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Info 524 STJ

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www.dizerodireito.com.br 
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INFORMATIVO esquematizado 
 
Informativo 524 – STJ 
Márcio André Lopes Cavalcante 
 
Obs: não foram incluídos neste informativo esquematizado os julgados de menor relevância para concursos 
públicos ou aqueles decididos com base em peculiaridades do caso concreto. Caso seja de seu interesse 
conferi-los, os acórdãos excluídos foram os seguintes: CC 124.274-PR; REsp 1.357.121-DF; AgRg no REsp 
1.370.740-RS; AgRg no REsp 1.370.740-RS; REsp 1.192.225-RJ; REsp 1.331.103-RJ; REsp 1.274.629-AP; REsp 
1.371.462-MS. 
 
DIREITO ADMINISTRATIVO 
 
Concurso público 
 
É ilegal o ato administrativo que determine a exclusão de candidato já emancipado e a menos 
de dez dias de completar a idade mínima de 18 anos exigida em edital de concurso público 
para oficial da Polícia Militar, por este não haver atingido a referida idade na data da matrícula 
do curso de formação, ainda que lei complementar estadual estabeleça essa mesma idade 
como sendo a mínima necessária para o ingresso na carreira. 
Comentários Imagine a seguinte situação adaptada: 
O Estado de Mato Grosso realizava concurso público para oficial da Polícia Militar. 
A lei estadual que rege a PM no Estado estabelece que a idade mínima para o indivíduo 
ingressar na carreira é 18 anos. 
O edital do concurso, por sua vez, interpretando a lei, previu que um dos requisitos para 
que o candidato aprovado nas provas fizesse o curso de formação era o de que tivesse 
idade mínima de 18 anos. 
 
Caso de João 
João foi aprovado nas provas, no entanto, na data do curso de formação, ainda faltariam 10 
dias para que ele completasse 18 anos. Em suma, por uma diferença de 10 dias ele não 
atendeu o que previa o edital. 
Os pais de João, tentando ajudá-lo, fizeram a sua emancipação, como forma de tentar 
“convencer” a administração pública. 
Mesmo assim, o candidato foi impedido de fazer o curso de formação e excluído do 
concurso, razão pela qual impetrou mandado de segurança contra o ato. 
 
A questão chegou até o STJ. O que decidiu a Corte? 
O STJ decidiu que a exclusão do candidato foi ILEGAL porque violou os princípios da 
razoabilidade e da interpretação conforme o interesse público. 
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INFORMATIVO esquematizado 
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Para o Min. Relator, a restrição imposta pelo edital (idade mínima de 18 anos na data da 
matrícula no curso de formação) decorreu de interpretação equivocada da Lei estadual, que 
limitou a idade para ingresso na carreira militar. Em outras palavras, o que a lei dispôs como 
ingresso na carreira, foi interpretado pelo edital como data da matrícula no curso de 
formação. 
 
Essa interpretação foi aplicada com tal rigor no caso concreto, que, a pretexto de cumprir a 
lei, terminou por feri-la, considerando que violou os princípios da razoabilidade e da 
interpretação conforme o interesse público, previstos no art. 2º, parágrafo único, da Lei n. 
9.784/99. 
 
Uma última questão. O Relator mencionou a Lei n. 9.784/99. Esta Lei, porém, não trata 
sobre o processo administrativo no âmbito da Administração Pública Federal? Por que foi 
utilizada para fundamentação em uma questão estadual? 
O STJ entende que a Lei n. 9.784/1999 deve também ser aplicada aos Estados quando 
estes não dispuserem de lei própria para disciplinar o processo administrativo. Esse era o 
caso do Mato Grosso. 
Processo STJ. 1ª Turma. RMS 36.422-MT, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em 28/5/2013. 
 
 
Licitação 
 
Não deve ser reconhecida a nulidade em processo licitatório na hipótese em que, a despeito de 
recurso administrativo ter sido julgado por autoridade incompetente, tenha havido a posterior 
homologação de todo o certame pela autoridade competente. 
Comentários Discutiu-se nos autos se o fato de o recurso administrativo interposto por um dos licitantes 
ter sido julgado por autoridade incompetente seria motivo suficiente para gerar a nulidade 
de todo o procedimento licitatório, que já estava até mesmo homologado. 
 
O STJ entendeu que não porque, no caso concreto, após o julgamento do recurso, o 
procedimento licitatório foi homologado pela autoridade competente. 
 
Segundo o Ministro ressaltou, o ato de homologação supõe que a autoridade competente 
tenha analisado prévia e detalhadamente todo o procedimento, atestando a legalidade dos 
atos praticados, bem como a conveniência de ser mantida a licitação. 
 
Assim, tendo havido a homologação posterior, isso significa que a autoridade competente 
convalidou todo o procedimento licitatório praticado, inclusive o julgamento do recurso que 
havia sido apresentado. 
 
Por fim, vale uma observação: em processo administrativo, os vícios relacionados com o 
sujeito que pratica o ato (vícios relativos à competência) podem ser convalidados pela 
autoridade superior quando não se tratar de competência exclusiva. Em suma, se a 
autoridade que pratica o ato é incompetente, mesmo assim pode haver a convalidação 
(ratificação) pela autoridade superior, “confirmando” a validade do ato. Isso só não é 
possível se a lei previa que aquele ato que foi praticado era de competência exclusiva. 
Considera-se competência exclusiva aquela que não pode ser delegada, ou seja, deve ser 
obrigatoriamente exercida pela autoridade competente, sob pena de não poder ser 
convalidada posteriormente (nesse sentido: art. 13, III, da Lei n. 9.784/99). 
Processo STJ. 2ª Turma. REsp 1.348.472-RS, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 21/5/2013. 
 
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Inscrição no Cadin 
(obs: este julgado somente interessa a quem presta concursos federais) 
 
As operadoras de plano de saúde que estejam em débito quanto ao ressarcimento de valores 
devidos ao SUS podem, em razão da inadimplência, ser inscritas no Cadin. 
Comentários O que é o Cadin? 
O Cadin é um banco de dados que contém os nomes: 
 de pessoas físicas e jurídicas com obrigações pecuniárias vencidas e não pagas para com 
órgãos e entidades da Administração Pública Federal, direta e indireta; 
 de pessoas físicas que estejam com a inscrição no CPF cancelada e de pessoas jurídicas 
que sejam declaradas inaptas perante o CNPJ. 
 
A sigla Cadin significa “Cadastro Informativo de créditos não quitados do setor público 
federal”. 
 
Quem inclui eventuais devedores no Cadin? 
Isso é feito pelos próprios órgãos e entidades da Administração Pública Federal, direta e 
indireta. 
 
Quais as consequências de ter o nome incluído no Cadin? 
A pessoa (física ou jurídica) que for incluída no Cadin fica impossibilitada de obter 
financiamentos, de renovar contratos bancários, de abrir contas bancárias, de obter talões 
de cheques, de participar de licitações, entre outras restrições. Além disso, ela não 
conseguirá retirar uma Certidão Negativa de Débitos em seu nome. 
 
Débitos que não podem ser incluídos no Cadin 
Segundo a Lei n. 10.522/2002, não podem ser incluídos no CADIN débitos referentes a 
preços de serviços públicos ou a operações financeiras que não envolvam recursos 
orçamentários (§ 8º do art. 2º). 
 
As operadoras de plano de saúde que estejam em débito quanto ao ressarcimento de 
valores devidos ao SUS podem, em razão da inadimplência, ser inscritas no Cadin? 
SIM. Isso porque os valores devidos a título de ressarcimento ao SUS pelas operadoras de 
planos de saúde não podem ser considerados 'preços de serviços públicos' ou 'operações 
financeiras que não envolvam recursos orçamentários'. Logo, não se aplica o § 8º do art. 2º 
da Lei 10.522/2002, e plenamente possível a inscrição no CADIN pela inadimplência de tais 
quantias. 
Processo STJ. 1ª Turma. AgRg no AREsp 307.233-RJ, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 6/6/2013. 
 
 
DIREITO CIVIL 
 
Interdição 
 
A sentença de interdição não tem como efeito automático a extinção do mandato outorgado 
pelo interditando ao advogado para sua defesa na demanda. 
Comentários Imagine a seguinte situação adaptada: 
Júlia ajuizou uma ação de interdição em face de João (seu pai). 
João não concordava com a interdiçãoe, então, constituiu Dr. Rui como seu advogado para 
defender seus interesses na ação, outorgando-lhe uma procuração (mandato). 
O juiz julgou procedente a ação e decretou a interdição de João. 
Diante disso, Dr. Rui subscreveu um recurso de apelação em favor de João. 
 
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O Tribunal de Justiça não conheceu da apelação, afirmando que a procuração conferida por 
João ao Dr. Rui não tinha mais validade, considerando que a decretação da interdição tinha 
cessado o mandato outorgado, nos termos do art. 682, II, do CC: 
Art. 682. Cessa o mandato: 
II - pela morte ou interdição de uma das partes; 
 
A decisão do TJ foi acertada? 
NÃO. A sentença de interdição não tem como efeito automático a extinção do mandato 
outorgado pelo interditando ao advogado para sua defesa na demanda. 
 
De fato, o art. 682, II, do CC dispõe que a interdição do mandante acarreta automaticamente 
a extinção do mandato, inclusive o judicial. Contudo, ainda que a norma se aplique 
indistintamente a todos os mandatos, faz-se necessária uma interpretação lógico-sistemática 
do ordenamento jurídico pátrio, permitindo afastar a sua incidência no caso específico do 
mandato outorgado pelo interditando para a sua defesa judicial na própria ação de interdição. 
Isso porque, além de o art. 1.182, § 2º, do CPC assegurar o direito do interditando de 
constituir advogado para sua defesa na ação de interdição, o art. 1.184 do mesmo diploma 
legal deve ser interpretado de modo a considerar que a sentença de interdição produz efeitos 
desde logo quanto aos atos da vida civil, mas não atinge, sob pena de afronta ao direito de 
defesa do interditando, os mandatos referentes ao próprio processo. 
 
Se o advogado constituído pelo interditando não pudesse interpor recurso contra a 
sentença, haveria evidente prejuízo à defesa. 
 
