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Seminário I - Módulo IV - REGRA-MATRIZ DE INCIDÊNCIA, OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA E SUJEIÇÃO PASSIVA

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CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM Direito Tributário
	
Módulo Controle da Incidência Tributária
SEMINÁRIO I
 REGRA-MATRIZ DE INCIDÊNCIA, OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA E 
SUJEIÇÃO PASSIVA
Mariana Fonseca Souza
1. Que é norma jurídica? E regra-matriz de incidência tributária (RMIT)? Qual a função do consequente normativo?
 A Norma jurídica é um conjunto de normas sociais que surgiram para disciplinar a interação do comportamento humano, estabelecendo padrões de conduta e valores essenciais para convivência em sociedade. Para o Prof. Paulo de Barros Carvalho, as normas jurídicas são vistas como significações construídas a partir de textos positivados e estruturados conforme a forma lógica dos juízos condicionais, sendo compostas por duas ou mais proposições prescritivas. 
Resumindo, o entendimento supracitado, o Prof. Luis Eduardo Schoueri, em sua obra Direito Tributário (Saraiva, 2018), afirma que norma jurídica é um comando, que pressupõe um antecedente e um consequente.
 	Já a regra-matriz de incidência tributária é um instrumento, criado pelo citado Prof. Paulo de Barros, que é utilizado para ser aplicado na melhor compreensão de uma norma jurídica no âmbito do direito tributário e busca, em suma, disciplinar a conduta entre os sujeitos da relação tributária enquadrando o fato gerador às regras jurídicas. Conceito do próprio Professor[footnoteRef:1], abaixo transcrito: [1: CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de Direito Tributário – 30ª Ed. – São Paulo: Saraiva Educação, 2019. Pag. 428. ] 
“Ora, a Regra Matriz de Incidência Tributária é, por excelência, uma norma de conduta, vertida imediatamente para disciplinar a relação do Estado com seus súditos, tendo em vista contribuições pecuniárias. Concretizando-se os fatos descritos na hipótese, deve-ser a consequência, e esta, por sua vez, prescreve uma obrigação patrimonial. Nela encontramos uma pessoa (sujeito passivo) obrigada a cumprir uma prestação em dinheiro. Eis o dever-ser modalizado.”
	Cumpre informar que são subdivididos de acordo com alguns critérios, quais sejam: a) hipóteses: critério material, temporal e espacial; b) critério pessoal e quantitativo.
 	Portanto, a função do consequente normativo é organizar o texto positivado, coletando os elementos de fato da realidade social que almeja disciplinar e os qualificando normativamente como fatos jurídicos, condicionando-os ao espaço e o tempo. Sendo certo de que há a demonstração de uma relação jurídica na qual o devedor (sujeito passivo) deve pagar o tributo (objeto) ao credor (sujeito ativo) e o tributo será apurado a partir do binômio base de cálculo e alíquota, sendo subsidiado pelo Princípio da Legalidade, pelo art. 97 do CTN e art. 146, II da CF/88.
2.Distinguir: obrigação tributária e deveres instrumentais. Multa pelo não pagamento caracteriza-se como obrigação tributária? Justifique analisando criticamente o art. 113 do CTN. 
A obrigação tributária pode ser compreendida como uma imposição que surge em virtude da ocorrência do fato gerador, onde o Estado (sujeito ativo) detém a legitimidade para exigir de outro (sujeito passivo) determinada prestação pecuniária, enquanto os deveres instrumentais não possuem caráter patrimonial, mas podem ser compreendidos como outros meios adotados para tornar eficaz a prestação pecuniária, ou seja, os deveres instrumentais possuem interesse na arrecadação e foram criados para garantir o cumprimento dessa obrigação e, ainda, visam possibilitar o adequado cumprimento da obrigação principal.
