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Etica da Familia do Amor e da Sexualidade 2

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EA
D
Compreensão 
Antropológica da 
Sexualidade 2
1. OBJETIVOS
•	 Analisar	a	complexidade	e	o	conflito	atual	da	moral	sexu-
al.
•	 Compreender	as	influências	das	mudanças	culturais	vivi-
das	nos	últimos	séculos	sobre	o	desenvolvimento	do	co-
nhecimento	da	sexualidade	humana.	
2. CONTEÚDOS
•	 Antropologia	sexual.
•	 Compreensão	teológica	da	sexualidade.
3. INTRODUÇÃO À UNIDADE
Nesta	unidade,	vamos	estudar	a	antropologia	sexual	a	partir	
de	 várias	 perspectivas,	 com	a	 ajuda	de	diferentes	 ciências,	 con-
© Ética da Família do Amor e da sexualidade32
 Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO
tando	também	com	a	teologia.	O	ser	humano	é	um	ser	complexo,	
que	vai	se	desenvolvendo	e	amadurecendo	sexualmente	ao	longo	
de	toda	sua	vida.	Nessa	dinâmica	de	mudança,	a	sexualidade	de-
sempenha	um	papel	 importante	e	a	moral	 sexual	deverá	 levá-la	
em	conta.
4. ANTROPOLOGIA SEXUAL
Vimos	na	unidade	anterior	que	a	pessoa	humana	é	o	único	
ser	que	tem	moral.	O	homem	descobre	o	que	é	bom	e	ruim	em	sua	
própria	pessoa,	porque	ele	mesmo	é	o	critério	para	medir	a	mora-
lidade	das	intenções	e	ações,	porque	ele	tem	um	valor	absoluto,	
uma	dignidade	inviolável.
A	moral	está	em	toda	a	pessoa,	como	ser	racional,	livre	e	cor-
póreo.	Sua	moral	expressa-se	na	sua	relação	com	o	mundo,	com	os	
outros	e	com	Deus,	tendo	em	conta	que	está	sujeita	a	mudanças	
ao	longo	da	história.	
Como	você	pode	notar,	se	quisermos	desenhar	uma	ética	se-
xual,	temos	que	partir	de	uma	antropologia	sexual	que	nos	mostre	
claramente	os	 significados	humanos	da	 sexualidade.	Foram	des-
cartadas	as	antropologias	dualistas,	que	limitam	e	não	expressam	
corretamente	a	 realidade	humana.	Além	disso,	 essas	 antropolo-
gias	não	valorizam	corretamente	a	dimensão	sexual	da	pessoa	hu-
mana.
A	antropologia	não	pode	esquecer	o	caráter	positivo	da	se-
xualidade,	porque	fomos	criados	assim	por	Deus	e	“Deus	viu	que	
era	bom”	(Gen.	1:31).	Finalmente,	é	impossível	pensar	na	pessoa	
sem	a	sua	dimensão	corpórea.
Hoje	compreendemos	que	somos	uma	unidade	psicossomá-
tica,	que	não	temos	corpo,	mas	que	“somos”	corpo	e	que	a	corpo-
reidade	participa	também	da	dignidade	do	eu	pessoal.
33© Compreensão Antropológica da Sexualidade
O que chamamos ‘alma’ é a estrutura profunda do corpo humano 
vivo. 
Eu	sou	o	meu	corpo	e	consigo	me	expressar	unicamente	nele	
e	com	ele,	porque	corpo	também	é	linguagem.	Sem	esta	realida-
de	corpórea	o	ser	humano	não	existe,	não	poderíamos	relacionar	
com	o	mundo,	nem	manifestar	a	nossa	intimidade	como	fazemos.	
Assim,	a	nossa	realidade	corporal	situa-nos	como	finitos,	no	tem-
po	e	no	espaço,categorias	que	influenciam	fortemente	em	nossa	
realidade	corporal.
O	 corpo	 humano	 expressa	 visivelmente	 diferenças	 e	 se-
melhanças	 com	 os	 demais	 seres	 da	 criação,	 e	 nessas	 dife-
renças	 demonstram	 a	 superioridade	 sobre	 os	 demais.	 A	 an-
tropologia	 sexual	 do	 ser	 humano	 engloba	 muitas	 dimensões	
que	 expressam	 o	 mistério	 e	 a	 complexidade	 do	 ser	 humano.		
Vamos	ver	o	que	dizem	alguns	dos	vários	ramos	do	saber,	biologia,	
psicofísica	e	a	filosofia,	sobre	a	sexualidade.
Biológica
 A	dimensão	biológica	é	o	apoio	de	todo	o	edifício	da	se-
xualidade	humana.	A	primeira	distinção	óbvia	entre	um	homem	
e	uma	mulher	é	a	sua	corporeidade.	Mas	hoje	sabemos	que	essa	
distinção	biológica	em	parte	pode	ser	modificada	com	um	trata-
mento	hormonal,	 	por	exemplo,	deixar	a	barba	crescer	em	uma	
mulher	e	atrofiar	suas	glândulas	mamárias.	Portanto,	a	distinção	
biológica	entre	homens	e	mulheres	é	muito	mais	complexa	do	que	
supomos.
	 É	verdade	que	há	uma	série	de	caracteres	morfológicos	que	
nos	faz	distinguir	um	homem	de	uma	mulher,	mas	estes	caracteres	
não	são	determinantes	do	ponto	de	vista	biológico	para	definir	o	
sexo	de	uma	pessoa.		Hoje	a	descrição	externa	do	corpo	não	é	de-
terminante	para	a	diferença	entre	os	sexos.
© Ética da Família do Amor e da sexualidade34
 Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO
	 Vejamos,	então,	como	se	define	biologicamente	o	sexo	dos	
indivíduos.	A	definição	biológica	do	sexo	envolve	três	níveis	com-
plementares:
•	 Sexo cromossômico:	 	 a	 configuração	 cromossômica,	 XX	
ou	XY,	é	a	determinação	genética	do	sexo.	A	grande	maio-
ria	das	células	do	corpo	são	sexuais	e	distinguem-se	pelo	
cromossomo	sexual,	XX	para	a	mulher	e	XY	para	o	homem.	
Desde	a	concepção	o	sexo	está	determinado.
•	 	Sexo gonadal:		aparece	com	a	formação	das	gônadas,	das	
vias	genitais	e	dos	órgãos	genitais	externos:	ovário	ou	tes-
tículo,	aproximadamente	aos	37	dias	de	vida	embrionária	
e	a	diferenciação	continua	após	45	dias.	Os	órgãos	sexuais	
externos	diferem	no	terceiro	ou	quinto	mês.
•	 Esses	caracteres	 sexuais	 (ovários	e	 testículo),	 chamados	
primários,	são	as	diferenças	morfológicas	entre	o	homem	
e	a	mulher.	A	fórmula	cromossômica,	assim	como	outros	
fatores,	determina	diretamente	o	tipo	de	glândula	genital	
(ovário	ou	testículo),	mas	apenas	indiretamente	determi-
na	as	características	sexuais	secundárias	que	se	desenvol-
vem	na	puberdade.