Ressalte-se, ademais, que, nessa situação, reconhecer a extinção do mandato ensejaria evidente 
colisão dos interesses do interditando com os de seu curador. Contudo, a anulação da outorga 
do mandato pode ocorrer, desde que, em demanda específica, comprove-se cabalmente a 
nulidade pela incapacidade do mandante à época da realização do negócio jurídico. 
Processo STJ. 3ª Turma. REsp 1.251.728-PE, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em, 14/5/2013. 
 
 
Responsabilidade civil por veiculação de matéria jornalística 
 
O STJ decidiu que o jornal não tem o dever de indenizar em razão de ter publicado uma 
matéria de interesse público na qual tenha apontado a existência de investigações sobre crime 
que teria sido supostamente cometido por um agente público, ainda que posteriormente ele 
tenha sido absolvido das acusações. 
Para a responsabilização da imprensa pelos fatos por ela reportados, não basta a divulgação de 
informação falsa. Exige-se prova de que o agente divulgador conhecia ou poderia conhecer a 
falsidade da informação propalada, o que configuraria abuso do direito de informação. 
Comentários O STJ decidiu que o jornal não tem o dever de indenizar em razão de ter publicado uma 
matéria de interesse público na qual tenha apontado a existência de investigações sobre 
crime que teria sido supostamente cometido por um agente público, ainda que 
posteriormente ele tenha sido absolvido das acusações. Ficou provado que o jornal buscou 
fontes fidedignas, ouviu as diversas partes interessadas e afastou quaisquer dúvidas sérias 
quanto à veracidade do que divulgou. 
 
Nesse caso, verifica-se a existência de um conflito de direitos constitucionalmente 
assegurados: os direitos à liberdade de pensamento e à sua livre manifestação (art. 5º, IV e 
IX), ao acesso à informação (art. 5º, XIV) e à honra (art. 5º, X). 
Cabe ao aplicador da lei, portanto, exercer função harmonizadora, buscando um ponto de 
equilíbrio no qual os direitos conflitantes possam conviver. 
 
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O direito à liberdade de informação deve observar o dever de veracidade, bem como o 
interesse público dos fatos divulgados. Em outras palavras, pode-se dizer que a honra da 
pessoa não é atingida quando são divulgadas informações verdadeiras e fidedignas a seu 
respeito e que, outrossim, são de interesse público. 
 
Quanto à veracidade do que noticiado pela imprensa, vale ressaltar que a diligência que se 
deve exigir na verificação da informação antes de divulgá-la não pode chegar ao ponto de as 
notícias não poderem ser veiculadas até se ter certeza plena e absoluta de sua veracidade. 
 
O processo de divulgação de informações satisfaz o verdadeiro interesse público, devendo 
ser célere e eficaz, razão pela qual não se coaduna com rigorismos próprios de um 
procedimento judicial, no qual deve haver cognição plena e exauriente dos fatos analisados. 
Além disso, deve-se observar que a responsabilidade da imprensa pelas informações por ela 
veiculadas é de caráter subjetivo, não se cogitando da aplicação da teoria do risco ou da 
responsabilidade objetiva. 
 
Assim, para a responsabilização da imprensa pelos fatos por ela reportados, não basta a 
divulgação de informação falsa, exige-se prova de que o agente divulgador conhecia ou 
poderia conhecer a falsidade da informação propalada, o que configuraria abuso do direito 
de informação. 
Processo STJ. 3ª Turma. REsp 1.297.567-RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 28/5/2013. 
 
 
Responsabilidade civil dos Correios por extravio de carta registrada 
 
O extravio de correspondência registrada acarreta dano moral in re ipsa (sem necessidade de 
comprovação do prejuízo), devendo os Correios indenizar o consumidor. 
Comentários Maiores informações, vide julgado indexado em Direito do Consumidor. 
Processo STJ. 4ª Turma. REsp 1.097.266-PB, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, Rel. para acórdão Min. Raul Araújo, julgado em 
2/5/2013. 
 
 
Usucapião e terrenos de marinha 
 
A alegação da União de que determinada área constitui terreno de marinha, sem que tenha 
sido realizado processo demarcatório específico e conclusivo pela Delegacia de Patrimônio da 
União, não obsta o reconhecimento de usucapião. 
Nesse caso, na sentença que reconhecer a usucapião, o juiz deverá ressalvar que a União 
poderá fazer uma eventual e futura demarcação no terreno. Se ficar constatado, efetivamente, 
que o imóvel está localizado em terreno de marinha, a União será declarada proprietária da 
área, não havendo preclusão sobre o tema. Aplica-se o mesmo raciocínio constante na Súmula 
496 do STJ: Os registros de propriedade particular de imóveis situados em terrenos de 
marinha não são oponíveis à União. Com isso, não haverá prejuízo à União. 
Comentários Imagine a seguinte situação: 
João ajuizou ação de usucapião, na vara cível da capital (Justiça estadual), narrando que 
ocupava determinado imóvel há mais de 30 anos, de forma mansa e pacífica. 
O CPC determina que a União, o Estado e o Município devem ser intimados no processo de 
usucapião para que manifestem se possuem interesse na causa (art. 943 do CPC). 
O Estado e o Município informaram que não possuíam qualquer relação com o imóvel em 
litígio. A União, por seu turno, manifestou interesse no feito requerendo que a ação fosse 
julgada improcedente sob o argumento de que a área que João pretendia usucapir seria, 
presumidamente, terreno de marinha. 
Cartório 
e Juiz 
Federal 
 
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Os terrenos de marinha são bens da União, conforme prevê o art. 20, VII, da CF/88. Logo, 
como são bens públicos, não podem ser objeto de usucapião (art. 183, § 3º e art. 191, 
parágrafo único, da CF/88). 
 
Diante dessa intervenção da União, qual providência o magistrado deverá adotar? 
O processo de usucapião tramita, em regra, na Justiça estadual. Se a União alega interesse no 
feito, o juiz deverá declinar a competência para a Justiça Federal a fim de que lá se decida a 
respeito da existência ou não de seu interesse na causa (Súmulas 150 e 224 do STJ). 
 
O que são terrenos de marinha? 
Terrenos de marinha são “todos aqueles que,banhados pelas águas do mar ou dos rios e 
lagoas navegáveis (estes últimos, exclusivamente, se sofrerem a influência das marés, 
porque senão serão terrenos reservados), vão até a distância de 33 metros para a parte da 
terra contados da linha do preamar médio, medida em 1831” (CUNHA JÚNIOR, Dirley da. 
Curso de Direito Administrativo. Salvador: Juspodivm, 2013, p. 417). 
 
Isso é um pouco difícil de entender, então, encontrei esta imagem para ilustrar melhor: 
 
 
Fonte: http://www.vendariviera.com.br/blog/imoveis/saiba-mais-sobre-o-terreno-de-marinha/ 
 
Os terrenos de marinha são bens da União (art. 20, VII, da CF/88). Isso se justifica por se 
tratar de uma região estratégica em termos de defesa e de segurança nacional (é a “porta 
de entrada” de navios mercantes ou de guerra). 
 
Enfiteuse (ou aforamento) 
José dos Santos Carvalho Filho (Manual de Direito Administrativo. 23ª ed. Rio de Janeiro: 
Lumen Juris, 2010, p. 1311) explica que, em algumas regiões, a União permitiu que 
particulares utilizassem, de forma privada, imóveis localizados em terrenos de marinha. 
Como essas áreas pertencem à União, o uso por particulares é admitido pelo regime da 
enfiteuse (aforamento) que funciona, em síntese, da seguinte forma: 
 A União (senhorio direto) transfere ao particular (enfiteuta) o domínio útil. 
 O particular (enfiteuta) passa a ter a obrigação de pagar anualmente uma importância a 
título de foro ou pensão. 
 
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Obs: O CC-2002 proibiu a constituição de novas enfiteuses (aforamentos), continuando a 
existir aquelas que já haviam sido constituídas (elas são regidas pelo CC-1916). O CC-2002 
determinou, ainda, que, a enfiteuse (aforamento) dos terrenos de marinha poderia 
continuar a existir, sendo matéria a ser regulada por lei especial (art. 2.038, § 2º). 
 
Demarcação dos terrenos de marinha 
O Decreto-lei n. 9.760/46 dispõe sobre os bens imóveis da União, tratando, dentre eles, 
sobre os terrenos de marinha. 
O Decreto-lei prevê, em seus arts. 9º a 14, um complexo procedimento para a identificação 
da linha do preamar médio naquela localidade específica, de forma a permitir a realização 
da demarcação dos terrenos de marinha. 
Essa demarcação é feita pela Secretaria do Patrimônio da União (SPU) com a notificação 
pessoal de todos os interessados identificados e com domicílio certo, devendo ser 
assegurados o contraditório e a ampla defesa. 
 
Voltando ao nosso caso concreto. 
A União alegou que o imóvel que João buscava usucapir estava, presumidamente, 
localizado em terreno de marinha. Presumidamente porque a SPU ainda não havia feito a 
demarcação do local. Em outras palavras, não havia sido formalmente declarado que o 
imóvel em questão encontrava-se localizado em terreno de marinha. 
 
A discussão, portanto, é a seguinte: 
Pode ser realizada usucapião de área que a União alega que é terreno de marinha, mas que 
ainda não passou pelo processo de demarcação? 
SIM. A alegação da União de que determinada área constitui terreno de marinha, sem que 
tenha sido realizado processo demarcatório específico e conclusivo pela Delegacia de 
Patrimônio da União, não obsta o reconhecimento de usucapião. 
 
A demarcação da faixa de marinha depende de complexo procedimento administrativo 
prévio de atribuição do Poder Executivo, com notificação pessoal de todos os interessados, 
sempre que identificados pela União e de domicílio certo, com observância à garantia do 
contraditório e da ampla defesa. 
Enquanto não houver esse procedimento não se pode ter certeza de que a área encontra-se 
efetivamente situada em terreno de marinha. 
Tendo-se em conta a complexidade e onerosidade do procedimento demarcatório, sua 
realização submete-se a um juízo de oportunidade e conveniência por parte da 
Administração Pública. 
Ocorre que não é razoável que o jurisdicionado, para que possa usucapir um terreno que 
ocupa há mais de 30 anos, fique esperando que o Poder Executivo realize a demarcação da 
área, sem qualquer previsão de que isso vá ocorrer. 
 
