Prévia do material em texto
AO JUÍZO DE DIREITO DA VARA CÍVEL DA COMARCA DO MUNICÍPIO BETA JOSÉ ALMEIDA SANTOS, brasileiro, solteiro, estudante, inscrito no RG sob o n° 274932-1 e no CPF sob o n° 186.538.072-55, residente e domiciliado na rua Gumercindo Bessa, n°583, centro, no município Beta/SE, CEP 49200-000, com o endereço eletrônico jose.almeida123@gmail.com, vem respeitosamente à presença de Vossa Excelência, por conduta de seu advogado subscrito, com endereço profissional na Avenida Getúlio Vargas, n° 372, centro, no município Beta/SE, CEP 49200-000 e endereço eletrônico T&Fasssociados@gmail.com, com fundamento na Lei n° 4.717/65 e artigo 5°, inciso LXXIII da Constituição Federal de 1988, propor AÇÃO POPULAR C/C PEDIDO DE LIMINAR E DANOS MORAIS em face do MUNICÍPIO BETA/SE, pessoa jurídica de direito público, inscrito no CNPJ/ME sob o n° 76.207.852/0045 com sede à Rua Barão do Rio Branco, nº 1078, centro, e endereço eletrônico: pref.beta@gov.com.br, VALTER CERQUEIRA ALENCAR, brasileiro, casado, prefeito do município Beta/SE, inscrito no RG sob o n° 001472-3 e no CPF sob o n° 014.870.045-75, residente e domiciliado na rua Barão do Rio Branco, n°271, centro, no município Beta/SE, CEP 49200-000, com o endereço eletrônico pref.beta@gov.com.br, MANUEL DA COSTA VIEIRA, casado, secretário municipal de saúde do município Beta/SE, inscrito no RG sob o n° 257684-1 e no CPF/MF sob o n° 174.321.651-35, residente e domiciliado na rua Francisco Pires, n°431 bairro Alagoas, no município Beta – SE, CEP 49200-000, com o endereço eletrônico manuelcosta355@gmail.com, Município Beta/SE: Avenida Getúlio Vargas, nº 372, Centro, CEP 49200-000. Tel.79 3522-0001 ou 79 99961-2814 T&Fassociados@gmail.com RESPIRADORES S/A, pessoa jurídica de direito privado, localizada na rua São José, n° 823, centro, Aracaju/SE, CEP 49010-730, inscrita no CNPJ/MF 37.583. 462/9023-01, INÁCIO CERQUEIRA ALENCAR, brasileiro, solteiro, empresário, inscrito no RG sob o n° 237149-1 e no CPF/MF sob o n° 065.877.023-45, residente e domiciliado na rua Barão do Rio Branco, n°271, centro, no município Beta/SE, CEP 49200-000, com o endereço eletrônico inacioalencar345@gmail.com, pelos fatos e fundamentos que passa a expor: I – DOS FATOS Durante o período da pandemia da COVID-19 o município Beta/SE efetuou a compra equipamentos hospitalares a preços demasiadamente superiores aos de valor de mercado, que indicam a existência de superfaturamento. Dentre os absurdos verificados está o fato de que o município, de apenas 1.500 habitantes, e que sequer conta com hospital (nem público, nem privado), adquiriu equipamentos hospitalares para uso em procedimentos de alta complexidade, como, por exemplo, respiradores pulmonares. Os respiradores, que no mercado custam R$50.000,00 (cinquenta mil reais), foram adquiridos pela prefeitura ao custo de R$200.000,00 (duzentos mil reais). Como não há hospital no município Beta, os respiradores estão parados em um depósito, sem uso. A referida compra foi feita pelo Secretário Municipal de Saúde, com autorização do Prefeito Municipal, beneficiando diretamente a empresa Respiradores S/A, que fez a venda. Empresa esta, que depois de uma investigação profunda, descobriu-se que Município Beta/SE: Avenida Getúlio Vargas, nº 372, Centro, CEP 49200-000. Tel.79 3522-0001 ou 79 99961-2814 T&Fassociados@gmail.com pertencia ao irmão do prefeito do município, e que a compra dos respiradores serviu apenas para beneficiar os envolvidos no esquema de corrupção. II – DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS 01 – LEGITIMIDADE ATIVA O artigo 5°, inciso LXXIII da Constituição Federal de 1988 e o artigo 1° da Lei n° 4.717/65 asseguram que qualquer cidadão é parte legítima para pleitear a anulação ou declaração de nulidade de atos lesivos ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio e cultural. sendo que a prova da cidadania, para ingresso em juízo, nos termos do § 3º do referido artigo, “será feita com o título eleitoral, ou com documento que a ele corresponda”. Portanto, o Requerente é parte legítima na presente Ação Popular, conforme documentação anexa. 