•	 	Sexo hormonal:		surgem	os	caracteres	secundários.	Após	
a	puberdade,	os	hormônios	sexuais,	produzidos	em	abun-
dância,	acentuam	a	diferenciação	sexual.	O	ovário	produz	
o	FSH	ou	estrona	e	progesterona.	O	testículo,	no	entanto,	
produz	testosterona.	A	partir	desta	idade	aparece	forma-
do	e	diferenciado	o	sexo	com	todas	as	características	se-
cundárias.
	 Há	muitas	características	próprias	do	homem	e	da	mulher	
durante	este	período	do	 sexo	hormonal,	 anatômico	e	 funcional.	
Uma	das	 características	próprias	da	mulher,	ao	contrário	do	ho-
mem,	é	que	nela	seus	orgasmos	não	estão	relacionados	à	procria-
ção,	como	especifica	Marañon	(MIFSUD,	1994,	p.	17),	“o	orgasmo	
sexual	da	mulher	é	lento	e	não	necessário	para	a	fecundação”;	no	
35© Compreensão Antropológica da Sexualidade
entanto,	no	caso	do	homem:	“seu	orgasmo	sexual	é	rápido	e	ligado	
à	fecundação”.	
A	análise	biológica	demonstra	que	a	sexualidade	humana	não	
se	limita	aos	órgãos	genitais.	Como	diz	Vidal	(1991,	p.	452-453):	“O	
comportamento	sexual	humano	é	gerado	a	partir	das	forças	vitais	
de	impulsos	biológicos	e	em	sua	aplicação	torna-se	extremamente	
importante	a	base	biológica.”
Esta	instância	biológica	introduz	dois	elementos	para	a	com-
preensão	plena	da	sexualidade	humana:
1)	 A	função	de	procriação:	a	reprodução	é	um	fenômeno	
necessário	no	ciclo	vital,	permitindo	à	espécie	sobrevi-
ver.	Esta	função	implica	um	aspecto	de	“luxo”	e	“desper-
dício”	biológico	 já	que	existe	uma	superabundância	de	
elementos	fecundantes	sobre	os	elementos	fecundados:	
dos	milhões	de	espermatozoides	presentes	em	uma	re-
lação,	apenas	um	(ou	alguns)	fertiliza	o	óvulo.	
2)	 A	dimensão	prazerosa:	 que	 acompanha	a	 sexualidade.	
Não	devemos	 reduzir	 a	 sexualidade	a	um	 instrumento	
do	prazer,	mas	também	é	perigoso	não	reconhecer	esta	
dimensão	da	 sexualidade:	 à	 sexualidade	 acompanha	o	
prazer.	O	significado	prazeroso	da	sexualidade	é	vivido	
em	 todos	 os	 níveis	 pela	 pessoa:	 o	 prazer	 do	 amor,	 da	
comunhão	interpessoal	etc.
 Na	pessoa	humana,	a	dimensão	procriativa	não	se	 limita	
a	ser	um	instinto	autorregulado,	como	no	caso	dos	animais,	que	
depende	exclusivamente	da	ação	dos	hormônios	sobre	os	centros	
nervosos.	A	atividade	sexual	humana	é	relativamente	independen-
te	dos	hormônios,	que	podem	se	autodirigir.	Mais	do	que	um	ins-
tinto	imposto	organicamente,	é	um	comportamento	aprendido.	
Não	estamos	querendo	dizer	que	os	hormônios	não	funcio-
nam,	mas	que,	em	certo	ponto,	podemos	os	controlar,	porque	so-
mos	 livres	e	conscientes	da	nossa	realidade.	Para	o	cérebro	que	
temos,	podemos	definir	os	limites	e	as	condições	de	nossa	sexua-
lidade.
© Ética da Família do Amor e da sexualidade36
 Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO
Psicológica
A	sexualidade	no	ser	humano	não	se	limita	a	uma	necessida-
de,	como	pode	aparecer	na	dimensão	biológica,	mas	se	expande	
no	caminho	o	“desejo”,	que	pertence	à	dimensão	psicológica.	Esta	
dimensão	insere	o	sentido	na	sexualidade	humana:	a	partir	deste	
momento	a	pulsãosexual	se	converte	em	conduta,	é	uma	lingua-
gem	e	se	encarna	em	símbolos.
O	discurso	psicológico	da	sexualidade	humana	é	complexo.	
Vejamos	algumas	ideias	que	podem	nos	ajudar	a	ter	uma	síntese	
da	instância	psicológica.
Os	estudos	modernos	apresentam	quatro	dimensões	na	pes-
soa	humana	que	formam	a	identidade	sexual:
1)	 Sexo	biológico:	é	a	fisiologia	e	a	estrutura	anatômica	do	
homem	e	da	mulher.	 Isto	é	bem	compreendido	na	ins-
tância	biológica.
2)	 Identidade	 do	 gênero:	 é	 a	 internalização	 dos	modelos	
culturais	e	psicossociais	da		masculinidade	e	feminilida-
de.	
3)	 Orientação	sexual:	são	os	catálogos	sexuais,	como	a	ex-
pressão	externa	da	identidade	do	gênero,	as	finalidades	
sexuais	e	a	escolha	dos	objetos	sexuais.	Refere-se	à	atra-
ção,	ao	objeto	dos	desejos	eróticos	e	/	ou	amorosos	de	
uma	pessoa,	como	mais	uma	manifestação	no	conjunto	
de	 sua	 sexualidade.	A	orientação	 sexual	é	atribuída	às	
sensações	e	aos	conceitos	pessoais,	tanto	vividos	como	
imaginados.
4)	 Valores	sexuais:	são	as	atitudes	fundamentais	que	temos	
em	relação	ao	sexo	em	geral.
Há	uma	relação	entre	o	crescimento	físico	do	indivíduo	e	seu	
desenvolvimento	psicológico.	Ambos	também	influenciam	na	sexu-
alidade	humana.	A	sexualidade	não	é	um	comportamento	que	se	
inicia	na	adolescência	e	termina	na	idade	adulta.	É	um	processo	que	
começa	a	partir	do	ventre	da	mãe	e	se	desenvolve	durante	todo	o	
ciclo	de	vida	dos	seres	humanos.	Vejamos	quais	são	as	diferentes	
etapas	do	desenvolvimento	psico-físico-sexual	das	pessoas:
37© Compreensão Antropológica da Sexualidade
a)	 Sexualidade	uterina:	hoje	nós	temos	uma	melhor	com-
preensão	da	importância	da	vida	uterina	sobre	o	desen-
volvimento	posterior	 do	 indivíduo.	 Sendo	uma	 criança	
desejada	ou	não,	o	contexto	em	que	a	mãe	vive	(tranqui-
lidade,	violência),	as	expectativas	e	ansiedades,	o	estado	
anímico	etc.,	todas	estas	realidades	afetam	no	desenvol-
vimento	do	feto.
b)	 Sexualidade	infantil:	quando	se	fala	de	sexualidade	infan-
til,	não	se	deve	tomar	como	ponto	de	referência	ou	de	
comparação	o	que	acontece	com	os	adultos.	O	menino	e	
a	menina	têm	um	desenvolvimento	psicossexual	próprio	
da	idade,	cujo	desenvolvimento	correto	é	essencial	para	
sua	evolução	posterior.	Neles,	o	prazer	aparece	quase	de	
forma	imediata	ao	seu	nascimento	e	se	faz	evidente	em	
sua	relação	com	o	seio	materno	e	seu	próprio	corpo.	A	
sexualidade	 infantil	 culmina	 no	 conflito	 de	 Édipo,	 cuja	
superação	se	dá	quando	os	conflitos	de	índole	sexual	são	
relegados	para	segundo	plano	pelo	esforço	de	adapta-
ção	escolar	e	social.
