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3-Direito Individual do Trabalho

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Direito Individual do Trabalho 
 
RELAÇÃO DE TRABALHO E RELAÇÃO DE EMPREGO 
 
Leciona Mauricio Godinho Delgado (2019, p.333) que “todas as relações jurídicas 
caracterizadas por terem sua prestação essencial centrada em uma obrigação de fazer 
consubstanciada no labor humano. Refere-se, pois, a toda modalidade de contratação de 
trabalho humano modernamente admissível”. 
 
Exemplos: 
Estágio (Regido pela Lei n. 11.788/2008) 
Trabalho Autônomo 
Trabalho Voluntário 
 
Por sua vez, a relação de emprego, conforme ensina Carlos Henrique Bezerra Leite (2020, 
p.180), “ocupa-se de um tipo específico de atividade humana: o trabalho subordinado, prestado 
por um tipo especial de trabalhador, que é o empegado”. 
 
 
CONTRATOS DE TRABALHO 
 
(CLT, BRASIL, 1943) 
Art. 442 - Contrato individual de trabalho é o acordo tácito ou expresso, 
correspondente à relação de emprego. 
 
Art. 443. O contrato individual de trabalho poderá ser acordado tácita ou 
expressamente, verbalmente ou por escrito, por prazo determinado ou 
indeterminado, ou para prestação de trabalho 
intermitente. (Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017) 
 
 
 
TIPOS DE CONTRATOS DE TRABALHO 
 
• Contrato por prazo determinado 
 
Também conhecidos como contratos a termo, são contratos firmados por prazo determinado 
 
 
(CLT, BRASIL, 1943) 
Art.443 
§ 1º - Considera-se como de prazo determinado o contrato de trabalho cuja 
vigência dependa de termo prefixado ou da execução de serviços 
especificados ou ainda da realização de certo acontecimento suscetível de 
previsão aproximada. 
§ 2º - O contrato por prazo determinado só será válido em se tratando: 
a) de serviço cuja natureza ou transitoriedade justifique a predeterminação do 
prazo; 
b) de atividades empresariais de caráter transitório; 
c) de contrato de experiência. 
 
 
Conforme ensina Homero Batista Mateus da Silva 
 
“O propósito do contrato de trabalho por prazo determinado não é ser curto ou 
longo, mas apenas ser marcado pela característica da fixação prévia de sua 
data final, o que destoa do padrão geral dos contratos de trabalho feitos para a 
posteridade. Contanto que o empregador sinalize adequadamente a data exata 
de extinção do contrato de trabalho ou a data aproximada, como ocorre nos 
contratos de colheita de safra, verificado está o contrato por prazo 
determinado” (SILVA, 2011, p.43). 
 
 
• Contrato por prazo indeterminado 
 
Na lição de Carlos Henrique Bezerra Leite (2020, p.478), “o contrato de trabalho por tempo 
indeterminado é o que se realiza sem fixação prévia de sua duração. Constitui a regra, sendo o 
contrato por tempo determinado a exceção”. 
 
 
CONCEITO DE EMPREGADO 
 
(CLT, BRASIL, 1943) 
“Art. 3º - Considera-se empregado toda pessoa física que prestar serviços de 
natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante 
salário. 
Parágrafo único - Não haverá distinções relativas à espécie de emprego e à 
condição de trabalhador, nem entre o trabalho intelectual, técnico e manual”. 
 
Para que se caracterize a relação empregatícia é necessário a presença de todos os elementos 
essenciais, a saber: trabalho não eventual, pessoalidade, subordinação hierárquica ou jurídica e 
onerosidade. 
 
Acerca dos requisitos essenciais: 
 
Pessoalidade 
“O contrato de trabalho é, via de regra, intuitu personae com relação ao 
empregado, que é sempre pessoa física. Desse modo, presentes os demais 
requisitos da relação empregatícia, mas ausente a pessoalidade do empregado 
na prestação de serviços, não há como ser reconhecido o vínculo de emprego” 
(LEITE, 2020, p.182). 
 
Não eventualidade 
“O contrato de trabalho exige uma prestação de serviço de forma habitual, 
constante e regular, levando-se em conta um espaço de tempo ou uma tarefa a 
ser cumprida. Assim, o trabalho eventual, esporádico, a princípio, não tipifica 
um relação empregatícia” (LEITE, 2020, p.183-184). 
 
Subordinação hierárquica ou jurídica 
“Consiste, assim, na situação jurídica derivada do contrato de trabalho, pela 
qual o empregado compromete-se a acolher o poder de direção empresarial no 
modo de realização de sua prestação de serviços” (DELGADO, 2019, p.349). 
 
