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AULA 8- ECG NORMAL/ FABIO EMANOELLY MARCHI 1 ECG NORMAL: O coração possui uma atividade autonômica, isso é ele possui a capacidade de se contrair mesmo fora do corpo. O ECG é um registro gráfico da atividade elétrica do coração, conformado por ondas, segmentos e intervalos que se repetem a cada ciclo, fornecendo, portanto um PADRÃO normal (esse padrão é visualizado no mundo todo). Lembrando que: ONDA P- Despolarização atrial - Não pode passar de 100 milissegundos, e de amplitude 0,25 Mv SEGMENTO PR – É uma linha que vai medir do final da onda P até o início do complexo QRS, medindo o tempo final da onda de despolarização atrial até o inicio da despolarização ventricular. INTERVALO PR- Despolarização atrial, logo em seguida nós temos a contração atrial, não deve passar de 200 milissegundos ou 5 quadradinhos) COMPLEXO QRS- Despolarização ventricular, assim como a onda P, não pode passar de 100 milissegundos, se passar desse valor é um distúrbio de condução. SEGMENTO ST- É a linha reta que conecta o final do complexo QRS com o começo da onda T. Ele mede o tempo do final da despolarização ventricular até o início da repolarização ventricular ONDA T - Repolarização ventricular SEGMENTO QT- Mede o tempo do início da despolarização ventricular até o final da repolarização ventricular (não pode passar de 400 milissegundos) SEGMENTO QT corrigido- Porque o segmento QT ele varia conforme a freqüência cardíaca TEMPO E VOLTAGEM: AULA 8- ECG NORMAL/ FABIO EMANOELLY MARCHI 2 As ondas produzidas pela despolarização e repolarização miocárdica são registradas no papel de ECG e, como qualquer onda, têm três características principais: DURAÇÃO, medida em fração de segundos; AMPLITUDE, medida em milivolts (mV) CONFIGURAÇÃO, um critério mais subjetivo que se refere à forma e ao aspecto de uma onda As linhas claras circunscrevem pequenos quadrados de 1 1 mm; as linhas escuras delineiam grandes quadrados de 5 5 mm. Eixo horizontal- A distância através de um pequeno quadrado representa 0,04 segundo A distância através de um grande quadrado é cinco vezes maior, ou 0,2 segundo O eixo vertical mede a voltagem. A distância ao longo de um quadrado pequeno representa 0,1 mV, e, ao longo de um quadrado grande, 0,5 mV. DESPOLARIZAÇÃO É O EVENTO ELÉTRICO FUNDAMENTAL DO CORAÇÃO: A despolarização de uma célula, ela é representada pela mudança da polaridade da célula, onde o citosol que é eletronegativo, se torna eletropositivo e essa é a despolarização quando existe algum fator desencadeante que gere a despolarização, e por conta das junções comunicantes podemos observar uma despolarização seqüencial das demais células. As células vão se re- polarizar, observe que na imagem a seguir as primeiras células a se re-polarizarem vão ser as ultimas, re-polarizando seqüencialmente as outras células. Esse processo é realizado pelas bombas transmembrana, que invertem o fluxo de íons. Uma onda de despolarização se movendo em direção ao eletrodo positivo causa uma deflexão positiva (um sorriso) no ECG. Uma onda de despolarização se movendo para longe de um eletrodo positivo causa uma deflexão negativa (o ECG fica triste) AULA 8- ECG NORMAL/ FABIO EMANOELLY MARCHI 3 OS EFEITOS DA REPOLARIZAÇÃO: É o contrario da despolarização. Uma onda de repolarização movendo-se em direção a um eletrodo positivo inscreve uma deflexão negativa no ECG. Uma onda de repolarização se movendo para longe de um eletrodo positivo produz uma deflexão positiva no ECG. Uma onda perpendicular produz uma onda bifásica; contudo, a deflexão negativa da onda bifásica precede a deflexão positiva. OS VETORES: Os vetores representam a forma com que a eletricidade se comporta em uma determinada estrutura, no caso do coração, do ponto de vista geral, ela vai de cima para baixo, da direita para a esquerda (do átrio direito para a ponta do ventrículo esquerdo) de trás para frente. E para cada onda vai ter um eixo que precisamos conhecer baseado no vetor resultante. Analogamente, podemos pensar em um jogo de futebol, se analisarmos o jogador que está no gol, podemos perceber que ele pode chutar para varias direções: direita, esquerda, frente, inclinado, indo sempre na direção do adversário, de modo que o vetor resultante vai chegar a se aproximar na imagem B. Mas qual é a relação com o eletrocardiograma? No ECG, nós também vamos analisar os vetores, de modo que se eu tiver um fotografo, observaremos que a bola tem um