c)	 Sexualidade	 adolescente:	 é	 um	 período	 de	 mudanças	
rápidas	e	de	desafios	difíceis.	O	desenvolvimento	físico	
é	apenas	uma	parte	do	processo,	porque	as	demandas	
desse	período	envolvem	mudanças	psicossociais.	O	des-
pertar	da	sexualidade	genital	ocorre	dentro	de	um	esta-
do	psicológico	de	insegurança	e	incerteza.
d)	 Sexualidade	 juvenil:	 esta	 fase	 caracteriza-se	 aqui	 pelo	
estabelecimento	das	 relações	 intersubjetivas,	 especial-
mente	as	do	sexo	oposto.	Nesta	relação,	a	pessoa	adqui-
rirá,	ao	mesmo	tempo,	sua	própria	segurança.
e)	 Sexualidade	 adulta:	 a	 maturidade	 sexual	 traz	 consigo	
muitos	 elementos	 e	 se	manifesta	de	muitas	maneiras,	
baseia-se	no	equilíbrio	conjunto	da	pessoa.	A	maturida-
de	requer	uma	integração	da	força	sexual	dentro	do	di-
namismo	próprio	e	do	dinamismo	geral	da	pessoa,	exige	
também	uma	vivência	consciente	e	tranquila	do	impulso	
sexual	 e	 do	 comportamento	 sexual.	O	 relacionamento	
interpessoal	é	construído	sobre	a	consistência	do	eu	que	
se	abre	ao	outro	em	um	horizonte	do	diálogo.	O	equilí-
brio	 sexual	é	o	 resultado	do	equilíbrio	da	personalida-
de.
© Ética da Família do Amor e da sexualidade38
 Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO
f)	 	Sexualidade	da	terceira	idade:	é	necessário,	mais	do	que	
nunca,	superar	a	ideia	de	que	as	pessoas	mais	velhas	são	
assexuadas.	A	genital	continua	a	desempenhar	um	pa-
pel	 importante	neste	período	da	vida,	mesmo	quando	
a	menopausa	apareceu	e	os	impulsos	sejam	menos	vio-
lentos,	apesar	de	não	ser	uma	etapa	para	a	fecundação,	
lembre-se	de	que	existe	outra	dimensão	da	sexualidade	
que	é	a	prazerosa.	É	uma	nova	etapa	que	deve	ser	vivida	
em	plenitude.
Devido às limitações de tempo, não podemos aprofundar o tema 
da psicologia sexual, mas tenhamos em conta que, para fazer uma 
reflexão ética sobre a sexualidade humana, não podemos ignorar 
o processo evolutivo físico e psicológico que o indivíduo vive.
Cultural
Ao	contrário	dos	animais,	o	ser	humano	realiza-se	à	medida	
que	constrói	um	mundo	de	significado	compartilhado.	A	constru-
ção	biológica	da	pessoa	o	define	como	um	mamífero,	mas	não	o	
suficiente	para	considerar	essa	dimensão	como	ser	humano.
Ao	longo	dos	séculos,	o	ser	humano	foi	construindo	com	os	
demais	um	mundo	de	relações	que	vão	além	das	adaptações	e	co-
municações	básicas	que	possuem	os	animais.	Eles	foram	capazes	
de	dar	sentido	às	suas	vidas,	a	criar	e	buscar	sonhos	que	 foram	
iniciados	e	lhes	dava	a	vida,	descobrindo	o	seu	mundo	espiritual.
Apesar	do	condicionamento	por	vários	fatores,	sua	liberda-
de,	consciência	e	vontade	os	ajudam	a	superar	essas	limitações	e	
superar	a	si	mesmo.	Em	suma,	não	podemos	falar	da	pessoa	sem	
a	sua	dimensão	cultural.	É	aí	que	reside	a	diferença	com	os	outros	
seres	vivos.
A	dimensão	cultural	expressa-se	na	sexualidade,	porque	não	
existe	manifestação	cultural	sem	o	corpo.	Além	disso,	a	sexualida-
de	humana	precisa	da	cultura,	porque	nela	expressa	a	sua	dimen-
são	sexual	humanamente.	A	cultura	canaliza	o	impulso	sexual.
39© Compreensão Antropológica da Sexualidade
Isso	não	significa	que	nós,	muitas	vezes,	não	vivamos	a	nos-
sa	sexualidade	como	animais,	podemos	ver	em	certos	comporta-
mentos	nas	nossas	sociedades,	onde	se	estupra,	se	destrói	ou	se	
menospreza	a	sexualidade	própria	ou	do	outro.	Nem	tudo	o	que	
construímos	culturalmente	nos	humaniza.	
Assim,	 por	 meio	 da	 cultura	 fomos	 criando	 características	
próprias	de	comportamentos	e	atitudes,	tanto	do	homem	quanto	
da	mulher.	 É	o	que	 chamamos	de	 “mundo	 feminino”	e	 “mundo	
masculino.”	Esses	mundos	vão	mudando	com	a	cultura	e	podem	
se	expressar	de	diferentes	modos.	Vimos	como	influenciaram	no	
mundo	ocidental	as	mudanças	culturais	que	fomos	vivendo	ao	lon-
go	dos	últimos	séculos.	O	que	nossos	avós	apoiavam	como	parte	
do	mundo	da	feminilidade	hoje	muitas	vezes	entra	em	desconfian-
ça	ou	não	se	apoia	mais.	
A	cultura	ajuda-nos	a	canalizar	os	nossos	instintos	biológicos	
sexuais.	Os	estudos	da	antropologia	cultural	revelaram	uma	gran-
de	diversidade	de	costumes	e	regras	sociais	sobre	a	sexualidade	
humana.
Mas	todas	elas,	todas	as	culturas,	viveram	a	sexualidade	em	
uma	atmosfera	de	mistério	e	enigma,	como	uma	realidade	assom-
brosa	e	fascinante	que	provocou	muitas	vezes	uma	atitude	para-
doxal	dupla:	produz	uma	dose	instintiva	de	medo	e	desconfiança,	
mas,	ao	mesmo	tempo,	uma	grande	curiosidade	e	desejo.	Essa	du-
pla	atitude,	de	medo	e	atração,	encontrou	sua	expressão	cultural	
em	dois	fenômenos	que	coexistiram	ao	longo	da	história:	o	tabu	e	
o	mito. 
Lembre-se de que as culturas viveram a sexualidade em um clima 
de enigma e de mistério.