02 – LEGITIMIDADE PASSIVA Conforme o artigo 6° da Lei n° 4.717/65: Art. 6º A ação será proposta contra as pessoas públicas ou privadas e as entidades referidas no art. 1º, contra as autoridades, funcionários ou administradores que houverem autorizado, aprovado, ratificado ou praticado o ato impugnado, ou que, por omissas, tiverem dado oportunidade à lesão, e contra os beneficiários diretos do mesmo. A legitimidade passiva dos requeridos decorrem da participação dos agentes públicos e privados que praticaram os atos lesivos ao patrimônio, bem como todas as pessoas que se beneficiaram e contribuíram para a efetivação do ato. Município Beta/SE: Avenida Getúlio Vargas, nº 372, Centro, CEP 49200-000. Tel.79 3522-0001 ou 79 99961-2814 T&Fassociados@gmail.com 04 - DA CAUSA DE PEDIR Tendo em vista os danos ao patrimônio público gerados em decorrência de atos do poder público municipal, e a referida propositura da ação como forma de viabilizar a ingerência do cidadão na gestão dos recursos públicos, como também tendo por objetivo fazer sanar esses atos, supracitados, são considerados lesivos ao patrimônio público pois decorrem de vício na forma, inexiste motivos plausíveis e desvio da finalidade, sendo assim, quando consistir na omissão ou na observância incompleta ou irregular de formalidades indispensáveis à existência ou seriedade do ato; a inexistência dos motivos se verifica quando a matéria de fato ou de direito, em que se fundamenta o ato, é materialmente inexistente ou juridicamente inadequada ao resultado obtido o desvio de finalidade se verifica quando o agente pratica o ato visando a fim diverso daquele previsto, explícita ou implicitamente, na regra de competência. (Art. 2º, alínea b, d e e, c/c parágrafo único, alínea b, d e e da lei 4717/65). O artigo 5°, inciso LXXIII da Constituição Federal de 1988 também assegura a possibilidade da propositura da Ação Popular para a anular ato lesivo ao patrimônio público bem como a defesa à moralidade administrativa: LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência. Hely Lopes Meirelles afirma que ilegalidade ou ilegitimidade para fins de anulação do ato administrativo, não se restringe somente somente a violação frontal da Lei, abrange não só a clara infringência do texto legal como também, o abuso por excesso ou desvio de poder ou a negativa dos princípios gerais do Direito. No que tange à moralidade administrativa, José dos santos Carvalho Filho ensina: O princípio da moralidade impõe que o administrador público não dispense os preceitos éticos que devem estar presente em sua conduta.Município Beta/SE: Avenida Getúlio Vargas, nº 372, Centro, CEP 49200-000. Tel.79 3522-0001 ou 79 99961-2814 T&Fassociados@gmail.com Deve não só averiguar os critérios de conveniência, oportunidade e justiça em suas ações, mas também distinguir o que é honesto do que é desonesto. Acrescentamos que tal forma de conduta deve existir não somente nas relações entre a Administração e os administradores em geral, como também internamente, ou seja, na relação entre a Administração e os agentes públicos que a integram. Logo, para existir causa de pedir da Ação Popular, tem que haver a configuração da ilegalidade e da lesividade ao patrimônio público e a moralidade administrativa, as quais foram supracitadas e documentadas em anexo. Isto posto, sendo o ato lesivo comprovado, resta a necessidade de anular esse ato contra o patrimônio público, decorrente da finalidade diversa que exige o interesse público, por meio desta Ação Popular. 