 	Perceba-se que o art. 113 do CTN, em seus §§ 1º, 2º e 3º, explicitaram o alcance da obrigação tributária principal e da obrigação acessória. Em seu §1º trata que a obrigação principal está diretamente ligada ao dever de pagar o tributo, já os §§ 2º e 3º tratam dos deveres instrumentais, que sao classificados como obrigações acessórias, constituindo-se meios para garantir o efetivo cumprimento da obrigação principal. 
Desta feita, convem entender que uma vez descumpridas, geram uma sanção, caracterizada pelo pagamento de penalidade pecuniária, transcrita em uma multa. A multa possui caráter sancionatório pelo descumprimento de uma obrigação, sendo caracterizada como obrigação tributária. 
No entendimento do Prof. Paulo de Barros[footnoteRef:2] este afirma que se analisarmos isoladadamente o fato lícito para obrigação e o fato ilícito para a penalidade pecuniária, não há qualquer distinção, tendo em vista a relação jurídica tributária e a relação jurídica sansionadora, este entende que “em ambas divisamos um sujeito ativo, um titular de um direito subjetivo público de exigir, do sujeito passivo, o cumprimento de específica prestação, simbolizada em valores patrimoniais.” [2: Op. Cit. Pag. 378.] 
3. Que é sujeição passiva? Definir os conceitos de: (i) sujeito passivo; (ii) contribuinte; (iii) responsável tributário; e (iv) substituto tributário – distinguindo: substituição tributária para trás, para frente e convencional (concomitante); agente de retenção e substituição para frente. O responsável (art. 121, II, do CTN) é: (i) sujeito passivo da relação jurídica tributária; (ii) de relação de dever instrumental; ou (iii) de relação jurídica sancionatória? 
	Tratado no critério pessoal do consequente da regra matriz de incidência, a sujeição passiva é a relação da qual é exigido o cumprimento da prestação, sendo previsto no art. 121, parágrafo único do CTN. 
(i) Sujeito passivo é a pessoa que se encontra na qualidade de devedor de uma obrigação tributária. 
(ii) Contribuinte é aquele sobre quem recai a imposição de pagar tributos. 
(iii) Responsável é pessoa que pode não estar necessariamente e diretamente com o fato gerador, mas possui o dever, decorrente da lei, de cumprir a obrigação tributária.
(iv) Substituição tributária é uma forma de arrecadação de tributos, em que o Estado atribui ao Contribuinte a responsabilidade pelo pagamento do imposto devido pelo cliente. A substituição tributária para frente constitui no pagamento antecipado do tributo pelos fatos geradores que ainda irão ocorrer, sobre uma base de cálculo presumida. Já a substituição tributária pra trás é o inverso, ou seja, a responsabilidade pelo pagamento do tributo decorre de fatos geradores que já ocorreram. O agente de retenção constitui uma forma de substituição através de uma terceira pessoa que, possuindo relação com o fato gerador, detém parcela do montante pago a outrem para posteriormente recolher o respectivo tributo. O responsável tributário previsto no art. 121, II do CTN é um gênero de sujeito passivo, pois ele cumpre com responsabilidade alheia.
4. A empresa “A” adquiriu estabelecimento industrial da empresa “B” e continuou sua atividade. Aproximadamente um ano depois da aquisição, a empresa “A” é demandada pelo Fisco em relação a fatos geradores realizados pela empresa “B”. No contrato de compra e venda, não há disciplina a respeito das dívidas tributárias anteriores à aquisição. Pergunta-se: 
a) Pode o Fisco, após a indigitada operação de compra e venda, exigir os tributos, cujos fatos geradores foram realizados por “B” antes de sua aquisição, diretamente de “A”? Há relevância se houver no contrato cláusula de responsabilidade de “B” quanto aos débitos anteriores à operação? (Vide anexo I). 
  	