 O	tabu	produziu	uma	mentalidade	de	desconfiança	e	medo	
contra	tudo	o	que	é	relacionado	com	o	corpo,	o	prazer	e	a	sexu-
alidade	em	geral.	 “Disso”	não	 se	podia	 falar,	muito	menos	dire-
© Ética da Família do Amor e da sexualidade40
 Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO
tamente.	Lembro-me	de	uma	amiga	de	97	anos,	quando	ela	me	
disse	que	não	tinha	ideia	nem	de	como	“se	faziam”	os	bebês,	nem	
de	como	agir	na	hora	de	 se	 casar.	A	mãe	nunca	 lhe	 falou	 sobre	
sexo,	de	sua	sexualidade,	da	vida	sexual.	Esta	mentalidade	de	tabu	
da	sexualidade,	mesmo	que	seja	imposta,	mostra-nos	como	está	
profundamente	enraizada	na	vivência	sexual.
	O	mito,	porém,	fez	da	sexualidade	uma	realidade	sagrada,	in-
troduzida	no	mundo	dos	deuses.	Os	fenômenos	sexuais	são	vistos	
como	ritos,	que	vinculam	a	sexualidade	com	a	mesma	divindade.No	mundo	judeu	se	combateu	fortemente	a	sacralização	da	
sexualidade,	ao	contrário	das	outras	religiões	do	seu	tempo.	A	se-
xualidade	era	valorizada	como	uma	realidade	criada	por	Deus,	mas	
não	uma	realidade	de	Deus,	onde	ele	devia	vivê-la	plenamente.
No	mundo	de	hoje,	onde	o	objetivo	supremo	da	vida	é	a	bus-
ca	do	prazer,	podemos	dizer	que	vivemos	em	uma	mitificação	da	
sexualidade.
Em	suma,	qualquer	discernimento	ético	sobre	a	sexualidade	
humana	deve	ter	em	conta	esta	análise	cultural	como	um	dado	im-
portante.	Acima	de	tudo,	para	nós	cristãos,	o	estudo	da	Bíblia	por	
meio	da	ética	precisa	de	uma	cuidadosa	hermenêutica	para	uma	
interpretação	correta	das	normas	sexuais,	já	que	contém	uma	“lin-
guagem”	com	mediação	cultural	de	seu	tempo.	Devemos	apren-
der	a	distinguir	entre	uma	norma	cultural	e	uma	opção	cristã,	para	
evitar	por	na	“boca	de	Deus”	os	nossos	medos	e	desejos.
Reflexão filosófica 
A	reflexão	filosófica	da	sexualidade	recentemente	começou	
a	fazer	o	seu	caminho.	Não	há	muito	material	a	respeito,	mas	os	fi-
lósofos	começaram	a	incorporar	em	seus	pensamentos	o	discurso	
sobre	a	sexualidade	humana.
	 Além	disso,	podemos	realizar,	com	o	teólogo	Mifsud,	algu-
mas	reflexões	filosóficas	sobre	o	tema,	tais	como	as	que	veremos	
a	seguir.
41© Compreensão Antropológica da Sexualidade
Sexualidade como vitalidade
A	sexualidade	não	é	algo	que	nos	acrescenta	à	nossa	identi-
dade:	somos	seres	sexuados	e	essa	realidade	é	parte	de	nosso	ser,	
configura	a	nossa	existência.	Ela	é	um	processo	evolutivo	de	apro-
priação	que	assumimos	com	o	nosso	crescimento	pessoal.
Nós	não	temos	sexo,	mas	somos	sexuados.	Nela	nos	torna-
mos	pessoa,	homens	e	mulheres	que	reconhecem	a	sua	identida-
de	na	sexualidade.	O	processo	de	humanização	da	sexualidade	é	
necessário	para	conseguir	 vivê-la	 como	parte	vital	do	nosso	 ser.	
A	humanização	da	sexualidade	significa	assumir	o	instinto	sexual,	
processá-la	e	integrá-la.
A	 sexualidade	é	experiência	de	vida,	porque	é	experiência	
de	prolongação	ao	outro	e	de	criar	vida	com	o	outro.	Mas	é	tam-
bém	experiência	de	morte,	porque	dá	 lugar	a	outro.	Crescemos	
e	envelhecemos,	a	morte	é	parte	da	nossa	vida.	A	experiência	da	
mortalidade	e	imortalidade	acompanha	sempre	com	a	sexualida-
de	humana	e	suas	diversas	expressões.
 “A vida se origina no indivíduo, mas essa fonte de perenidade não 
verte suas águas sobre o mesmo indivíduo. Eis aqui o paradoxo 
aterrador” (MARCIANO, 1991, p. 486).
Sexualidade como linguagem
Por	meio	 do	 nosso	 corpo	 nos	 comunicamos	 e	 compreen-
demos	os	outros.	Nós	comunicamos	por	meio	da	nossa	realidade	
sexual.	A	sexualidade	é	também	uma	linguagem	em	que	nos	en-
contramos	com	o	outro	(nas	relações	íntimas	de	casal),	ou	com	os	
outros	(com	os	nossos	amigos	e	colegas).	O	ser	humano	é	relacio-
nal	e	se	expressa	em	sua	sexualidade.
Como	você	pode	notar,	por	meio	do	nosso	corpo	também	refle-
timos	os	nossos	estados	anímicos.	O	corpo	não	é	uma	prisão	nem	um	
túmulo,	nem	o	receptáculo	do	espírito.	O	corpo	pertence	ao	centro	de	
nossa	personalidade,	por	isso	nele	nos	expressamos	e	falamos.	É	pre-
© Ética da Família do Amor e da sexualidade42
 Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO
ciso	dar	muita	atenção	a	nossa	realidade	física,	para	conseguir	uma	
saúde	não	somente	corporal,	mas	também	espiritual.
5. COMPREENSÃO TEOLÓGICA DA SEXUALIDADE
Para	 muitos,	 a	 religião	 cristã	 tem	 um	 discurso	 negativo	 e	
condenatório	da	sexualidade.	É	verdade	que,	em	diferentes	perío-
dos	históricos,	houve	pensamentos	que	não	se	adequavam	com	a	
mensagem	do	Evangelho,	concepções	antropológicas	que	estavam	
mais	relacionadas	com	o	contexto	em	que	surgiram	do	que	com	a	
mensagem	da	salvação.
Para	esclarecer	determinadas	dúvidas,	vamos	discutir	algu-
mas	ideias	importantes	sobre	a	sexualidade	que	a	visão	cristã	não	
pode	deixar	passar.
A sexualidade é também o lugar de encontro com o 
transcendente 
As	concepções	antropológicas	cristãs	reconhecem	que	a	pes-
soa	é	um	sujeito	de	relações,	um	ser	aberto	aos	demais	e	sua	di-
mensão	sexual	é	precisamente	uma	força	que	o	empurra	para	fora	
de	si,	para	se	comunicar.
	A	sexualidade	não	tem	um	caráter	individualista,	mas	inter-
pessoal:	é	comunicação,	entrega	e	abertura.	É	também	um	cami-
nho	para	a	expressão	profunda	do	afeto	e	da	espiritualidade	entre	
as	pessoas.
Embora	exista	um	tipo	de	comunicação	especial	que	se	vive	
entre	os	casais,	a	sexualidade	não	se	 limita	a	uma	relação	entre	
dois.	Nós	nos	comunicamos	por	meio	da	nossa	sexualidade,	assim	
vamos	construindo	laços	e	edificando	a	comunidade.	
Mas,	 essa	 dimensão	 de	 abertura	 da	 sexualidade	 é	 vivida	
também	em	relação	ao	transcendental.	Para	entender	essa	ideia,	
partimos	da	realidade,	da	sexualidade	como	um	mistério	que	des-
perta	no	ser	humano	fascinação	e	terror.
