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Módulo Tributo e Segurança Jurídica SEMINÁRIO V - SEGURANÇA JURÍDICA E PROCESSO: COISA JULGADA AÇÃO RESCISÓRIA E PRECEDENTES EM MATÉRIA TRIBUTÁRIA ALUNA: PATRICIA PEREIRA BARRETO Questões 1. Tomando o conceito fixado por Paulo de Barros Carvalho1 acerca do princípio da segurança jurídica: “dirigido à implantação de um valor específico, qual seja o de coordenar o fluxo das interações inter-humanas, no sentido de propagar no seio da comunidade social o sentimento de previsibilidade quanto aos efeitos jurídicos da regulação da conduta.” Pergunta-se: a) Que é segurança jurídica? Qual sua relevância? Buscando definir segurança jurídica, podemos afirmar pela acepção das palavras que: segurança denota significado de estabilidade, firmeza, o que se está livre de danos e riscos de eventuais mudanças numa situação em que nada há de temer, uma garantia. O complemento, formado pela palavra “jurídica” indica que está dentro do direito, ou melhor, do sistema jurídico, em conformidade com o direito, com os princípios do direito, lícito e legal. No sistema jurídico brasileiro, a segurança jurídica faz parte do Estado Democrático de Direito, sendo enquadrado como um princípio constitucional, podendo ser evidenciado tanto no caput do art. 5º da CF, como no incisco XXXVI, vejamos: Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo- se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada; 1. In Curso de direito tributário. 15ª edição. São Paulo: Saraiva, 2003, p. 149. Módulo Tributo e Segurança Jurídica Importante salientar que a Segurança Jurídica também é vista como um sobreprincípio, segundo entendimento de Paulo de Barrros Carvalho2, e, engloba, diversos princípios a serem verificados e contemplados, quais sejam: Princípio da Anterioridade, Legalidade, Legalidade Estrita, Universalidade da Jurisdição, Vedação do Emprego do Tributo com efeitos Confiscatórios, Irretroatividade das Leis, Ampla Defesa e Devido Processo Legal. A relevância da segurança jurídica garante ao cidadão do país, a tranquilidade da estabilidade das relações jurídicas, das decisões, a harmonia, organização, sossego e disciplina das relações jurídicas, a confiança e a certeza do direito. b) Analisando o ordenamento jurídico como um todo, isto é, as normas de direito material (constitucional e tributário) e processual civil, texto constitucional e infralegal, indique limites objetivos cuja função no sistema é dar efetividade à segurança jurídica, justificando sua resposta com motivos e indicação do dispositivo normativo. Para auxiliá-lo(a), segue um exemplo: formação da coisa julgada num processo, mecanismo processual que impede a rediscussão da mesma questão em outro processo – art. 5º, XXXVI da Constituição Federal/1988, art. 502 do CPC/2015. Conforme alhures esposado, a Segurança Jurídica é considerada um sobreprincípio englobando os princípios: da Anterioridade, Legalidade, Legalidade Estrita, Universalidade da Jurisdição, Vedação do Emprego do Tributo com efeitos Confiscatórios, Irretroatividade das Leis, Ampla Defesa e Devido Processo Legal, dispostos no art.5º da CF ou dispersos na Constituição. Assim também assevera o próprio art. 150 que na Seção relativa as Limitações do Poder de Tributar: Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: Entendemos que referidos princípios são considerados Limites Objetivos realizadores do 2 CARVALHO, Paulo de Barros. Tema XXXIV. Segurança Jurídica e a Modulação de Efeitos. Deveres Instrumentais. Disponibilizado no Seminário V – Tributo e Segurança Jurídica. IBET. Módulo Tributo e Segurança Jurídica valor da segurança jurídica. Importante ainda trazer a colação o entendimento de Paulo de Barros Carvalho3 que esplendidamente afirma: “Renovo, neste momento, a posição segundo a qual, abaixo da justiça, o ideal maior do direito é a segurança jurídica, sobreprincípio que se irradia por todo o ordenamento e tem sua concretização realizada por meio de outros princípios, tal como o da irretroatividade das leis.” c) As prescrições do CPC/15 voltadas à estabilização da jurisprudência vêm ao encontro da realização da segurança jurídica (vide arts. 9 º ,10 , 926, 535, §§5 º , 6º ,7 º e 8º 927 ambos do CPC/15) em hipóteses como a de mudança de orientação de jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, como, por exemplo, ocorreu no caso do direito à manutenção do crédito de ICMS na hipótese de saída de mercadorias com redução de base de cálculo (sobre essa questão ver RE 161.031/MG e 174.478/SP – Anexos I e II)? O STF no RE 161.031, decidiu conforme ementa