ponto de referencia e outro fotografo do outro lado do campo, teremos perspectivas diferentes. E o eletrocardiograma possui essa função de “tirar fotos” em varias perspectivas, no plano frontal D1, D2,D3, aVR, aVLe, aVF) e no plano horizontal (V1 a V6) AS 12 MANEIRAS DE VER O CORAÇÃO: O ECG possui 12 derivações, que são derivadas de 10 eletrodos. As seis derivações dos membros veem o coração em um plano vertical chamado de plano frontal A derivação I é criada tornando o braço esquerdo positivo e o braço direito negativo. O seu ângulo de orientação é 0º; AULA 8- ECG NORMAL/ FABIO EMANOELLY MARCHI 4 A derivação II é criada tornando as pernas positivas e o braço direito negativo. O seu ângulo de orientação é 60º; A derivação III é criada tornando as pernas positivas e o braço esquerdo negativo. O seu ângulo de orientação é 120º. A derivação aVL é criada tornando o braço esquerdo positivo e os outros membros negativos. O seu ângulo de orientação é –30º. A derivação aVR é criada tornando o braço direito positivo e os outros membros negativos. O seu ângulo de orientação é –150º. A derivação aVF é criada tornando as pernas positivas e os outros membros negativos. O seu ângulo de orientação é +90º. DERIVAÇÕES PRECORDIAIS: Elas são dispostas no tórax em um plano horizontal, enquanto as derivações do plano frontal veem as forças elétricas se movendo para cima e para baixo, para a esquerda e para a direita, as derivações precordiais registram forças se movendo anterior e posteriormente V1 é colocado no quarto espaço intercostal à direita do esterno; V2 é colocado no quarto espaço intercostal à esquerda do esterno; V3 é colocado entre V2 e V4; V4 é colocado no quinto espaço intercostal, na linha mesoclavicular; V5 é colocado entre V4 e V6 V6 é colocado no quinto espaço intercostal, na linha axilar média. AULA 8- ECG NORMAL/ FABIO EMANOELLY MARCHI 5 OBS: Em D2, aVF, D3 – Nós temos a parede inferior; D1 e aVL- parede lateral alta; V5 e V6 –parede lateral do ventrículo esquerdo (no caso seria a metade do ventrículo, porque a outra metade do ventrículo é a parede lateral alta). VI, V2,V3 e V4- É a porção Antero- septal; V1 a V6 é parede anterior, aVR- fica a 150 graus do lado direito OBS2: Existem outras variações que não são convencionais V7,V8,V9, que é colocado mais posterior a linha axilar media e a V4R, que nós podemos fazer a V3R,V5R, V6R. ex: se o paciente tiver destrocardia com o coração virado pra direita o ideal seria fazer o V1, V2,V3R, V5R, V6R São problemas comuns e que geram erro na colocação dos eletrodos: colocar os eletrodos no local errado, utilizar gel de forma excessiva. É importante lembrar que existem dificuldades na colocação de um eletrodo, como uma mama grande, que pode, a falta de um membro, são situações que podem gerar duvidas, quanto ao local certo. Ex: Se o paciente mexer o braço, nós temos moficação nos seguintes segmentos: D1,D2,D3,aVR, aVL, aVF. Se o paciente tossiu eu tenho modificações em: V1,V2,V3,V4,V5,V6. CIRCULO DE EINTHOVEN: O circulo é dividido por duas linhas perpendiculares, sendo divido por quatro quadrantes, superior esquerdo, superior direito, inferior esquerdo e inferior direito. O vetor D1, que está em 0 graus, possui uma “curvinhafeliz”, se o vetor estiver de forma obliqua a onda fica “positivinha” e de forma obliqua se o vetor estiver se afastandofica “negativinho”; já o vetor 3 é uma despolarização que está vindo de cima para baixo, ela vai se aproximar e se afastar logo, vai ser uma onda bifásica com deflexões positivas e negativas praticamente iguais, chamamos de isodifasica. O COMPLEXO QRS- NOMENCLATURAS: A nomenclatura do complexo QRS deve obedecer a ordem: A primeira deflexão negativa de um complexo QRS- Onda Q Qualquer deflexão positiva – Onda R A primeira deflexão negativa após uma onda R- Onda S O complexo QRS e a importância da despolarização do septo: Depois que ocorre a despolarização atrial, sucede a despolarização ventricular, a eletricidade passa pelo nó atrioventricular e atinge o feixe de HIS que se bifurca, em lado direito e lado esquerdo, dando origem ao complexo QRS. Tanto o ramo direito quanto o ramo esquerdo do feixe de HIS, possuem fascículos que são ramos da eletricidade para atingir toda porção do ventrículo. AULA 8- ECG NORMAL/ FABIO EMANOELLY MARCHI 6 O mais complexo é o ventrículo esquerdo que possui fascículo septal, anterior esquerdo e o fascículo posterior esquerdo; todos eles são do ramo esquerdo. O septo é despolarizado