05 - DOS ATOS LESIVOS E ILEGAIS A respeito da contratação da empresa Respiradores S/A para a venda dos equipamentos, há evidências, comprovadas em anexo, de diversas ilegalidades. Em primeiro lugar, a empresa pertence ao irmão do prefeito do município Beta/Se, servindo apenas para beneficiar os envolvidos no esquema de corrupção. Em segundo lugar, no que concerne a compra pela prefeitura de equipamentos hospitalares, para uso em procedimentos de alta complexidade para uma cidade que não possui hospital público e nem hospital privado. Por fim, os equipamentos adquiridos possuem um valor 4 vezes maior que a média do preço de mercado, demonstrado no tópico “I - DOS FATOS”, caracterizando assim superfaturamento nas contas públicas. 06 - DO DANO MORAL O dano moral é a lesão a um interesse concreto que fira a dignidade humana e todos os princípios a ela inerentes, sendo assim, o referido ato danoso in causa, além de comprometer e violar princípios da administração pública, bem como a renda que poderia ser revertida em benefício dos munícipes, além do fato prejudicar a dignidade da população municipal que elegeu tal representante para gerir e o mesmo por meio de Município Beta/SE: Avenida Getúlio Vargas, nº 372, Centro, CEP 49200-000. Tel.79 3522-0001 ou 79 99961-2814 T&Fassociados@gmail.com esquema de corrupção utilizou renda pública para beneficiar seu irmão. Dessa forma causando um sentimento de indignação. Segundo o código civil de 2002, art. 186, deixa objetivo que aquele que por ação ou omissão causar dano a outrem, ainda que moral, tem por obrigação repará-lo. Da mesma forma que o art. 927, do mesmo código, declara que persistirá a obrigação de reparar ainda que não haja a culpa, se decorrer de ato ilícito. Destarte, sob os ângulos jurisdicional, legal e constitucional, nota-se que o ato ilícito praticado pelos Requeridos nos moldes de que fora apresentado inicialmente são fatores gravíssimos e suficientes a ensejar o dever de indenizar, e que, embora desnecessária a comprovação de culpa em situações desta índole, é certo que ela constitui, ao menos, capacidade elementar de agravar as consequências do ato, fatos presentes no presente pleito. III - DO OBJETO Trata-se de ação popular visando anular os atos lesivos ao patrimônio público bem como a pretensão de danos morais convertido em favor dos munícipes em decorrência dos fatos narrados, qual fora a compra de equipamentos hospitalares com indícios de superfaturamento. IV - DA LIMINAR 01 - PREVISÃO LEGAL Conforme o artigo 5°, §4° da Lei n° 4.717/65: Art. 5°, § 4º Na defesa do patrimônio público caberá a suspensão liminar do ato lesivo impugnado. Na Ação Popular pode ser requerida a medida liminar para suspender e anular o ato lesivo impugnado, bem como a antecipação da tutela – art. 273 e 461 do C.P.C., e demais medidas cautelares preparatórias e incidentais, desde que presentes os requisitos autorizadores (Fumus Boni Iuris e Periculum In Mora). Município Beta/SE: Avenida Getúlio Vargas, nº 372, Centro, CEP 49200-000. Tel.79 3522-0001 ou 79 99961-2814 T&Fassociados@gmail.com Havendo interesse público ou flagrante ilegitimidade, para evitar grave lesão ao poder público, o Presidente do Tribunal, ao qual couber conhecimento do respectivo recurso, realizará despacho fundamentado a fim da execução da liminar. 02 - FUMUS BONI IURIS A probabilidade do direito está evidente, com base em tudo que já foi exposto. A prova produzida junto com a petição inicial, bem como os argumentos nela contidos demonstram a plausibilidade do direito invocado, visto que a autoridade pública requerida violou uma série de normas legais e princípios reguladores da administração, produzindo atos lesivos ao patrimônio público a partir da compra de equipamentos hospitalares para o município Beta, o qual sequer não possui unidade hospitalar. Ao longo de uma investigação foi constatada que a compra dos aparelhos serviu para beneficiar o esquema de corrupção entre os envolvidos, presentes, portanto, o fumus boni iuris. Não há dúvidas quanto à probabilidade do direito, pois as ações relatadas, são contrárias aos princípios constitucionais administrativos e a Lei n° 4.717/65, que diz respeito a Ação Popular. 