Assim, é possível o reconhecimento da usucapião nesse caso, devendo, contudo, o juiz, 
fazer uma ressalva na sentença de que a União poderá fazer uma eventual e futura 
demarcação no terreno. Se ficar constatando, efetivamente, que o imóvel está localizado 
em terreno de marinha, a União será declarada proprietária da área, não havendo 
preclusão sobre o tema. Aplica-se o mesmo raciocínio constante na Súmula 496 do STJ: Os 
registros de propriedade particular de imóveis situados em terrenos de marinha não são 
oponíveis à União. 
Processo STJ. 4ª Turma. REsp 1.090.847-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 23/4/2013. 
 
 
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Propriedade intelectual 
 
Constitui ofensa aos direitos autorais a reprodução, sem autorização ou menção aos seus 
autores, em periódico de cunho erótico, de trechos de determinada obra musical — que vinha 
sendo explorada comercialmente, em segmento mercadológico diverso, pelos titulares de seus 
direitos patrimoniais — no caso em que o trecho tenha sido utilizado para dar completude ao 
ensaio fotográfico publicado, proporcionando maior valorização do produto comercializado. 
Comentários O caso fático foi o seguinte: 
O Sistema Globo de Edições Musicais é detentor dos direitos patrimoniais sobre a música 
“Dancin’Days”. 
Em um ensaio erótico da revista Playboy® foi utilizado o seguinte trecho da canção em cima 
de uma das fotos: “Abra suas asas, Solte suas feras, Entre nesta festa”. 
Diante disso, a Globo® ingressou com uma ação de indenização por violação de direitos 
autorais contra a Editora Abril. 
A ré contestou a ação invocando o art. 46, VIII da Lei n. 9.610/98 e afirmando que a 
reprodução noticiada se destinou apenas a ilustrar matéria editorial, não se caracterizando 
qualquer conotação de exploração comercial da obra. Veja o que diz o dispositivo 
mencionado: 
Art. 46. Não constitui ofensa aos direitos autorais: 
(...) 
VIII - a reprodução, em quaisquer obras, de pequenos trechos de obras preexistentes, de 
qualquer natureza, ou de obra integral, quando de artes plásticas, sempre que a reprodução em 
si não seja o objetivo principal da obra nova e que não prejudique a exploração normal da obra 
reproduzida nem cause um prejuízo injustificado aos legítimos interesses dos autores. 
 
A questão chegou até o STJ. O que decidiu a Corte? 
O STJ entendeu que a situação em análise não se enquadra na exceção prevista no art. 46, 
VIII, da Lei n. 9.610/98. 
Para o STJ, a utilização da música não foi feita de forma meramente acessória (com menor 
importância). O ensaio fotográfico foi completado com o refrão musical a fim de induzir os 
leitores a contemplarem a modelo nos termos imaginados pelo fotógrafo, de modo que a 
obra musical foi utilizada em caráter de completude, proporcionando maior valorização do 
produto comercializado. 
Além disso, restou provado que a titular dos direitos estava explorando comercialmente a 
música em segmento mercadológico diverso e que não era intenção vincular a música ao 
mercado erótico. 
Logo, o STJ reconheceu que houve a efetiva violação aos direitos autorais. 
Processo STJ. 4ª Turma. REsp 1.217.567-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 7/5/2013. 
 
 
Bem de família e penhorabilidade no caso de crime 
 
No âmbito de execução de sentença civil condenatória decorrente da prática de ato ilícito, é 
possível a penhora do bem de família na hipótese em que o réu também tenha sido condenado 
na esfera penal pelo mesmo fundamento de fato. 
Comentários Espécies de bem de família 
No Brasil, atualmente, existem duas espécies de bem de família: 
a) Bem de família convencional ou voluntário (arts. 1711 a 1722 do Código Civil) 
b) Bem de família legal (Lei n. 8.009/90). 
 
 
 
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Bem de família legal 
Consiste no imóvel residencial próprio do casal, ou da entidade familiar. 
Considera-se residência um único imóvel utilizado pelo casalou pela entidade familiar para 
moradia permanente. 
Na hipótese de o casal, ou entidade familiar, ser possuidor de vários imóveis utilizados 
como residência, a impenhorabilidade recairá sobre o de menor valor, salvo se outro tiver 
sido registrado, para esse fim, no Registro de Imóveis e na forma do Código Civil (bem de 
família convencional). 
 
Proteção conferida ao bem de família legal 
O bem de família legal é impenhorável e não responderá por qualquer tipo de dívida civil, 
comercial, fiscal, previdenciária ou de outra natureza, contraída pelos cônjuges ou pelos 
pais ou filhos que sejam seus proprietários e nele residam, salvo nas hipóteses previstas na 
Lei n. 8.009/90. 
 
Exceções à impenhorabilidade do bem de família 
O art. 3º da Lei n. 8.009/90 traz as hipóteses em que o bem de família legal pode ser 
penhorado. 
 
Vale destacar o inciso VI: 
Art. 3º A impenhorabilidade é oponível em qualquer processo de execução civil, fiscal, 
previdenciária, trabalhista ou de outra natureza, salvo se movido: 
VI - por ter sido adquirido com produto de crime ou para execução de sentença penal 
condenatória a ressarcimento, indenização ou perdimento de bens. 
 
Segundo ressalta o Min. Luis Felipe Salomão, “entre os bens jurídicos em cotejo - de um 
lado a preservação da moradia do devedor inadimplente e, de outro, o dever de ressarcir os 
prejuízos sofridos em decorrência de conduta ilícita criminalmente apurada -, preferiu o 
legislador privilegiar o ofendido em detrimento do infrator, afastando a impenhorabilidade 
do bem de família” 
 
Vale destacar que a exceção prevista no inciso VI não abrange os casos em que o fato seja 
apenas ilícito civil. É necessário que seja ilícito civil e também crime, tendo sido prolatada 
sentença penal condenatória. 
Processo STJ. 4ª Turma. REsp 1.021.440-SP, Min. Rel. Luis Felipe Salomão, julgado em 2/5/2013. 
 
 
DIREITO DO CONSUMIDOR 
 
Vício de quantidade e direito à informação 
 
Ainda que haja abatimento no preço do produto, o fornecedor responderá por vício de 
quantidade na hipótese em que reduzir o volume da mercadoria para quantidade diversa da 
que habitualmente fornecia no mercado, sem informar na embalagem, de forma clara, precisa 
e ostensiva, a diminuição do conteúdo. 
Comentários Imagine a seguinte situação: 
Determinada fabricante reduziu de 600 ml para 500 ml o conteúdo dos seus refrigerantes 
PET, sem a adequada informação aos consumidores. 
Essa prática é conhecida como “maquiagem de produto” ou “aumento disfarçado de preços”. 
Diante disso, o Procon de Minas Gerais instaurou procedimento administrativo contra a 
fabricante, tendo imposto multa de 460 mil reais, nos termos do art. 57 do CDC. 
 
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Houve, no caso concreto, um vício ou defeito do produto? 
Trata-se, na hipótese, de vício de quantidade do produto. 
 
Relembre as diferenças entre os institutos: 
Vício Defeito 
Vício é a inadequação do produto ou 
serviço para os fins a que se destina. É uma 
falha ou deficiência que compromete o 
produto em aspectos como a quantidade, a 
qualidade, a eficiência etc. 
 
Ex: Paulo compra um Playstation e ele não 
“roda” todos os jogos. 
Defeito diz respeito à insegurança do 
produto ou serviço. Está relacionado com o 
acidente de consumo. 
 
Ex: Paulo compra um Playstation, ele liga o 
aparelho, começa a jogar e, de repente, o 
videogame esquenta muito e explode, 
ferindo-o. 
 
Qual é o tipo de vício de que trata o caso? Onde está a previsão legal? 
Trata-se de um vício do produto (vício de quantidade), previsto no art. 18 do CDC: 
Art. 18. Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não duráveis respondem 
solidariamente pelos vícios de qualidade ou quantidade que os tornem impróprios ou 
inadequados ao consumo a que se destinam ou lhes diminuam o valor, assim como por 
aqueles decorrentes da disparidade, com as indicações constantes do recipiente, da 
embalagem, rotulagem ou mensagem publicitária, respeitadas as variações decorrentes de 
sua natureza, podendo o consumidor exigir a substituição das partes viciadas. 
 
Ação anulatória 
A fabricante ajuizou, então, ação anulatória contra o Estado de Minas Gerais, sob o 
argumento de não ter praticado nenhuma infração contra as relações de consumo, pedindo 
a anulação da multa administrativa imposta. 
 
1º argumento da fabricante: 
Na ação proposta, a fabricante alegou que reduziu o preço do refrigerante vendido aos 
distribuidores e que não pode ser punida se, eventualmente, tais distribuidores não 
repassaram essa diminuição aos consumidores. 
 
O STJ concordou com essa tese? 
NÃO. São legitimados a figurar no polo passivo da relação de consumo todos os 
participantes que integrem a cadeia geradora ou manipuladora de bens e serviços (causa 
remota da legitimação passiva), por existência de ato ou fato, omissivo ou comissivo, que 
coloque em risco ou ofenda um direito do consumidor de tais bens e serviços (causa 
próxima da legitimação passiva). 
 
Como a oferta e a colocação de produtos e serviços no mercado pressupõem, em regra, a 
atuação de mais de um fornecedor, a legislação prevê que a responsabilidade civil objetiva 
por violações a direitos do consumidor deverá recair sobre todos os que se enquadram no 
conceito de fornecedor (art. 3º do CDC). Em outras palavras, a responsabilidade civil 
objetiva recai, de forma solidária, sobre todos aqueles que, direta ou indiretamente, atuem 
na “atividade de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, 
exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços”. A isso 
se dá o nome de princípio da “solidariedade dos partícipes do ciclo de produção”. 
 
Essa solidariedade encontra-se prevista nos seguintes artigos do CDC: 
Art. 7º (...) Parágrafo único. Tendo mais de um autor a ofensa, todos responderão 
solidariamente pela reparação dos danos previstos nas normas de consumo. 
 