abaixo: ICMS - PRINCÍPIO DA NÃO-CUMULATIVIDADE - MERCADORIA USADA - BASE DE INCIDÊNCIA MENOR - PROIBIÇÃO DE CRÉDITO - INCONSTITUCIONALIDADE. Conflita com o princípio da não- cumulatividade norma vedadora da compensação do valor recolhido na operação anterior. O fato de ter-se a diminuição valorativa da base de incidência não autoriza, sob o ângulo constitucional, tal proibição. Os preceitos das alíneas "a" e "b" do inciso II do § 2º do artigo 155 da Constituição Federal somente têm pertinência em caso de isenção ou não-incidência, no que voltadas à totalidade do tributo, institutos inconfundíveis com o benefício fiscal em questão. Assim, ficou decidido que nos casos de redução na BC do ICMS, o princípio da não 3 CARVALHO, Paulo de Barros. Tema XXXIV. Segurança Jurídica e a Modulação de Efeitos. Deveres Instrumentais. Texto Disponibilizado no Seminário V – Tributo e Segurança Jurídica. IBET. Módulo Tributo e Segurança Jurídica cumulatividade poderia ser violado, de maneira que não caberia falar em creditamento quando houvesse a redução da base de cálculo – não se tratava de isenção parcial, mas de caso de incidência reduzida. Posteriormente veio a decisão do RE 174.478, com a seguinte ementa: EMENTA: TRIBUTO. Imposto sobre Circulação de Mercadorias. ICMS. Créditos relativos à entrada de insumos usados em industrialização de produtos cujas saídas foram realizadas com redução da base de cálculo. Caso de isenção fiscal parcial. Previsão de estorno proporcional. Art. 41, inc. IV, da Lei estadual nº 6.374/89, e art. 32, inc. II, do Convênio ICMS nº 66/88. Constitucionalidade reconhecida. Segurança denegada. Improvimento ao recurso. Aplicação do art. 155, § 2º, inc. II, letra "b", da CF. Voto vencido. São constitucionais o art. 41, inc. IV, da Lei nº 6.374/89, do Estado de São Paulo, e o art. 32, incs. I e II, do Convênio ICMS nº 66/88 Bem como, os Embargos de Declaração no RE 174.478: EMENTA: TRIBUTO. Imposto sobre Circulação de Mercadorias. ICMS. Créditos relativos à entrada de insumos usados em industrialização de produtos cujas saídas foram realizadas com redução da base de cálculo. Caso de isenção fiscal parcial. Previsão de estorno proporcional. Art. 41, inc. IV, da Lei estadual nº 6.374/89, e art. 32, inc. II, do Convênio ICMS nº 66/88. Constitucionalidade reconhecida. Segurança denegada. Improvimento ao recurso. Aplicação do art. 155, § 2º, inc. II, letra "b", da CF. Alegação de mudança da orientação da Corte sobre os institutos da redução da base de cálculo e da isenção parcial. Distinção irrelevante segundo a nova postura jurisprudencial. Acórdão carente de vício lógico. Embargos de declaração rejeitados. O Supremo Tribunal Federal entrou a aproximar as figuras da redução da base de cálculo do ICMS e da isenção parcial, a ponto de as equiparar, na interpretação do art. 155, § 2º, II, "b", da Constituição da República. E, dessa forma, o próprio STF reconheceu quesua decisão que modificou seu entendimento não feria o princípio da segurança jurídica, demonstrando ser uma posição jurídica mais justa sobre o tema proposto. Entendemos que as prescrições do CPC/15 voltadas à estabilização da jurisprudência não vêm ao encontro da realização da segurança jurídica. O sobreprincípio da Segurança Jurídica deve ser avocada especificadamente em toda a casuística, Módulo Tributo e Segurança Jurídica levando em consideração todos os demais princípios constitucionais trazidos em voga nas questões anteriores. Isso não significa asseverar que todas as prescrições do CPC/15 são totalmente constitucionais, haja vista que, conforme repisando anteriormente, o sobreprincípio da segurança jurídica deve sempre ser verificado caso a caso levando em consideração o atendimento dos demais princípios constitucionais. 2. Jurisprudência, precedente e julgamento de caso repetitivo são utilizados como termos sinônimos CPC/15? Exponha o alcance e o conteúdo de cada um desses três termos. Verifica-se que em muitos momentos ao longo do CPC/15, constata-se que o emprego dos termos jurisprudência, precedente e julgamento de caso repetitivo são utilizados como sinônimos. No entanto, entendemos que doutrinariamente, palco de inúmeras divergências, os mesmos possuem alcance e conteúdo distintos, vejamos a posição pessoal adotada: Jurisprudência- como o entendimento jurídico dos tribunais a respeito de um tema específico, levado a apreciação pelas partes litigantes. Alcance: entre as partes litigantes Conteúdo: os efeitos da decisão vincula apenas as partes litigantes Precedente – como uma forma de interpretação de uma norma jurídica posta a apreciação do Poder