03 - PERICULUM IN MORA Além disso, apesar de já ter ocorrido lesão ao patrimônio público pela compra de equipamentos hospitalares a preços demasiadamente superiores aos de valor de mercado, o periculum in mora está no indício do superfaturamento, que resultará em dano irreparável à moralidade pública, de nada adiantando o ajuizamento da presente ação para reparação desse bem jurídico protegido pela Constituição Federal. O perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo também é de clareza solar, pois permitir que tais atos continuem é autorizar que o erário e o interesse público continuem sendo prejudicados, além de correr o risco de que, ao final do processo, a sentença se Município Beta/SE: Avenida Getúlio Vargas, nº 372, Centro, CEP 49200-000. Tel.79 3522-0001 ou 79 99961-2814 T&Fassociados@gmail.com torne ineficaz, não restando mais erário público para defender da ilegalidade e ineficiência. Dessa forma, cumprindo os requisitos, devem-se conceder as medidas cautelares necessárias para a preservação do patrimônio público e eficácia do processo. 04 - MEDIDA CAUTELAR ANTECIPADA Pelo princípio da fungibilidade, é requerida a concessão da suspensão liminar do ato lesivo impugnado, ou seja, do contrato referente a compra de equipamentos hospitalares da empresa Respiradores S/A, devido indícios de diversas ilegalidades., conforme §4º do artigo 5º da Lei nº 4.717/65, ou de tutela provisória antecipada, a teor do art. 294, parágrafo único da Lei nº 13.105/15 (CPC). Sendo improcedente a medida cautelar antecipada, haverá a possibilidade de dano irreparável ou de difícil reparação ao patrimônio público, à moralidade administrativa IV - DOS PEDIDOS Diante de todo exposto, requer: A) A concessão da medida cautelar antecipada: A.1) A suspensão do contrato referente a compra de equipamentos hospitalares; A.2) O afastamento dos agentes públicos pelo prazo de 180 dias, no intuito de evitarperda de documentos e provas necessárias ao processo, bem como impedir que novos atos ilegais sejam cometidos. São eles: - VALTER CERQUEIRA ALENCAR, prefeito municipal; - MANUEL DA COSTA VIEIRA, secretário municipal de saúde. Município Beta/SE: Avenida Getúlio Vargas, nº 372, Centro, CEP 49200-000. Tel.79 3522-0001 ou 79 99961-2814 T&Fassociados@gmail.com B) A intimação dos requeridos e do Ministério Público, conforme o artigo 7°, inciso I, alínea “a” da Lei 4.717/65; C) Sejam julgados procedentes os pedidos, para condenar as partes Requeridas ao pagamento de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais) a título de danos morais como também para condenar a empresa RESPIRADORES S/A à restituição dos valores pagos. D) Condenar os requeridos ao pagamento das custas e despesas processuais, com correções monetárias nos termos do artigo 12 da Lei 4.717/ 65. E) Requerer a produção de provas admitidas, a documental, pericial, testemunhal e o depoimento pessoal dos réus. Dá-se à causa o valor de R$ 350.000,00 (trezentos e cinquenta mil reais). Termos em que pede deferimento. Município Beta/SE, 12 de junho de 2020 Luiz Gustavo Costa e Silva ADVOGADO OAB/SE 25006 Município Beta/SE: Avenida Getúlio Vargas, nº 372, Centro, CEP 49200-000. Tel.79 3522-0001 ou 79 99961-2814 T&Fassociados@gmail.com Município Beta/SE: Avenida Getúlio Vargas, nº 372, Centro, CEP 49200-000. Tel.79 3522-0001 ou 79 99961-2814 T&Fassociados@gmail.com