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Art. 18. Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não duráveis respondem 
solidariamente pelos vícios de qualidade ou quantidade que os tornem impróprios ou 
inadequados ao consumo a que se destinam ou lhes diminuam o valor, assim como por 
aqueles decorrentes da disparidade, com as indicações constantes do recipiente, da 
embalagem, rotulagem ou mensagem publicitária, respeitadas as variações decorrentes de 
sua natureza, podendo o consumidor exigir a substituição das partes viciadas. 
 
Art. 25 (...) § 1º Havendo mais de um responsável pela causação do dano, todos 
responderão solidariamente pela reparação prevista nesta e nas Seções anteriores. 
 
Para o STJ, ainda que tenha havido a alegada falha do distribuidor em repassar a diminuição 
de volume dos refrigerantes aos consumidores, a fabricante, compreendida na acepção 
larga de “fornecedor” (art. 3º do CDC), não pode se eximir da responsabilidade civil 
objetiva, respondendo solidariamente pelo vício de quantidade do produto colocado à 
venda. Caberá à fabricante, caso queira, exercer eventual direito de regresso, na via 
própria, contra os distribuidores. 
 
 
2º argumento da fabricante: 
A fabricante alegou que no rótulo havia a menção ao novo volume do refrigerante, não 
tendo, portanto, havido falha na informação. 
 
O STJ concordou com essa tese? 
NÃO. Entendeu-se que a informação prestada ao consumidor não foi feita de forma clara, 
precisa e ostensiva. 
 
O direito à informação encontra fundamento na CF/88 (art. 5º, XIV). Além disso, o CDC o 
prevê como sendo um direito básico do consumidor (art. 6º, III). 
 
O direito à informação confere ao consumidor uma escolha consciente, permitindo que 
suas expectativas em relação ao produto ou serviço sejam de fato atingidas. Trata-se do 
chamado “consentimento informado ou vontade qualificada”. 
 
Diante disso, o comando previsto no art. 6º, III, do CDC somente será efetivamente 
cumprido quando a informação for prestada ao consumidor de maneira adequada, assim 
entendida aquela que se apresentasimultaneamente completa, gratuita e útil, vedada, no 
último caso, a diluição da comunicação relevante pelo uso de informações soltas, 
redundantes ou destituídas de qualquer serventia. 
 
Além do mais, o dever de informar é considerado um modo de cooperação, uma 
necessidade social que se tornou um autêntico ônus pró-ativo incumbido aos fornecedores 
(parceiros comerciais, ou não, do consumidor), pondo fim à antiga e injusta obrigação que o 
consumidor tinha de se acautelar (caveat emptor). 
 
Além disso, o art. 31 do CDC, que cuida da oferta publicitária, tem sua origem no princípio 
da transparência (art. 4º, caput) e é decorrência do princípio da boa-fé objetiva. 
 
Observe-se que o dever de informar não é tratado como mera obrigação anexa, e sim como 
dever básico, essencial e intrínseco às relações de consumo, não podendo afastar a índole 
enganosa da informação que seja parcialmente falsa ou omissa a ponto de induzir o consumidor 
a erro, uma vez que não é válida a “meia informação” ou a “informação incompleta”. 
Processo STJ. 2ª Turma. REsp 1.364.915-MG, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 14/5/2013. 
 
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Violação do dever de informação e reação alérgica causada pelo produto 
 
No caso em que consumidor tenha apresentado reação alérgica ocasionada pela utilização de 
sabão em pó, não apenas para a lavagem de roupas, mas também para a limpeza doméstica, o 
fornecedor do produto responderá pelos danos causados ao consumidor na hipótese em que 
conste, na embalagem do produto, apenas pequena e discreta anotação de que deve ser evitado 
o "contato prolongado com a pele" e que, "depois de utilizar" o produto, o usuário deve lavar e 
secar as mãos. 
Comentários Imagine a seguinte situação adaptada: 
Maria adquiriu determinado sabão em pó para lavar suas roupas e também para lavar os 
cômodos da casa e, após certo período de tempo, começou a sentir coceira e queimação 
nas mãos, tendo o desconforto evoluído para vermelhidão e grandes bolhas até se 
diagnosticar que estava com “dermatite de contato” causada pelo produto. 
Diante disso, ajuizou ação de indenização por danos materiais, morais e estéticos, alegando 
que a fabricante possui responsabilidade objetiva em virtude da ocorrência de fato do 
produto, nos termos do art. 12 do CDC: 
Art. 12. O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o importador 
respondem, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados 
aos consumidores por defeitos decorrentes de projeto, fabricação, construção, montagem, 
fórmulas, manipulação, apresentação ou acondicionamento de seus produtos, bem como 
por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua utilização e riscos. 
 
§ 1º - O produto é defeituoso quando não oferece a segurança que dele legitimamente se 
espera, levando-se em consideração as circunstâncias relevantes, entre as quais: 
I - sua apresentação; 
II - o uso e os riscos que razoavelmente dele se esperam; 
III - a época em que foi colocado em circulação. 
 
Argumentos da ré 
A fabricante defendeu-se apresentando dois argumentos principais: 
a) A consumidora fez o uso inadequado do produto, considerando que usou o sabão em 
pó não apenas para lavar roupas, mas também para limpar os cômodos da casa (culpa 
exclusiva da consumidora – inciso III do § 3º do art. 12 do CDC); 
b) A consumidora possui hipersensibilidade ao produto, não se podendo dizer que este 
apresente defeito (inciso II do § 3º do art. 12). 
 
Veja os dispositivos invocados pela fabricante: 
§ 3º O fabricante, o construtor, o produtor ou importador só não será responsabilizado 
quando provar: 
(...) 
II - que, embora haja colocado o produto no mercado, o defeito inexiste; 
III - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro. 
 
A questão chegou até o STJ. O que decidiu a Corte? 
 
1º argumento da fabricante: uso inadequado (culpa exclusiva da consumidora) 
Não foi aceito. 
Segundo o STJ, a utilização do sabão em pó para limpeza do chão dos cômodos da casa, 
além da lavagem do vestuário, por si só, não representou conduta descuidada apta a 
colocar a consumidora em risco, uma vez que não se trata de uso negligente ou anormal do 
produto, sendo, inclusive, um comportamento de praxe nos ambientes residenciais. 
 
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2º argumento da fabricante (hipersensibilidade da consumidora): 
Também não foi aceito. 
O art. 12 previu três modalidades de defeitos dos produtos: 
a) defeito de concepção; 
b) defeito de produção e 
c) defeito de informação. 
 
No caso em tela, não houve defeito de concepção nem de produção. Contudo, é de se notar 
que a responsabilização da fornecedora não se deu por defeito intrínseco (o produto 
realmente não apresentou falha material), mas ao contrário, por defeito extrínseco, qual 
seja, defeito de informação. 
Para o STJ, houve violação ao direito da autora de ser devidamente informada, tendo em 
vista a falta de informação clara e suficiente de que o produto só poderia ser utilizado na 
lavagem de roupas, de que o contato com a pele deveria ser por um curto lapso de tempo, 
bem como que o produto poderia vir a causar irritação ou qualquer outro problema 
alérgico. 
Ressalte-se que, na embalagem do produto, havia dois avisos: “Evite contato prolongado 
com a pele” e “Depois de utilizar o produto, o usuário deve lavar e secar as mãos”. No 
entanto, o STJ considerou que tais advertências não eram suficientes para alertar os 
consumidores de forma eficiente quanto aos riscos do produto. 
A embalagem do sabão em pó deveria conter advertência destacada acerca dos riscos que o 
produto poderia acarretar, bem como informações sobre o modo e tempo de uso 
aconselhável do produto. 
Processo STJ. 4ª Turma. REsp 1.358.615-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 2/5/2013. 
 
 
Responsabilidade civil dos Correios por extravio de carta registrada 
 
O extravio de correspondência registrada acarreta dano moral in re ipsa (sem necessidade de 
comprovação do prejuízo), devendo os Correios indenizar o consumidor. 
Comentários O consumidor pode enviar uma correspondência simples ou registrada. Tendo optado por 
enviar carta registrada, é dever dos Correios comprovar a entrega da correspondência, ou a 
impossibilidade de fazê-lo, por meio da apresentação do aviso de recebimento ao 
remetente. Afinal, quem faz essa espécie de postagem possui provável interesse no 
rastreamento e no efetivo conhecimento do recebimento da carta pelo destinatário, por 
isso paga mais. 
Portanto, se os Correios não comprovaram a efetiva entrega da carta registrada postada 
pelo consumidor, que pagou tarifa especial para possibilitar o rastreamento pelo próprio 
órgão de postagem, deve ser reconhecida a falha do serviço prestado, a ensejar a devida 
reparação por dano moral. Esse dano moral é in re ipsa (sem necessidade de comprovação 
do prejuízo). 
Processo STJ. 4ª Turma. REsp 1.097.266-PB, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, Rel. para acórdão Min. Raul Araújo, julgado em 
2/5/2013. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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DIREITO EMPRESARIAL 
Desconsideração da personalidade jurídica 
 
Na hipótese em que tenha sido determinada a desconsideração da personalidade jurídica de 
sociedade limitada modesta na qual as únicas sócias sejam mãe e filha, cada uma com metade 
das quotas sociais, é possível responsabilizar pelas dívidas dessa sociedade a sócia que, de 
acordo com o contrato social, não exerça funções de gerência ou administração. 
Comentários Imagine a seguinte situação adaptada: 
O Banco ajuizou uma execução contra a sociedade limitada Silva e Silva Ltda, uma 
microempresa que possui apenas duas sócias: Maria e Joana (mãe e filha). 
O juiz aceitou o requerimento do Banco e decretou a desconsideração da personalidade 
jurídica, determinando que a execução recaísse sobre os bens particulares dos sócios da 
pessoa jurídica. 
Joana opôs exceção de pré-executividade, sustentando a sua ilegitimidadepassiva, sob o 
argumento de que não participou da gerência e administração da empresa. Assim, a 
desconsideração deveria atingir apenas os bens de sua mãe (Maria) que, conforme o 
contrato social seria a única sócia-administradora. 
 