Judiciário. O precedente possui fundamentos na ratio decidendi, ou seja, são razões de decidir vinculativas e constituem o núcleo do precedente. Previsto no art. 927§2° CPC Alance e Conteúdo: deve ser invocado com a identificação dos seus fundamentos determinantes e demonstrado que o caso sob julgamento se ajusta àqueles fundamentos- art. 489 §1° IV CPC; e assim seu conteúdo deve ser aplicado pelo magistrado em outra demanda Julgamento em caso repetitivo - Considerando sua resposta a essa primeira parte da pergunta, responda: a) Jurisprudência, precedente e julgamento de caso repetitivo são normas Módulo Tributo e Segurança Jurídica jurídicas? Se sim, de que tipo? Entendemos que são normas jurídicas individuais e concretas b)A obrigação veiculada no art. 927 do CPC/15 vincula os julgadores à jurisprudência, (e/ou) ao precedente (e/ou) ao julgamento de caso repetitivo? Essa art. 927 do CPC/15 é instrumento hábil para garantia da segurança jurídicata? (Vide arts. 926, 927, 988, IV do CPC/15). A jurisprudência, o precedente e o julgamento de caso repetitivo trazido no CPC/15 como forma de se uniformizar a jurisprudência e mantê-la estável, íntegra e coerente, previsto no art. 926 CPC, vislumbra a consciência de que decisões conflitantes compromete profundamente o princípio da isonomia, frustrando a previsibilidade e a confiança no direito, o que afeta diretamente o princípio da segurança jurídica. Importante observar que o magistrado não deve se afastar das determinações do art. 489§1° do CPC, sob pena de não ser considerada fundamentada a decisão judicial, que fere o princípio constitucional da motivação e fundamentação das decisões judiciais. A nova ordem processual previu no art. 927 a possibilidade do juiz ao resolver o caso concreto, estabelecer norma jurídica para casos vindouros, que são os precedentes vinculantes. Assim segue a disposição normativa do artigo 1037 em que o relator deve proferir decisão identificando com prescisão a questão a ser submetida a julgamento determinando a suspensão do processamento de todos os processos pendentesque versem sobre a questão em todo o território nacional. Dessa forma, torna-se evidente que a finalidade de se manter estável, coerente e íntegra a jurisprudência tem a finalidade de dar concretude e aplicação ao Princípio da Isonomia - Igualdade, da Segurança Jurídica e da Proteção da Confiança. Além de se perceber os efeitos colaterais positivos como a agilização do julgamento dos feitos, a redução das demandas nos tribunais. 3. Uma lei tributária municipal é considerada inconstitucional por uma associação que possui representação em âmbito estadual. Quais seriam os caminhos para a discussão da questão com efeitos erga omnes sem que seja necessária a discussão individual por cada contribuinte? Analise as opções seguintes Módulo Tributo e Segurança Jurídica motivando as razões do cabimento ou não e, no último caso, o foro de ajuizamento: a) Ação Direta de Inconstitucionalidade – ADI: pode ser utilizada pela Associação Estadual – caso previsto em sua Constituição Estadual sua legitimidade - art. 125 § 2° da CF competência do Tribunal de Justiça; efeitos erga omens b) Mandado de Segurança Coletivo: não se vislumbra a adequação do MS Coletivo para o fim precípuo de se obter uma decisão de uma lei tributária municipal inconstitucional por uma associação que possui representação em âmbito estadual com efeitos erga omnes. Ademais disso, prevê o art. 12.016/2009 no art. 21, os requisitos necessários para tal: Art. 21. O mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por partido político com representação no Congresso Nacional, na defesa de seus interesses legítimos relativos a seus integrantes ou à finalidade partidária, ou por organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há, pelo menos, 1 (um) ano, em defesa de direitos líquidos e certos da totalidade, ou de parte, dos seus membros ou associados, na forma dos seus estatutos e desde que pertinentes às suas finalidades, dispensada, para tanto, autorização especial. Parágrafo único. Os direitos protegidos pelo mandado de segurança coletivo podem ser: I - coletivos, assim entendidos, para efeito desta Lei, os transindividuais, de natureza indivisível, de que seja titular grupo ou categoria de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por uma relação jurídica básica; II - individuais homogêneos, assim entendidos, para efeito desta Lei, os decorrentes de origem comum e da atividade ou situação específica da totalidade ou de parte dos associados ou membros do impetrante. b) Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental: pode ser utilizada pela Associação Estadual, podendo questionar a constitucionalidade da Lei Tributária Municipal - art. 102 §1° CF. Observe-se que a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental é uma ação destinada a proteger os preceitos constitucionais fundamentais, ante a ameaça ou lesão resultante de Módulo Tributo e Segurança Jurídica qualquer poder público, seja por por ato legal federal, estadual ou municipal. Competência do STF Efeitos erga omens d) Ação popular: é inadequada para o propósito da Associação, em virtude das hipóteses de cabimento do referido remédio constitucional, previsto no art. 5° LXXIII, onde desde logo tem-se que a legitimidade se restringe apenas ao cidadão. e) Ação Civil Pública: inadequada para que a Associação Estadual questione a inconstitucionalidade de uma lei tributária municipal. O parágrafo único do art. 1º da LACP, veda expressamente a ACP em pretensões que envolvam tributos, cujos beneficiários podem ser individualmente determinados. f) Ação declaratória de inexistência de relação jurídica tributária: não seria possível a Associação Estadual pleitear efeitos erga omens neste tipo de demanda competência juiz singular efeitos inter partes 4. Pode o Supremo Tribunal Federal, ao julgar Recurso Extraordinário que trate de matéria tributária modular os efeitos de decisão proferida em controle difuso de constitucionalidade de forma a lhe dar efeitos ex nunc, proibindo com efeitoserga omnes a repetição do indébito tributário dos valores recolhidos até a data do julgamento? Há norma que preveja a modulação de efeitos em controle de constitucionalidade em matéria tributária em hipótese como a apresentada nesta pergunta? Pode haver modulação de efeitos por meio da edição de Súmula Vinculante? (Vide o RE 556.664-1, na parte afeta à modulação de efeitos – ementa e parte final da discussão em Plenário – e a Súmula Vinculante n. 8) Com a Lei 9868/99 e a Lei 9882/99, que dispõe sobre a Ação Direta de Inconstitucionalidade e Ação Declaratória de Constitucionalidade e o regramento da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental, foi introduzido no sistema jurídico brasileiro a modulação de efeitos em decisões de constitucionalidade e inconstitucionalidade. O Prof. Paulo de Barros Carvalho assevera que “...admite-se em benefício do interesse Módulo Tributo e Segurança Jurídica público e em situação excepcional, isto é, nas hipóteses em que do reconhecimento da nulidade do ato normativo, com seus normais efeitos ex tunc, resultaria grave ameaça a todo o sistema legislativo vigente, atribuir efeito pro futuro à declaração incidental de inconstitucionalidade. A referida inovação conduziu nossas consciências, de maneira vertiginosa, ao questionamento de princípios fundamentais. Aquilo que há de mais caro para a dignidade de um sistema de direito positivo está sendo posto em tela de juízo, desafiando nosso espírito e estimulando nossas inteligências, ao reivindicar uma tomada de posição firme e contundente. Chegando-se a esse ponto, não cabem mais tergiversações ecos expedientes retóricos somente serão admitidos para fundamentar a decisão de manter a segurança jurídica, garantindo a estabilidade das relações já reconhecidas pelo direito, ou de anunciar, em alto e bom som, que chegou o reino da incerteza, que o ordenamento vigente já não assegura, com seriedade, o teor de suas diretrizes, que as pomposas manifestações dos tribunais superiores devem ser recebidas com reservas, por que, a qualquer momento, podem ser revistas, desmanchando-se as orientações jurídicas até então vigentes, sem outras garantias para os jurisdicionados.” In casu, no referido RE, a pronúncia de constitucionalidade/inconstitucionalidade ou a prolação de decisão sobre a interpretação direta da constituição restringem-se as partes. Para que o pronunciamento do STF possa gerar efeitos vinculantes e eficácia erga omens, o Senado deve editar resolução, conforme art. 52 X da CF. Não há no sistema jurídico brasileiro norma que vede a modulação de efeitos em controle de constitucionalidade em matéria tributária em demandas de conctrole difuso de constitucionalidade. Quanto a útima indagação, temos que o instituto da Súmula Vinculante4, previsto 4 Art. 103-A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, mediante decisão de dois terços dos seus membros, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, aprovar súmula que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma estabelecida em lei. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) § 1º A súmula terá por objetivo a validade, a interpretação e a eficácia de normas determinadas, acerca das quais haja controvérsia atual entre órgãos judiciários ou entre esses e a administração pública que acarrete grave insegurança jurídica e relevante multiplicação de processos sobre questão idêntica. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc45.htm#art2 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc45.htm#art2 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc45.htm#art2 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc45.htm#art2 Módulo Tributo e Segurança Jurídica consticuionalmente, introduzido pela EC 45/2004, geram sempre efeitos prospectivos, erga omens e vinculantes. O Prof. Marcelo de Lima Castro, citando André Ramos Taveira5 asseverou que: “ Assim, a súmula vinculante parece, à primeira vista, criar uma ponte sólida entre controle difuso e controle abstrato concentrado, no complexo modelo brasileiro de controle de constitucionalidade, o que parece ocorrer de maneira muito próxima ao “processo de generalização” existente no Direito protugês vigente.” E conclui: “A súmula vinculante tem a propriedade de estabilizar a compreensão de determinado tema constitucional, especialmente para o futuro com caráter transcendente, justamente por representar a “sintese de uma jurisprudência”. Enfim, corroboramos o entendimento de que se conceder efeitos retoativos aos novos pronunciamentos, em detrimento ao primado do princípio da irretroatividade de lei e ferir frontalmente dos direitos fundamentais e ao estado democrático de direito. 5. A empresa Xpto propôs ação de repetição de indébito tributário em face da União, obtendo decisão, transitada em julgado junto ao Tribunal Regional Federal da 1ª Região, reconhecendo a inconstitucionalidade da lei instituidora do tributo pago e condenando a União na restituição. Iniciada a fase de cumprimento de sentença contra a União sobreveio decisão de mérito do STF, em Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin), julgando a mesma lei constitucional (isto significa que a referida Adin foi julgada improcedente e que o controle de constitucionalidade exercido foi o concentrado). Pergunta-se: § 2º Sem prejuízo do que vier a ser estabelecido em lei, a aprovação, revisão ou cancelamento de súmula poderá ser provocada por aqueles que podem propor a ação direta de inconstitucionalidade. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) § 3º Do ato administrativo ou decisão judicial que contrariar a súmula aplicável ou que indevidamente a aplicar, caberá reclamação ao Supremo Tribunal Federal que, julgando-a procedente, anulará o ato administrativo ou cassará a decisão judicial reclamada, e determinará que outra seja proferida com ou sem a aplicação da súmula, conforme o caso. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) 5 CASTRO, Danilo Monteiro de. Coisa Julgada e a desnecessidade de ação rescisória proposta pelo contribuinte quando o crédito tributário ainda estiver em cobrança (execução fiscal). In: CONRADO, Paulo Cesar; ARAUJO, Juliana Furtado Costa. Processo tributário analítico, vol. IV. São Paulo: Noeses, 2019. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc45.htm#art2 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc45.htm#art2 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc45.htm#art2 Módulo Tributo e Segurança Jurídica a) É necessário o ajuizamento de ação rescisória pela União objetivando a desconstituição da coisa julgada para não ter que cumprir a sentença que a condenou à restituição do tributo? Se afirmativa sua resposta, indicar o fundamento legal contido no CPC/15 que respalde sua conclusão. Se negativa sua resposta, justifique-a indicando a solução processual que a União deve adotar, bem como o dispositivo do CPC/15 que fundamenta normativamente sua conclusão. (vide Anexo III) Entendemos que a coisa julgada sofrerá o impacto de posteriores decisões do STF no tocante aos seus efeitos futuros. Conceder efeitos retroativos aos pronunciamentos do STF, em face de uma decisão transitada em julgado fere frontalmente o primado da Segurança Jurídica. Os novos pronunciamentos gerarão efeitos sempre prospectivos e jamais retrospectivos. Penso também que a Ação Rescisória, é a única via por meio da qual se obtém a invalidação de uma decisão transitada em julgado, ou seja, ondese obtém a invalidação de uma norma individual e concreta albergada pela coisa julgada. Decerto que a revisão da coisa julgada prestigia o princípio da igualdade que é um postulado normativo ou metanorma de aplicação de outras normas, valor fundamental do estado