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VARIAÇÃO LINGUÍSTICA
A variação linguística no ambiente escolar 
Acadêmica
Ana Karoline Cardoso da Cunha
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Licenciatura Letras - Português (FLX0032) – Pratica Interdisciplinar: Variação Linguística
18/07/20
RESUMO
Por muito tempo predominou nos bancos escolares a linguagem como um sistema, tendo como função o reconhecimento de regras pelo ensino da gramatica, pelo contato dos textos literários, buscando o reconhecimento das estruturas linguísticas. Diante dessa realidade, em que, a língua e a linguagem estavam presentes, por muito tempo o ensino foi destinado as camadas privilegiadas da população, os que já de certo modo dominavam os padrões culturais e linguísticos valorizados na instituição escolar. O presente trabalho tem como função apresentar os pontos positivos a respeito da variação linguística, visto que, é função das instituições escolares fornecer um ensino da Língua Portuguesa livre de preconceito linguístico e compreender que não existem “erros”, e sim, uma variação de linguagem entre grupos, comunidades, regiões, etc.
Palavras chave: Língua. Gramática. Variação linguística. Preconceito. Escola
1 INTRODUÇÃO
Temos como definição de variação linguística um fenômeno natural que acontece pelos diferentes modos de se expressar em uma língua, que tem como variante os fatores históricos, geográficos, culturais nos quais os falantes dessa língua se manifestam verbalmente. Ao analisarmos os diferentes modos de expressarmos a língua em determinados grupos, comunidades, regiões, perceberemos diferentes modos de comunicar a mesma coisa, de um modo peculiar dependendo dos indivíduos em destaque. 
Entendemos que a língua é um conjunto de variantes com um objetivo principal que é a comunicação. Assim, como explica Bagno, “só existe língua se houver seres humanos que a falem”. No âmbito escolar há uma grande variedade linguística, pois o meio recebe uma variedade de indivíduos singular no seu modo de expressar. 
Segundo Possenti, (1996, apud Bortoni-Ricardo, 2013, p.61) afirma que, “[...] o objetivo da escola é ensinar o português padrão², ou talvez mais exatamente, o de criar condições para que ele seja aprendido”. É visível que o sistema educacional ainda teima em trabalhar a questão gramatical dando ênfase a norma culta, esquecendo que o educando traz consigo uma bagagem peculiar da sua região, comunidade ou seu grupo.
2 VARIAÇÃO LINGUÍSTICA E A COMUNIDADE ESCOLAR
Pegamos o Brasil como exemplo por sua diversidade de sotaques, pela diferença de status social, entre as variedades não padrão do português brasileiro, que compõe a grande parte da população, e os falantes da variedade culta, língua ensinada na escola, gerando falta de comunicação entre poderes e o povo. Apesar de os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNS) reconhecerem a diversidade linguística, infelizmente a educação é o ponto mais prejudicado nessa situação. É prejudicial não reconhecer que a língua é bem diversificada. Peca-se quando se impõem normas linguística como algo comum a todos. As diferenças de status social abre um abismo linguístico entre falantes das variedades padrão e não-padrão da língua. Na abordagem dos parâmetros curriculares nacionais, o que deve ser trabalhado nas escolas é a competência comunicativa, onde o aluno seja capaz de interagir com outros levando em consideração suas diferenças linguísticas. O preconceito linguístico se dá quando não se leva em consideração o histórico dessas variantes. 