Entende-se que a Fazenda poderá cobrar tributos, após operação de compra e venda, de acordo com o que dispõe o art. 129 e seguintes do CTN, posto que a cobrança do tributo a “A” ainda que esta não tenha realizado o fato gerador, e, sim “B”. Tem-se que o art. 133 do CTN apresenta a distinção sobre a responsabilidade a ser atribuída à sucessora, haja vista que na hipótese da sucedida ter deixado de exercer a atividade definitivamente, a responsabilidade da sucessora é integral; e, será subsidiária no caso de a empresa sucedida continuar a exploração da mesma atividade exercida ou iniciar uma nova atividade, no prazo de 6 (seis) meses. 
Não há relevância caso conste no contrato, cláusula de responsabilidade de “B” quanto ao pagamento pelos débitos.
 
b) A empresa “A” sujeita-se às sançõestributárias materiais: (i) multa de mora, (ii) multa pelo não pagamento de tributo, (iii) juros e (iv) multa pelo descumprimento de deveres instrumentais, se aplicadas antes da operação de compra e venda? E se aplicadas depois da operação? (Vide anexos II e III). 
 In casu, é entendimento do STJ, repisando o que dispõe os art. 132 e 133 do CTN, no sentido de incumbir ao sucessor a responsabilidade pelo pagamento inclusive das multas, juros, decorrentes do não cumprimento da obrigação tributária.
5. Quanto aos art. 124 e 135  do CTN, pergunta-se: 
a) Qual a espécie de responsabilidade prevista no artigo 135 do CTN? Poderia o fiscal lavrar auto de infração contra o contribuinte e, posteriormente, executar o sócio de forma solidária à empresa? (Vide anexos IV e V). 
 
 Tem-se que a responsabilidade prevista no art. 135 do CTN é solidária. O redirecionamento da execução para atingir o patrimônio do sócio depende do preenchimento dos pressupostos previstos no art. 135, ou seja, para que ocorra o redirecionamento deverá ser comprovado que o sócio agiu com excesso de poderes ou infringiu a lei. O sócio não pode ser responsabilizado simplesmente porque ostenta a condição de sócio, deverá restar provada a sua participação no ato que lhe está sendo imputado.
b) A dissolução irregular da sociedade caracteriza infração à lei apta a ensejar a responsabilidade do(s) sócio(s) pelas dívidas da pessoa jurídica? Em caso positivo qual sócio ou administrador pode ser alcançado: o da época do inadimplemento do tributo ou do momento em que ocorre a dissolução irregular? (VI e VII e VIII)  
	Entende-se que a dissolução irregular enseja a responsabilidade dos sócios pela dívida da pessoa jurídica. Para tanto, o sócio deve ter exercido a administração no momento da dissolução irregular, conforme entendimento adotado pela Segunda Turma do STJ.
c) O mero inadimplemento da obrigação de pagar o tributo pode ser justificativa para aplicação do artigo 135 do Código Tributário Nacional? (Vide anexos IX e X). 
Entende-se que o mero inadimplemento da obrigação de pagar o tributo não pode ser justificativa para aplicação do art. 135 do CTN, já que há a necessidade de que ocorra uma conduta dolosa ou fraudulenta do diretor da empresa para que este possa ser responsabilizado pelas obrigações da mesma. O mero inadimplemento da obrigação pela empresa, ausentes quaisquer das condutas do diretor, gerente ou representante da empresa mencionadas acima, caracterizaria mora da mesma, impossibilitando a aplicação do artigo 135 do CTN.
6. Quanto à caracterização de grupo econômico, pergunta-se? 
a) Que é grupo econômico? Quais são os requisitos para a aplicação da desconsideração da personalidade jurídica, prevista no art. 50 do CC? Ela pode ser aplicada ao direito tributário para fins de caracterização de grupo econômico? Há dispositivos específicos na legislação tributária que fundamentem a responsabilização do grupo econômico? A caracterização implica reconhecimento de responsabilidade solidária? (Vide anexo XI e XII).
 