O que o STJ decidiu? 
A desconsideração da personalidade jurídica, no âmbito das relações civis gerais, está 
prevista no art. 50 do CC: 
Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de 
finalidade, ou pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou 
do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e 
determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares dos 
administradores ou sócios da pessoa jurídica. 
 
Segundo o STJ, apesar de o art. 50 do CC/02 não trazer essa peculiaridade, é certo que a 
aplicação da desconsideração da personalidade jurídica deve incidir apenas sobre os bens 
dos administradores ou sócios que efetivamente contribuíram na prática do abuso ou 
fraude na utilização da pessoa jurídica, devendo ser afastada a responsabilidade dos sócios 
minoritários que não influenciaram na prática do ato. 
 
No julgamento do REsp 786.345/SP (3ª Turma, Rel. para o acórdão Min. Ari Pargendler, DJe 
de 26.11.2008), o STJ entendeu que a desconsideração da personalidade jurídica no caso de 
sociedades limitadas somente atinge os sócios-gerentes (não abrangendo quem tem apenas 
o status de sócio sem poder de administração). 
 
No caso narrado acima, contudo, o STJ considerou que se tratava de uma hipótese diferente 
daquela. Isso porque Joana, juntamente com sua mãe (Maria), são as únicas sócias da sociedade 
limitada e cada uma detém 50% das quotas sociais. Logo, Joana não é sócia minoritária. 
 
Além disso, no âmbito de uma organização empresarial mais modesta, especialmente quando 
se trata de sociedade entre mãe e filha, a titularidade de quotas e a administração são 
realidades que frequentemente se confundem. Nesse passo, as deliberações sociais, na maior 
parte das vezes, se dão no dia-a-dia, sob a forma de decisões gerenciais. Logo, é muito difícil 
apurar a responsabilidade por eventuais atos abusivos ou fraudulentos. Em hipóteses como 
essa, a previsão, no contrato social, de que as atividades de administração serão realizadas 
apenas por um dos sócios não é suficiente para afastar a responsabilidade dos demais. Seria 
necessário, para afastar a referida responsabilidade, a comprovação de que um dos sócios 
estava completamente distanciado da administração da sociedade, o que não foi feito. 
Processo STJ. 3ª Turma. REsp 1.315.110-SE, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 28/5/2013. 
 
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Desconsideração da personalidade jurídica – 2 
 
O juiz pode determinar, de forma incidental, nos autos da execução singular ou coletiva, a 
desconsideração da personalidade jurídica. 
Comentários Segundo a jurisprudência do STJ, a desconsideração da personalidade jurídica, uma vez 
respeitado o devido processo legal, não precisa ser requerida mediante ação autônoma. 
Assim, o juiz pode determinar, de forma incidental, nos autos da execução singular ou 
coletiva, a desconsideração da personalidade jurídica. 
Processo STJ. 3ª Turma. REsp 1.326.201-RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 7/5/2013. 
 
 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL 
 
Reconhecimento de incompetência absoluta e prolação de decisão acautelatória 
 
Ainda que proferida por juízo absolutamente incompetente, é válida a decisão que, em ação 
civil pública proposta para a apuração de ato de improbidade administrativa, tenha 
determinado — até que haja pronunciamento do juízo competente — a indisponibilidade dos 
bens do réu a fim de assegurar o ressarcimento de suposto dano ao patrimônio público. 
Comentários Imagine a seguinte situação adaptada: 
O Ministério Público ajuíza uma ação de improbidade administrativa diretamente no TJ (2ª 
instância). 
O Desembargador relator profere uma decisão liminar determinando a indisponibilidade 
dos bens dos réus. 
Os réus apresentam defesa preliminar na qual suscitam a incompetência absoluta (critério 
funcional) do Tribunal para conhecer da causa e pedem que, reconhecida a incompetência, 
seja anulado o ato decisório que determinou a indisponibilidade dos bens. 
O Tribunal se reconhece absolutamente incompetente e determina a remessa dos autos à 
1ª instância. Nessa decisão, contudo, o TJ determina que seja mantida a decisão de 
indisponibilidade dos bens até que o juízo de 1ª instância delibere sobre o assunto. 
 
O TJ poderia ter mantido a indisponibilidade dos bens? 
SIM. 
 
Em regra, o reconhecimento da incompetência absoluta do juízo implica a nulidade dos atos 
decisórios por ele praticados, conforme determina o CPC: 
Art. 113. (...) § 2º Declarada a incompetência absoluta, somente os atos decisórios serão 
nulos, remetendo-se os autos ao juiz competente. 
 
Entretanto, isso não impede que o juízo que se declarou incompetente conceda ou 
mantenha, em caráter precário, alguma medida de urgência, a fim de prevenir o 
perecimento de direito ou a ocorrência de lesão grave e de difícil reparação. 
 
Essa decisão do juízo incompetente pode ser prolatada com base no “poder geral de 
cautela” (arts. 798 e 799 do CPC) e valerá até ulterior manifestação do juízo competente. 
 
Assim, não ofende o art. 113, § 2º do CPC a decisão que, a despeito de declinar da 
competência para vara especializada, manteve os efeitos da antecipação de tutela já 
concedida até a sua reapreciação pelo juízo competente. 
Processo STJ. 2ª Turma. REsp 1.038.199-ES, Rel. Min. Castro Meira, julgado em 7/5/2013. 
ATENÇÃO 
 
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Competência para julgar ação de reconhecimento de união estável homoafetiva: vara de família 
 
A competência para processar e julgar ação destinada ao reconhecimento de união estável 
homoafetiva é da vara de família. 
 
Assim, se houver vara privativa para julgamento de processos de família, essa será competente 
para processar e julgar pedido de reconhecimento e dissolução de união estável homoafetiva, 
independentemente de eventuais limitações existentes na lei de organização judiciária local. 
Comentários A competência para julgar a ação de reconhecimento de união estável homoafetiva é da 
vara cível ou da vara de família? 
VARA DE FAMÍLIA. 
 
A organização judiciária de cada Estado é matéria de competência do Poder Legislativo 
estadual, mediante lei de iniciativa do Poder Judiciário local (art. 125, § 1º, da CF/88). No 
entanto, uma vez que a Lei de Organização Judiciária estadual preveja vara para tratar 
sobre os assuntos relacionados a direito de família, tal vara será competente para processar 
e julgar pedido de reconhecimento e dissolução de união estável homoafetiva, 
considerando que se trata de entidade familiar, conforme decidiu o STF na ADI n. 4.277/DF, 
Min. Rel. Ayres Britto, DJe 5/5/2011. 
Processo STJ. 3ª Turma. REsp 1.291.924-RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 28/5/2013. 
 
 
Ação de exibição de contrato de seguro coletivo proposta contra a empregadora: Justiça comum 
 
Compete à justiça comum, e não à justiça trabalhista, o processamento e o julgamento de ação 
cautelar de exibição de documentos na qual beneficiário de seguro de vida coletivo busque a 
exibição, pelo ex-empregador de seu falecido pai, de documentos necessários a instruir ação de 
cobrança contra a seguradora. 
Comentários Imagine a seguinte situação hipotética: 
João trabalhava na empresa “Alfa”. 
Aos funcionários da empresa foi oferecido um seguro de vida coletivo, mantido pela 
seguradora “Beta”. 
João faleceu e o seu filho desejava receber o valor do seguro, não tendo, contudo cópia do 
contrato nem da apólice. 
Diante disso, o filho/beneficiário ajuizou uma ação de exibição contra a empresa “Alfa” com 
o objetivo de que esta entregasse “cópia do contrato de seguro, bem como da apólice, para 
que pudesse promover em face da seguradora, açãode cobrança, visando ao recebimento 
do seguro”. 
 
Essa ação deve ser proposta na Justiça comum ou na Justiça do Trabalho? 
JUSTIÇA COMUM ESTADUAL. 
 
Compete à justiça comum, e não à justiça trabalhista, o processamento e o julgamento de 
ação cautelar de exibição de documentos na qual beneficiário de seguro de vida coletivo 
busque a exibição, pelo ex-empregador de seu falecido pai, de documentos necessários a 
instruir ação de cobrança contra a seguradora. Isso porque, nessa situação, a ação não se 
fundamenta em qualquer vínculo trabalhista estabelecido entre as partes, mas sim em 
relação contratual existente entre o autor (filho de João), beneficiário do seguro de vida 
coletivo, e a seguradora. 
 
 
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As operações de seguro são reguladas pelo Decreto-Lei n. 73/66 que, em seu art. 21, § 2º, 
afirma que, nos seguros facultativos, o estipulante (empregador) é mero mandatário dos 
segurados, apenas intermediando o contrato celebrado entre seus empregados e a seguradora. 
 
Dessa forma, o pedido cautelar de exibição de documento está fundado em uma relação de 
direito civil (cobrança de indenização securitária) e não em uma relação trabalhista. A lide, 
portanto, não se enquadra nas hipóteses constitucionais que atraem a competência da 
Justiça do Trabalho (art. 114 da CF/88). 
Processo STJ. 1ª Seção. CC 121.161-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 22/5/2013. 
 
 
Ação indenizatória ajuizada pelo ex-dirigente contra entidade de previdência privada: Justiça Comum 
 
Compete à Justiça Comum Estadual (e não à Justiça do Trabalho) julgar ação de indenização 
por danos morais e materiais proposta pelo ex-dirigente de uma entidade de previdência 
privada em razão de ele ter sido destituído da presidência e, segundo alega, isso teria ocorrido 
em desacordo com as normas do estatuto social e do regimento interno do conselho 
deliberativo da instituição. 
Comentários Segundo entendeu o STJ, neste caso, a lide tem como fundamento o descumprimento de 
normas estatutárias relativas ao exercício de função eletiva, de natureza eminentemente 
civil, não decorrendo de relação de trabalho entre as partes. 
Processo STJ. 1ª Seção. CC 123.914-PA, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 26/6/2013. 
 