As variantes históricas (diacrônicas) tratam das mudanças ocorridas na língua com o decorrer do tempo. Essa variação se dá de forma lenta e gradual, até que concretize a nova forma linguística. Através de leitura de textos antigos percebe-se a mudança de palavras em desuso referente ao português contemporâneo. Diversas palavras e expressões deixaram de serem usadas para dar lugar a novas palavras, exemplo disso é a palavra “você” que foi se modificando ao longo do tempo. Dizia- se “vossa mercê”, depois tivemos o “vosmecê, em uma atualidade reduziu ao “você”, e ainda encontramos ela na forma falada de apenas “cê”. O uso do pronome obliquo “lhe” no meio de formas verbais, era comum nos falantes da época, como por exemplo “dar-lhe-ei”. Hoje essa forma na oralidade já não é tão mais usada, mas podemos encontra – la na escrita de alguns textos formais. Podemos relembrar tal fato, em um fragmento escrito por Carlos Drummond de Andrade: 
“Antigamente as moças chamavam-se “mademoiselles” e eram todas mimosas e muito prendadas. Não faziam anos: completavam primaveras, em geral dezoito. Os janotas, mesmo não sendo rapagões, faziam-lhe pé-de-alferes, arrastando a asa, mas ficavam longos meses debaixo do balaio. E se levavam tábua, o remédio era tirar o cavalo da chuva e ir pregar em outra freguesia. As pessoas, quando corriam, antigamente, era para tirar o pai da forca, e não caíam de cavalo magro. Algumas jogavam verde para colher maduro, e sabiam com quantos paus se faz uma canoa. O que não impedia que, nesse entremente, esse ou aquele embarcasse em canoa furada. Encontravam alguém que lhes passava a manta e azulava, dando às de Vila-Diogo…”
Levando em conta que assim como qualquer mudança, essas que acontecem na língua é lenta, respeitando o tempo interativo dos falantes de cada época. Vários são os fatores que contribuem para uma mudança diacrônica: som/pronuncia, flexão e derivação, padrões de estrutura da frase, nível dos significados, introdução de novas palavras (neologismos e estrangeirismos). Entendemos então, que a língua é viva, flexível e aberta as mudanças.
 	Outro tipo de variação linguística é a geográfica (diatópicas), que falam das diferenças de linguagem de cada região. A influência de várias culturas deixou no português marcas que destacam a riqueza das pronuncias. Exemplo que pode ser citado, é o português, falado entre um brasileiro, um angolano e um português, a fala e a pronuncia se tornam diferentes. Não precisamos ir tão longe para vermos esse tipo de variação. Dentro do próprio país, cada cidade, estado ou região tem seu próprio sotaque, seus sons ou palavras. Um exemplo é a palavra “mandioca” assim chamada no oeste, “aipim” no sul e de “macaxeira” no nordeste. 
	É constatado, que mesmo pertencendo a mesma região, há diferentes tipos de falas. Um gaúcho tem a pronuncia diferente de um catarinense, que tem diferença de um paranaense, e os mesmos pertencem à mesma região, que é a Sul. 
	Falando sobre as variações sociais, destacamos os sotaques, como exemplo por sua diversidade e pela diferença de status social entre as variedades não padrão do português brasileiro, que compõe a grande parte da população, e os falantes da variedade culta, língua ensinada na escola, gerando falta de comunicação entre poderes e o povo. Apesar de os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNS) reconhecerem a diversidade linguística, infelizmente a educação é o ponto mais prejudicado nessa situação, pois ainda se leva em consideração que todos educandos fazem parte do mesmo grupo, quando na verdade há uma diferenciação social, cultural e econômico. 
Peca-se quando se impõem normas linguística como algo comum a todos. As diferenças de status social abre um abismo linguístico entre falantes das variedades padrão e não-padrão da língua. Na abordagem dos parâmetros curriculares nacionais, o que deve ser trabalhado nas escolas é a competência comunicativa, onde o aluno seja capaz de interagir com outros levando em consideração suas diferenças linguísticas. 
Segundo PCN (BRASIL, MEC-SEF,1997, p.31): 
 
“A questão não é falar certo ou errado, mas saber qual forma de fala utilizar, considerando as características do contexto de comunicação, ou seja, saber adequar o registro as diferentes situações comunicativas (...) é saber, portanto, quais variedades e registro da língua oral são pertinentes em função da intenção comunicativa, do contexto e dos interlocutores a quem o texto se dirige”.