43© Compreensão Antropológica da Sexualidade
Nos	povos	antigos,	criaram-se	práticas	 religiosas	em	que	a	
sexualidade	estava	envolvida	em	um	manto	de	divindade:	a	pros-
tituição	sagrada,	as	virgens	consagradas	aos	deuses,	as	orgias	re-
ligiosas	etc.	A	sexualidade	indicava	um	caminho	de	comunicação	
com	o	mundo	 dos	 deuses.	 Havia	 também	 sociedades	marcadas	
pelo	medo	da	própria	sexualidade,	povos	que	reprimiam	ou	des-
prezavam	o	próprio	prazer	sexual.	Por	isso	criavam	regras	rígidas,	
rejeição	ou	tabus	sobre	a	sexualidade.	Em	suma,	os	povos	experi-
mentavam	a	grandeza	e	a	limitação	da	própria	sexualidade.
Os	povos	modernos	ou	pós-modernos	não	escapam	deste	
mistério	que	esconde	a	sexualidade,	mas	têm	buscado	novos	ca-
minhos	com	novas	características.
Hoje	falamos	da	“neosacralização	da	sexualidade.”	Ela	já	não	
é	tanto	uma	forma	de	comunicação	e	de	entrega,	mas	um	fim	em	
si	mesmo	que	se	oferece	como	possibilidade	de	vivê-lo	plenamen-
te.	É	uma	realidade	primeira	e	final	em	si	mesma.	Há	um	culto	ao	
sexo	e	uma	religião	que	gira	em	torno	de	uma	falsa	concepção	de	
liberdade.	O	prazer	e	a	própria	satisfação	é	tudo	o	que	importa.
Não	estamos	criticando	o	prazer	que	pode	dar	a	sexualidade,	
mas	o	querer	convertê-lo	em	um	fim,	como	se	ele	pudesse	nos	dar	
as	chaves	da	felicidade	eterna.	O	prazer	é	bom,	mas	não	satisfaz	
mais	do	que	um	tempo	preciso.	O	prazer	não	é	capaz	de	preencher	
todas	as	lacunas	e	as	nossas	angústias.
Hoje	é	um	desafio	querer	viver	corretamente	a	sexualidade	
e	compreender	o	verdadeiro	sentido	da	abertura	ao	absoluto,	a	
Deus.	A	sexualidade	é	sempre	um	lugar	privilegiado	para	experi-
mentar	a	nossa	grandeza	e	a	nossa	limitação.	A	insatisfação	é	um	
indicador	de	transcendência.
O	mistério	próprio	da	sexualidade	revela	a	necessidade	que	
temos	de	transcendência.
“O sexo promete o que não pode dar, mas abre a porta para uma rea-
lidade misteriosa, mais além dele mesmo, que pode oferecer o pleno 
e total gozo ao coração faminto” (Gastaldi y Perelló, 1991, p.60). 
© Ética da Família do Amor e da sexualidade44
 Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO
	 Deus	é	o	“Tu”	do	ser	humano	que	desde	o	profundo	do	seu	
coração	sente	a	necessidade	de	comunicar-se	e	entregar-se	como	
é,	em	pessoa.	Às	vezes	erramos	e	desconhecemos	essa	necessida-
de,	endeusando	a	nós	mesmos.	Mas	continuará	em	nós	essa	an-
gústia	por	buscar	a	verdade.	Assim,	sabemos	que	o	“Tu”	de	Deus	
em	comunidade,	é	como	uma	realidade	não	individual	e	solitária,	
mas	também	de	Comunidade	de	amor.	Também	assim	somos	nós.	
Mais	uma	vez,		recomendamos	que	você	se	lembre	do	que	viu	em	
Antropologia	teológica.	
Deus cria a pessoa sexuada
Outras	 religiões	divinizaram	a	 sexualidade,	mas	o	povo	de	
Israel	não	o	fez	assim.	Em	toda	a	Bíblia,	notamos	um	processo	de	
dessacralização	da	sexualidade.
Para	o	povo	de	Deus,	a	sexualidade	assume	uma	configura-
ção	humana:	o	sexo	é	humano	e	não	divino.	Jeová	não	é	um	deus	
sexuado,	não	cria	as	coisas	unindo-se	com	outra	deusa,	como	acre-
ditavam	as	religiões	cananeias.	
A	imagem	de	Deus	como	Pai,	que	está	no	Velho	Testamento,	
é	apenas	isso,	uma	imagem	que	lembra	as	ações	de	Deus:	um	Deus	
Pai,	que	ama	a	seu	filho,	seu	povo,	o	liberta	e	anda	junto	com	ele.	
Em	 suma,	 com	essaimagem	querem	 referir	 ao	modo	pelo	 qual	
Deus	se	relaciona	com	o	seu	povo.
A	sexualidade	é	criação	de	Deus	e	por	isso	é	boa,	por	vir	do	
Deus	 Criador.	 Deus	 criou	 o	 ser	 humano	 homem	 e	mulher,	 sem	
nenhuma	ideia	de	subordinação	um	do	outro.	É	verdade	que	en-
contramos	na	Bíblia	costumes	de	ideias	patriarcais	ou	machistas,	
em	que	a	mulher	é	valorizada	apenas	por	seu	ventre	fértil,	como	
propriedade	dos	homens,	como	uma	sedutora	que	os	tenta	para	o	
pecado,	como	um	perigo	a	que	se	deve	tomar	cuidado.		Assim,	isso	
não	tem	nada	a	ver	com	o	plano	de	Deus:	Deus	a	criou	da	mesma	
natureza	que	a	do	homem,	dá-lhes	a	terra	e	o	mandato	de	cuidá-
la.	(Gen.	1,	26-31).
45© Compreensão Antropológica da Sexualidade
Dessa	maneira,	os	comportamentos	patriarcais	e	machistas	
que	aparecem	na	Bíblia	têm	a	ver	com	o	pecado	que	danificou	a	
relação	entre	as	pessoas.	A	Bíblia	afirma	a	igualdade	de	sexo.
A sexualidade está intimamente ligada ao amor
O	amor	é	parte	da	humanização	do	ser	humano.	Sem	os	cui-
dados	básicos	de	carinho,	uma	pessoa	não	poderia	sobreviver	e	
morreria.	Mas,	o	que	é	o	amor	e	que	relação	existe	com	a	sexua-
lidade?
O	amor	é	o	que	leva	a	pessoa	a	se	entregar,	a	confiar,	a	se	
abrir	e	dialogar	com	o	outro.	Podemos	dizer	que	existem	três	ní-
veis	de	diálogo	de	amor:
•	 	genital-afetivo;
•	 	amor	entre	amigos;
•	 amor	do	Amor	(ágape).
	Vejamos	brevemente	do	que	se	trata	cada	um.
A	nível	genital-afetivo,	o	amor	manifesta-se	entre	o	casal	de	
um	modo	único	e	 íntimo.	Este	nível	de	atração	física	é	mais	 for-
te	que	nos	demais.	 É	 um	amor	erótico	 (eros),	 interpessoal,	 que	
busca	a	união	e	a	entrega	mútua.	O	prazer	genital,	associado	ao	
amor,	aparece	aqui	como	consequência	da	entrega	amorosa.	Há	
uma	atração	psicológica	sobre	o	outro,	que	se	busca	“estar”	com	
o	outro.