 
Ação proposta por ex-diretor sindical contra sindicato: Justiça do Trabalho 
 
Compete à Justiça do Trabalho o julgamento de ação proposta por ex-diretor sindical contra o 
sindicato que anteriormente representava na qual se objetive o recebimento de verbas com 
fundamento em disposições estatutárias. 
Comentários Imagine a seguinte situação: 
Paulo, ex-diretor sindical, ajuizou ação de indenização por danos materiais e morais contra 
o sindicato dos administradores, visando ao pagamento de verbas supostamente devidas 
em razão do exercício de cargo sindical (ajuda de custo), bem como indenização a título de 
danos morais em virtude do tratamento diferenciado recebido em relação aos demais 
diretores do sindicato. 
 
Essa ação será de competência da Justiça comum ou da Justiça do Trabalho? 
JUSTIÇA DO TRABALHO. 
 
Segundo entendem o STF e o STJ, após a promulgação da EC n. 45/2004, compete à Justiça 
do Trabalho o julgamento de causas relacionadas com litígios envolvendo dirigente sindical 
e a própria entidade que ele representa em matérias referentes a questões estatutárias. 
 
Qual é o fundamento constitucional? 
Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar: 
III - as ações sobre representação sindical, entre sindicatos, entre sindicatos e 
trabalhadores, e entre sindicatos e empregadores; 
 
Mas esse inciso III não fala em ações propostas por dirigente sindical contra sindicato... 
Segundo a doutrina especializada, esse inciso III do art. 114 da CF/88 deve ser interpretado 
ampliativamente, de forma a abranger quaisquer questões que envolvam, direta ou 
indiretamente, direito sindical. A Justiça do Trabalho funcionaria como um juízo universal 
das questões sindicais. 
Processo STJ. 1ª Seção. CC 124.534-DF, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 26/6/2013. 
 
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Mandado de segurança para controle da competência dos Juizados Especiais 
 
É cabível mandado de segurança, a ser impetrado no Tribunal de Justiça, a fim de que seja 
reconhecida, em razão da complexidade da causa, a incompetência absoluta dos juizados 
especiais para o julgamento do feito, ainda que no processo já exista decisão definitiva de 
Turma Recursal da qual não caiba mais recurso. 
Comentários Quem julga as causas e os recursos no sistema dos Juizados? 
As causas são examinadas, em 1º grau, por um Juiz do Juizado. O recurso contra a sentença 
proferida pelo juiz do juizado é julgado pela Turma Recursal. A Turma Recursal é um 
colegiado formado por três juízes (não é composta por Desembargadores), que tem a 
função de julgar os recursos contra as decisões proferidas pelo juiz do juizado. Funciona 
como instância recursal na estrutura dos Juizados Especiais. 
 
Lei n. 9.099/95: 
Art. 41. Da sentença, excetuada a homologatória de conciliação ou laudo arbitral, caberá 
recurso para o próprio Juizado. 
§ 1º O recurso será julgado por uma turma composta por três Juízes togados, em exercício 
no primeiro grau de jurisdição, reunidos na sede do Juizado. 
§ 2º No recurso, as partes serão obrigatoriamente representadas por advogado. 
 
 Instância julgadora em 1º grau: Juiz do Juizado. 
 Instância que julga os recursos: Turma Recursal. 
 
Quais os recursos cabíveis contra as decisões proferidas pelo juiz do juizado? 
 Decisão interlocutória: não cabe qualquer recurso. 
 Sentença: contra a sentença podem ser interpostos: 
a) embargos de declaração; 
b) recurso inominado. 
 
Quais os recursos cabíveis contra as decisões proferidas pela Turma Recursal? 
Contra os acórdãos prolatados pela Turma Recursal somente podem ser interpostos: 
 Embargos de declaração; 
 Recurso extraordinário. 
 
É cabível a interposição de Recurso Especial? 
NÃO. Súmula 203-STJ: Não cabe recurso especial contra decisão proferida por órgão de 
segundo grau dos Juizados Especiais. 
 
Por que é cabível o RE, mas não o REsp? 
Previsão do RE na CF/88 Previsão do REsp na CF/88 
Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal 
Federal, precipuamente, a guarda da 
Constituição, cabendo-lhe: 
III - julgar, mediante recurso 
extraordinário, as causas decididas em 
única ou última instância, quando a decisão 
recorrida: 
Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de 
Justiça: 
III - julgar, em recurso especial, as causas 
decididas, em única ou última instância, 
pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos 
tribunais dos Estados, do Distrito Federal e 
Territórios, quando a decisão recorrida: 
 
Desse modo, o RE é cabível contra causas decididas em única ou última instância por 
qualquer órgão jurisdicional. Já o REsp somente é cabível contra causas decididas em única 
ou última instância pelo TJ ou TRF. Como a Turma Recursal não é Tribunal, suas decisões 
não desafiam REsp. 
 
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Súmula 640-STF: É cabível recurso extraordinário contra decisão proferida por juiz de 
primeiro grau nas causas de alçada, ou por turma recursal de juizado especial cível e 
criminal. 
 
Vale ressaltar que somente caberá RE contra acórdão da Turma Recursal se a causa 
envolver questão constitucional. 
 
Feitas as observações acima, imagine agora a seguinte situação: 
João propôs, perante o Juizado Especial cível estadual, ação de obrigação de fazer contra 
determinada empresa. 
Em sua contestação, a empresa arguiu, como preliminar, a incompetência do Juizado 
Especial para julgar a causa, argumentando que se tratava de demanda de alta 
complexidade, que exigiria, inclusive, prova pericial (art. 3º, caput, da Lei n. 9.099/95). 
O juiz rejeitou a preliminar suscitada e, quanto ao mérito, julgou o pedido procedente. 
A empresa interpôs recurso inominado (art. 41), perante a Turma Recursal, tendo sido 
mantida a sentençaimpugnada. 
 
Contra o acórdão da Turma Recursal são cabíveis quais recursos? 
 Embargos de declaração; 
 Recurso extraordinário. 
 
No caso concreto, não havia obscuridade, omissão, contradição ou dúvida. Logo, não 
cabiam os embargos de declaração. 
 
O argumento da empresa era apenas um: a causa não se enquadrava na competência dos 
Juizados Especiais segundo a previsão do art. 3º da Lei n. 9.099/95. A empresa não 
suscitava nenhuma questão constitucional. Logo, também não seria possível a interposição 
de RE. 
 
É possível a interposição de recurso especial? 
Como vimos acima, contra a decisão da Turma Recursal, não cabe REsp. 
 
Desse modo, a empresa ficou sem opções e ocorreu o trânsito em julgado. Sucede que a 
empresa não se conformava com o fato de aquela causa ter sido julgada pelo Juizado 
Especial. 
 
Existe algum instrumento jurídico que a parte poderá manejar para questionar a 
competência do Juizado Especial? 
SIM. É cabível mandado de segurança, a ser impetrado no Tribunal de Justiça, a fim de que 
seja reconhecida, em razão da complexidade da causa, a incompetência absoluta dos 
juizados especiais para o julgamento do feito, ainda que no processo já exista decisão 
definitiva de Turma Recursal da qual não caiba mais recurso. 
 
Vale ressaltar que esse mandado de segurança não irá discutir o mérito da demanda 
originária. Em outras palavras, o TJ, ao julgar o writ, não decidirá se o pedido do autor 
deverá ser julgado procedente ou improcedente. O Tribunal irá apenas deliberar se a 
matéria discutida é ou não de competência dos Juizados Especiais. 
 
As decisões que fixam a competência dos Juizados Especiais não podem ficar desprovidas 
de controle. Por isso, o STJ entende que é possível a impetração de mandado de segurança 
 
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com a finalidade de promover o controle da competência dos Juizados Especiais. Esse MS 
será julgado pelo TJ (no caso de Juizado Especial estadual) ou pelo TRF (no caso de JEF) 
(RMS 26.665/DF, Rel. Min. Herman Benjamin, Segunda Turma, julgado em 26/5/2009). 
 
Atenção: não confundir! 
 Parte impetra MS contra ato do juiz do juizado: a competência para julgar é da Turma 
Recursal (Súmula 376-STJ); 
 Parte impetra MS contra Turma Recursal (se for para discutir o mérito): não é cabível. 
 Parte impetra MS contra Turma Recursal (se for para discutir se a causa pode ou não ser 
julgada no Juizado): a competência para julgar este writ é do TJ (ou TRF). 
 
Processo STJ. 4ª Turma. RMS 39.041-DF, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 7/5/2013. 
 
 
Regulamentação do processo eletrônico 
 
É possível que o tribunal local defina, por meio de resolução que regulamente o processo 
eletrônico no âmbito de sua respectiva competência, ser de responsabilidade do autor a 
digitalização dos autos físicos para continuidade da tramitação do processo em meio eletrônico. 
Comentários O Tribunal Regional Federal da 4ª Região editou a Resolução n. 17/2010 determinando que, 
no caso de processo eletrônico, a responsabilidade pela digitalização e guarda dos 
documentos físicos é da parte. 
 
Essa determinação foi questionada, sob o argumento de que teria violado a Lei n. 
11.419/2006, que trata sobre o processo eletrônico. 
 
O STJ, no entanto, entendeu que a citada resolução não extrapolou a autorização conferida 
pelo art. 18 da Lei n. 11.419/2006: 
Art. 18. Os órgãos do Poder Judiciário regulamentarão esta Lei, no que couber, no âmbito 
de suas respectivas competências. 
 
Processo STJ. 2ª Turma. REsp 1.374.048-RS, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 21/5/2013. 
 
 
Art. 285-A do CPC e dupla conformidade 
 
Não é possível a aplicação do art. 285-A do CPC quando o entendimento exposto na sentença, 
apesar de estar em consonância com a jurisprudência do STJ, divergir do entendimento do 
tribunal de origem. 
Comentários Introdução 
Existem muitas ações judiciais propostas que tratam de temas idênticos ao de outras 
demandas já ajuizadas. São chamadas de “causas repetitivas”. 
 
Por conta dessas causas repetitivas, era muito comum acontecer a seguinte situação, 
bastante improdutiva: o juiz julgava pela primeira vez a demanda e firmava seu 
entendimento sobre determinado assunto. Depois disso, continuava recebendo centenas 
(ou até milhares) de outras ações versando a respeito de tema idêntico. O magistrado, 
mesmo já sabendo que iria julgar improcedente o pedido, tinha que receber a petição 
inicial, determinar a citação do réu e, então, prolatar a sentença de improcedência. Tudo 
isso levava tempo e consumia recursos públicos. 
 