 
O domínio da língua é um grande passo para o educando, assim ele consegueter uma participação plena e concreta socialmente, expressando suas ideias, dando sua opinião, construindo visão de mundo justa e consciente, facilitando com isso seu conhecimento. É responsabilidade do sistema escolar proporcionar uma educação democrática social e cultural, proporcionando a todos a possibilidade de um saber real aos saberes linguísticos.
Partindo do princípio que a competência comunicativa é o que tem que ser trabalhado nas escolas, o ideal é que o aluno consiga fazer uso de todas as variações linguísticas em seu significado, para que, ele consiga ler com proficiência ou escrever qualquer tipo de texto, seja ele em uma linguagem formal ou coloquial. Exemplo disso é a crônica, que exige uso da linguagem coloquial, diferentemente de uma dissertação que se faz o uso de uma linguagem formal. 
Pesquisa realizada com alunos de uma escola estadual na cidade de Goiás sobre o preconceito no Brasil em relação a quem não fala a língua padrão, temos que 50% afirmam que há preconceito, 30% que não há, e 20% não responderam. 
 
Fonte: ROCHA, Edson Victor Pereira da. Pesquisa de campo, 2012.
	Diante desse resultado, reforça – se a importância das variações linguísticas como primeiro passo para combater o preconceito linguístico. Isso não quer dizer, que o uso da gramática deve ser desconsiderado, já que a gramatica contém regras importantes para a manutenção de uma língua. O ideal é que seja considerado as duas modalidades do idioma, oral e escrita, dentro de uma linguagem formal e coloquial. 
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
As línguas são heranças históricas que passam de geração para geração. As variações dessas línguas são relacionadas a diversos fatores, como já vimos, escolaridade, status social, região, entre outros. As situações existenciais da fala, diferenciam o tipo de linguagem utilizada em cada uma delas, por exemplo, ao defender uma tese, usa – se uma linguagem formal, diferentemente de uma conversa de barzinho com os amigos, onde a linguagem é informal, são linguagens extremas. O papel da escola, está em inserir o aluno no mundo das variantes, já que, vivemos em um país miscigenado e regionalmente falando temos mudanças significativas de dialetos, expressões e sotaques. 
Diante do exposto, conclui – se que a variedade linguística é importante para a sociedade, visto que, ela gera um enriquecimento linguístico cultural, oportunizando os indivíduos a se inserir a diversos contextos histórico – social. 
REFERÊNCIAS
ESCOLA, Brasil. Monografias. O preconceito linguístico: Relação alunos e ensino Disponivel em: < https://monografias.brasilescola.uol.com.br/educacao/preconceito-social-linguistico-no-ensino-lingua-materna.htm. > acesso em: 18 jun. 2020.
GRANBERY, Faculdade Metodista. Disponivel em: <http://re.granbery.edu.br/artigos/NTU4.pdf
https://mundoeducacao.uol.com.br/gramatica/variacoes-linguisticas.htm> acesso em: 18 jun. 2020.
CIENTIFICO, Conhecimento. Variação Linguística – Definições, tipos, exemplos e contexto social. Disponivel em: <https://conhecimentocientifico.r7.com/variacao-linguistica/> acesso em: 20 jun. 2020
UNIASSELVI, Trilha de Aprendizagem. Disponivel em: <https://trilhaaprendizagem.uniasselvi.com.br/LED114_pratica_interdisciplinar_variacao_linguistica/?param=eyJtYXRyaWN1bGEiOiI4MDEzNTEiLCJub21lIjoiQW5hIEthcm9saW5lIENhcmRvc28gZGEgQ3VuaGEiLCJkaXNjaXBsaW5hIjoiTEVEMTE0IiwidHVybWEiOiJGTFgwMDMyIn0=> acesso em: 22 jun 2020.

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