Entende-se que há a caracterização de grupo econômico quando há duas ou mais empresas coligadas, juntas mediante reunião de esforços com o objetivo de realizar atividades em comum, e que, apesar de possuírem personalidades jurídicas próprias, há unidade gerencial e administrativa controlando todas. Os requisitos para aplicação da desconsideração da personalidade jurídica previstos no art. 50 do Código Civil são: desvio de finalidade e confusão patrimonial. O art. 124 do CTN prevê a solidariedade das pessoas que possuem objetivos em comum e que estejam ligadas diretamente ao fato gerador.
  
b) Uma vez instaurado o incidente de desconsideração da personalidade jurídica, nos termos dos arts. 133 e seguintes do NCPC (Lei nº 13.105 de 2015), a defesa apresentada pela pessoa jurídica responsabilizada pela obrigação tributária de outra empresa integrante do mesmo grupo econômico pode versar sobre o mérito da cobrança (inexigibilidade do crédito tributário), ou apenas sobre a ilegitimidade de sua inclusão no polo passivo da execução fiscal? 
Na possibilidade de apresentação de defesa por empresa membro de um grupo econômico, esta tem a possibilidade de aproveitar às demais, já que não apenas pelo fato de fazerem parte de um mesmo grupo econômico, como também pelo fato de que a responsabilidade entre as empresas do grupo ser solidária. Sendo assim, haveria a possibilidade da defesa englobar o cerne da cobrança.
7. Dada a seguinte Lei (fictícia): 
Prefeitura de São Pedro, Lei n. 5.151, de 12/10/2015, D.M. 25/10/2015 
Art. 1º Fica instituída taxa de conservação e limpeza urbana para o custeio do serviço público municipal de conservação e limpeza de vias públicas. 
Art. 2º A taxa tem como fato gerador a prestação do serviço de limpeza das vias públicas. 
Art. 3º A base de cálculo é o valor venal do imóvel. 
Art. 4º A alíquota é de 0,1%. 
Art. 5º O contribuinte é o proprietário do imóvel. 
Art. 6º Dá-se a incidência todo dia 1º de cada ano. 
Art. 7º A importância devida a título de tributo deve ser recolhida até o décimo dia do segundo mês subsequente. 
§ 1º No caso de locação, o locatário é responsável pelo recolhimento do tributo. 
§ 2º No caso de compra e venda realizada antes do prazo para o pagamento e após o 1º dia do ano, o responsável pelo pagamento do tributo é o adquirente do imóvel. 
§ 3º O não recolhimento no prazo estipulado implica multa de 20% do valor do tributo devido. 
Art. 8º Fica o contribuinte obrigado a entregar para a Secretaria de Planejamento Urbano declaração do valor imobiliário até o dia 10 de novembro de cada ano. 
Parágrafo único. A ausência da entrega no prazo a que se refere o caput deste artigo implicará multa de 100 UFIRS. 
[...]. 
Pergunta-se: 
a) Construir as normas jurídicas veiculadas nessa lei, identificando os critérios do consequente da RMIT. 
Hipótese:
Critério Material: Ser proprietário, ter o domínio útil ou a posse do bem imóvel, para que a taxa de conservação e limpeza urbana possa ser cobrada.
Critério Espacial: a taxa incidirá sobre os imóveis localizados no município de São Pedro.
Consequência: 
Critério Temporal: a taxa será cobrada no primeiro dia de cada ano.
Critério Pessoal: a taxa será paga pelo proprietário de imóvel situado no município de São Pedro.
Critério Quantitativo: base de cálculo correspondente ao valor venal do imóvel e alíquota de 0,1% que, em conjunto, irão compor o valor do tributo.
b) Quais as funções da base de cálculo? A base de cálculo eleita é compatível com a hipótese tributária? Se incompatíveis, qual deve prevalecer para efeito de se determinar a espécie tributária: o enunciado da hipótese tributária ou o enunciado da base de cálculo? Ambos? Nenhum dos dois? 
A base de cálculo possui a finalidade de dimensionar a intensidade comportamental do fato jurídico, e detém as seguintes funções: a)medir as exatas proporções do fato; b) identifica a específica determinação da dívida; c)confirma, afirma ou infirma o correto elemento material do antecedente normativo, ou função normativa conforme preceitua Paulo de Barros Carvalho.
A base de cálculo adotada não seria a compatível com a natureza da obrigação, que é a taxa, pois existe uma taxa com base de cálculo própria do IPTU (vedação do art. 145, §2º, da CRFB/88).