O	amor	entre	amigos	é	um	amor	que	não	se	exprime	na	re-
lação	íntima	sexual.	Busca	o	diálogo	e	o	encontro	além	do	genital.	
“O	amigo	é	a	única	pessoa	que	se	fala	abertamente	e	se	pensa	em	
alto”	(PIEPER,	1980,	p.	543).
Embora	não	haja	aqui	uma	intimidade	como	na	anterior,	nem	
por	isso	a	sexualidade	deixa	de	estar	comprometida.	Uma	pessoa	é	
amigo	ou	amiga	sexuadamente	sempre.	Queremos	com	e	através	
do	corpo.
© Ética da Família do Amor e da sexualidade46
 Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO
		 No	processo	de	desenvolvimento	humano,	o	conceito	de	
amizade	vai	mudando	e	amadurecendo.	Aqui	nos	referimos	à	ins-
tância	da	vida	adulta,	em	que	a	pessoa	procura	a	companhia	de	
outros	e	outras.	Portanto,	não	é	a	mesma	coisa	a	amizade	entre	os	
adolescentes	e	entre	os	adultos.
		 Muitas	pessoas	ao	invés	de	falar	de	amor	entre	amigos	pre-
ferem	falar	de	amizade.	Mas	a	amizade	não	é	uma	forma	de	amor?	
Nós	amamos	aos	amigos.
Lembre-se de que o amor entre amigos também busca o bem-es-
tar do amigo, se preocupa com ele, se alegra com sua felicidade.
Há	também	outro	amor	que	busca	o	“Primeiro	Amante”.	É	
um	amor	que	transforma	o	nosso	próprio	amor	para	com	as	pes-
soas,	é	o	que	dá	uma	confirmação	totalmente	nova	e	realmente	
absoluta.
Estamos	falando	do	amor	Ágape,	que,	como	 lembra	Bento	
XVI,	aparece	muitas	vezes	no	Novo	Testamento,	indicando	o	amor	
voluntário	de	quem	procura	exclusivamente	o	bem	do	outro. 
Na	encíclica,	Deus Caritas est,	Bento	XVI	nos	 lembra	que	o	
amor	ágape	pode	purificar	o	amor	eros,	sem	extingui-lo		e	que	o	
eros	de	Deus	para	com	o	homem	é,	por	sua	vez,	ágape.	
Com	o	amor	ágape	se	chega	a	uma	profunda	comunhão,	que	
inclui	o	respeito	absoluto	pela	pessoa	do	outro,	de	sua	liberdade,	
de	sua	própria	vida,	há	um	amor	plenamente	desinteressado	que	
visa	à	 realização	do	 ser	 amado,	 incluindo	a	autêntica	 ternura,	o	
desejo	de	que	o	outro	seja	ele	mesmo.
Como	vimos,	podemos	falar	de	diferentes	níveis	de	amor	e	
todos	se	expressam	através	do	corpo,	porque	são	amores	huma-
nos.
Em	suma,	como	diz	Erich	Fromm,	o	amor	é	uma	arte	e,	como	
tal,	uma	ação	voluntária	que	se	empreende	e	se	aprende,	não	uma	
47© Compreensão Antropológica da Sexualidade
paixão	que	é	imposta	contra	a	vontade	de	quem	a	vive.	O	amor	é,	
assim,	decisão,	escolha	e	atitude.
Erich Fromm ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Erich Fromm (1921-1989) A prática e o ensino da Psicanálise no México foram 
inauguradas pelo Dr. Fromm, em 1950, problemas de saúde de sua esposa o 
obrigaram passar a sua residência de Nova York para o México em busca de 
um clima mais propício para sua recuperação. Sua presença no meio leva a um 
grupo de médicos a procurar-lhe para solicitá-lo análise e formação psicanalítica. 
Desse grupo surgiria a Sociedade Mexicana de Psicanálise em 1956. Nasceu em 
Frankfurt, estudou filosofia na Universidade de Heidelberg, e realizou seus estu-
dos e treinamento psicanalítico no Instituto Psicanalítico de Berlim. Inicia contato 
com a Escola de Frankfurt, onde trabalhou em estreito contato com Herbert Mar-
cuse, Walter Benjamin e Theodor Adorno. Sua orientação teórica levará a marca 
importante da Teoria Crítica, que irá resultar em um sistema teórico psicanalítico 
com forte interpretação sociológica.
 A ascensão do nazismo na Alemanha levou-o a emigrar para os Estados Unidos 
até que ele se mudou para o México, onde fez um trabalho importante de ensino 
e difusão da psicanálise. Leciona na Universidad Nacional Autónoma de México, 
gerencia a coleção de Psicologia e Psicanálise da prestigiada editora Fondo de 
Cultura Económica, pratica a psicanálise e monitora a prática dos seus discípu-
los. Pensador inquieto publica um grande número de livros entre os quais desta-
camos O medo da liberdade, psicanálise da sociedade contemporânea, A Arte de 
Amar, O dogma de Cristo, Ter ou ser?, A missão de Sigmund Freud, etc.
Funda a Sociedade Psicanalítica Mexicana em 1956.
O Instituto Mexicano de Psicanálise em 1963.
A Revista de Psicanálise, Psiquiatria e Psicologia em 1965.
Faleceu na Suíça, na cidade de Muro. (Disponível em: <http://www.psicomundo.
org/fromm/frommbio.htm>. Acesso em: 10 ago. 2010).
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Cristianismo histórico e sexualidade
	 Para	entender	corretamente	a	visão	cristã	da	sexualidade,	
não	basta	fazer	um	estudo	da	Bíblia,	é	necessário	percorrer	o	cami-
nho	histórico	das	tradições	da	Igreja	sobre	o	tema	da	sexualidade.	
Essas	 tradições	 também	marcaram	o	nosso	pensamento	e	 com-
portamento	sexual.
	 Muitos	 fatores	moldaram	 o	 pensamento	 cristão	 sobre	 a	
sexualidade	ao	 longo	da	história.	Não	só	as	próprias	 fontes,	 isto	
é,	claramente	religiosas,	mas	também	pensamentos	pré	ou	extra-
cristão,	que	influenciaram	na	visão	da	pessoa	e	sua	sexualidade.
© Ética da Família do Amor e da sexualidade48
 Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO
Várias	dessas	tendências	tinham	uma	visão	negativa	da	an-
tropologia	sexual	do	ser	humano,	uma	visão	errada	que	marcou	a	
teologia	cristã	e,	em	especial,	a	teologia	moral	sexual	cristã.
Uma	dessas	correntes	 filosófica	pré-cristã	 foi	o	estoicismo,	
com	uma	forte	visão	negativa	do	corpo	e	da	sexualidade	em	ge-
ral.	Nela	se	defendia	a	postura	do	domínio	da	vontade	sobre	as	
emoções.	 A	 paixão	 era	 vista	 como	 irracional,	 enfraquecia	 o	 ho-
mem	e,	por	isso,	era	desprezada.	O	homem	feliz	e	virtuoso	tinha	
de	ser	guiado	unicamente	pela	razão.	Qualquer	paixão	tinha	de	ser	
guiada	e	controlada	por	ela.	A	relação	sexual	era	permitida	ape-
nas	para	a	procriação,	já	que	havia	expressões	não	racionais,	mas	
emocionais.
