foi recebida sendo o acusado devidamente citado e apresentada resposta à acusação (fls. xx). Em juízo, foram ouvidas as testemunhas Amanda (fl. XX), Clara (fl. XX) e Iolanda (fl. XX). 
Encerrada a instrução processual, o Ministério Público oficiou pela pronúncia de Carlinhos nos exatos termos da denúncia (fls. xx). 
A defesa, por sua vez pugnou por sua impronúncia sustentado a tese de insuficiência de provas, e eventual desclassificação para outro crime que não seja de competência do Tribunal do Júri. 
O magistrado entendeu por bem pronunciá-lo e deixar a decisão final para o Conselho de Sentença. Submetido a julgamento em sessão plenária o Promotor de Justiça sustentou integralmente a acusação e a Defesa sustentou as mesmas teses que nas alegações finais.
Em seguida, o Conselho de Sentença condenou o Recorrente à pena de 16 (dezesseis) anos de reclusão em regime fechado. 
O julgamento ocorreu dia 05/05/2020 e as partes foram intimadas em sessão plenária da sentença.
É o relato do necessário. 
 
II – DO MÉRITO 
 
Nobres Julgadores, não obstante ser a MM. Juíza a quo dotada de notável saber jurídico, a r. sentença guerreada que condenou o Apelante não pode prosperar, uma vez que inexiste nos autos provas suficientes para sustentar a qualificadora do aumento da pena. 
Ocorre, Ínclitos Desembargadores, a imputação constante na denúncia, mesmo colacionando entendimentos de que o ônus da prova é de atribuição do Parquet, e não ter sido encontrada a arma de fogo e na oitiva de testemunhas não conseguiram demonstrar a evidência de qualquer indício que indicasse a autoria do acusado.
Foi colhido os depoimentos das três testemunhas: Amanda, testemunha presencial, afirmou que um indivíduo desferiu disparos de arma de fogo contra Amadeu e que esse indivíduo era alto e magro; Clara, outra testemunha disse que ouviu os disparos mas não viu quem foi o atirador e Iolanda disse que viu o momento do fato iniciado com uma discussão por causa de uma pequena batida ocorrida entre o carro de Amadeu que abalroou a traseira do carro de Carlinhos, oportunidade em que desceram do veículo do acusado ele e seus quatro amigos com características semelhantes e alguém efetuou os disparos que ceifaram a vida de Amadeu, contudo não reconheceu Carlinhos como o atirador porque tudo ocorreu muito rápido.. 
Ainda, em que pese constar nos autos dos depoimentos das testemunhas sobre o uso de artefato bélico, a arma supostamente utilizada na empreitada criminosa não fora encontrada, tampouco apreendida, a apresentação da mesma aos autos não cabe à defesa, e sim ao Ministério Público que é quem acusa, cabe à polícia que em seu trabalho igualmente tinha obrigação de investigar e dar as devidas buscas no equipamento, obrigações as quais não são atribuídas à defesa. 
Esta posição encontra respaldo em precedente da Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal, o Excelso Pretório, a Suprema Corte, senão vejamos: 
 
(tj0D
Impõe-se registrar que tais provas devem ser feitas por quem alega o fato, a causa ou a circunstância. O órgão acusador deve provar a realização do fato, ou seja, o ônus da prova é da acusação, que apresenta a imputação em juízo através da denúncia, o que não foi feito no presente caso, repita-se. 
A saber, Nucci[footnoteRef:1] nessa esteira preleciona: [1: NUCCI, Guilherme de Souza. op. cit., p. 27. ] 
 
O ônus do órgão acusatório, quando falho, jamais poderá gerar convencimento favorável à condenação, pois seria este fundamentado em livre convicção íntima, o que é inadmissível (excetuado o sistema do Tribunal do Júri). O ônus da defesa, quando falho, pode gerar convencimento favorável ao réu desde que calcado no princípio da presunção de inocência. (...) (grifamos) 
 
 
A jurisprudência pátria inclusive caminha nesse sentido, veja-se: 
 
TRANSCREVER JURISPRUDÊNCIA 
 
A mesma linha de raciocínio segue, ainda, Fernando Capez[footnoteRef:2]: "cabe provar, a quem tem interesse em afirmar. A quem apresente uma pretensão, cumpre provar os fatos constitutivos; (...)" [2: CAPEZ, Fernando. Curso de processo penal. 12. ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2005. p. 273. ] 
 
Vale transcrever as valiosas observações do professor Paulo Rangel[footnoteRef:3], acerca da distribuição do ônus da prova no processo penal, apoiando-se no princípio da presunção de inocência: [3: RANGEL, Paulo. Direito processual penal. 12. ed. rev. ampl. e atual. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2007. p. 436-438. ] 
 
(...) Há que se interpretar a regra do ônus da prova à luz da Constituição, pois se é cediço que a regra é a liberdade (art. 5º, XV da CRFB) e que, para que se possa perdê-la, dever-se-á observar o devido processo legal e dentro deste encontra-se o sistema acusatório, onde o juiz é afastado da persecução penal, dando-se 
	ao Ministério Público, para a defesa da ordem jurídica, a totalidade do ônus da prova do fato descrito na denúncia. 
	(...). (grifamos e destacamos)
	 
