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Resenha do Filme caçador de Pipas

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Resenha do Filme caçador de Pipas
Uma sinopse da obra: o Afeganistão é uma sociedade dividida em castas. Amir era um garoto pashtun, a classe dominante. Seu único amigo era Hassan, um garoto hazara, a classe dominada. Amir foi criado sem mãe e tinha uma relação um pouco fria e formal com seu pai, apesar do grande amor que tinham entre si. Seu pai também tinha um grande carinho por Hassan.
Hassan tinha uma fidelidade extrema a seu amigo. Enfrentou Assef, um garoto afegão que nutria um ódio cego pelos hazaras, para protegê-lo. No entanto, quando tem a chance de fazer algo para compensar a lealdade de seu amigo, Amir o trai.
É aí que a coisa fica interessante. O tema principal do livro não é a amizade ou a traição. Na verdade, ele trata de um dos sentimentos mais humilhantes (e, às vezes, revoltantes) para o homem: a covardia. E esse é realmente um tema ótimo. Como o medo paralisa as pessoas e pode fazer-nos dizer ou praticar coisas que jamais faríamos em situações normais. A partir desse acontecimento, o personagem principal (Amir) começa a “afundar” em sua covardia e os acontecimentos o trazem aos “livres” Estados Unidos.
Por que o livro é tão bom? O autor conduz a história e os personagens de forma extremamente humana. Seu enredo é plausível e desperta no leitor inúmeros sentimentos diferentes. Desde amor até indiferença e revolta. Não é o tipo de leitura que normalmente me atrai. No entanto, é uma exceção à regra. É um drama realmente triste. Do começo ao fim, a atmosfera é de certa melancolia e busca da redenção. Quase todo mundo para quem eu emprestei o livro chorou lendo, então não espere um final feliz. Além do mais, sua narrativa é extremamente rica e nos apresenta a um país desconhecido. Ou melhor, fatidicamente conhecido graças ao seu Bin Laden.
O filme É muito emocionante, assim como o livro, um acerto excelente. A história está toda ali, MESMO. Eu não mudaria nada no roteiro, só escolheria um ator mais opulento para caracterizar fidedignamente a imagem do Pai, como eu criei em minha cabeça, e vi o ator, que faz o protagonista adulto, com muito pouco carisma, mas não chega a ofender e depois pensei na ideia dele ser muito introspectivo ou parecer fraco, correspondendo muito com algumas ações do passado. No livro é perceptível que Amir, quando criança, é um garoto meio que chateado por não ser o centro das atenções do pai, a mãe morreu no parto e ele se sente um pouco responsável, acreditando que o pai também pense assim. Ele sente inveja de Hassan que recebe um certo afeto do pai e isso também influencia em seu modo de ser. Amir é o filho de família abastada e Hassan é o filho do empregado.
2º
Durante a infância de Amir, o filme expõe mesmo a condição de sentimento abalado e retraído dele, o que está presente no livro. O garoto age algumas vezes, revelando uma certa covardia, enquanto Hassan é exatamente o oposto. Um tem medo de ajudar o amigo em um momento de extrema necessidade, o outro aceita ofensas e tudo o mais pelo “amigo”. Depois de mais um exemplo de covardia e falsidade, Hassan e o pai se mudam, deixam a casa de Baba – pai de Amir. Os tempos em Cabul começam a ficar conturbados, a URSS invade o Afeganistão, instaurando um sistema opressor no povo e até mesmo as famílias ricas começam a sofrer com essa nova realidade.
Pai e filho fogem para os Estados Unidos e lá iniciam uma nova vida, muito diferente da que eles tinham no país natal, mas os dois aprendem a conviver com as dificuldades e o passado de Amir começa a ficar um pouco remoto. Mesmo distante da terra em que nasceram, os dois não deixam sua cultura de lado e convivendo com outras famílias afegãs, o modo de vida afegão continua a prevalecer. Costumes e tradições são extremamente importantes para ambos. A vida segue, Amir se apaixona e se casa, o pai está doente, com câncer e a nova família vive em comunhão. O casal cuida de Baba até esse vir a falecer – essa parte, especialmente no livro, é extremamente emocionante. A doença e todo o sofrimento que é causado é muito bem retratado. A doença parece ser igual para todos, o câncer atropela da mesma forma seja quem for…
Amir e Soraya Taheri, sua esposa, também afegã, vivem como um casal normal, mas não podem ter filhos. Ele é um escritor que vem tendo sucesso. A vida começa a seguir novamente um rumo tranquilo, mas o passado volta para cobrar uma atitude definitiva. Rahim Khan, amigo da família, quando viviam no Afeganistão, telefona e pede ajuda. Hassan teve um filho, e esse precisa urgentemente do auxílio daquele que pode ser o único elo familiar existente. Sohrab, o filho, tem muito mais a ver com a vida de Amir do que se podia imaginar. Esse não pode mais fugir de seu passado e de sua história e o momento para a redenção chega, finalmente.
O Taliban agora é quem comanda Cabul. A capital está desolada e muito foi mudado. Tanto livro, quanto filme apresentam um país devastado e cheio de opressão. Amir chega à cidade e procura por Sohrab. A vida do filho de seu antigo amigo, é extremamente sofrida, oprimida e isso aumenta mais ainda a vontade de Amir de modificar de vez seu destino e afastar para sempre o fantasma destrutivo de seu passado. Alguns horrores voltam a assombra-lo, mas o desejo de ser melhor e de consertar seus erros, são extremamente maiores. Enquanto Amir luta contra aquilo que o perturbava, Sohrab age, como Hassan sempre agiu e os dois fogem, fogem para, juntos, recomeçarem. Recomeçarem uma vida sem medo, sem olhar para trás. Começarem uma história diferente, que possa ser uma história de família, uma família renovada.
O Caçador de Pipas é um livro escrito entre a ficção e a realidade, os personagens podem ser criados, mas a história é sobre famílias reais, pessoas reais. O que acontece ali é sobre fatos de opressão e redenção, sobre como a vida muda e como podemos mudar com ela, sobre como enfrentamos nossos medos e defeitos, sobre como encaramos nosso passado, presente e futuro.

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