no sentido da direita para esquerda e depois se despolariza todo ventrículo, com um vetor resultante, que é em direção a ponta do coração (para esquerda- para baixo e para frente), mas essa despolarização septal antecede esse fenômeno. E a despolarização septal faz com que crie um vetor que aponta da direita para esquerda, ou seja, do ventrículo direito para o ventrículo esquerdo e vai despolarizar o septo de modo que as derivações que estão tirando “foto” de baixo para cima – da direita para esquerda, vai ver a despolarização se aproximar, com isso ele vai ver o inicio do complexo QRS, vai ver ondas Rs. Enquanto que as derivações laterais esquerdas “tirando foto do ventrículo esquerdo do coração”, fazendo com que o complexo inicie com a onda Q. Em seguida vai ter a despolarização do resto dos dois ventrículos, então, do nó atrioventricular, passando pelo feixe de HIS, que se propaga pelo ramo direito e esquerdo, vai ocorrer a despolarização dos dois ventrículos de modo que o vetor resultante ele irá em direção ao que mais tem massa e demanda energia elétrica para que ocorra a despolarização, logo, o vetor resultante está na direção da ponta do ventrículo esquerdo. Observando a imagem, podemos notar que no quadrante inferior esquerdo, temos duas derivações D1 e D2, e essa onda “q” é resultante da despolarização septal, do mesmo modo, em D2, veremos um QRS positivo pela mesma razão; do lado contrario nós temos a derivação aVR,que observa a despolarização se afastar, com isso o complexo QRS fica negativo ONDA P: Antes de olhar, olhar o ECG devemos analisar, quem está fazendo o procedimento, idade, sua altura; exemplo em pacientes longilíneos, ele vai ter um coração mais verticalizado, isso apenas pela constituição física natural dele. Quando vamos fazer a analise da onda P, devemos lembrar que isso é a despolarização do átrio e a despolarização do átrio é seguida por uma atividade mecânica que é a contração atrial, então isso está acontecendo na diástole final do ciclo cardíaco. A onda P, possui um vetor resultante que é direcionado da direita para a esquerda, de cima para baixo e um pouco para frente de modo que se a gente for fazer analise no eixo horizontal, vamos perceber que ela está indo para baixo e para esquerda, com isso eu vou reconhecer que a onda P vai estar positiva em D1, D2, aVF e negativa em aVR. OBS: O vetor resultante de despolarização da onda P, ele passa perpendicular aV1, com isso podemos observar uma onda P bifásica (o átrio direito é o que começa a despolarização, logo, a primeira onda da bifásica é do lado direito um “sorrisinho feliz” e a porção final é a do lado esquerdo, que é um “sorrisinho triste”) ; mas isso depende da constituição do paciente, podendo ser essa onda positiva ou negativa A DESPOLARIZAÇÃO VENTRICULAR NO EIXO HORIZONTAL: A despolarização ventricular possui um sentido e uma direção, que é de cima para baixo – da esquerda para direita- de trás para frente, como ele está direcionado para a esquerda, observamos que V6,V5,V4, elas serão predominantemente AULA 8- ECG NORMAL/ FABIO EMANOELLY MARCHI 7 positivas e ela começa com a onda Q, porque está vendo a despolarização septal que é a primeira manifestação elétrica ocorrendo no sentido contrario a elas, e o RS também positivos. Por outro lado, as derivações direitas V1,V2,V3, estariam vendo a despolarização se afastar, com isso, elas serão predominantemente negativas, porque o vetor resultante da despolarização ventricular, está indo na direção contraria do que o V1. Existe uma zona de transição, observe que V3 e V4, estão no meio das derivações, sendo muito importante para avaliar as fases de transição da onda R, ou seja, a onda R progressivamente ela vai aumentando de tamanho em direção ao V6, deixando de ser predominantemente negativa, para ser predominantemente positiva. E se por acaso não tivermos essa progressão, podemos dizer que a onda R não está progredindo. OBS: A onda R habitualmente está maior em V5 ONDA T NORMAL: A re-polarização ventricular possui sentido opostas ao da despolarização ventricular, portanto uma regra que se tem é que ela possua a mesma polaridade do QRS, ela deve ser assimétrica (quando eu passo uma linha perpendicular a onda T, eu vejo que ela não possui uma simetria perfeita, subindo lento e descendo rápido) e a terceira regra é que ela deve ter entre 10 a 30% da amplitude do complexo QRS. Anotações da aula:
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