Estoicismo: é uma escola filosófica na antiga Grécia. Para os es-
toicos o primeiro imperativo ético era viver conforme a natureza, o 
qual equivale a dizer conforme a razão, pois a natureza do homem 
é racional. O bem e a virtude consistem, portanto, em viver de 
acordo com a razão, evitando as paixões. A paixão é o contrário 
da razão, é algo que lhe sucede e que você não pode controlar, 
portanto, deve evitá-la. Esta filosofia influiu muito na teologia e, em 
especial, na moral cristã.
Outra	visão	filosófica-teológica	pré-cristã	que	se	combateu	
nos	primeiros	séculos	foi	o	gnosticismo,	mas	na	disputa	se	infiltroutimidamente	na	posição	oposta.
Gnosticismo: era uma corrente de ideias religiosas diversas, que 
mantinha a imagem do homem desterrado em um mundo imper-
feito, onde devia lutar contra o domínio de seres inferiores malig-
nos. Não é uma corrente filosófica, mas um conjunto de correntes 
distintas, filosóficas e religiosas que tomou alguns elementos do 
platonismo, de Filão, do judaísmo e do cristianismo. Muitos grupos 
gnósticos se tinham por cristãos, causando uma enorme confusão 
no cristianismo. 
Apesar	de	ter	sido	fortemente	contestada	nos	primeiros	sé-
culos	por	alguns	Padres	da	Igreja,	muitos	cristãos	apoiaram	de	uma	
forma	ou	de	outra	essa	visão	negativa	que	influenciava	na	ideia	da	
49© Compreensão Antropológica da Sexualidade
sexualidade	humana.	Aqui	se	entende	muito	bem	porque	a	Igre-
ja	não	aceitou	o	famoso	evangelho	apócrifo	de	Judas,	como	livro	
sagrado.	Era	 impossível	reconciliar	uma	visão	negativa	do	corpo,	
que	transmitia	este	Evangelho,	com	a	visão	de	toda	a	Bíblia,	es-
pecialmente	dos	Evangelhos	canônicos,	nos	quais	se	pode	obser-
var	quanto	Jesus	valorizava	a	vida	do	homem	pleno.	A	influência	
da	cultura	ocidental	sobre	o	pensamento	ético	sexual	da	Igreja	é	
inegável,	assim	como	a	influência	do	cristianismo	sobre	a	cultura	
ocidental.
	Um	santo	que	marcou	a	tradição	cristã	sobre	a	ética	sexual	
foi	 Santo	Agostinho.	 Ele	 reivindica	o	 valor	 do	matrimônio,	 reco-
nhecendo-lhe	um	status	teológico	próprio.	Fala	do	casamento	em	
termos	de	sacramento.	Outra	característica	importante	de	sua	te-
ologia,	é	que	não	confunde	sexualidade	com	pecado	como	se	fazia	
habitualmente	no	seu	tempo.	O	santo	mantém	a	bondade	original	
da	sexualidade,	mas	unicamente	vista	para	a	procriação,	porque	
acredita	que	a	paixão	que	“arrasta”	a	sexualidade,	é	devida	ao	pe-
cado.	Ele	condenava	o	prazer	sexual	como	tal,	porque	este	escapa	
da	razão.
Outro	 grande	 santo	 que	 influenciou	 com	 sua	 teologia	 no	
pensamento	teológico	foi	São	Tomás	de	Aquino.	Um	fato	positivo	
de	seu	olhar	ético	sexual	é	a	reivindicação	do	prazer.	Sob	a	influên-
cia	de	Aristóteles,	a	teologia	do	santo	deixa	de	condenar	o	prazer	
como	um	mal.	O	prazer	não	pode	ser	condenado	a	não	ser	acom-
panhado	de	um	ato	 indigno.	 Infelizmente,	Tomás	não	supera	ao	
seu	mestre	Aristóteles	na	visão	antropológica	da	mulher,	quem	a	
considerava	como	um	“macho	defeituoso”.	
São	Tomás	assume	sua	linha	de	pensamento	quando	diz:
Considerada	em	relação	à	natureza	particular,	a	mulher	é	algo	im-
perfeito	e	casual.	Porque	a	potência	ativa	que	reside	no	sêmen	do	
homem	tende	a	produzir	algo	semelhante	a	si	mesmo	no	gênero	
masculino.	Se	nascer	mulher	é	devido	à	fraqueza	do	poder	ativo,	
ou	à	má	disposição	da	matéria,	ou	também	a	alguma	alteração	pro-
duzida	por	um	agente	extrínseco,	como	os	ventos	do	sul	que	são	
úmidos,	como	se	diz	no	livro	De	Generat	Animal.	Mas	se	considera-
© Ética da Família do Amor e da sexualidade50
 Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO
mos	à	mulher	em	relação	com	toda	a	natureza,	não	é	algo	casual,	
mas	algo	definido	pela	natureza	para	a	geração.	A	intenção	de	toda	
a	natureza	depende	de	Deus,	Autor	da	mesma,	que	produziu	não	
somente	ao	homem	mas	também	à	mulher	(Summa	Theologica,	I,	
q.	92,	ad	1).
Os	santos	também	não	escapam	dos	condicionamentos	que	
influenciam	seus	pensamentos	e	em	suas	vidas:	suas	histórias	pes-
soais,	as	ideias	de	seu	tempo,	as	lutas	particulares	que	apoiam,	as	
crises	etc.	Um	exemplo	claro	pode	ser	Santo	Agostinho.
O	santo,	após	sua	conversão,	passa	da	defesa	do	prazer,	ca-
racterística	da	fase	maniqueia,	à	rejeição	total.	Para	Santo	Agosti-
nho	(que	começou	a	combater	a	heresia	a	que	pertenceu	há	anos),	
agora	o	prazer	e	a	paixão	estão	relacionados	com	o	pecado.
Se	não	houvesse	entrado	o	pecado	no	mundo,	a	sexualidade	
teria	sido	capaz	de	ser	livre	do	prazer.	A	participação	dos	cônjuges	
na	geração	dos	filhos	poderia	ter	sido	realizada	sem	essa	dita	pai-
xão.	E	assim,	Agostinho	defende,	contra	o	maniqueísmo,	a	bonda-
de	da	sexualidade	procriadora,	e	contra	o	pelagianismo,	mantém	
a	 força	 da	 concupiscência	 que	 vincula	 pecado	 com	 prazer.	 (Eric	
Fuchs,	Desejo	e	Ternura.	Fontes	e	história	de	uma	ética	cristã	da	
sexualidade	e	do	matrimônio.	Bilbao,	Desclée	de	Brouwer,	1995).
Fase Maniqueia: A sexta gnóstica dos maniqueístas acreditava 
que o espírito do homem é de Deus, mas o corpo do homem é do 
demônio, como todo o mundo material. Exigia-se aos membros 
mais perfeitos da sexta uma vida de ascetismo total. A maior par-
te dos adeptos, como Agostinho, pertencia a uma classe inferior, 
na qual havia casados ou concubinos, como Agostinho. Apesar de 
desprezar o corpo, eram permitidas as relações sexuais, mas com 
a condição de não procriar. 