democrático de direito, tendo como fundamento o artigo 5º CF. No entanto, a decisão albergada pela coisa julgada, formando a norma individual e concreta deve ser preservada, sob o manto da segurança jurídica e da certeza do direito. O presente pode ser modificado, bem como o futuro, para que nova norma jurídica venha prevalecer, o que não podemos admitir é desprezar a ordem jurídica anterior albergada e declarada pelo próprio Poder Judiciário sob o manto do princípio da constitucionalidade das leis, da boa fé, da proteção da confiança, do devido processo legal e da segurança jurídica, em virtude de novo processo de interpretação e aplicação do direito. E tudo isto ainda deve se resguardar o artigo 5º XXXVI CF, c/c Art. 150 CF e Art. 505 I CPC: CF Art. 5º... XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada; Módulo Tributo e Segurança Jurídica Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: CPC Art. 505. Nenhum juiz decidirá novamente as questões já decididas relativas à mesma lide, salvo: I - se, tratando-se de relação jurídica de trato continuado, sobreveio modificação no estado de fato ou de direito, caso em que poderá a parte pedir a revisão do que foi estatuído na sentença; II - nos demais casos prescritos em lei. b) Tendo havido modificação posterior da jurisprudência do STF, em sentido oposto ao da coisa julgada e por meio de controle difuso de constitucionalidade, em recurso extraordinário em que houve o reconhecimento da repercussão geral da matéria, a conclusão a que você chegou na resposta “a” mudaria? Justifique. Não, no controle difuso, a repercussão dos efeitos da decisão só afetam a coisa julgada por meio de resolução do senado e por meio de súmula vinculante. O instituto jurídico da repercussão geral previsto constitucionalmente é apenas requisito de admissibilidade dos recursos relativos a questões constitucionais, vejamos: Art. 102 § 3º No recurso extraordinário o recorrente deverá demonstrar a repercussão geral das questões constitucionais discutidas no caso, nos termos da lei, a fim de que o Tribunal examine a admissão do recurso, somente podendo recusá-lo pela manifestação de dois terços de seus membros. (Incluída pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) Dessa forma, tendo vista os fundamentos e princípios constitucionais e processuais relativos a matéria exposta no item da questão anterior reforçamos o entendimento de que a coisa julgada se torna imutável relativa aos efeitos passados, atingindo-a http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc45.htm#art1 Módulo Tributo e Segurança Jurídica no tocante aos efeitos futuros se houver resolução do senado ou súmula vinculante. 6. Um contribuinte recolheu determinado tributo a partir de uma base de cálculo prevista em lei. A instrução normativa regulamentadora (IN n. 01/02) esclareceu que, na base de cálculo, não deveria ser considerado o valor do transporte pago a terceiro (frete). Um ano depois, a IN n. 03/03 esclareceu que o frete pago a terceiro integraria a base de cálculo do tributo em questão. Nesse contexto, o contribuinte consultou você questionando a necessidade de complementação do recolhimento durante a vigência da IN n. 01/02. O que você responderia? Analise os arts. 100, 103 e 146 do CTN na resposta. Em análise a questão posta em discussão, entendo que o Contribuinte poderá ficar tranquilo tendo em vista que a Instrução Normativa é considerada uma norma complementar, ou ato normativo expedido por autoridade administrativa, conforme prescrito no artigo 100 do CTN. E, ainda, os atos administrativos expedido por autoridade administrativa entram em vigor na data de sua publicação, salvo disposição em contrário. Dessa maneira, como a IN 03/03, teve novo entendimento a respeito do que integraria a base de cálculo do tributo em questão, sem nenhuma ressalva acerca do tema apenas entrará em vigência após a sua publicação. Isto posto, conforme artigo 103 do CTN, referido ato normativo apenas entrará em vigor a partir de sua publicação. E, corroborando todo o entendimento e aplicação da legislação afeta, tem-se que a modificação introduzida em consequência de nova decisão ou novo entendimento administrativo ou judicial, nos critérios jurídicos adotados pela autoridade administrativa no exercício do lançamento do crédito tributário só deve ser efetivada quanto a fato gerador ocorrido após a sua introdução, isto é, após a data de sua publicação. Ademais disso, temos ainda o Princípio da Irretroatividade das leis prevista constitucionalmente, art. 5º XXXVI
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