 
E disso não discorda Badaró[footnoteRef:4], asseverando que: [4: BADARÓ, Gustavo Henrique Righi Ivahy. Ônus da prova no processo penal. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2003. p. 295-297. ] 
 
Um aspecto relevante da presunção de inocência enquanto regra de julgamento é que, no processo penal, diversamente do que ocorre no campo civil, não há verdadeira repartição do ônus da prova. (...) No caso do processo penal o in dubio pro reo é uma regra de julgamento unidirecional. O ônus da prova incumbe inteiramente ao Ministério Público, que deverá provar a presença de todos os elementos necessários para o acolhimento da pretensão punitiva. (grifos e destaques nossos) 
 
No mesmo sentido, Jardim[footnoteRef:5] aduz que: "o ônus da prova, na ação penal condenatória, é todo da acusação e relaciona-se com todos os fatos constitutivos do poder-dever de punir do Estado, afirmado na denúncia ou queixa." [5: JARDIM, Afrânio Silva. Direito processual penal. 11. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2002. p. 214. ] 
Partindo do pressuposto de que a ratio da majorante é o maior potencial 
 
lesivo da conduta ante o poder de disparo da arma de fogo, a Sexta Turma do Colendo Superior Tribunal de Justiça entende que sem um laudo pericial que ateste sua lesividade, não é possível fazer incidir a majorante. Neste sentido são os julgados abaixo colacionados: 
 
Transcrever julgado 
 
 
Desta feita, quanto à dosimetria da pena, Eminentes Julgadores, que o decisum encontra-se parcialmente equivocado. Compulsando a dosimetria da pena aplicada, verifica-se que na primeira fase, no que concerne à aplicação da pena base, não fora abordada conforme a lei, influindo de sobremaneira na condenação do apelante, assim como, prejudicando a reprimenda definitiva. Situação que desperta claramente o prejuízo da totalização penal aplicada ao apelante. 
 
Vejamos o que dita o Código Penal, em comparação com a sentença retro: 
 
Art. 68. A pena-base será fixada atendendo-se ao critério do art. 59 deste Código;em seguida serão consideradas as circunstâncias atenuante e agravantes; por último, as causas de diminuição e de aumento. 
 
Na primeira fase – circunstâncias judiciais: 
a) Grau de culpabilidade do acusado; 
b) Antecedentes criminais; 
c) Conduta social; 
d) Personalidade do agente; 
e) Motivos, circunstâncias e consequências do crime; 
f) Influência do comportamento da vítima na prática do delito. 
 
Na segunda fase da dosimetria, o julgador deve valorar as agravantes e atenuantes. 
Na terceira as causas de aumento e diminuição. 
Acerca da Dosimetria da pena, leciona Cezar Roberto Bitencourt[footnoteRef:6]: [6: BITENCOURT, Cezar Roberto. Dosimetria da pena: Tratado de Direito Penal: parte geral. São Paulo: Saraiva, 2008, p. 598. ] 
 
É verdade que o legislador abre um grande crédito aos juízes na hora de realizar o cálculo da pena, ampliando sua atividade discricionária. Contudo, como discricionariedade não se confunde com arbitrariedade, nosso Código Penal estabelece 
 
critérios a serem observados para a fixação da pena. Como afirmava Hungria, ‘o que se pretende é a individualização racional da pena, a adequação da pena ao crime e à personalidade do criminoso, e não a ditadura judicial, a justiça da cabra-cega [...]’. Assim, todas as operações realizadas na dosimetria da pena, que não se resumem a uma simples operação aritmética, devem ser devidamente fundamentadas, esclarecendo o magistrado como valorou cada circunstância analisada, desenvolvendo um raciocínio lógico e coerente que permita às partes acompanhar e entender os critérios utilizados nessa valoração. 
 
A pena-base fixada ao Apelante, foi fixada em 16 (dezesseis) anos em regime fechado. Assim, nesta fase da dosimetria, a MM. Juíza a quo fixou a pena-base acima do mínimo legal.
Ocorre que se mostra desproporcional a pena, se ao menos mais circunstâncias fossem consideradas desfavoráveis se justificaria o aumento de pena na forma imposta, razão pela qual, deve haver o devido decote para fixar a pena base no mínimo legal. 
Como é sabido, a confissão deve ser considerada ainda que de forma parcial, sendo certo que, uma vez reconhecida, a dedução na dosimetria de pena deve ser feita de forma integral. Não é outro o entendimento da Suprema Corte: 
Transcrever julgado 
 
Assim, deve haver maior decote na dosimetria da pena aplicada. 
 
III - DOS PEDIDOS 
 
 Ante o exposto e por tudo que dos autos consta, requer seja conhecido e provido o presente recurso de Apelação para reformar in totum a r. sentença combatida para reduzir a pena aplicada ao Apelante nos termos da fundamentação acima esposada. 
 
 	 	 	Termos em que pede e espera provimento. 
 
Local, 15/05/2020. 
 
ADVOGADO OAB

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