ATENÇÃO 
 
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Vejamos o seguinte exemplo: 
Os servidores públicos federais entendiam ter direito à verba “X”, que foi negada pela 
Administração Pública. Diante desse cenário, João, servidor público, ajuizou ação pedindo o 
recebimento da referida gratificação. O juiz, após a contestação da União, estudou o tema, 
verificou que a jurisprudência dos Tribunais superiores era contrária ao pleito e, então, 
firmou seu entendimento sobre a causa, julgando improcedente o pedido de João. Na 
semana seguinte, o juiz percebeu que recebeu centenas de ações, propostas por outros 
servidores públicos federais, apresentando os mesmos argumentos já deduzidos por João e 
pedindo a mesma gratificação “X”. Como explicado acima, o magistrado, mesmo já sabendo 
que iria negar o pedido, tinha que receber todas as centenas de petições iniciais, 
determinar a citação da União e, então, prolatar diversas sentenças de improcedência. 
 
Pensando em otimizar e racionalizar essa situação, o legislador, por meio da Lei n. 
11.277/2006, inseriu o art. 285-A ao CPC, prevendo a possibilidade de o juiz negar o pedido 
do autor (julgar improcedente) já no momento do recebimento da petição inicial, ou seja, 
sem nem citar o réu. 
 
Dispositivo legal: 
Art. 285-A. Quando a matéria controvertida for unicamente de direito e no juízo já houver 
sido proferida sentença de total improcedência em outros casos idênticos, poderá ser 
dispensada a citação e proferida sentença, reproduzindo-se o teor da anteriormente 
prolatada. 
 
Improcedência liminar 
O art. 285-A é uma técnica de aceleração do processo, podendo ser encontrada nos livros 
com os mais diversos nomes: “julgamento de improcedência liminar”, “improcedência 
prima facie”, “julgamento liminar de mérito”, “julgamento antecipadíssimo da lide” ou 
“improcedência macroscópica”. 
Repare que o art. 285-A somente se aplica no caso de indeferimento. Não pode o juiz julgar 
procedente o pedido sem citar o réu. 
 
Requisitos: 
Para que o magistrado possa aplicar a regra do art. 285-A do CPC é necessário que estejam 
preenchidos três requisitos. Os dois primeiros estão previstos expressamente na lei, 
enquanto que o terceiro é um requisito implícito construído pela doutrina a partir de uma 
interpretação teleológica a fim de que garantir que os objetivos do legislador sejam 
atendidos. Vejamos cada um dos requisitos exigidos: 
 
a) A causa precisa ser unicamente de direito. 
Causa unicamente de direito é aquela que não precisa de outras provas a não ser a 
análise de documentos. Não é necessária prova testemunhal, pericial etc. 
 
b) Sobre aquele tema, o juízo já deve ter proferido sentença de total improcedência em 
outros casos idênticos. 
“É o que acontece nos litígios de massa, como as causas previdenciárias, as tributárias, 
as que envolvem servidores públicos, consumidores etc., sujeitos que se encontram em 
uma situação fático-jurídica semelhante. Nessas causas, discute-se normalmente a 
mesma tese jurídica, distinguindo-se apenas os sujeitos da relação jurídica discutida. 
São causas que poderiam ter sido reunidas em uma ação coletiva. (...) Se o magistrado 
já tiver concluído, em outros processos, que aquela pretensão não deve ser acolhida, 
fica dispensado de citar o réu, podendo julgar antecipadamente o mérito da causa.” 
(DIDIER JR., Fredie., p. 516). 
 
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Obs1: quando a Lei fala em “casos idênticos”, na verdade, deve-se entender “casos 
similares” ou “idêntica tese jurídica”. As demandas não são idênticas, uma vez o réu é o 
mesmo, mas são autores diferentes. Se as causas fossem idênticas (mesma causa de 
pedir, mesmo pedido e mesmas partes), haveria, no caso, extinção por litispendência. 
 
Obs2: vale ressaltar que, para o STJ, não basta que o juiz mencione que existem outras 
sentenças anteriormente prolatadas no mesmo sentido. É necessário que o magistrado 
reproduza (transcreva) o teor dessa sentença paradigma anterior na nova decisão (AgRg no 
AREsp 153.180/PE, Rel. Min. Herman Benjamin, Segunda Turma, julgado em 12/6/2012). 
 
 
c) A tese jurídica que será aplicada pelo juiz na sentença deve estar de acordo com a 
jurisprudência do Tribunal ao qual ele está vinculado e também do STJ e STF. 
O objetivo do legislador ao inserir o art. 285-A ao CPC foi o de otimizar o tempo e reduzir os 
custos do processo, fazendo com que fosse abreviado um desfecho inevitável. 
Se a tese jurídica aplicada pelo juiz de direito (ou juiz federal) na sentença for contrária 
ao entendimento do TJ (ou TRF), o autor irá recorrer contra a decisão e essa apelação 
será provida. Com isso, o Tribunal determinará que os autos retornem ao juízo de 
primeiro grau para processamento e julgamento da ação. 
Em suma, ao invés de acelerar o trâmite processual, na verdade, a atitude do juiz em 
aplicar o art. 285-A do CPC iria provocar grande tumulto processual e atrasar o 
encerramento da ação. 
O STJ exige esse terceiro pressuposto para a aplicação do art. 285-A do CPC: REsp 
1.279.570/MG; REsp 1.225.227-MS. 
 
Imagine que o entendimento do juiz sobre a tese jurídica de determinada causa 
repetitiva é igual ao do STJ, mas contrário ao do TJ (ou TRF). Ex: juiz e STJ pensam que a 
gratificação “X” não é devida, mas o TRF vem concedendo a verba quando julga os 
recursos interpostos pelos servidores. Nesse exemplo, o juiz poderá aplicar o art. 285-A 
para as causas envolvendo a referida gratificação? 
NÃO. Para que o art. 285-A do CPC seja aplicado, é necessário que o entendimento do 
juiz de 1º grau pela improcedência do pedido esteja em consonância com a 
jurisprudência do Tribunal local e também Tribunais Superiores. A isso se dá o nome de 
“dupla conformidade” ou “dupla conforme”. 
Se o entendimento do Tribunal local for diferente do STJ, não deve ser aplicado o art. 
285-A do CPC. 
 
Se os requisitos acima não forem atendidos: 
O Tribunal, no julgamento da apelação, deverá anular (“cassar”) a sentença prolatada e 
determinar o retorno dos autos à 1ª instância para processar e julgar a ação regularmente 
(AgRg no REsp 1307682/RN, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, Primeira Turma, julgado 
em 27/11/2012). 
Processo STJ. 3ª Turma. REsp 1.225.227-MS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 28/5/2013. 
 
 
Bens das filiais podem ser penhorados para pagar dívidas tributárias da matriz 
 
Os valores depositados em contas em nome das filiais estão sujeitos à penhora por dívidas 
tributárias da matriz. 
Comentários Para maiores informações, vide explicação em Direito Tributário. 
Processo STJ. 1ª Seção. REsp 1.355.812-RS, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 22/5/2013. 
 
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Execução fiscal e cobrança de anuidades dos Conselhos Profissionais 
 
As execuções fiscais ajuizadas pelos conselhos profissionais em data anterior ao início de 
vigência do art. 8º, caput, da Lei 12.514/2011 devem ser extintas na hipótese em que 
objetivarem a cobrança de anuidades cujos valores sejam inferiores a quatro vezes o montante 
cobrado anualmente da pessoa física ou jurídica inadimplente. 
Comentários Qual é a natureza jurídica dos Conselhos Profissionais (exs: CREA, CRM, COREN, CRO etc.)? 
Segundo o entendimento do STF, os Conselhos Profissionais possuem natureza jurídica de 
autarquias federais, com exceção da OAB, que é um serviço público independente, 
categoria ímpar no elenco das personalidades jurídicas existentes no direito brasileiro. 
 
Anuidades 
Os Conselhos podem cobrar um valor todos os anos dos profissionais que integram a sua 
categoria. A isso se dá o nome de anuidade (art. 4º, II, da Lei n. 12.514/2011). Veja o que 
diz também a Lei n. 11.000/2004: 
Art. 2º Os Conselhos de fiscalização de profissões regulamentadas são autorizados a fixar, 
cobrar e executar as contribuições anuais, devidas por pessoas físicas ou jurídicas, bem 
como as multas e os preços de serviços, relacionados com suas atribuições legais, que 
constituirão receitas próprias de cada Conselho. 
 
Qual é a natureza jurídica dessas anuidades? 
Tais contribuições são consideradas tributo, sendo classificadas como “contribuições 
profissionais ou corporativas”. 
 
Fato gerador 
O fato gerador das anuidades é a existência de inscrição no conselho, ainda que por tempo 
limitado, ao longo do exercício (art. 5º da Lei n. 12.514/2011). 
 
Execução fiscal 
Como a anuidade é um tributo e os Conselhos profissionais são autarquias, em caso de 
inadimplemento, o valor devido é cobrado por meio de uma execução fiscal. 
 
Competência 
A execução fiscal, nesse caso, é de competência da Justiça Federal, tendo em vista que os 
Conselhos são autarquias federais (Súmula 66 do STJ). 
Vale ressaltar que, se o executado for domiciliado em comarca que não possua sede de 
Vara Federal, a competência para processar e julgar a execução será da Justiça Estadual, 
conforme autoriza o art. 109, § 3°, da CF/88 c/c o art. 15, I, da Lei n. 5.010/66. 
 
Restrição de valor estabelecida pela Lei n. 12.514/2011 
O volume de inadimplência nesses Conselhos profissionais é muito alto, o que fazia com 
que fossem ajuizadas, anualmente, milhares de execuções fiscais, a maioria referente a 
pequenos valores, abarrotando a Justiça Federal. Além disso, o custo do processo judicial 
muitas vezes era superior ao crédito perseguido por meio da execução. 
Pensando nisso, o legislador editou a Lei n. 12.514/2011 trazendo uma restrição de valor 
para que o Conselho possa ajuizar a execução fiscal cobrando as anuidades em atraso: 
Art. 8º Os Conselhos não executarão judicialmente dívidas referentes a anuidades inferiores 
a 4 (quatro) vezes o valor cobrado anualmente da pessoa física ou jurídica inadimplente. 
 