O	importante	nisso	tudo	é	que	devemos	saber	ler	seus	escri-
tos,	deixando	de	lado	o	que	corresponde	a	seu	tempo	e	trazendo-
nos	a	 força	de	seu	espírito	que	nos	ajuda	a	crescer	em	entendi-
mento	e	sabedoria	da	mão	de	Deus.
51© Compreensão Antropológica da Sexualidade
A	influência	da	cultura	ocidental	sobre	o	pensamento	ético	
sexual	da	Igreja	é	inegável,	assim	como	a	influência	do	cristianismo	
sobre	a	 cultura	ocidental.	 Em	contrapartida,	podemos	dizer	que	
houve	ao	longo	da	história	teológica	uma	evolução	do	pensamen-
to	sobre	a	realidade	sexual	do	ser	humano.
Em	 geral,	 como	 diz	 Mifsud,	 a	 igreja	 preocupou-se	 com	 a	
questão	da	sexualidade	humana	no	contexto	do	amor	conjugal	ou	
de	consagração	virginal	e	conseguiu	afirmar	a	dignidade	do	matri-
mônio	e	de	proclamá-lo	como	um	lugar	privilegiado	da	sexualida-
de	humana.
O padre jesuíta Mifsud é um teólogo moralista nascido em Malta, 
mas que há muito tempo optou pela América latina. Atualmente 
vive no Chile.
Pode-se	observar	em	geral	uma	evolução	que	vai	desde	uma	
concepção	restrita	a	uma	compreensão	mais	abrangente	da	sexu-
alidade.	Em	geral,	podemos	dizer	que,	desde	o	Concílio	Vaticano	II,	
há	uma	visão	mais	pessoal,	onde	os	valores	pessoais	e	comunitá-
rios	em	torno	do	eixo	do	amor	humano	são	imprescindíveis.
Algumas ideias de ensino sobre a sexualidade
Normalmente,	o	magistério	trata	o	tema	da	sexualidade	no	
contexto	do	casamento,	mas	em	geral	podemos	afirmar	que:
•	 O	Concílio	Vaticano	II	resguardou	da	tradição	a	visão	po-
sitiva	da	pessoa	humana,	aprofundou-se	suas	ideias	e	as	
incorporou	 no	 documento	 Gaudium et Spes,	 especial-
mente	no	nº.	12.	Em	suma,	podemos	dizer	que	nele	há	
uma	visão	dinâmica	do	amor	humano	e	da	sexualidade,	
se	insiste	na	igualdade	entre	homens	e	mulheres,	salien-
tando	a	 importância	de	uma	educação	 sexual	 saudável,	
especialmente	no	seio	da	família;	distingue	entre	a	ativi-
dade	sexual	dos	animais	e	a	sexualidade	especificamente	
humana	e	é	transmitida	por	meio	de	uma	concepção	pu-
© Ética da Família do Amor e da sexualidade52
 Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO
ramente	biológica	para	uma	abordagem	mais	pessoal	da	
sexualidade	humana,	isto	é,	que	está	em	sintonia	com	a	
moral	renovada.
•	 João	Paulo	II,	em	suas	catequeses	às	quartas-feiras,	dedi-
cou	muita	atenção	na	questão	da	sexualidade	e	da	corpo-
reidade,	afirmando	de	forma	positiva	a	natureza	da	entre-
ga	do	corpo	e	a	natureza	dialógica	da	sexualidade.	
•	 O	 Catecismo	 da	 Igreja	 Católica	 no	 n	 º	 2332	 estabelece	
que:
A	sexualidade	abrange	 todos	os	aspectos	da	pessoa	humana,	na	
unidade	de	seu	corpo	e	de	sua	alma.	Particularmente	se	refere	à	
afetividade,	à	capacidade	de	amar	e	de	procriar	e,	mais	geralmente,	
à	capacidade	de	estabelecer	vínculos	de	comunhão	com	o	outro.
No	nº.	2335	também	assinala	que:	cada	um	dos	dois	se-
xos	é,	com	igual	dignidade,	embora	de	uma	maneira	dife-
rente,	imagem	do	poder	e	da	ternura	de	Deus.	
6. CONSIDERAÇÕES
Como	você	pôde	acompanhar	no	estudo	desta	unidade,	po-
demos	dizer	que	a	compreensão	cristã	da	sexualidade	é	claramen-
te	positiva:	Deus	criou	o	homem	sexuado,	homem	e	mulher,	e	eles	
se	complementam	e	precisam	um	do	outro.	Eles	são	a	imagem	de	
Deus,	e	ambos	devem	ser	respeitados	por	sua	condição	humana.	
A	Bíblia	 foi	escrita	porhomens	 influenciados	por	seus	 res-
pectivos	contextos.	Nela	podemos	facilmente	encontrar	situações	
em	que	a	mulher	é	valorizada	apenas	por	sua	capacidade	de	gerar	
filhos.	É	necessário	um	estudo	sério	dos	relatos	bíblicos	para	não	
confundir	a	mensagem	de	Deus	com	as	tradições	patriarcais	da-
queles	tempos.
Dessa	 forma,	 o	 ser	 humano	 como	 um	 todo	 e	 sua	 relação	
homem	e	mulher	está	perturbado	pelo	pecado.	Seria	contrário	à	
revelação	considerar	a	sexualidade	como	 lugar	de	pecado.	A	se-
xualidade,	como	toda	a	pessoa,	continua	a	ser	boa	em	si,	mesmo	
após	a	queda.
53© Compreensão Antropológica da Sexualidade
Afirmamos	que	Jesus	volta	ao	relato	original:	a	mulher	volta	
a	ser	valorizada	como	tal,	além	de	sua	capacidade	para	ser	mãe.	
Ela	pode	ser	discípula,	amiga,	companheira	na	aventura	de	propa-
gar	a	mensagem	de	Jesus.	Em	Jesus	o	ser	humano	está	redimido	e	
sua	sexualidade	está	envolvida	na	redenção	quando	recebe	a	fé	e	
a	graça.	Somente	quando	as	pessoas	superam	o	orgulho,	desejo	de	
dominar	e	de	explorar	os	outros,	a	sexualidade	pode	colaborar	com	
seu	status	de	redimida.	A	revelação	e	toda	a	tradição	lembram	a	
necessidade	de	uma	luta	constante	contra	o	egoísmo	encarnado.
A	Igreja,	por	sua	vez,	esforça-se	para	uma	compreensão	mais	
pessoal	da	sexualidade,	deixando	para	trás	a	visão	negativa	e	de	
rigor,	que	durante	muito	tempo	marcou	a	teologia	moral	sexual.
Não	se	esqueça	de	que	o	amor	e	a	sexualidade	andam	jun-
tos,	porque	o	amor	é	expresso	por	meio	de	nós	homens	e	nós	mu-
lheres.
Na	unidade	seguinte,	você	será	convidado	a	conhecer	a	vi-
são	 sexual	 da	Bíblia,	 bem	como	a	 interpretar	os	 relatos	bíblicos	
referentes	à	moral	sexual.
Esperamos	por	você!
 Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO

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