 
 
Onerosidade 
“O empregado tem que receber remuneração, seja salário fixo, comissões ou 
utilidades, cujo pagamento pode ser estabelecido por dia, hora ou mês. O 
trabalho prestado a título gratuito, voluntário, por caridade, não é protegido 
pelo direito do trabalho” (LEITE, 2020, p.185). 
 
 
TIPOS ESPECIAIS DE EMPREGADO 
 
• Empregado Doméstico 
 
(BRASIL, LC 150/2015) 
“Art. 1° Ao empregado doméstico, assim considerado aquele que presta 
serviços de forma contínua, subordinada, onerosa e pessoal e de finalidade não 
lucrativa à pessoa ou à família, no âmbito residencial destas, por mais de 2 
(dois) dias por semana, aplica-se o disposto nesta Lei”. 
 
 
• Empregado Rural 
 
(BRASIL, LEI Nº 5.889/1973) 
Art. 2º Empregado rural é toda pessoa física que, em propriedade rural ou 
prédio rústico, presta serviços de natureza não eventual a empregador rural, 
sob a dependência deste e mediante salário. 
 
Ricardo Resende (2014) leciona que “o empregado será rural (também chamado rurícola) 
sempre que seu empregador se dedique a explorar, com finalidade econômica (visando o 
lucro), atividade rural”. 
 
 
• Contrato de Aprendizagem 
 
(BRASIL, 1973) 
“Art. 428. Contrato de aprendizagem é o contrato de trabalho especial, 
ajustado por escrito e por prazo determinado, em que o empregador se 
compromete a assegurar ao maior de 14 (quatorze) e menor de 24 (vinte e 
quatro) anos inscrito em programa de aprendizagem formação técnico-
profissional metódica, compatível com o seu desenvolvimento físico, moral e 
psicológico, e o aprendiz, a executar com zelo e diligência as tarefas 
necessárias a essa formação” (Redação dada pela Lei nº 11.180, de 2005). 
 
Ricardo Resende (2014) ensina que “o contrato de aprendizagem é um contrato de trabalho 
especial, que mescla a prestação de serviços tradicional à aprendizagem profissional do 
trabalhador, a fim de lhe garantir qualificação e formação profissional metódica”. 
 
 
EMPREGADOR 
 
(CLT, BRASIL, 1943) 
“Art. 2º - Considera-se empregador a empresa, individual ou coletiva, que, 
assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a 
prestação pessoal de serviço. 
§ 1º - Equiparam-se ao empregador, para os efeitos exclusivos da 
relação de emprego, os profissionais liberais, as instituições de beneficência, 
as associações recreativas ou outras instituições sem fins lucrativos, que 
admitirem trabalhadores como empregados. 
 
 
 
Ricardo Resende (2014) comunga da mesma crítica de diversos doutrinadores no tocante a 
redação do art.2° da CLT (BRASIL, 1943), conceituando como empregador “a pessoa (física 
ou jurídica) ou mesmo o ente despersonificado (p. ex., a massa falida) que contrata pessoa física 
para lhe prestar serviços, sendo que estes serviços devem ser prestados com pessoalidade, não 
eventualidade, onerosidade, alteridade e sob subordinação”. 
 
___________________________________ 
REFERÊNCIAS 
 
BRASIL. DECRETO-LEI Nº 5.452, DE 1º DE MAIO DE 1943 “Aprova a Consolodição das Leis do 
Trabalho - CLT”. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-
lei/Del5452compilado.htm Acesso em 28/07/2020. 
 
BRASIL. LEI Nº 5.889, DE 8 DE JUNHO DE 1973. “Estatui normas reguladoras do trabalho rural”. 
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L5889.htm Acesso em 19/09/2020. 
 
BRASIL. LEI COMPLEMENTAR Nº 150, DE 1º DE JUNHO DE 2015. “Dispõe sobre o contrato de 
trabalho doméstico”. Disponível em: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LCP/Lcp150.htm#art46 Acesso em 19/09/2020. 
 
DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de direito do trabalho: obra revista e atualizada conforme a lei 
da reforma trabalhista e inovações normativas e jurisprudenciais posteriores. 18 ed., São Paulo: Ltr, 
2019. 
 
LEITE,Carlos Henrique Bezerra. Curso de direito do trabalho. 12.ed., São Paulo: Saraiva Educação, 
2020. 
 
MARTINS, Sergio Pinto. Direito do trabalho. 17.ed., São Paulo: Atlas, 2003. 
 
RESENDE, Ricardo. Direito do trabalho esquematizado. 4.ª ed. rev., atual. e ampl., Rio de Janeiro: 
Forense; São Paulo: MÉTODO, 2014.

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