Desse modo, o art. 8º da Lei acima referida traz uma nova condição de procedimento para 
que os Conselhos profissionais ajuízem execuções fiscais: o total da quantia executada 
Juiz 
Federal 
 
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deverá ser, no mínimo, quatro vezes o valor da anuidade. Na prática, o Conselho precisa 
aguardar que o profissional fique inadimplente 4 anos para propor a execução fiscal. 
 
Vale ressaltar que, mesmo não podendo ajuizar a execução, os Conselhos poderão tomar 
outras medidas contra o inadimplente, como, por exemplo, suspender seu exercício 
profissional. Veja: 
Art. 8º (...) Parágrafo único. O disposto no caput não limitará a realização de medidas 
administrativas de cobrança, a aplicação de sanções por violação da ética ou a suspensão do 
exercício profissional. 
 
Essa limitação, como vimos, foi imposta apenas em 2011. A pergunta que surge diante disso é 
a seguinte: o que fazer com as execuções fiscais propostas antes da Lei n. 12.514/2011, que 
ainda estão em tramitação e cuja quantia cobrada é inferior ao valor de quatro anuidades? 
O STJ decidiu que elas devem ser extintas por falta superveniente de interesse de agir. Isso 
porque o art. 8º da Lei n. 12.514/2011 é uma norma de caráter processual e, como tal, tem 
aplicação imediata aos processos em curso. 
 
Ex: imaginemos que a anuidade do Conselho é de 500 reais. Em 2010, este Conselho ajuizou 
execução fiscal contra um profissional inadimplente cobrando o valor de uma anuidade. Em 
2011, com a entrada em vigor da Lei n. 12.514/2011, essa execução fiscal deverá ser 
extinta em razão da perda superveniente de interesse de agir. 
Processo STJ. 2ª Turma. REsp 1.374.202-RS,Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 7/5/2013. 
 
 
Ação civil pública 
 
Na ação civil pública, reconhecido o vício na representação processual da associação autora, 
deve-se, antes de proceder à extinção do processo, conferir oportunidade ao Ministério Público 
para que assuma a titularidade ativa da demanda. 
Comentários Imagine a seguinte situação adaptada: 
Determinada associação ajuizou ação civil pública em defesa do meio ambiente. 
O réu apresentou contestação e, dentre outros argumentos, alegou que havia um vício na 
representação processual, considerando que quem assinou a procuração ao advogado não 
tinha poderes para tanto (não foi o diretor-presidente, conforme determinava o estatuto). 
O juiz conferiu, então, prazo para a autora regularizar a representação processual, mas esta 
quedou-se inerte (art. 13 do CPC). Diante disso, ele extinguiu o processo sem resolução do 
mérito (art. 267, IV do CPC). 
 
A decisão do juiz foi correta? 
NÃO. O STJ decidiu que, na ação civil pública, reconhecido o vício na representação 
processual da associação autora, o juiz, antes de extinguir o processo, deve conferir 
oportunidade ao Ministério Público para que assuma a titularidade ativa da demanda. 
 
O STJ entende que, nesse caso, deve-se aplicar o raciocínio previsto no art. 5º, § 3º da Lei 
n. 7.347/85: 
§ 3º Em caso de desistência infundada ou abandono da ação por associação legitimada, o 
Ministério Público ou outro legitimado assumirá a titularidade ativa. 
 
As ações coletivas trazem em seu bojo a ideia de indisponibilidade do interesse público, de 
modo que o art. 13 do CPC deve ser interpretado em consonância com o art. 5º, § 3º, da Lei 
7.347/1985. 
Processo STJ. 2ª Turma. REsp 1.038.199-ES, Rel. Min. Castro Meira, julgado em 7/5/2013. 
 
Concurso 
MP 
 
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DIREITO PENAL 
 
Crime praticado por nora contra sogra 
 
É do juizado especial criminal — e não do juizado de violência doméstica e familiar contra a 
mulher — a competência para processar e julgar ação penal referente a suposto crime de 
ameaça (art. 147 do CP) praticado por nora contra sua sogra na hipótese em que não estejam 
presentes os requisitos cumulativos de relação íntima de afeto, motivação de gênero e situação 
de vulnerabilidade. 
Comentários É possível a aplicação da Lei Maria da Penha (Lei n. 11.340/2006) para violência praticada 
por nora contra a sogra? 
SIM, é possível, desde que estejam presentes os requisitos cumulativos de relação íntima de 
afeto, motivação de gênero e situação de vulnerabilidade. 
 
Por outro lado, se, no caso concreto, não for observada a existência desses requisitos, não 
haverá violência doméstica (Lei n. 11.340/2006) e a competência para julgar a causa será 
do juizado especial criminal (e não do juizado de violência doméstica e familiar contra a 
mulher). 
 
De fato, se assim não fosse, qualquer delito que envolvesse relação entre parentes poderia 
dar ensejo à aplicação da referida lei. 
 
Para o STJ, deve ser conferida interpretação restritiva ao conceito de violência doméstica e 
familiar, para que se não inviabilize a aplicação da norma. 
Processo STJ. 5ª Turma. HC 175.816-RS, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 20/6/2013. 
 
 
DIREITO PROCESSUAL PENAL 
 
Tribunal do Júri 
 
Não configura ilegalidade a determinação do Juiz-Presidente do Tribunal do Júri que estabeleça a 
proibição de retirada dos autos por qualquer das partes, inclusive no caso de réu assistido pela 
Defensoria Pública, nos cinco dias que antecedam a realização da sessão de julgamento. 
Comentários O Juiz-Presidente do Tribunal do Júri determinou a seguinte medida na vara pela qual era 
responsável: nenhuma das partes poderia retirar os autos do cartório nos cinco dias que 
antecediam a realização do julgamento. 
O Juiz argumentou que essa medida tinha por objetivo fazer com que todas as partes 
(advogados, defensores, MP) e os próprios servidores pudessem consultar e manusear os 
autos no cartório, o que não seria possível caso o processo estivesse em carga com apenas 
uma das partes. 
Além disso, o magistrado pontuou que os julgamentos são designados com grande 
antecedência e, assim, é possível tanto à acusação quanto à defesa exercerem o seu 
trabalho sem a necessidade de retirar os autos da serventia nos cinco dias que antecedem a 
sessão plenária. 
 
A Defensoria Pública não concordou com a medida e impetrou mandado de segurança, 
afirmando que o art. 128, VII, da LC 80/94 confere à Instituição a prerrogativa de vista 
pessoal dos autos fora do cartório e que uma determinação do juiz não poderia se sobrepor 
à Lei. A propósito, confira o que diz o texto legal: 
 
 
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Art. 128. São prerrogativas dos membros da Defensoria Pública do Estado, dentre outras 
que a lei local estabelecer: 
VII - ter vista pessoal dos processos fora dos cartórios e secretarias, ressalvadas as vedações 
legais; 
 
O ato do juiz foi ilegal? 
NÃO. A 1ª Turma do STJ entendeu que NÃO configura ilegalidade a determinação do Juiz-
Presidente do Tribunal do Júri que estabeleça a proibição de retirada dos autos por 
qualquer das partes, inclusive no caso de réu assistido pela Defensoria Pública, nos cinco 
dias que antecedam a realização da sessão de julgamento. 
 
Para o STJ, a limitação imposta é lícita, já que tem por objetivo garantir a concretização de 
princípios materiais do processo, equilibrando a prerrogativa legal da Defensoria Pública 
com o direito das demais partes. É certo que o art. 128, VII, da LC 80/1994 confere à 
Defensoria Pública a prerrogativa de ter vista pessoal dos processos fora dos cartórios e 
secretarias, ressalvadas as vedações legais. Ocorre que, na hipótese, a solução da 
controvérsia exige ponderação, à luz do princípio da igualdade e da necessidade de garantir 
a amplitude da defesa e do contraditório, nos termos do art. 5º, LV, da CF. 
Nesse contexto, afigura-se razoável e proporcional equacionar a prerrogativa de retirada 
dos autos de uma das partes com o direito da outra de realizar vista em cartório. 
Processo STJ. 2ª Turma. RMS 41.624-RJ, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 7/5/2013. 
 
 
DIREITO TRIBUTÁRIO 
 
Bens das filiais podem ser penhorados para pagar dívidas tributárias da matriz 
 
Os valores depositados em contas em nome das filiais estão sujeitos à penhora por dívidas 
tributárias da matriz. 
Comentários Em seu voto, o Min. Relator afirmou que a filial apresenta as seguintes características: 
 É uma espécie de estabelecimento empresarial; 
 Possui natureza jurídica de universalidade de fato; 
 Não pode ser considerada como sujeito de direitos; 
 Não ostenta personalidade jurídica própria. Ao contrário, faz parte do acervo 
patrimonial da matriz, partilhando os mesmos sócios, contrato social e firma ou 
denominação da matriz. 
 É apenas um instrumento para o exercício da atividade empresarial (Rubens Requião). 
 
O fato de ter sido criada uma filial não afasta a unidade patrimonial da pessoa jurídica, que, 
na condição de devedora, deve responder com todo o ativo do patrimônio social. 
 
“Considerar o estabelecimento empresarial uma pessoa jurídica é errado, segundo o 
disposto na legislação brasileira. Sujeito de direito é a sociedade empresária, que, reunindo 
os bens necessários ou úteis ao desenvolvimento da empresa, organiza um complexo de 
características dinâmicas próprias. A ela, e não ao estabelecimento empresarial, imputam-
se as obrigações e asseguram-se os direitos relacionados com a empresa” (COELHO, Fábio 
Ulhoa. Curso de Direito Comercial. V. 1, 13ª ed., São Paulo: Saraiva, 2009, p. 99). 
 
É certo que a filial possui um número próprio de CNPJ (Cadastro Nacional de Pessoa 
Jurídica) diferente da matriz. No entanto, isso ocorre apenas para facilitar a fiscalização pela 
administração tributária, não servindo como argumento para afirmar que foi afastada a 
ATENÇÃO 
 
INFORMATIVO esquematizado 
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